Pesquisar neste blog

domingo, 29 de novembro de 2020

A Escolha Entre o Clube e o Caminho


  

Há dois modelos básicos de igreja. Há os chamados para fora... e os chamados para dentro.

Igreja, de acordo com Jesus, é comunhão de dois ou três... em Seu Nome... e em qualquer lugar... e mais: podem ser quaisquer dois ou três... e não apenas um certo tipo de dois ou três... conforme os manequins da religião.

Igreja, de acordo com Jesus, é algo que acontece como encontro com Deus, com o próximo e com a vida... no “caminho” do Caminho.

Prova disso é que o tema igreja aparece no Evangelho quando Jesus e Seus discípulos estavam no “caminho” para Cesareia de Filipe: um lugar “pagão” naqueles dias.

Assim, tem-se o tema igreja tratado no “caminho” e em direção à “paganidade” do mundo.

Para Jesus o lugar onde melhor e mais propriamente se deve buscar o discípulo é nas portas do inferno, no meio do mundo! Não posso conceber, lendo o Evangelho, que Jesus sonhasse com aquilo que depois nós chamamos de “igreja”.

Digo isto porque tanto não vejo Jesus tentando criar uma comunidade fixa e fechada, como também não percebo em Seu espírito qualquer interesse nesse tipo de reclusão comunitária.

No Evangelho, o que existe em supremacia é a Palavra, que tanto estava encarnada em Jesus como era o centro de Sua ação. No Evangelho nenhuma igreja teria espaço, posto que não acompanharia o ritmo do Reino e de seu caminhar hebreu e dinâmico.

Jesus escolhe doze para ensinar... não para que eles fiquem juntos. Ao contrário, a ordem final é para ir... enfim... são treinados a espalhar sementes, a salgar, a levar amor, a caminhar em bondade, e a sobreviver com dignidade no caminho, com todos os seus perigos e possibilidade (Lucas cap. 10).

 No caminho há de tudo. Jesus é o Caminho em movimento nos caminhos da existência. E Seus discípulos são acompanhantes sem hierarquia entre eles.

No mais... as multidões..., às quais Jesus organiza apenas uma vez, e isto a fim de multiplicar pães. De resto... elas vêm e vão... ficam ou não... voltam ou nunca mais aparecem... gostam ou se escandalizam... maravilham-se ou acham duro o discurso...

Mas Jesus nada faz para mudar isto. Ele apenas segue e ensina a Palavra, enquanto cura os que encontra.

Ao contrário..., vemos Jesus dificultando as coisas muitas vezes, outras mandando o cara para casa, outras dizendo que era preciso deixar tudo, outras convidando a quem não quer ir...; ou mesmo perguntando: “Vocês querem ir embora?”

Não! Jesus não pretendia que Seus discípulos fossem mais irmãos uns dos outros do que de todos os homens.

 Não! Jesus não esperava que o sal da terra se confinasse a quatro dignas e geladas paredes.

Não! Jesus não deseja tirar ninguém do mundo, da vida, da sociedade, da terra...  mas apenas deseja que sejamos livres do mal.

Não! Jesus não disse “Eu sou o Clube, a Doutrina e a Igreja; e ninguém vem ao Pai se não por mim”.

Assim, na igreja dos chamados para fora, caminha-se e encontra-se com o irmão de fé e também com o próximo que não tem fé... e a todos se trata com amor e simplicidade.

Em Jesus não há qualquer tentativa de criar um ambiente protegido e de reclusão; e nem tampouco a intenção de criar uma democracia espiritual, na qual a média dos pensamentos seja a lei relacional.

Em Jesus o discípulo é apenas um homem que ganhou o entendimento do Reino e vive como seu cidadão, não numa “comunidade paralela”, mas no mundo real.

Na igreja de Jesus cada um diz se é ou não é...; e ninguém tem o poder de dizer diferente... Afinal, por que a parábola do Joio e do Trigo não teria valor na “igreja”? Na igreja de Jesus... pode-se ir e vir... entrar e sair... e sempre encontrar pastagem.

