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domingo, 27 de agosto de 2023

Comunicação Divina


 

Jó 33:14

“Pois a verdade é que Deus fala, ora de um modo, ora de outro, mesmo que o homem não o perceba”.

 

A Palavra usada aqui começa falando da “verdade”. É difícil nos depararmos com o uso seguro desta palavra: a verdade.

Muitos já perguntaram: O que é a verdade?

A Jesus foi perguntado isso. Quando Pôncio Pilatos, o responsável romano pelos trâmites da “condenação” de Jesus perguntou isso ao Mestre, recebeu o silêncio como resposta. Que é a verdade?”, perguntou Pilatos (João 18:38) – e, na seqüência, não se lê nada a respeito de alguma resposta de Jesus, significando o Seu silêncio.

Noutro momento, Jesus não ficou em silêncio quando o tema era a “verdade”, mas falou claramente: Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6).

E Jesus complementa a informação a respeito do que é a “verdade”, em Sua oração pelos discípulos: “Eles não são do mundo, como eu também não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade (João 17:16-17).

E isso se fecha em si mesmo, pois, em Jesus sendo a Palavra encarnada, a “verdade” reside n’Ele e é Ele: No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus (João 1:1).

Pois bem, a Palavra usada como mote para este texto segue dizendo que “Deus fala, ora de um modo, ora de outro”. Isto está atestado nas Escrituras, pois ali encontramos as mais diversas formas de ensino, sob várias abordagens, sendo que, caso não entendamos bem alguma coisa nalgum lugar, noutro o mesmo nos é ensinado de maneira diferente na forma, mas não no conteúdo. Deus aborda de várias formas um mesmo tema, para que possamos chegar ao entendimento dele.

E Deus nos fala também no dia a dia, de várias formas, pelas situações que vivemos e com as quais nos deparamos. Muitas vezes não percebemos: “mesmo que o homem não o perceba”, como segue dizendo a Palavra. Também por isso é tão necessário estarmos em comunhão com Ele em nossas orações, pois isso enternece nosso coração e nos predispõe à percepção e à compreensão.

Muitas pessoas creem que Deus somente fala com algumas pessoas mais “santas” ou “escolhidas”, e que estas seriam as porta-vozes d’Ele para nós.

Outras creem que Ele fala somente com as pessoas mais dignas e que têm uma vida exemplar em suas condutas e aparências.

Outras, ainda, creem que é necessário algum tempo de percurso no caminho, que não é de uma hora para outra que Ele fala conosco, mas que temos que ter pelo menos alguns anos de “bom comportamento” para “merecermos” Sua interlocução conosco.

Ora, nada disso é verdadeiro!

Deus fala com todos, com o mais “santo” e com o mais “pecador” – e com todos nós nos intervalos entre um estado e outro.

A grande pergunta não é: Com quem Deus fala?

A grande pergunta é: Quem O ouve?

Sim, esta é a questão: Paramos, vez ou outra, para ouvi-Lo?

Pedimos em nossas orações – quando falamos com Ele – que Ele nos fale?

Ficamos atentos para “ouvir a Sua voz”?

Fique certo disso: Deus Se comunica conosco!

Temos que tomar um cuidado, no entanto: Deus nos fala, sim, mas nem tudo é Deus falando.

É preciso termos discernimento.

Veja o que nos ensina o apóstolo João a este respeito: Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo (1º João 4:1).

E ainda: Vocês podem reconhecer o Espírito de Deus deste modo: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas todo espírito que não confessa Jesus não procede de Deus. Esse é o espírito do anticristo, acerca do qual vocês ouviram que está vindo, e agora já está no mundo (1º João 4:2-3).

O “discernimento de espíritos” – isto é, de intenções – é um dos dons e uma das manifestações do Espírito Santo (1º Coríntios 12:10).

Então, repetindo: Deus Se comunica conosco de muitas e variadas formas, mas nem tudo é Deus falando.

Deus não nos revela nada, por Seu Espírito, que esteja fora do modo de ser de Cristo.

Deus nunca fala nada que esteja fora do contexto da Sua Palavra, encontrada na Bíblia. Então, é bom que a leiamos, sempre tendo Jesus como chave de interpretação!

 

É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!

