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domingo, 27 de fevereiro de 2022

90 – O Antigo Testamento


 

O Antigo Testamento é uma reunião de textos sobre o povo de Israel (os hebreus) e o seu relacionamento especial com Deus. Descreve os principais acontecimentos de sua história, desde a origem até a vida no exílio, e a volta a Canaã, a “terra prometida”. A maioria dos eventos do Antigo Testamento se desenrola numa área de terra a leste do Mediterrâneo, conhecida como “crescente fértil”. Esta área vai do sul da Mesopotâmia, passando por Canaã, até o norte do Egito.

O Antigo Testamento é o livro sagrado do povo judeu. E é também a primeira metade da Bíblia cristã. Todas as comunidades cristãs aceitam os textos hebraicos como sendo oficiais, já que a fé cristã derivou do Judaísmo. Para os cristãos, Jesus Cristo é o Messias profetizado nas escrituras do Antigo Testamento.

 

A Estrutura

Os textos originais do Antigo Testamento foram agrupados em três seções: a Lei (Torá), os Profetas (Naviim) e os Escritos (Kethubin). A Bíblia moderna judaica está organizada da mesma maneira e, às vezes, é chamada de Tanak. Trata-se um acrônimo com as primeiras letras dessas palavras em hebraico (TNK). O conteúdo do Antigo Testamento cristão é o mesmo, mas ordenado de uma maneira diferente.

 

A Lei

Tanto judeus quanto cristãos a chamam de “Lei de Moisés”, por causa do primeiro grande líder, Moisés, que levou a Lei aos israelitas. Os Livros da Lei são chamados de Torá, que significa instrução. Eles contêm todo o ensinamento que o povo de Israel teve que absorver e observar. A Lei também inclui relatos históricos dos israelitas e a entrada deles na “terra prometida”.

Os livros da Lei também são conhecidos como o Pentateuco, uma palavra grega para “cinco livros”. Eles contêm leis, narrativas, árvores genealógicas e poesia.

São eles: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

 

Os Profetas

Essa seção contém os livros históricos escritos pelos profetas israelitas. Eles descrevem eventos que vão da conquista de Canaã até o final da monarquia israelita, e narram o constante esforço dos israelitas para conservar a Lei de Moisés. Os Profetas eram mediadores entre Deus e os israelitas. Explicavam os significados de eventos e alertavam os israelitas para o perigo de desobedeceram a Deus. Os Profetas previram muitos acontecimentos futuros e anunciaram a chegada de um Messias, que levaria o seu povo de volta a Deus.

Os livros dos Profetas são: Josué, Juízes, 1º e 2º Samuel, 1º e 2º Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Profetas Menores.

Os Profetas Menores, que têm escritos com pouca extensão, são: Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

 

Os Escritos

Esse conjunto contém livros de didática, poesia, profecia e história, que não são ordenados de forma cronológica. Os Escritos expressam as relações dos israelitas com Deus, em épocas de fidelidade ou de desobediência. Também transmitem palavras de sabedoria e orientação, usadas para a meditação dos israelitas como parte de sua veneração. O Livro dos Salmos, uma compilação de 150 hinos e preces, é o mais longo da Bíblia. Partes do livro eram usadas pelos israelitas em seus cultos diários.

Os três primeiros livros desse grupo são de poesia e didática, os cinco seguintes são registros oficiais (lidos em festividades importantes) e os três últimos são históricos e proféticos.

São eles: Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras e Neemias, 1º e 2º Crônicas.

 

O culto israelita

O culto primitivo israelita continha a oferenda de sacrifícios a Deus. Os Patriarcas (os antepassados dos israelitas) faziam oferendas em altares de pedra, para comemorar, sempre que Deus aparecia para eles (Gênesis 28:18-22).

Sob a liderança de Moisés, o culto israelita tornou-se mais complexo. Os serviços tinham lugar no Tabernáculo, um altar portátil, também conhecido como Tenda da Reunião. O Tabernáculo continha a Arca da Aliança, um baú com a Lei de Moisés e tábuas de pedra esculpidas com os Dez Mandamentos. Não era mais o povo que realizava sacrifícios, mas os levitas, ministros que os executavam em altares construídos especialmente para isso no Tabernáculo. Os levitas eram as únicas pessoas com permissão para montar o Tabernáculo.

