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quinta-feira, 29 de julho de 2021

68 – A Conversão de Saulo (Atos 9)


 

Enquanto1(versículo de Atos 9) isso, Saulo ainda respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor. Dirigindo-se ao sumo sacerdote, pediu-lhe2 cartas para as sinagogas de Damasco I, de maneira que, caso encontrasse ali homens ou mulheres que pertencessem ao Caminho II, pudesse levá-los presos para Jerusalém. Em3 sua viagem, quando se aproximava de Damasco, de repente brilhou ao seu redor uma luz vinda do céu. Ele4 caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?”

Saulo5 perguntou: “Quem és tu, Senhor?”

Ele respondeu: “Eu sou Jesus, a quem você persegue. Levante-se6, entre na cidade; alguém lhe dirá o que você deve fazer”.

Os7 homens que viajavam com Saulo pararam emudecidos; ouviam a voz mas não viam ninguém. Saulo8 levantou-se do chão e, abrindo os olhos, não conseguia ver nada. E os homens o levaram pela mão até Damasco. Por9 três dias ele esteve cego, não comeu nem bebeu.

Em10 Damasco havia um discípulo chamado Ananias. O Senhor o chamou numa visão: “Ananias!”

“Eis-me aqui, Senhor”, respondeu ele.

Jesus disse a Ananias para ir procurar Saulo. A princípio, Ananias estava relutante, por causa da reputação de Saulo. Mas Jesus lhe disse que escolhera Saulo para missionário entre os gentios. Assim, Ananias foi à casa em que Saulo estava hospedado e, impondo-lhe as mãos, explicou que Jesus o enviara para restituir-lhe a visão.

Imediatamente18, algo como escamas caiu dos olhos de Saulo e ele passou a ver novamente. Levantando-se, foi batizado19 e, depois de comer, recuperou as forças.

Saulo passou vários dias com os discípulos em Damasco. Logo20 começou a pregar nas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus. Todos21 os que o ouviam ficavam perplexos e perguntavam: “Não é ele o homem que procurava destruir em Jerusalém aqueles que invocam este nome? E não veio para cá justamente para levá-los presos aos chefes dos sacerdotes?” Todavia22, Saulo se fortalecia cada vez mais e confundia os judeus que viviam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo.

Decorridos23 muitos dias, os judeus decidiram de comum acordo matá-lo III, mas24 Saulo ficou sabendo do plano deles. Dia e noite eles vigiavam as portas da cidade e fim de matá-lo. Mas25 os seus discípulos o levaram de noite e o fizeram descer num cesto, através de uma abertura na muralha.

Quando26 chegou a Jerusalém, tentou reunir-se aos discípulos, mas todos estavam com medo dele, não acreditando que fosse realmente um discípulo. Então27 Barnabé o levou aos apóstolos e lhes contou como, no caminho, Saulo vira o Senhor, que lhe falara, e como em Damasco ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus. Assim28, Saulo ficou com eles, e andava com liberdade em Jerusalém, pregando corajosamente em nome do Senhor. Falava29 e discutia com os judeus de fala grega, mas estes tentavam matá-lo. Sabendo30 disso, os irmãos o levaram para Cesareia e o enviaram para Tarso IV.

A31 igreja passava por um período de paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Ela se edificava e, encorajada pelo Espírito Santo, crescia em número, vivendo no temor do Senhor.

 

v     Para entender a história

A conversão de Saulo, com sua alta posição social e forte personalidade, tem um forte impacto na Igreja primitiva. Saulo é enviado para cumprir a missão que Jesus lhe dera: “Eu o envio aos gentios, para abrir-lhes os olhos e convertê-los das trevas para a luz” (Atos 26:17-18).

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Damasco” – Damasco cresceu como centro comercial e religioso por sua localização, no cruzamento de estradas muito importantes. A cidade recebeu seu nome por causa de sua exportação de um tecido típico, chamado “damasco”. Foi a capital da província romana da Síria e teve grande população judaica. Saulo teria levado seis dias para ir de Damasco a Jerusalém.

                                   II.     “O Caminho” – O cristianismo era conhecido como “O Caminho” e visto como uma seita judaica por muitos anos. Jesus chamava a si mesmo “O Caminho” (João 14:6).

                                III.     “Os judeus decidiram de comum acordo matá-lo” – Daí em diante, a Igreja primitiva enfrentou perseguições intensificadas da parte dos saduceus e dos fariseus, assim como dos romanos. Paulo lembra este fato: “Em Damasco, o governador nomeado pelo rei Aretas mandou que se vigiasse a cidade para me prender” (2º Coríntios 11:32).