Saudações,

Kurt Hilbert

domingo, 20 de agosto de 2023

128 – A Travessia do Jordão (Deuteronômio 31 – 34; Josué 1 – 3)



Moisés1(versículo de Deuteronômio 31) disse ainda estas palavras a todo o Israel: “Estou2 com cento e vinte anos de idade I e já não sou capaz de liderá-los. O SENHOR me disse: ‘Você não atravessará o Jordão II’. O3 SENHOR, o seu Deus, o atravessará pessoalmente à frente de vocês. Ele destruirá estas nações perante vocês, e vocês tomarão posse da terra delas. Josué também atravessará à frente de vocês, conforme o SENHOR disse”.

Moisés anotou todas as leis de Deus. Esse “Livro da Lei” foi colocado junto da arca da aliança. Depois, Moisés abençoou os israelitas, tribo por tribo.

Então1(versículo de Deuteronômio 34), das campinas de Moabe Moisés subiu ao monte Nebo, ao topo do Pisga, em frente de Jericó. Ali o SENHOR lhe mostrou a terra toda: de Gileade a Dã, toda2 a região de Naftali, o território de Efraim e Manassés, toda a terra de Judá até o mar ocidental (*), o3 Neguebe e toda a região que vai do vale de Jericó, a cidade das Palmeiras, até Zoar. E4 o SENHOR lhe disse: “Esta é a terra que prometi sob juramento a Abraão, a Isaque e a Jacó, quando lhes disse: Eu a darei a seus descendentes. Permiti que você a visse com os seus próprios olhos, mas você não atravessará o rio, não entrará naquela terra”.

Moisés5, o servo do SENHOR, morreu ali em Moabe, como o SENHOR dissera. Ele6 o sepultou em Moabe, no vale que fica diante de Bete-Peor, mas até hoje ninguém sabe onde está o seu túmulo.

Depois1(versículo de Josué 1) da morte de Moisés, servo do SENHOR, disse o SENHOR a Josué, filho de Num, auxiliar de Moisés: “Meu2 servo Moisés está morto. Agora, pois, você e todo este povo, preparem-se para atravessar o rio Jordão e entrar na terra que eu estou para dar aos israelitas. Somente7 seja forte e muito corajoso! Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o meu servo Moisés lhe ordenou; não se desvie dela, nem para a direita nem para a esquerda, para que você seja bem sucedido por onde quer que andar. Não8 deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem sucedido”.

Então1(versículo de Josué 2) Josué, filho de Num, enviou secretamente de Sitim dois espiões e lhes disse: “Vão examinar a terra, especialmente Jericó”. Eles foram e entraram na casa de uma prostituta chamada Raabe, e ali passaram a noite.

Quando o rei de Jericó soube que os homens estavam em sua cidade, mandou Raabe levá-los a ele. Em vez disso, ela os escondeu no terraço de sua casa. Ela sabia que Deus estava com os israelitas e que eles tomariam a sua terra.

Antes8 dos espiões se deitarem, Raabe subiu ao terraço e9 lhes disse: “Sei que o SENHOR lhes deu esta terra. Vocês nos causaram um medo terrível, e todos os habitantes desta terra estão apavorados por causa de vocês. Pois10 temos ouvido como o SENHOR secou as águas do mar Vermelho perante vocês quando saíram do Egito, e o que vocês fizeram a leste do Jordão com Seom e Ogue, os dois reis amorreus que aniquilaram. Quando11 soubemos disso, o povo desanimou-se completamente, e por causa de vocês todos perderam a coragem, pois o SENHOR, o seu Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra III. Jurem-me12 pelo SENHOR que, assim como eu fui bondosa com vocês, vocês também serão bondosos com a minha família. Dêem-me um sinal seguro de13 que pouparão a vida de meu pai e de minha mãe, de meus irmãos e minhas irmãs, e de tudo o que lhes pertence. Livrem-nos da morte”.

“As14 nossas vidas pelas de vocês!”, os homens lhe garantiram. “Se você não contar o que estamos fazendo, nós a trataremos com bondade e fidelidade quando o SENHOR nos der a terra”.