O outro modo de ser igreja é, todavia, aquele que prevaleceu na História. Nele as pessoas são chamadas para dentro, para deixar o mundo, para só considerarem “irmãos” os membros do “clube santo”, e a não buscarem relacionamentos fora de tal ambiente.

A comunidade de Jerusalém tentou viver assim e adoeceu! Claro!

Quem fica sadio vivendo num mundo tão uniforme e clonado?

Quem fica sadio não conhecendo a variedade da condição humana?

 Quem fica sadio se apenas existe numa pequena câmara de repetições humanas viciadas?

Quem pode preservar um mínimo de identidade vivendo em tais circunstâncias? Nesse sapatinho de japonesa?

 É obvio que os discípulos precisam se reunir..., e juntos devem ter prazer em aprender a Palavra e crescer em fé e ajuda mútua. Todavia, tal ajuntamento é apenas uma estação do caminho, não o seu projeto; é um oásis, não o objetivo da jornada; é um tempo, não é o tempo todo; é uma ajuda, não é a vida.

De minha parte quero apenas ver os discípulos de Jesus crescendo em entendimento e vida com Deus, em amizade e respeito uns para com os outros, em saúde relacional na vida, e com liberdade de escolha, conforme a consciência de cada um.

O “ajuntamento” que chamamos igreja deve ser apenas esse encontro, essa estação, esse lugar de bom ânimo e adoração.

 O ideal é que tais encontros gerem amizade clara e livre, e que pela amizade as pessoas se ajudem; mas não apenas em razão de um certo espírito maçônico-comunitário, conforme se vê... ou porque se deu alguma contribuição financeira no lugar.

 A verdadeira igreja não tem sócios... tem apenas gente boa de Deus... e que se reúne e ajuda a manter a tudo aquilo que promove a Palavra na Terra.

 

Um texto de Caio Fábio D’Araújo Filho

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

40 – Jesus e os Humildes (Lucas 18 e 19)


 

Para9(versículo de Lucas 18) alguns que se orgulhavam de sua própria virtude e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola:

“Dois10 homens subiram ao Templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O11 fariseu se levantou I e orou a respeito de si mesmo: ‘Deus, eu te agradeço por não ser como outros homens – ladrões, malfeitores, adúlteros –, e nem como este publicano. Jejuo12 duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo o que ganho’”.

O13 publicano, porém, ficou de pé, à distância II. Ele nem sequer erguia os olhos para o céu, mas batia no peito e dizia: ‘Deus, tenha piedade de mim, que sou pecador’”.

“Eu14 lhes digo que este homem, mais do que o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”.

As15 pessoas também estavam trazendo crianças a Jesus, para que este as tocasse. Ao verem isso, os discípulos as censuraram. Mas16 Jesus chamou a si as crianças, dizendo: “Deixem vir a mim as criancinhas III, pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas. Digo-lhes17 a verdade: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, jamais entrará nele”.

Quando35 Jesus se aproximava de Jericó IV, um cego estava sentado pedindo esmola à beira da estrada V. Ao36 ouvir que a multidão passava, ele perguntou o que acontecia. Disseram-lhe37: “Jesus de Nazaré está passando”.

Então38 ele se pôs a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim!”

Os39 que iam adiante o repreendiam para que ficasse quieto, mas ele gritava ainda mais: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”

Jesus40 parou e ordenou que o homem lhe fosse trazido. Quando ele chegou perto, Jesus lhe perguntou: “O41 que você quer que eu lhe faça?” “Senhor, eu quero ver”, respondeu ele.

Jesus42 lhe disse: “Recupere a visão! A sua fé o curou”. Na43 mesma hora ele recuperou a visão, e seguia Jesus glorificando a Deus. Quando as pessoas viram isso, também elas louvaram a Deus.

Jesus1(versículo de Lucas 19) entrou em Jericó e estava atravessando a cidade. Havia2 lá um homem rico chamado Zaqueu, chefe dos publicanos. Ele3 queria ver quem era Jesus, mas, sendo baixinho, não o conseguiu, por causa da multidão. Por4 isso, correu adiante e subiu num sicômoro VI para vê-lo, já que Jesus estava vindo por aquele caminho.

