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domingo, 28 de fevereiro de 2021

51 – Jesus é Preso (Marcos 14, Mateus 26)


  

Disse-lhes27(versículo de Marcos 14) Jesus: “Vocês todos me abandonarão. Pois está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas I’. Mas28, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galileia”.

Pedro29 declarou: “Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei!”

Respondeu30 Jesus: “Asseguro-lhe que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes você me negará”.

Mas31 Pedro insistia ainda mais: “Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei”. E todos os outros disseram o mesmo.

Então32 foram para um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse aos seus discípulos: “Sentem-se aqui enquanto vou orar”. Levou33 consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar aflito e angustiado. E34 lhes disse: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal II. Fiquem aqui e vigiem”.

Indo35 um pouco mais adiante, prostrou-se e orava para que, se possível, fosse afastada dele aquela hora. E36 dizia: “Aba III, Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice IV; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres”.

Então37 voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. “Simão”, disse ele a Pedro, “você está dormindo? Não pôde vigiar nem por uma hora? Vigiem38 e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca”.

Mais39 uma vez ele se afastou e orou, repetindo as mesmas palavras. Quando40 voltou, de novo os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Eles não sabiam o que lhe dizer.

Voltando41 pela terceira vez, ele lhes disse: “Vocês ainda dormem e descansam? Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantem-se42 e vamos! Aí vem aquele que me trai!”

Enquanto43 ele ainda falava, apareceu Judas, um dos Doze. Com ele estava uma multidão armada de espadas e varas, enviada pelos chefes dos sacerdotes, mestres da lei e líderes religiosos.

O44 traidor havia combinado um sinal com eles: “Aquele a quem eu saudar com um beijo, é ele: prendam-no e levem-no em segurança”. Dirigindo-se45 imediatamente a Jesus, Judas disse: “Mestre!”, e o beijou V. Os46 homens agarraram Jesus e o prenderam VI. Então47, um dos que estavam por perto puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha.

Disse-lhe52(versículo de Mateus 26) Jesus: “Guarde a espada! Pois todos os que empunham a espada, pela espada morrerão VII. Você53 acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos? Como54 então se cumpririam as Escrituras que dizem que as coisas deveriam acontecer desta forma?”

Naquela55 hora Jesus disse à multidão: “Estou eu chefiando alguma rebelião, para que vocês venham prender-me com espadas e varas? Todos os dias eu estive ensinando no templo, e vocês não me prenderam! Mas56 tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas”. Então todos os discípulos o abandonaram e fugiram.

 

v     Para entender a história

Jesus está inteiramente consciente do propósito de Deus ao enviá-lo ao mundo. Ele é o divino Filho de Deus – contudo, nasceu como um homem. A angústia de Jesus no Getsêmani põe em evidência a sua humanidade; ele se defronta com o medo e segue resolutamente para o seu destino. Apesar da agonia pessoal, manifesta profunda preocupação com seus discípulos.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas” – Jesus cita o profeta Zacarias (Zacarias 13:7). Ele sabe que todos os discípulos o abandonarão.

                                   II.     “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal” – À medida que se aproxima o momento do martírio, Jesus mostra o seu lado humano. O que o afeta tão profundamente é a angústia mental que deverá suportar, mais do que a dor física. O Evangelho de Lucas registra que “seu suor era como gotas de sangue caindo na terra” (Lucas 22:44).

                                III.     “Aba” – Esta é a palavra aramaica que, na fala das crianças, significava “pai” ou “paizinho”. Ela expressa o estreito relacionamento entre Jesus, o Filho, e Deus, o Pai.

                                IV.     “Afasta de mim este cálice” – “Beber o cálice” é uma expressão do Antigo Testamento que significa “experimentar a cólera de Deus”. Jesus deve sofrer pelos pecados do mundo e, quando a força plena da ira divina cai sobre seus ombros inocentes, ele sabe que estará apartado de seu Pai celestial.