Então15 Raabe os ajudou a descer pela janela com uma corda, pois a casa em que morava fazia parte do muro da cidade, e16 lhes disse: “Vão para aquela montanha, para que os perseguidores não os encontrem. Escondam-se lá por três dias, até que eles voltem; depois poderão seguir o seu caminho”.

Os17 homens lhe disseram: “Estaremos livres do juramento que você nos levou a fazer se18, quando entrarmos na terra, você não tiver amarrado este cordão vermelho IV na janela pela qual nos ajudou a descer, e se não tiver trazido para a sua casa o seu pai e a sua mãe, os seus irmãos e toda a sua família”.

Os homens partiram e voltaram para Josué com a boa notícia de que todos os habitantes estavam com medo dos israelitas. No dia seguinte, eles se prepararam para atravessar o Jordão.

Josué5(versículo de Josué 3) ordenou ao povo: “Santifiquem-se, pois amanhã o SENHOR fará maravilhas entre vocês”.

E6 disse aos sacerdotes: “Levem a arca da aliança V e passem à frente do povo”. Eles a levaram e foram na frente.

O15 Jordão transborda em ambas as margens na época da colheita VI. Assim que os sacerdotes que carregavam a arca da aliança chegaram ao Jordão e seus pés tocaram as águas, a16 correnteza que descia parou de correr e formou uma muralha à grande distância, perto de uma cidade chamada Adã, nas proximidades de Zaretã; e as águas que desciam para o mar da Arabá, o mar Salgado (**), escoaram totalmente. E assim o povo atravessou o rio em frente de Jericó. Os17 sacerdotes que carregavam a arca da aliança do SENHOR ficaram parados em terra seca no meio do Jordão, enquanto todo o Israel passava, até que toda a nação o atravessou também em terra seca.

 

v     Para entender a história

A miraculosa travessia do Jordão lembra a abertura do Mar Vermelho, quando Moisés levou os israelitas para fora do Egito. Agora, Israel tem um novo líder em Josué, e os anos de perambulação no deserto chegaram ao fim. Deus está com o seu povo quando, finalmente, ele entra na terra que fora prometida aos patriarcas.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Cento e vinte anos de idade – Segundo a tradição judaica, Moisés tinha quarenta anos quando saio do Egito para viver em Midiã. Quarenta anos depois, aos oitenta (Êxodo 7:7), ele desafiou o faraó e levou os israelitas para fora do Egito. Moisés passou os últimos quarenta anos de sua vida no deserto, como castigo de Deus aos israelitas por terem rejeitado a “terra prometida”.

                                   II.     “Não atravessará o Jordão” – Após muitos anos no deserto, Moisés desobedeceu às instruções de Deus. Deus mandou que falasse com uma pedra, para fazer jorrar água, mas, em vez disso, ele a golpeou com o cajado (Números 20:11-12).

                                III.     “É Deus em cima nos céus e embaixo na terra” – No Novo Testamento, Raabe é lembrada como um modelo de fé. Ao confessar que Deus é o seu Senhor, ela é aceita como uma das pessoas da aliança. Abandona a prostituição e inicia uma nova vida como esposa e mãe. O Evangelho de Mateus relaciona Raabe como uma ancestral de Jesus (Mateus 1:5).

                                IV.     “Este cordão vermelho” – O cordão vermelho lembra o sangue dos cordeiros que os israelitas passaram em suas portas na noite anterior à saída do Egito. O sangue distinguiu os israelitas dos egípcios. O cordão vermelho vai distinguir a família de Raabe e a salvará do destino dos seus concidadãos de Jericó.

                                   V.     “Levem a arca da aliança” – A arca era o objeto mais sagrado do Tabernáculo e simbolizava o trono de Deus. Era carregada adiante do povo para mostrar que o próprio Deus estava levando Israel para a terra da promessa da aliança.

                                VI.     “Transborda em ambas as margens na época da colheita” – A colheita de grãos era feita em abril e maio. Na maior parte do ano, o Jordão podia ser atravessado com facilidade, mas, durante a época da colheita, ficava cheio por causa do derretimento da neve do monte Hermon e das chuvas da primavera. Contendo as águas do rio, Deus demonstrou a sua presença e honrou Josué, o novo líder dos israelitas.