Quando5 chegou àquele ponto, Jesus olhou para cima e lhe falou: “Zaqueu, desça depressa. Quero ficar em sua casa hoje”. De6 imediato, ele desceu e recebeu-o com alegria.

Todo7 o povo viu isso e começou a murmurar: “Ele se hospedou na casa de um ‘pecador’”.

Mas8 Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: “Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais VII”.

Jesus9 lhe disse: “Hoje houve salvação nesta casa, porque este homem também é um filho de Abraão VIII. Pois10 o Filho do homem veio para buscar e salvar o que estava perdido”.

 

v     Para entender a história

Para ilustrar a importância da humildade, Jesus recorre a situações típicas. Quem está no caminho certo não é o auto-elogioso fariseu, mas o arrependido publicano, que ora com um coração singelo. Também fez certo o chefe dos publicanos em Jericó que, sem se importar com o que os outros iriam pensar de seu gesto, subiu num sicômoro para ver Jesus. E, para entrar no Reino de Deus, ensina Jesus, as pessoas devem ser puras e confiantes como crianças.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “O fariseu se levantou” – Os fieis podiam orar no Templo a qualquer hora do dia. As pessoas ficavam de pé e oravam em voz alta. Os judeus respeitavam a devoção dos fariseus. A crítica de Jesus ao comportamento deles chocava a todos.

                                   II.     “O publicano, porém, ficou de pé, à distância” – A sociedade judaica desprezava os publicanos por terem a fama de desonestos e por colaborarem com os romanos. Muitos consideravam tais homens impuros demais para se aproximarem de Deus.

                                III.     “Deixem vir a mim as criancinhas” – Para Jesus as crianças não são um estorvo e nem são menos importantes que os adultos. Jesus insiste em que Seus discípulos sejam receptivos a todos os membros da sociedade.

                                IV.     “Quando Jesus se aproximava de Jericó” – Jesus visitava a nova cidade de Jericó, construída por Herodes, o Grande, cerca de um quilômetro e meio ao sul das ruínas da cidade de mesmo nome citada no Antigo Testamento.

                                   V.     “Um cego estava sentado pedindo esmola à beira da estrada" – Jericó ficava numa estrada usada por romeiros a caminho de Jerusalém. Na beira do caminho e nas portas de cidades grandes, a presença de pedintes era uma cena habitual.

                                VI.     “Subiu num sicômoro” – Por causa do tronco curto e dos galhos espalhados, é fácil subir num sicômoro. Eles são freqüentemente plantados à beira da estrada, para dar sombra.

                             VII.     “Devolverei quatro vezes mais” – No tempo de Jesus, os ladrões tinham que restituir tudo o que haviam roubado e mais um quinto (lei oriunda desde o tempo de Moisés). Zaqueu mostra que o seu arrependimento supera isso de longe.

                          VIII.     “Este homem também é um filho de Abraão” – Os chefes religiosos encaravam Zaqueu como um parasita que traía a sua comunidade. Aos seus olhos, ele não era um verdadeiro judeu. Foi por isso que a multidão se chocou com a ida de Jesus à sua casa. Jesus, com esta fala, recebe o arrependido chefe local dos publicanos de volta à sociedade judaica.

 

- Fariseu: Os fariseus eram um ramo influente da comunidade religiosa judaica nos dias de Jesus. Considerados peritos em religião, os membros desse grupo acreditavam que a lei oral – ou a tradição – da fé judaica era tão autorizada e inspirada por Deus quanto a Torá, ou lei escrita. Em conseqüência, obedeciam com muito rigor as leis de Deus, bem como toda a tradição interpretativa que haviam estabelecido. A eles Jesus reservou algumas das críticas mais severas (um exemplo disso está no capítulo 23 de Mateus).

 

- Publicano: Os publicanos eram os coletores de impostos, mal vistos pelo povo por terem fama de desonestos e por trabalharem para o Império Romano, que àquele tempo, dominava sobre o povo judeu.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 22 de novembro de 2020

A Angústia de Existir


 

Salmo 86:7

No dia da minha angústia clamarei a ti, pois tu me responderás.