                                   V.     “Judas disse: ‘Mestre!’, e o beijou” – Somente alguém próximo de Jesus sabia onde ele podia ser encontrado sem as multidões que costumavam segui-lo. Saudar com um beijo era uma prova de afeição entre amigos, ou um sinal de respeito de um discípulo para com seu mestre. Jesus, o mestre, oferecera sua amizade a Judas, mas este optou por traí-lo com um beijo.

                                VI.     “Os homens agarraram Jesus e o prenderam” – O sumo sacerdote e o seu conselho dispunham das suas próprias forças de segurança. Armada com espadas e varas, essa “polícia do Templo” tinha o poder de prender suspeitos.

                             VII.     “Todos os que empunham a espada, pela espada morrerão” – Jesus se opunha totalmente à violência. Sempre pregou paz e submissão. Insistia com seus seguidores para que “oferecessem a outra face”, no caso de agressão física. O ataque ao servo do sumo sacerdote não teve a sua aprovação. Lucas assinala que ele tocou a orelha do homem e o curou (Lucas 22:51).

 

- O Jardim de Getsêmani: Este era um dos lugares prediletos de Jesus. A palavra hebraica “gethsemane” significa “lugar das azeitonas”. Situado nas vertentes mais baixas do Monte das Oliveiras, o Getsêmani era o local para onde as azeitonas eram trazidas a fim de serem prensadas para a produção do azeite.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Crianças Adultas


 

Provérbios 20:11

Até a criança mostra o que é por suas ações; o seu procedimento revelará se ela é pura e justa.

 

Dia desses li nalgum lugar que, neste princípio de século XXI, as pessoas tendem a se tornarem adultos com comportamentos adolescentes e adolescentes com comportamentos infantilizados. Não discordo disso, pois é possível fazer essa observação na sociedade à nossa volta. Isso pode ser, sob certo ponto de vista, algo ruim, quando remete à falta de maturidade psicológica.

Por outro lado, vemos também que neste princípio de século muitas pessoas que outrora seriam consideradas velhas, hoje já não o são. Chegar aos cinqüenta ou sessenta anos apenas ressalta a maturidade. Depois dos setenta, bem, aí já se entraria na categoria veterana. Isso pode ser, sob certo ponto de vista, algo bom, pois remete a uma esperança de desfrute de vida mais longo.

Outro fenômeno observável é a caricaturização de certas crianças, muito por responsabilidade dos pais que, ou cedem às pressões dos infantes, ou acham bonitinho assim fazerem. Falo da miniaturização que é feita – crianças com roupas adultas e/ou com maquiagem que não é para a sua idade. São mini-adultos em suas aparências. Isso pode ser, sob certo ponto de vista, algo bonitinho, mas também algo inapropriado, quando se torna freqüente, pois pode afetar a formação psicológica, remetendo a criança a ser um adolescente e mesmo um adulto deslocados de suas idades cronológicas.

Mas o que eu quis fazer nestes três parágrafos iniciais, é apenas apresentar alguns arquétipos do nosso tempo – não mais que isso. Quero entrar agora naquilo que realmente quero dizer aqui, para quem por aqui me honra ao ler.

Jesus disse, certa vez, que, se quiséssemos entrar – observe: Ele disse “entrar” – no Reino dos céus, deveríamos nos tornar como crianças. “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus” (Mateus 18:3).

Isto não quer dizer nos tornarmos infantilizados, mas trabalharmos em nós mesmos para que recuperemos a pureza de coração que havia no tempo da infância. Era lá, nesse tempo, que éramos quem realmente éramos! Com o passar dos anos, tendemos a nos tornar pessoas que se acomodam ou nos tornamos quem não somos realmente, tudo para sermos aceitos nos grupos sociais – iniciando pela família, passando pela escola, trabalho, sociedade, enfim, fazemos de tudo para sermos aceitos, incluídos e não excluídos. Correspondemos às expectativas que sobre nós são depositadas, ou buscamos tirar algum proveito disto ou daquilo. Tendemos a vestir máscaras ou travestirmo-nos em personagens que não são realmente quem somos. Quem realmente somos fica ali, escondido sob uma crosta social que criamos. E o pior de tudo isso é que, com o passar do tempo e segundo formos “representando”, essas máscaras colam tanto em nossos rostos e essas personagens incorporam-se de tal forma que arrancá-las torna-se uma tarefa quase impossível.