 

(*) Isto é, o Mar Mediterrâneo

(**) Isto é, o Mar Morto

 

- Josué: Josué foi um dos doze homens escolhidos para explorar Canaã, quarenta anos antes. Só ele e Calebe fizeram um relato animador, e Deus recompensou a fé dos dois. Tiveram permissão para entrar em Canaã, enquanto que o restante da geração do Êxodo foi condenada a morrer no deserto. Como sucessor de Moisés, Josué completará a salvação de Israel. O nome “Josué” significa “O Senhor é Salvador”.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 13 de agosto de 2023

O Que Vem Primeiro: a Criação ou a Redenção?


  

Se o Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo (Apocalipse 13:8), significa que a Criação acontece no ambiente da Redenção; e não a Redenção acontecendo no ambiente da Criação, conforme ensina a Teologia.

Segundo a Teologia prevalente, Deus criou e, como algo deu errado, Ele deu um jeito de amor nas coisas, enviando Seu Filho para resgatar aqueles que, ouvindo acerca d’Ele, venham a crer; e, então, se continuarem firmes na fé, que significa estar “firmes na igreja”, eles vão para o céu. Mas quem não ouviu, ou ouviu e não “creu” — sendo que estar numa “igreja” é o atestado de que se “creu” —, esse, ou esses muitos (aliás, a maioria absoluta), estão danados num inferno que é visto como um tempo (cronos) sem fim.

Desse modo, a “igreja” é o centro de todas as coisas que concernem ao céu e ao inferno, assim como ela é a parte da humanidade que está salva e tem a obrigação de fazer a outra parte ouvir, aceitar, e entrar para a “igreja”, a fim de ser realmente salva.

É de tal sorte o narcisismo da “igreja”!

Essa é a ideia que habita o inconsciente e o consciente da “igreja” e do cristianismo. E é também essa ideia que prevalece nas três religiões monoteístas do mundo: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.

Nesse caso, por mais que Deus ganhe, somente Ele pode explicar como ganhou alguma coisa, visto que a maioria absoluta de Suas criaturas vai direto para o inferno. A menos que a alegria de Deus fosse feita das gargalhadas do diabo...

Entretanto, essa é a simples implicação de se crer que o Deus Criador é um, e que o Deus Redentor é outro; ou que a Graça comum é uma, e a Graça especial é outra; e que os filhos de criação de Deus são todos os perdidos, e os filhos salvos são apenas os que se tornaram cristãos.

O resultado de se crer que há uma dualidade entre Criação e Redenção, na prática, é aquilo que nós chamamos de História da Igreja. E essa História declara apenas o desastre de tal visão do mundo. Na realidade, pode-se dizer que a História do Ocidente e, por extensão de influência e poder, de todo o mundo, é a História de como tal visão de um mundo dual pode acabar com a Terra – como hoje se vê.

Entretanto, se o Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo, o mundo foi criado no ambiente da Redenção, e não o contrário. Ora, tal percepção desconstrói por inteiro o edifício da Teologia cristã e acaba com o poder imperial que a “igreja” tomou para si, desde Constantino.

Além disso, toda a narrativa bíblica ganha sentido; visto que os desastres da Criação e as catástrofes humanas — da Queda até hoje —, fazem parte da Redenção em processo na Criação; sendo que essa Redenção é um ato-processo que visa levar a Criação e o homem à plenitude deles mesmos; o que só poderia acontecer numa Criação que exista já dentro da ambiência da Graça única.

Se o Cordeiro não fez sacrifício antes de criar, tudo o mais acontece como “remendo de pano novo em veste velha” (Mateus 9:16), o que se choca com o modo de Jesus agir. E Ele disse: “Eu e o Pai somos Um” (João 10:30).

Na realidade a visão que a Teologia cristã tem da Queda e da Redenção é a de “remendo de pano novo em veste velha”. É por isso que não pode jamais dar certo – como jamais deu.

Quem, porém, crê que tudo o que existe já foi chamado à existência no ambiente da Graça, esse nunca mais vê o mundo do mesmo modo; e, em sua mente, jamais a visão das coisas é a mesma.

Mas, como tenho dito, as implicações de tal percepção estão para além daquilo que a “igreja” deseja, ou concebe aceitar para si, visto que ela teria que morrer, para poder dar muito fruto (João 12:24).