 

Há um grande mal neste século – e não estou falando dos aplicativos que fazem as pessoas se tornarem zumbis andantes em seus celulares. Estou falado da depressão.

A depressão, já diagnosticada como passível de atingir a todas as pessoas, paralisa o ser humano e faz com que este se torne refém de si mesmo, paralisando e arruinando a sua vida.

Falo de cátedra, pois já fui vítima deste mal. Fui; não sou mais. E não sou porque decidi não ser. Sim. O primeiro passo é tomar uma decisão: não querer mais se submeter a esse jugo. Não tomar essa decisão também é decidir: é decidir se entregar.

Decidi lutar com a única arma que foi capaz de me dar vitória neste jogo de vida/morte, depois de ser derrotado mesmo com a ajuda de profissionais e medicamentos. A arma que usei chama-se oração.

Quero colocar agora um aparte, pois a isso me faz recorrer a responsabilidade que tenho sobre o que escrevo e, ao passo que alguns me leem, a responsabilidade que tenho em relação a estas pessoas também – como você, que aqui está lendo.

O aparte é este: Um dos fatores causadores da depressão pode ser a falta de substâncias químicas no organismo. Existem substâncias (chamadas neurotransmissores) que, em falta, podem causar depressão. Os neurotransmissores serotonina, noradrenalina e dopamina, quando em níveis baixos, causam as alterações de humor e o desânimo, bem característicos do quadro depressivo. Por isso que o primeiro passo ao perceber esses sintomas, é procurar o acompanhamento médico e psicoterápico associado. Isso eu também fiz, e deve ser feito. Exames clínicos podem detectar estas faltas e medicamentos existem que reequilibram a dosagem certa no organismo. Nem tudo, na depressão, portanto, é somente psicológico; há fatores biológicos também. O acompanhamento de um profissional de Psicologia também é indicado. Importante: o que aqui escrevo não desautoriza nenhum tipo de acompanhamento médico/profissional – que isto fique claro!

Feito esse aparte, prossigo, voltando à oração, que falei acima. A Palavra me atesta que posso lançar mão dela sempre que precisar: Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês (1º Pedro 5:7).

Falando agora de uma forma bem pessoal a respeito da depressão, digo que esta se caracteriza pela perda de sentido da vida, por não se ter mais razão para continuar a existir. É, literalmente, a angústia de existir! E este ponto se alcança quando se percebe que a vida não mais nos responde. E a vida, para quem assim crê, é Deus! Quando achamos que Deus não mais nos responde, chegamos ao fundo do poço!

Mas nos enganamos. Deus sempre nos responde, quando pedimos isso a Ele. O problema é que não costumamos pedir. E aí, quando não perguntamos por Sua vontade, ficamos sem resposta. E nos deprimimos ainda mais.

Ele nos ensina, no entanto, que, quando clamamos a Ele, Ele nos responde. E a Sua resposta é vida!

Foi isso que me curou, quando estive angustiado e clamei a Ele. Não tenho dúvida disso, pois experimentei na pela e na alma. Creia. Não tenho porque mentir.

Mais uma questão que quero colocar aqui, neste espaço: tenha fé!

Sim. Tenha fé!

não é uma questão de vontade – pois a vontade já foi pulverizada quando estamos em estado crônico de depressão. Fé é uma questão de decisão. É decidir – contra a vontade – levantar da cama física e psicológica em que nos encontramos quando deprimidos, e dar um passo. Que seja em direção ao banheiro, para tomar um banho. Que seja em direção à cozinha, para fazer um lanche. Que seja em direção à praça, para sentar num banquinho e ver gente passando. Que seja qualquer mobilidade possível, pois a depressão imobiliza!

Mobilize-se! Um pouquinho que seja!

E ore. Ore caminhando; ore sentado no banquinho da praça; ore olhando árvores e flores; ore em qualquer lugar, a qualquer momento – mas ore!