Jesus deixou uma máxima para que fôssemos Seus seguidores: Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (Mateus 16:24). O “nega-te a ti mesmo” referia-se a isso: negar tudo aquilo que não somos, para que aquela alma infantil que é quem realmente somos apareça.

Vestir máscaras e personagens a fim de sermos aceitos ou, de alguma forma, “ganhar a vida”, empurra-nos a uma perdição de nós mesmos, conforme Ele ensinava: “Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?” (Mateus 16:25-26). Jesus chega a comparar o “soterrar quem realmente somos” a “perder a alma”. E, de fato, é assim.

É esse “retomar a nossa essência” que nos torna, na nossa fé, como crianças, ainda que sejamos adultos. Confiamos no Pai como uma criança confia no seu. Nos sentimos seguros e amparados.

E aí entram também as nossas atitudes ou, como diz a Palavra aqui usada como mote para este texto, o nosso “procedimento”. Este deve ser adequado àquilo que cremos e professamos. O nosso modo de vida deve transparecer a verdadeira natureza de um discípulo de Cristo – se é que somos discípulos de Cristo.

Ser um discípulo de Cristo independe de religiosidades, de “pertencimentos eclesiásticos”. Ser um discípulo de Cristo é uma decisão. É deixar-se guiar pelos ensinamentos do Evangelho, e incorporá-los em nossa vida, em nosso procedimento, em nosso modo de ser. Ser um discípulo de Cristo é isso: um modo de vida.

E isso pode ser vivido por todos nós. Basta que queiramos fazer assim, que escolhamos caminhar por esse caminho de vida. Caminhar de mãos dadas com o Pai, como crianças adultas na fé e nos cuidados divinos.

Digo sem medo de errar: nesse caminhar o caminho que é Jesus, já encontrei muitos discípulos de Cristo que nem sabiam que o eram.

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

50 – A Ceia do Senhor (Lucas 22, Marcos 14, João 13, Mateus 26)


  

Os2(versículo de Lucas 22) chefes dos sacerdotes e os mestres da lei estavam procurando um meio de matar Jesus, mas tinham medo do povo. Então3 Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, um dos Doze. Judas4 dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes e aos oficiais da guarda do templo e tratou com eles como lhes poderia entregar Jesus. A5 proposta muito os alegrou, e lhe prometeram dinheiro I. Ele6 consentiu e ficou esperando uma oportunidade para lhes entregar Jesus quando a multidão não estivesse presente.

No12(versículo de Marcos 14) primeiro dia da festa dos pães sem fermento II, quando se costumava sacrificar o cordeiro pascal III, os discípulos de Jesus lhe perguntaram: “Aonde queres que vamos e te preparemos a refeição da Páscoa?”

Então13 ele enviou dois de seus discípulos, dizendo-lhes: “Entrem na cidade, e um homem carregando um pote de água virá ao encontro de vocês. Sigam-no14 e digam ao dono da casa: O Mestre pergunta: Onde é o meu salão de hóspedes, no qual poderei comer a Páscoa com meus discípulos? Ele15 lhes mostrará uma ampla sala no andar superior, mobiliada e pronta. Façam ali os preparativos para nós”.

Os16 discípulos se retiraram, entraram na cidade e encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito. E prepararam a Páscoa.

Ao17 anoitecer, Jesus chegou com os Doze. Quando18 estavam comendo, reclinados à mesa, Jesus disse: “Digo-lhes que certamente um de vocês me trairá, alguém que está comendo comigo”.

Eles19 ficaram tristes e, um por um, lhe disseram: “Com certeza não sou eu!”

Afirmou20 Jesus: “É um dos Doze, alguém que come comigo do mesmo prato. O21 Filho do homem vai, como está escrito IV a seu respeito. Mas ai daquele que trai o Filho do homem! Melhor lhe seria não haver nascido!”