                                IV.     “Tarso” – Saulo nasceu em Tarso, a maior cidade a sudeste da Ásia Menor. Tornou-se próspera por causa de sua localização privilegiada numa rota comercial entre a Síria e a Ásia Menor. No tempo dos romanos, Tarso foi também centro de cultura e de ensino gregos. Saulo referia-se a Tarso como sua cidade natal.

 

De Saulo para Paulo: Saulo – depois chamado por seu nome romano, Paulo – era tanto fariseu quanto cidadão romano. Seus ricos pais o enviaram a Jerusalém para ser educado como um judeu ortodoxo. Saulo era conhecido por seu zeloso caráter. Sua perseguição aos cristãos ameaçou destruir a Igreja primitiva. Mas também resultou na disseminação inicial do cristianismo a partir de Jerusalém.


Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 25 de julho de 2021

Quem é Jesus Para as Religiões?


  

Mateus 16:13-15

Chegando à região de Cesareia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: “Quem os outros dizem que o Filho do homem é?”

 

As mais diversas religiões do Planeta consideram a figura de Jesus, cada uma a seu modo. Fato é que Jesus é tão impactante que Se torna inolvidável a cada uma delas, haja vista o significado histórico que Sua vida causou na Terra há dois mil anos.

Vamos a um resumo – bem resumido mesmo – do que Ele representa em várias religiões:

Jesus no Judaísmo: A maioria dos judeus vê Jesus como um transgressor da Lei de Moisés e um revolucionário da época. Para os judeus, Jesus não ressuscitou, pois creem que os Seus discípulos roubaram o Seu corpo do túmulo enquanto os soldados dormiam.

Jesus no Islamismo: Jesus seria mais um dos profetas que Deus enviou. Os muçulmanos não acreditam que Jesus tenha morrido numa cruz, mas que foi Judas ou Simão, o Cirineu, quem morreu no Seu lugar, tendo as pessoas sido iludidas a acreditarem na Sua crucificação, e que Jesus foi arrebatado para os céus, de onde voltará no fim dos tempos para que ocorra o “juízo final”.

Jesus no Budismo: Para os budistas Jesus é um ser iluminado, uma espécie de Buda. Alguns budistas creem que Jesus estudou com monges durante a Sua juventude. Algumas escolas budistas estudam os ensinamentos de Jesus juntamente com os de Buda, pois creem que a meta de ambos é remover os obstáculos da vida espiritual dos homens. Atualmente o budismo tenta encontrar um ponto em comum entre a espiritualidade cristã e a budista, o que está gerando uma campanha ecumênica pelo mundo, onde o Dalai Lama, líder religioso do Tibete, disse, em entrevista coletiva em São Paulo, que é “um bom cristão”.

Jesus no Hinduísmo: Os hindus acreditam que Jesus seja um “avatar”, ou seja, uma das encarnações de Deus na Terra. Para alguns hindus, Jesus também foi um iniciado na filosofia védica, sendo uma das encarnações de Vishnu, a segunda pessoa da trindade hinduísta. Para o movimento Hare Krishna, Jesus é um dos enviados do deus Krishna para cumprir sua mensagem pelo mundo. Os hindus acreditam que Cristo viveu na Índia entre Seus 18 e 30 anos, e lá Ele estudou o Hinduísmo e o Budismo, incorporando elementos dessas religiões nas Suas pregações.

Jesus no Jainismo: Praticamente todos os ensinamentos budistas são encontrados no Jainismo. O principal ensinamento jainista é a não-violência. Este ensino foi utilizado por Mahatma Gandhi durante a independência da Índia, o que fez de Gandhi um herói jainista. Para os jainistas Jesus é tido como um conquistador, visto que Ele diz que “venceu o mundo”. Também creem que Jesus Se libertou das paixões do mundo e tornou-Se um conquistador, ou seja, um iluminado.

Jesus na Cabala: A Cabala é a versão hebraica dos ritos de iniciação ou dos procedimentos ocultos acessíveis a poucos. A Cabala é uma prática religiosa/filosófica/ocultista difundida por judeus esotéricos, e eles creem que Abraão, Moisés, Davi, Jesus, Sócrates, Platão, Einstein, Jung, dentre outros, eram seus seguidores. A Cabala não poupa esforços para dizer que todo homem é Deus, pois todos têm luz, e Deus é luz, logo, todos os homens são deuses, sabendo o bem e o mal.

Jesus na Fé Bahá’í: A Fé Bahá’í é uma religião ecumênica que surgiu no Irã em 1844. Os bahá’í estão em 178 países do mundo e propõem ser a renovação do Islã com uma nova mensagem: Deus é um só em todas as religiões, e Ele manda diversos mensageiros para todos os povos da Terra, assim como enviou Jesus. Devido ao caráter ecumênico, vários textos sagrados, inclusive os Evangelhos, são lidos nas suas casas de oração. Para os bahá’í, apenas a união dos homens pode acabar com os conflitos no mundo. Por isso a Fé Bahá’í propõe a unidade religiosa e política do mundo.