Cerca de 500 anos depois, quando Israel se tornou um reino unido, o Tabernáculo foi substituído pelo Templo do Senhor, construído por Salomão. Todos os cultos e sacrifícios diários realizavam-se no Templo.

 

O texto hebraico

Grande parte do significado dos textos hebraicos originais se perdeu na tradução. O simbolismo das palavras, expressões, nomes e até mesmo de histórias não pode ser apreciado em sua totalidade sem a compreensão das tradições e da cultura dos escritores do Antigo Testamento.

 

A importância dos nomes

Os nomes que os hebreus davam às pessoas e aos lugares são muito mais do que simples “rótulos”. Eram escolhidos com a finalidade de expressar algo sobre a pessoa ou um evento. Por exemplo, Isaque significa “riso”.

Ele recebeu esse nome porque os seus pais riram, descrentes, quando Deus lhes disse que teriam um filho, ainda que fossem velhos (Gênesis cap. 18). Alguns nomes indicam o futuro papel de uma pessoa, como Josué, que significa “o Senhor é o Salvador”. Moisés batizou o local onde muitos israelitas morreram, por causa de sua cobiça, de Kibbroth Hattavah, que quer dizer “covas da gula”.

 

Símbolos do Antigo Testamento

Muitas pessoas, acontecimentos e objetos no Antigo Testamento têm um significado simbólico. Por exemplo, Noé representa tudo o que é bom e justo no mundo, e o Dilúvio simboliza a ira e o julgamento de Deus. O arbusto em chamas no Monte Sinai também significa a presença de Deus e enfatiza o seu poder. Deus usa o fogo para guiar o seu povo (Êxodo 13:21).

O livro do Êxodo é repleto se simbolismos. O Tabernáculo representa um “local de reunião” entre Deus e o homem, e a Arca da Aliança simboliza a presença constante de Deus, porque ela contém a Lei.

 

Números do Antigo Testamento

Alguns números devem ser entendidos literalmente, como as detalhadas dimensões fornecidas para a construção do Tabernáculo. Por outro lado, muitos números têm apenas uma função simbólica. “Sete” representa perfeição, e “quatro” e “dez” são símbolos de inteireza. “Seis” é geralmente associado com a humanidade; “doze” refere-se à vontade de Deus, e “quarenta” sempre é usado para indicar um longo período de tempo.

Algumas das idades dos Patriarcas, como a de Noé, que viveu 950 anos (Gênesis 9:29), devem ser entendidas de maneira simbólica, e não literal.

 

Festas judaicas

·  O Sabbath: O povo judeu descansa no sétimo dia, o Sabbath. É o sábado, no calendário judaico. Comemora o dia do descanso de Deus, após os seis dias da Criação.

·  A Festa da Passagem: Comemora-se no 14º Nisan (março-abril) e recorda a época em que Deus enviou uma praga para matar todos os primogênitos egípcios e que “passou longe” dos lares israelitas (Êxodo cap. 12). A Passagem é também conhecida como a “Festa do Pão Ázimo”, referência ao pão sem fermento preparado pelos israelitas, em sua fuga apressada do Egito. Hoje em dia, o povo judeu compartilha uma refeição especial para celebrar a Passagem.

·  Shavuot (Festa das Semanas): Shavuot é uma festa para comemorar a colheita do trigo. Cai no 6º Sivan (maio-junho).

·  Rosh Hashanah (Cabeça do Ano): Na Bíblia, esta festa é chamada de “Dia de Soar o Shofar (trombeta)”. Trata-se da época na qual o povo judeu reflete sobre o ano que passou. Cai no 1º Tishri (setembro-outubro).

·  Yom Kippur (Dia da Expiação): É o dia de jejuar e rezar. Nos tempos bíblicos, um bode expiatório era enviado para o meio do deserto como sacrifício (10º Tishri).

·  Succoth (Festa das Tendas): As pessoas acampam em barracas ou tendas para lembrar a época da vida dos israelitas no deserto (15º-21º Tishri).

·  Hanukkah (Festa das Luzes): Esta celebração tem início no 25º Kislev (dezembro) e rememora a nova consagração de Templo levada a efeito por Judas Macabeu.

·  Purim: O Purim cai no 14º/15º Adar (fevereiro-março) e relembra quando a rainha Ester da Pérsia salvou os judeus da morte (Ester cap. 9).

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

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