Deus responderá. Ele sempre dá Seu jeitinho de responder!

E Deus curará tua alma!

Para terminar, gostaria de deixar algumas Palavras bem importantes que, se interiorizadas e vividas, podem, de fato, ser um trampolim para saltar da depressão ao entusiasmo:

“Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados” (Mateus 5:4).

Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas? Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi Cristo que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: “Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro”. Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 8:31-39).

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações. Pois assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, também por meio de Cristo transborda a nossa consolação. Se somos atribulados, é para consolação e salvação de vocês; se somos consolados, é para consolação de vocês, a qual lhes dá paciência para suportarem os mesmos sofrimentos que nós padecemos (2º Coríntios 1:3-6).

Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois aquilo que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno (2º Coríntios 4:16-18).

Mas ele me disse: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.  Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte (2º Coríntios 12:9-10).

Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma (Tiago 1:2-4).

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

39 – O Filho Pródigo (Lucas 15)


  

Jesus contou: “Havia11(versículo) um homem que tinha dois filhos. Disse-lhe o mais novo: ‘Pai, dá-me minha parte I da herança’. Assim, ele dividiu seus bens entre os dois”.

“Não13 muito depois disso, o filho mais novo juntou tudo o que tinha, partiu para uma terra distante II e lá desperdiçou toda sua riqueza numa vida desregrada. Depois14 que tinha gastado tudo, houve uma grande fome em toda aquela região e ele começou a passar necessidade. Então15, foi se empregar com um cidadão do lugar, e este o mandava aos seus campos para dar de comer aos porcos III. E16 ele ansiava por matar a fome com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada”.

“Caindo17 em si, ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e aqui estou eu, morrendo de fome! Vou18 partir, voltar a meu pai e dizer a ele: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não19 sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como a um dos teus empregados’. Assim20, levantou-se e foi de volta para seu pai”.

“Mas, quando ele ainda estava longe, seu pai o avistou e se encheu de compaixão; correu até seu filho IV, abraçou-o e beijou-o”.

“O21 filho disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho’”.

“Mas22 o pai disse a seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor túnica V e vistam nele. Ponham um anel em seu dedo e sandálias nos seus pés. Tragam23 o novilho gordo VI e matem-no. Vamos fazer uma festa e comemorar. Pois24 este meu filho estava morto e está novamente vivo; estava perdido e foi achado’. E assim começaram a festejar”.

“Enquanto25 isso, o filho mais velho estava no campo. Quando se aproximou da casa, escutou música e danças. Chamou26 então um dos servos e lhe perguntou o que ocorria. ‘Teu27 irmão voltou’, respondeu ele, ‘e, por tê-lo de volta são e salvo, teu pai mandou matar o novilho gordo’”.

O28 irmão mais velho se irou VII e se recusava a entrar. Então, o pai saiu e insistiu com ele VIII. Mas29 ele respondeu ao pai: ‘Venho te servindo todos esses anos e nunca desobedeci às tuas ordens. E nunca me deste nem mesmo um cabrito novo para que eu pudesse festejar com meus amigos. Mas30 quando volta para casa esse teu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele!’”

“Disse31 o pai: ‘Meu filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que tenho é teu IX. Mas32 nós tínhamos que celebrar a volta deste teu irmão e alegrar-nos, pois ele estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado’”.

 

v     Para entender a história

Assim como nesta história contada por Jesus, onde o pai acolhe seu filho errante que se arrependeu e voltou, Deus abre seus braços aos que se arrependem e voltam para Ele. Na história, o irmão mais velho acredita que tem sido um bom filho, mas sua insistência em não aceitar o arrependimento do irmão é um alerta aos que, como os fariseus, cumprem regras religiosas, mas não mostram compaixão.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Dá-me minha parte” – No tempo de Jesus, requerer uma parte da herança com o pai ainda vivo era o mesmo que desejar sua morte.

                                   II.     “Partiu para uma terra distante” – Ao partir da terra da família levando todos os seus pertences, o filho mais novo deixava claro que não pretendia voltar. Para o pai, era um sinal de rejeição, seria como se o filho tivesse morrido.