Jesus no Candomblé: O Candomblé reconhece que todas as religiões são boas, desde que a base principal seja a fé e o amor ao próximo. No Candomblé, acreditam que Jesus Cristo é Oxalá, o Senhor do Bonfim.

Jesus no Seicho-No-Ie: Para o Seicho-No-Ie, a matéria não existe, a carne não existe, o sofrimento não existe. O homem não é carne, o homem é filho de Deus, é espírito, é perfeito, é isento de pecado, portanto, é imortal. A Seicho-No-Ie explica que Jesus Cristo já redimiu os pecados de toda a humanidade, e já não existe pecado algum no mundo, ou seja, já não existe homem pecador. Segundo eles, se o pecado existisse realmente, nem mesmo a cruz de Jesus Cristo conseguiria extingui-lo.

Jesus na Cientologia: A Cientologia nega a divindade de Jesus Cristo, crendo que Ele é um “deus inferior”. Eles creem que há múltiplos deuses, e que alguns deuses são superiores e outros inferiores. A Cientologia obteve grande popularidade por ter em seu rol de membros celebridades de Hollywood, como Brad Pitt, Jennifer Lopez, John Travolta, Katie Holmes, Tom Cruise e Will Smith.

Jesus no Movimento Rastafári: Os rastafáris creem que o imperador etíope Haile Selassie é a reencarnação de Jesus. Haile Selassie significa, em etíope, “o poder da trindade”. Eles pregam que a “terra prometida” é a África. Por esse motivo, o Movimento Rastafári atrai muitos afro-descendentes, e tem crescido muito ultimamente devido ao seu gênero musical, o Reggae. Bob Marley era adepto do Movimento Rastafári, e a data da sua morte, 6 de fevereiro, é feriado nacional na Jamaica. Na doutrina Rastafári é permitido fumar maconha, porém, proibido comer carne de porco.

Jesus no Movimento Nova Era: Para a Nova Era, o mundo está vivendo o fim da Era de Peixes que, segundo eles, é a Era de Jesus, pois creem que o símbolo de Jesus era o peixe. Antes dessa Era vieram a Era de Touro, ligada às religiões sumérias e egípcias, e a Era de Áries, ligada ao “cordeiro pascal” e a Moisés. Após a Era de Peixes, inicia-se a Era de Aquário, a chamada “Nova Era”. Para a Nova Era, Jesus é mais um dos mestres espirituais do mundo, uma espécie de “avatar”.

Jesus no Movimento Raeliano: Os raelianos creem que não existe nenhum Deus, que os deuses e profetas das religiões  inclusive Jesus  nada mais eram do que ETs, vindos para orientar a humanidade como viverem neste mundo criado por eles.

Jesus nas Testemunhas de Jeová: Eles afirmam que Jesus não é Deus, têm uma tradução própria da Bíblia, não aceitam transfusões de sangue, acreditam que a Terra permanecerá para sempre, não creem que Jesus Cristo morreu numa cruz, e sim numa estaca. Creem que apenas um pequeno rebanho de 144 mil pessoas vai se salvar.

Jesus nos Mórmons: São oficialmente conhecidos como A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Eles creem num outro evangelho, chamado de “O Livro de Mórmon – Outro Testamento de Jesus Cristo”. Creem que Jesus nasceu em Jerusalém, e não em Belém. Creem que Caim foi amaldiçoado com uma pele escura, tornando-se o “pai dos negros”. Não creem que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo. Creem que Deus um dia já foi um homem e que um dia o homem pode ser Deus. Creem que Jesus casou com Maria e Marta, e também com Maria Madalena, e que o casamento em Caná da Galileia era um dos Seus casamentos. Creem também que Satanás é irmão de Jesus Cristo e que a salvação pela graça é demoníaca.

Jesus no Adventismo: Eles creem que sempre que Miguel é mencionado na Bíblia, se refere à pessoa de Jesus como comandante dos exércitos celestiais, em direta disputa com Satanás. Portanto, creem que o Arcanjo Miguel e o Anjo do Senhor são manifestações de Jesus Cristo. Acreditam na guarda do sábado e na abstinência de comer carne de porco e diversos alimentos.