Então 26(versículo de João 13), molhando um pedaço de pão, deu-o a Judas Iscariotes V, filho de Simão. Tão27 logo Judas comeu o pão, Satanás entrou nele. “O que você está para fazer, faça depressa”, disse-lhe Jesus. Mas28 ninguém à mesa entendeu por que Jesus lhe disse isso. Visto29 que Judas era o encarregado do dinheiro, alguns pensaram que Jesus estava lhe dizendo que comprasse o necessário para a festa, ou que desse algo aos pobres. Assim30 que comeu o pão, Judas saiu. E era noite.

Enquanto 26(versículo de Mateus 26) comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomem e comam; isto é o meu corpo VI.

Em27 seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: “Bebam dele todos vocês. Isto28 é o meu sangue da aliança VII, que é derramado em favor de muitos, para perdão dos pecados. Eu29 lhes digo que, de agora em diante, não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo com vocês no Reino de meu Pai”.

Depois30 de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.

 

v     Para entender a história

A refeição da Páscoa, com o sacrifício de um cordeiro, comemora a libertação de Israel no tempo do Êxodo, onde estava sob a opressão escrava dos egípcios. A Ceia do Senhor inaugura uma nova era, a da Igreja. Jesus se oferecerá como um sacrifício final. Ele é o “Cordeiro Pascal”, que morrerá para livrar o povo da opressão dos seus pecados.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “E lhe prometeram dinheiro” – Judas recebeu trinta moedas de prata (Mateus 26:15). É pouco provável que ele, que era o tesoureiro dos discípulos, traísse Jesus só por dinheiro. Judas era o único apóstolo da Judeia, que estava sob o controle direto dos romanos. Provavelmente, ele traiu Jesus quando percebeu que seu mestre não expulsaria os romanos.

                                   II.     “Festa dos pães sem fermento” – Esta festa judaica é uma comemoração anual da fuga do Egito. Os israelitas saíram no meio da noite e não tinham tempo de esperar que o pão crescesse (Êxodo 12:34). Na semana seguinte à refeição da Páscoa, todas as famílias comem pão sem fermento.

                                III.     “O cordeiro pascal” – Na Páscoa, come-se o cordeiro em comemoração ao Êxodo, quando Deus protegeu o seu povo. Cada família israelita sacrificou um cordeiro e a praga “passou ao largo” de suas casas (Êxodo 12:21-30). Segundo o Evangelho de João, Jesus era o “Cordeiro de Deus” (João 1:29).

                                IV.     “O Filho do homem vai, como está escrito” – Jesus está se referindo às Escrituras, que profetizam sua morte: “Ele foi desprezado e rejeitado pelos homens [...] foi conduzido como um cordeiro ao abate” (Isaías 53:3-7). Jesus sabia que sua morte era inevitável.

                                   V.     “Molhando um pedaço de pão, deu-o a Judas Iscariotes” – No Oriente Médio, é costume molhar um pedaço de pão, ou de carne enrolada no pão, numa tigela de compota. Receber do anfitrião um pedaço de comida é considerado uma honra. Com seu gesto, Jesus fez um apelo final para que Judas mudasse de ideia.

                                VI.     “Tomem e comam; isto é o meu corpo” – O Evangelho de Lucas acrescenta: “Isto é o meu corpo, dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim” (Lucas 22:19). Na Igreja Cristã, essa refeição é chamada “Santa Comunhão” (a Ceia do Senhor). Ela é também conhecida como Eucaristia, palavra de origem grega que significa “ação de graças”, por ter Jesus “dado graças” antes de repartir o pão e o vinho.

                             VII.     “Meu sangue da aliança” – A aliança de Deus com Moisés obrigava os israelitas a oferecerem sacrifícios em expiação dos seus pecados. Jesus anuncia uma nova aliança na qual a sua própria morte será o sacrifício final, definitivo e único para livrar todos do pecado.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 14 de fevereiro de 2021

É Possível Estar Bem Disposto?


 

Provérbios 15:15

Todos os dias do oprimido são infelizes, mas o coração bem disposto está sempre em festa.