                                III.     “Mandava aos seus campos para dar de comer aos porcos” – Os judeus nunca davam de comer aos porcos, o que seria humilhante; nem mesmo criavam porcos. O povo judaico considerava os porcos animais impuros, e ninguém devia se aproximar deles nem comer sua carne.

                                IV.     “Correu até seu filho” – Nos tempos bíblicos, considerava-se humilhante para um homem rico, vestindo roupas pesadas, sair correndo para algum lugar. Na história, o pai corre até o filho extraviado, acolhendo-o de volta, apesar do seu comportamento.

                                   V.     “Tragam a melhor túnica” – A melhor túnica pertencia tradicionalmente ao chefe da família. O anel que o pai dá ao filho simbolizava o seu poder perante os empregados e as sandálias significavam liberdade. As sandálias eram calçadas pelos da família, não pelos criados. Até as visitas tiravam suas sandálias quando convidadas a uma casa, em sinal de respeito. Tudo isso mostrava que o jovem era aceito de volta como membro da família.

                                VI.     “Tragam o novilho gordo” – Nas famílias ricas, a cada ocasião festiva se matava um novilho engordado no leite.

                             VII.     “O irmão mais velho se irou” – O pai perdoou o filho culpado, mas o mais velho sente ciúme e não consegue se alegrar como o resto da família. Intolerante, não aceita seu irmão mais novo.

                          VIII.     O pai... insistiu com ele” – Na tradição oriental, um pai nunca discutiria assuntos domésticos com os filhos. Mas nesta história, agindo assim, ele demonstra o seu amor pelo filho intransigente.

                                IX.     “Tudo o que tenho é teu” – Com estas palavras, o pai lembrava ao filho mais velho que este sempre tivera tudo do pai, e continuava tendo. Assim, relembrava ao filho o que este, possivelmente, havia esquecido.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 15 de novembro de 2020

Sei Quem Coloca as Palavras


  

Salmo 51:15

Ó SENHOR, dá palavras aos meus lábios, e a minha boca anunciará o teu louvor.

 

O Salmo 51, escrito por Davi num momento de profunda angústia, é uma oração vinda do fundo da alma, tamanha a sua carga emocional.

Este versículo deste Salmo, que uso como mote para este texto, também é parte da minha oração, praticamente diária, pois que diariamente propus-me a compartilhar a Palavra, in loco quando possível, e também aqui no Blog, bem como via Facebook, Instagram, Twitter e WhatsApp.

Pois bem.

Quando trato de preparar a Palavra para compartilhar – via as mídias sociais que listei acima –, a preparo graficamente, colocando-a num quadrinho com o logo do Blog e sob o título de “Palavra para hoje”, e oro para que o Senhor me inspire no “comentário” que faço à Palavra, para que este comentário ajude na compreensão de quem lê, de forma breve e concisa, pois sei que quem acessa essas mídias as acessa com certa pressa, e lê rapidamente o que aí encontra. Eu sei que essa rapidez não impede que o Senhor faça a semente cair em boa terra...

Peço sempre ao Senhor que o Seu Espírito me faça lembrar daquilo que já tenho aprendido pela Palavra, e que me ensine, para que eu comente com propriedade, sabendo Quem me inspira. Foi assim que Jesus prometeu que seria: “Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse” (João 14:26). Assim, peço a Deus que, quando eu falar/escrever da Palavra e sobre a Palavra, não seja eu de mim mesmo que fale/escreva, mas que seja o Seu Espírito o fazendo através de mim, tendo-me como ferramenta.

E esta, sendo uma petição minha por mim – assim como Davi a fez por si e eu a peguei emprestado – pode e deve ser uma petição de todos por todos os que, sem acanhamento, falam daquilo que o Senhor põe em seus corações: “Pois a boca fala do que está cheio o coração (Mateus 12:34).

Esta deveria ser uma petição tão natural ao que crê, como natural é pedir por fé, amor, saúde, paz, harmonia...