Somente se na “igreja” houvesse o mesmo espírito que houve também em Cristo Jesus, o qual Se esvaziou, Se identificou, e não buscou ser nem mesmo quem era – Deus – (Filipenses 2:6-7), é que poderia haver algum significado para ela nesta existência ainda. Do contrário, ela não terá qualquer contribuição espiritual a dar à humanidade.

Enquanto isto, os planos de Deus não são frustrados, e Seu Espírito segue abraçando a todas as criaturas; e continua derramando Graça sobre todos os homens, em todos os lugares, segundo a “ordem de Melquisedeque” (Hebreus 5:5-6). Pois, tudo e todos os que existem, já estão designados para voltarem para Ele; pois, pelo Seu sangue, Ele reconciliou consigo mesmo todas as coisas (2º Coríntios 5:18-20), as quais já foram criadas sob o signo da reconciliação eterna realizada pelo Cordeiro antes de todas as criações.

Tal visão, entre outras coisas, nos levaria a tratar da Criação como quem ministra um sacramento!

No dia em que a visão da fé for a de que a Criação aconteceu no ambiente da Redenção e da Graça, nesse dia, o culto será a vida e a vida será o culto; e a catedral será a existência toda; pois, “tudo já é nosso, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas do presente ou do porvir; tudo é nosso, e nós de Cristo, e Cristo de Deus” (1º Coríntios 3:21-23).


(um texto de Caio Fábio d’Araújo Filho)

domingo, 6 de agosto de 2023

127 – Balaão (Números 22 – 24)


 

Os1(versículo de Números 22) israelitas partiram e acamparam nas campinas de Moabe, para além do Jordão, perto de Jericó.

Balaque2, filho de Zipor, viu tudo o que Israel tinha feito aos amorreus I, e3 Moabe teve muito medo do povo, porque era muita gente. Moabe teve pavor dos israelitas.

Então4 os moabitas disseram aos líderes de Midiã: “Essa multidão devorará tudo o que há ao nosso redor, como o boi devora o capim do pasto”.

Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe naquela época, enviou5 mensageiros para chamar Balaão, filho de Beor II, que estava em Petor, perto do rio III, em sua terra natal. A mensagem de Balaque dizia:

“Um povo que saiu do Egito cobre a face da terra e se estabeleceu perto de mim. Venha6 agora lançar uma maldição contra ele, pois é forte demais para mim. Talvez então eu tenha condições de derrotá-lo e de expulsá-lo da terra. Pois sei que quem você abençoa é abençoado, e quem você amaldiçoa é amaldiçoado”.

Os7 líderes de Moabe e os de Midiã partiram, levando consigo o preço para os encantamentos mágicos. Quando chegaram, comunicaram a Balaão o que Balaque tinha dito.

Balaão pediu que os homens ficassem, enquanto ele esperava as instruções de Deus. À noite, Deus disse a Balaão que ele não devia amaldiçoar os israelitas, pois eles eram abençoados. Então, Balaão não seguiu com os homens. Balaque mandou mais enviados a Balaão e quis tentá-lo com belas recompensas. Balaão, novamente, esperou a resposta de Deus.

Naquela20 noite Deus veio a Balaão e lhe disse: “Visto que esses homens vieram chamá-lo, vá com eles, mas faça apenas o que eu lhe disser”.

Balaão21 levantou-se pela manhã, pôs a sela sobre a sua jumenta e foi com os líderes de Moabe. Mas22 acendeu-se a ira de Deus IV quando ele foi, e o Anjo do SENHOR pôs-se no caminho para impedi-lo de prosseguir. Balaão ia montado em sua jumenta, e seus dois servos o acompanhavam. Quando23 a jumenta viu o Anjo do SENHOR parado no caminho, empunhando uma espada, saiu do caminho e foi-se pelo campo. Balaão bateu nela para fazê-la voltar ao caminho.

O Anjo reapareceu, e a jumenta recuou contra um muro, esmagando o pé de Balaão. Balaão tornou a bater nela. Quando o Anjo bloqueou o seu caminho, ela deitou no chão. Balaão bateu nela outra vez. Então Deus fez com que a jumenta falasse.

“Que28 foi que eu lhe fiz, para você bater em mim três vezes?”