 

A pergunta que faço no título deste texto é, sob a ótica do Evangelho, uma pergunta retórica, daqueles que carrega em si a resposta: Sim!

E estar “bem disposto” é também, pela derivação das palavras, “estar bem disponível” e “bem disponibilizado” para o próximo, estar “bem posicionado”.

Diz a sabedoria popular que “nem todo dia é domingo”, e que “tem dia que é noite”. Estes ditados querem significar que, entre poucos dias felizes há os infelizes, no primeiro caso, e que há dias especialmente difíceis, no segundo.

O problema é que – sabe a Psicologia – as “felicidades” são, sim, interrompidas com facilidade e que as “tristezas” são mais tenazes, ou seja, tendem a se prolongar mais.

Nos tempo em que vivemos, muitos vivem sob pressão e opressão. Parece-nos inescapável que assim seja, haja vista a velocidade em que se passam os acontecimentos pelos quais somos cercados e acometidos. Tudo voa; tudo é urgente!

Para além dos aparatos tecnológicos e das multimídias que fazem parte da nossa vida, parecendo que temos que estar conectados 24 horas por dia, há as demandas que a condição de multi-informados nos tomam: parece que temos que saber de tudo. É um tal de “tudo junto ao mesmo tempo agora”. E isso requer, mais do que ação, reação àquilo que nos é demandado. Uma loucura!

Vejam o caso do WhatsApp (isto vale para quem está lendo isso em 2021, pois, mais à frente, deve haver outros aplicativos similares) –, um aplicativo indubitavelmente útil, mas que nos “encoleirou” a si tal qual um cachorrinho em sua coleira, levado a passear no parque – e arrastado, se parar para cheirar flores ou fazer pipi no poste. As pessoas – a maioria, pelo menos – que nos contatam por este meio se julgam no direito de exigirem uma resposta imediata, fazendo com que interrompamos qualquer atividade a fim de dar o retorno pedido. E os grupos deste aplicativo? Quanto tempo nos tomam? E ai de nós se não respondermos!

Em contrapartida, as pessoas muitas vezes se esquecem que estes aplicativos se tornaram um novo canal de comunicação entre as pessoas – assim como foi, uma vez, o telefone “falado”. Ou seja: no momento em que pessoas se comunicam nestes aplicativos – on-line, quero dizer –, interrompê-las é o mesmo que era interromper alguém ao telefone “falado”, ou interromper duas pessoas conversando face a face; é deselegante!

Lembro do Almir Sater, que já cantava, numa música em parceria com Renato Teixeira, que “ando devagar porque já tive pressa”. E ele completa o verso dizendo que “levo esse sorriso porque já chorei demais”. E é aí que chegamos: às angústias que nos fazem chorar a alma!

Continuaremos a ter pressas na vida, mas há momentos em que é recomendado que andemos mais devagar.

Muitos choros da alma acontecem porque esquecemos de quem somos e com Quem nos relacionamos, quando este Quem É Deus.

Quando nos relacionamos com Deus, em nossas orações e em Sua Palavra, falando com Ele e dando-Lhe ouvidos – dia desses li que devemos “orar não até Deus nos ouvir, mas até ouvirmos Deus” –, as coisas se tornam mais equilibradas em nossos desequilíbrios cotidianos, pois o Senhor nos responde à oração – sempre! – dando-nos uma paz imediata. Experimente orar com sinceridade e verdade, e sinta que, assim que terminada a oração, uma paz além do entendimento inunda seu ser!

Quando fazemos deste relacionamento com Deus e com nossos irmãos humanos um encontro no sentir e ser de Cristo, transformamos nosso modo de vida. Costumo dizer que ser um discípulo de Cristo, e sê-lo de forma livre, não é uma doutrina ou filosofia, mas um modo de vida!

E discípulos não são monges enclausurados em monastérios – são pessoas convivendo com semelhantes e diferentes no chão da vida, dia a dia, em amor!

Quando o relacionamento eu/Deus e eu/outro se dá em tão alta intensidade que eu/Deus/outro já “somos um”, então a harmonia cresce e se torna única!