Digo isso porque sei, profundamente, que é o Senhor que coloca em mim cada palavra que falo, escrevo e compartilho em Seu nome. Repito aqui neste parágrafo o que falei acima, justamente para enfatizar que o faço “em Seu nome”, isto é, por Seu encargo, pois me incluo – Ele me inclui – naqueles a quem Ele legou esse privilégio transformado em tarefa: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas (Marcos 16:15). Assim como eu fui a Ele – e o Pai me incluiu – assim também muitos irão: Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei (João 6:37).

De mim mesmo, honestamente, pouco poderia produzir no que tange à fé, ao Evangelho e à vida. Pouco. Tudo o que tenho, o tenho recebido do Senhor como um presente a ser partilhado. É o Senhor que dá sabedoria às palavras e “bons ouvidos” e “bons olhos” ao que ouvem e leem o que falo e escrevo, compartilhando-o em amor.

Por saber que o Senhor responde à minha oração quando peço que seja Ele que me relembre, ensine e inspire nesta tarefa/privilégio de compartilhar a Palavra, comentando-a, é que não costumo entrar em discussões teológicas/interpretativas acerca da Palavra, pois sei que, quando discutimos, temos a tendência humana de “fincar pé” em nossas posições, num cabo-de-guerra inútil. Tenho a tranqüilidade de dizer: sei Quem coloca as Palavras.

 Argumentar e falar pacificadamente sobre a Palavra é uma coisa; discutir é outra bem diferente, à qual abdico solenemente!

Lembro sempre de alguns ensinamentos do apóstolo Paulo – que era um especialista em “fincar o pé”, mas que tinha suas razões para fazê-lo. Ele ensinava: Evite, porém, controvérsias tolas, genealogias, discussões e contendas a respeito da Lei [ou do Evangelho], porque essas coisas são inúteis e sem valor (Tito 3:9). E também: Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá. Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos (Filipenses 3:15-16).

É assim que se propaga o Evangelho – as Boas Novas de Jesus Cristo –, para o bem de todos aqueles que recebem por fé e aplicam em suas vidas os Seus ensinamentos.

De tudo isso, só me resta sempre e sempre agradecer ao Senhor e louvá-Lo por tudo!

E rogar para que assim continue sendo, para que a mensagem do amor de Cristo siga se espalhando e produzindo fé. Conseqüentemente, a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo (Romanos 10:17).

Agradeço também a todos os que separam um tempinho na correria da vida para receberem e multiplicarem aquilo que semeamos, uns nos corações dos outros!

O Senhor trabalha assim: Seus discípulos – você e eu – levam e divulgam Seu Evangelho a todos os que encontram pelos caminhos da vida.

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

38 – O Maior no Reino (Lucas 9 e Mateus 18)


  

Surgiu46(versículo de Lucas 9) entre os discípulos a discussão sobre qual deles seria o maior. Conhecendo seus pensamentos, Jesus47 pegou uma criança e colocou-a de pé a seu lado. Então48 disse a eles: “Quem acolhe esta criança em meu nome, acolhe a mim; e quem me acolhe, acolhe ao que me enviou. Pois o menor entre vocês, este será o maior”.

E3(versículo de Mateus 18) continuou: “Eu lhes asseguro que quem não se transformar e não tornar-se como uma criança I não entrará no Reino dos Céus... E5 quem acolhe, em meu nome, uma criança como esta, está acolhendo a mim. Mas6 se alguém fizer tropeçar a um desses pequeninos que creem em mim II, a este seria melhor ter uma pedra de moinho atada ao pescoço e ser lançado nas profundezas do mar. Ai7 do mundo, pelas coisas que levam as pessoas a tropeçar! Tais coisas são inevitáveis, mas ai do homem por quem elas vêm! Se8 sua mão ou seu pé o levar a tropeçar, corte-os e jogue-os fora III. É melhor entrar na vida mutilado ou aleijado do que, tendo as duas mãos e os dois pés, ser lançado no fogo eterno. E9 se o seu olho o fizer tropeçar, arranque-o e jogue-o fora. É melhor entrar na vida com um só olho do que, tendo os dois, ser lançado no fogo do inferno IV. Cuidem10 para não desprezarem um só destes pequeninos! Pois eu lhes digo que os seus anjos no céu V estão sempre vendo a face de meu Pai. O12 que vocês acham? Se um homem possui cem ovelhas VI, e uma delas se perde, não deixará as noventa e nove nos montes, indo procurar a que se perdeu? E13 se conseguir encontrá-la, ficará mais feliz com aquela ovelha do que com as noventa e nove VII que não se perderam. Da14 mesma forma, o Pai de vocês, que está nos céus, não quer que nenhum destes pequeninos se perca”.