Balaão29 respondeu à jumenta: “Você me fez de tolo! Quem dera eu tivesse uma espada V na mão; eu a mataria agora mesmo”.

Mas30 a jumenta disse a Balaão: “Não sou sua jumenta, que você sempre montou até o dia de hoje? Tenho eu o costume de fazer isso com você?”

“Não”, disse ele.

Então31 o SENHOR abriu os olhos de Balaão, e ele viu o Anjo do SENHOR parado no caminho, empunhando a sua espada. Então Balaão inclinou-se e prostrou-se, rosto em terra.

Então35 o Anjo do SENHOR disse a Balaão: “Vá com os homens, mas fale apenas o que eu lhe disser”. Assim Balaão foi com os príncipes de Balaque.

Na41 manhã seguinte Balaque levou Balaão até o alto de Bamote-Baal, de onde viu uma parte do povo.

Balaão1(versículo de Números 23) disse a Balaque: “Construa para mim aqui sete altares e prepare-me sete novilhos e sete carneiros”. Balaque2 fez o que Balaão pediu.

A palavra de Deus desceu sobre Balaão e ele proferiu sete oráculos. Os quatro primeiros abençoavam Israel, e Balaque ficou muito irritado enquanto ouvia Balaão falar. No seu quarto oráculo, Balaão falou da promessa de um rei.

“Eu17(versículo de Números 24) o vejo, mas não agora; eu o avisto, mas não de perto. Uma estrela surgirá de Jacó; um cetro se levantará de Israel VI. Ele esmagará as frontes de Moabe e o crânio de todos os descendentes de Sete. Edom18 será dominado; Seir, seu inimigo, também será dominado, mas Israel se fortalecerá. De19 Jacó sairá o governo; ele destruirá os sobreviventes das cidades”.

Balaque ouviu os últimos três oráculos de Balaão, que previam a destruição dos inimigos de Israel. Recusou-se a pagar Balaão e voltou furioso para casa.

 

v     Para entender a história

Esta história ilustra o compromisso de Deus em cumprir a sua promessa. Balaão é famoso por suas poderosas maldições, mas não consegue contrariar a vontade de Deus. Em vez de lançar uma maldição sobre os israelitas, Balaão os abençoa. Deus colocou palavras na boca de Balaão com a mesma facilidade com que as colocou na boca da jumenta.

 

v     Curiosidades

                                      I.     Amorreus – Esta tribo viveu ao norte de Moabe. “Amorreu” é uma palavra semita para “oeste”. Eram chamados assim porque haviam se instalado nas terras a oeste da Mesopotâmia. Os israelitas os destruíram completamente, depois que o rei amorreu lhes recusou permissão para que atravessassem o seu país.

                                   II.     “Balaão, filho de Beor” – Balaão cultuava a Deus, mas também era muito conhecido por praticar adivinhação. De acordo com a Lei de Moisés, práticas de ocultismo eram terminantemente proibidas (Deuteronômio 18:10-12).

                                III.     “Petor, perto do rio” – O “rio” é o Eufrates. Petor ficava no nordeste da Mesopotâmia, e diz a tradição que, hoje em dia, é a cidade de Tell Ahmar, na Síria.

                                IV.     “Acendeu-se a ira de Deus” – Deus disse inicialmente a Balaão para não seguir com os enviados de Balaque. Um verdadeiro devoto teria feito a vontade de Deus de primeira, mas Balaão ficou tentado pelo dinheiro. Ele errou ao questionar Deus uma segunda vez, para tentar receber a sua aprovação. Os senhores de Balaão eram o dinheiro e Deus. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento ensinam que é impossível servir a dois senhores.

                                   V.     “Quem dera eu tivesse uma espada” – O fato de o Anjo ter uma espada serve para contrastar a lealdade da jumenta com a falta de fé de Balaão. A jumenta enxerga o perigo no caminho e sofre para servir ao seu dono, mas Balaão está cego pela ganância.

                                VI.     “Um cetro se levantará de Israel” – Este foi o último dos quatro oráculos proféticos de Balaão que afirmam a aliança de Deus com Abraão. O oráculo antecipa o rei Davi, que destruiu os moabitas poucos séculos depois (2º Samuel 8:2).

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.