Aí há condições para que o nosso coração não ande mais aflito, oprimido, angustiado, chorando em prantos muitas vezes inaudíveis e particulares.

Quando nos entregamos aos cuidados de Deus, nosso ser torna-se bem disposto para a vida, festejando a cada dia a unicidade que cada dia merece!

Sim! Esta é e sempre será a resposta à pergunta/título.

Então: leve um leve sorriso em Deus!

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

49 – As Ovelhas e os Bodes (Mateus 25)


 

“Quando31(versículo) o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas32 as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E33 colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda I”.

“Então34 o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo. Pois35 eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei36 de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’. O40 que vocês fizeram a alguns dos meus menores irmãos II, a mim o fizeram’”.

“Então41 ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. Pois42 eu tive fome, e vocês não me deram de comer; tive sede, e nada me deram para beber; fui43 estrangeiro, e vocês não me acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me vestiram; estive enfermo e preso, e vocês não me visitaram’. O45 que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo”.

“E46 estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna”.

 

v     Para entender a história

Um dia, Deus julgará o mundo inteiro – judeus e não-judeus. Aqueles que cuidaram das necessidades dos outros serão copiosamente recompensados. Essas felizes pessoas desfrutarão de uma vida interminável na presença de Deus. Mas aqueles que negligenciaram dos cuidados para com os necessitados estarão eternamente desprovidos da presença de Deus.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “As ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda” – Na Bíblia, “ovelha” representa o povo de Deus. Os pastores do Oriente Médio cuidavam de rebanhos mesclados de ovelhas e bodes. Assim como em muitas culturas, “direita e esquerda” simbolizam “bom e mau”.

                                   II.     “Dos meus menores irmãos” – Jesus apela aos que o seguem para fazerem tudo o que puderem em auxílio dos pobres, humildes e excluídos. Tudo o que as pessoas fizerem para aliviar o sofrimento desses desafortunados, estarão fazendo a Deus.

 

- Rebanhos mesclados: A prática em manter rebanhos mesclados – com ovelhas e bodes – se mantém ainda nos dias de hoje em Israel.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Correspondência e Reciprocidade


 

Provérbios 8:17

“Amo os que me amam, e quem me procura me encontra”.

 

O amor é a característica principal de Deus. É assim, porque assim diz o apóstolo João, quando afirma, de forma bem sucinta: Deus é amor (1º João 4:8). Não poderia ser mais direto!

Aqueles que buscam a Deus O encontram. Não tem jeito de ser diferente, pois assim Ele nos ensina em Sua Palavra, usada hoje aqui como mote deste texto.

Deus nos amou, muito antes de existirmos. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado (Efésios 1:3-6).

E por esse amor d’Ele direcionado a nós, Se fez presente entre nós em pessoa, por Jesus de Nazaré. Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade (João 1:14). Desta forma, em Ele Se destituindo de Sua característica de Deus – como Filho – veio e morou aqui, no nosso terceiro e azul planetinha do sistema solar, ensinando-nos de forma intensa o significado do amor. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! (Filipenses 2:5-8).

Houve muitos mestres na humanidade que ensinaram o amor, e Jesus não é o maior deles – Ele é o único que era/é Deus em Presença!

E Ele dizia que ninguém poderia vir a Ele se o Pai não o trouxesse a Ele: Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão ensinados por Deus’. Todos os que ouvem o Pai e dele aprendem vêm a mim” (João 6:44-45). E, em alguém vindo a Ele, jamais esta pessoa – qualquer pessoa! – seria rejeitada, mas sim acolhida: “Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei” (João 6:37).

Antes de virmos a Deus, existia uma relação unilateral – somente d’Ele para nós. Quando o ser humano ainda estava em pecado – afastado de Deus – era inimigo de Deus pelo pecado. Ainda assim, e especialmente aí, Deus veio ao nosso encontro e, em Cristo, nos reconciliou com Ele: Se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida! Não apenas isso, mas também nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem recebemos agora a reconciliação (Romanos 5:10-11).

Depois que nós viemos em amor a Deus, existe uma relação bilateral – d’Ele para nós e de nós para Ele: Nós amamos porque ele nos amou primeiro (1º João 4:19).