 

v     Para entender a história

Os doze discípulos escolhidos – posteriormente enviados como apóstolos –, ficaram orgulhosos e estão discutindo acerca de seus papéis no vindouro Reino dos Céus. Para ilustrar a realidade do Reino, Jesus usa o exemplo da frágil e humilde aparência de uma criança, dizendo que eles deveriam se comportar como uma, assim como zelar com cuidado pelos mais pequeninos. Também usa a parábola da ovelha perdida, que deve ser um modelo para os discípulos. Sua missão é salvar almas perdidas. Mas, antes, os discípulos têm que lidar com seus próprios orgulhos pessoais. Para executar a vontade de Deus, eles precisam aprender a trabalhar juntos, sem que um se sobreponha a outro. Os que têm a humildade de servir aos outros, estão no caminho da verdadeira grandeza.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Tornar-se como uma criança” – As crianças estavam sob a responsabilidade dos pais e dos mais velhos e dependiam deles para o seu bem-estar. Os seguidores de Jesus devem adotar essa atitude, ao invés de uma auto-suficiência que crie uma barreira entre eles e Deus.

                                   II.     “Pequeninos que creem em mim” – Trata-se das pessoas que aceitam que suas vidas não têm valor sem Deus. Elas confiam em Jesus, sabendo que o melhor que têm a fazer nesta vida é viver sua doutrina.

                                III.     “Corte-os e jogue-os fora” – As palavras de Jesus não devem ser tomadas literalmente. É claro que ele não pede que nos mutilemos fisicamente, mas para dar ênfase ao que quer dizer, usa palavras fortes. Ele ensina que o pecado afasta as pessoas de Deus e, portanto, sua causa deve ser procurada e removida.

                                IV.     “Lançado no fogo do inferno” – No texto original, inferno aparece como “Gehena”, termo grego para designar uma ravina profunda, perto de Jerusalém, chamada Vale de Hinnom. Nesse vale, houve crianças sacrificadas a deuses pagãos. Até alguns reis de Judá tiveram culpa nesses ritos cruéis. No tempo de Jesus, era um depósito de lixo onde o fogo ficava sempre queimando, e onde cães reviravam o lixo à procura de restos de comida, e a disputavam entre eles, rangendo os dentes para intimidar o concorrente. Daí vem a célebre expressão “onde há fogo e ranger de dentes”.

                                   V.     “Os seus anjos no céu” – A Bíblia fala de anjos como representantes celestes de nações, igrejas e indivíduos.  Os anjos “estão sempre vendo a face de Deus”, o que corresponde a uma expressão das cortes que significa ter acesso direto ao rei. Todas as pessoas, seja qual for a sua posição social, têm sempre acesso pessoal a Deus.

                                VI.     “Se um homem possui cem ovelhas” – A imagem de um pastor cuidando de seu rebanho é freqüente na Bíblia. Ovelhas são animais indefesos que dependem de um pastor para o acesso à comida e água e a proteção de perigos. Esse relacionamento é usado para simbolizar o amor e a preocupação de Deus pela humanidade.

                             VII.     “Mais feliz com aquela ovelha do que com as noventa e nove” – Jesus se identificou com o papel de um pastor, cujo dever era velar por cada ovelha do rebanho. Ele se preocupa com a fé de cada indivíduo. Suas palavras não significam que uma ovelha seja mais importante que as demais. O que ele diz é que Deus compreende e perdoa aos que se extraviam e que há especial alegria quando eles são trazidos de volta ao rebanho.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.