E aprendemos tudo de Jesus, fazendo tudo porque Ele nos ensinou a fazer, e mais, Ele fez primeiro conosco: Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz (João 14:15).

E tudo o que fazemos ao nosso próximo, fazemos a Ele: “Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a alguns dos meus menores irmãos, a mim o fizeram (Mateus 25:40). E tudo o que deixamos de fazer ao nosso próximo, deixamos de fazer a Ele: “Digo-lhes a verdade: o que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo (Mateus 25:45). Tudo o que dedicamos a Deus, só o podemos fazer dedicando-o ao nosso próximo: Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão (1º João 4:20-21).

Assim, amamos, porque Ele nos amou primeiro; perdoamos, porque Ele nos perdoou primeiro; ajudamos, porque Ele nos ajudou primeiro; vamos ao encontro das pessoas, porque Ele veio ao nosso encontro primeiro.

E compartilhamos a Palavra, na esperança de que faça alguma diferença na vida de alguém. Pois pode ser que, assim, comece o mesmo processo na vida do nosso próximo.

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

48 – A Parábola dos Talentos (Mateus 25)


 

“O1(versículo) Reino dos céus será, pois, semelhante a14 um homem que, ao sair de viagem, chamou seus servos e confiou-lhes os seus bens. A15 um deu cinco talentos I, a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida partiu de viagem. O16 que havia recebido cinco talentos saiu imediatamente, aplicou-os, e ganhou mais cinco. Também17 o que tinha dois talentos ganhou mais dois. Mas18 o que tinha recebido um talento saiu, cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor”.

“Depois19 de muito tempo o senhor daqueles servos voltou e acertou contas com eles. O20 que tinha recebido cinco talentos trouxe os outros cinco e disse: ‘O senhor me confiou cinco talentos; veja, eu ganhei mais cinco’”.

“O21 senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!’”

“Veio22 também o que tinha recebido dois talentos e disse: ‘O senhor me confiou dois talentos; veja, eu ganhei mais dois’”.

“O23 senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!’”

“Por24 fim veio o que tinha recebido um talento e disse: ‘Eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. Por25 isso, tive medo, saí e escondi o seu talento no chão. Veja, aqui está o que lhe pertence’”.

“O26 senhor respondeu: ‘Servo mau e negligente II! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? Então27 você devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros’”.

“Tirem28 o talento dele e entreguem-no ao que tem dez. Pois29 a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. E30 lancem fora o servo inútil, onde haverá choro e ranger de dentes’”.

 

v     Para entender a história

No Reino de Deus, o sucesso não é a quantidade atingida, mas o fato de cada um usar ao máximo a sua capacidade. Os servos sabiam que um dia teriam de prestar contas ao patrão. Os dois que usaram suas capacidades em benefício do patrão são recompensados; o outro perde tudo. Essa parábola nos chama a atenção também para que não desperdicemos a nossa vida. É isso que significa que daquele último servo tenha sido tirado até o que pensava que tinha.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Deu cinco talentos” – É dessa história que deriva a palavra “talento”, significando aptidão. O senhor entrega a seus servos quantias que variam segundo a capacidade de cada um. Ele não confiou mais num do que no outro, apenas viu suas capacidades.

                                   II.     “Servo mau e negligente” – O servo não esbanjou o que o seu senhor lhe dera, mas deixou de fazer bom uso de seu talento. Escolheu a segurança improdutiva e nada fez senão evitar riscos.

 

- Pesos e dinheiro: Na Palestina do tempo de Jesus eram usadas três diferentes moedas. Cambistas trocavam dinheiro lançando mão de um sistema de pesos baseado no “shekel”. O maior peso era um “talento”, que correspondia a cerca de três mil shekels, o equivalente a doze mil denários. Muitas vezes, as pessoas usavam esses pesos em vez de moedas.

- Shekel: Unidade monetária de Israel.

- Denário: Normalmente, um denário era o que se pagava por dia pelo trabalho braçal de uma pessoa.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.