Jesus no Espiritismo: O Espiritismo demonstra a impossibilidade de Jesus ser o próprio Deus, afirmando que Ele é uma criatura como todos nós. No entanto, creem que Ele foi o mais evoluído entre os homens da Terra, e isso não é uma dádiva ou privilégio, e sim uma conquista. O Espiritismo ensina que temos que acertar as nossas contas, quitar os nossos erros, e que a salvação não é pela graça e nem pelo sangue de Jesus, e não se precisa do batismo ou então da confissão e arrependimento dos pecados para alcançarmos a salvação e, sim, através das boas obras – apenas boas obras. Eles creem que Jesus não nasceu de uma virgem numa estrebaria em Belém de Judá, não é unigênito, nem recebeu a visita dos magos. Creem que Jesus não foi tentado por inexistentes demônios e que não há nenhum castigo eterno.

Com exceção do Judaísmo – que exclui Jesus de seus dogmas, ainda que O tenham em seu subconsciente –, as demais religiões buscam encaixá-Lo de alguma forma, mesmo que seja da forma mais distorcida. Mas Jesus não passa despercebido nunca.

Até mesmo por isso, temos que tomar alguns cuidados. O “nome Jesus” pode ser usado para qualquer coisa, dependendo da motivação existente. Usa-se Jesus como uma grife, como uma marca, e se O associa àquilo que se deseje – e se consegue vendê-Lo ao público-alvo sem discernimento, com a maior facilidade, haja vista as inúmeras denominações eclesiásticas neo-pentecostais e seu “mercado religioso em nome de Jesus”. Por isso, cautela.

As mais variadas ideologias religiosas – e agora falo das não-cristãs – dão um jeito de “encaixar” Jesus em seus dogmas, por uma razão simples: Jesus é inegavelmente incomparável, e isso ninguém tem como ignorar, a expressão única de Jesus carrega uma singularidade universal absoluta, assim, é preciso “tratar com Ele” de alguma forma, por mais diversa que seja a doutrina religiosa em questão. Todos tentam arrumar um quartinho para que Jesus more na sua casa também.

Para muitos daqueles que se denominam cristãos – estejam eles vinculados a alguma denominação eclesiástica ou não – Jesus também segue sendo uma incógnita, pois O conhecem pouco. Muitos aceitam o que outros dizem a respeito d’Ele sem ir atrás e checar se é assim mesmo pelas Escrituras. Muitos, por preguiça espiritual, não abrem a Bíblia e não leem os evangelhos para ao menos ter um conhecimento mínimo.

Aqui, no espaço deste Blog, tentamos elucidar o máximo que nos é possível. Divulgamos a Palavra, há centenas de textos disponíveis, há vários olhares – e todos sob o olhar orientador do Espírito Santo. Quem quiser, venha e veja.

Pessoalmente, aconselho sempre que a pessoa ore, leia a Bíblia – especialmente o Novo Testamento – de carreirinha, um pouco a cada dia, e vá abrindo seu conhecimento, pois a Palavra se revela.

E Jesus, aos olhos de quem se dispõe a ser Seu discípulo, vai Se tornando cada vez mais conhecido, claro, compreendido – e nós vamos nos compreendendo n’Ele.

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 21 de julho de 2021

67 – Filipe na Samaria (Atos 8)


 

Naquela1(versículo de Atos 8) ocasião desencadeou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém. Todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria. Alguns2 homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram por ele grande lamentação. Saulo3, por sua vez, devastava a igreja. Indo de casa em casa, arrastava homens e mulheres e os lançava na prisão.

Os4 que haviam sido dispersos pregavam a palavra por onde quer que fossem. Indo5 Filipe para uma cidade de Samaria, ali lhes anunciava o Cristo I. Quando6 a multidão ouviu Filipe e viu os sinais miraculosos que ele realizava, deu unânime atenção ao que ele dizia. Os7 espíritos imundos saíam de muitos, dando gritos, e muitos paralíticos e mancos foram curados. Assim8, houve grande alegria naquela cidade.

Um9 homem chamado Simão II vinha praticando feitiçaria durante algum tempo naquela cidade, impressionando todo o povo de Samaria. Ele dizia ser muito importante, e10 todo o povo, do mais simples ao mais rico, dava-lhe atenção. Eles11 o seguiam, pois ele os havia iludido com sua mágica durante muito tempo. No12 entanto, quando Filipe lhes pregou as boas novas do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, creram nele, e foram batizados, tanto homens como mulheres. O13 próprio Simão também creu e foi batizado, e seguia Filipe por toda parte, observando maravilhado os grandes sinais e milagres que eram realizados.

Os apóstolos enviaram Pedro e João a Samaria. Quando chegaram, Pedro e João confirmaram aqueles que haviam sido batizados, impondo suas mãos sobre eles, de modo que recebessem o Espírito Santo. Quando Simão viu isto, ofereceu dinheiro aos apóstolos, pois desejava comprar o dom do Espírito Santo. Pedro recusou e disse a Simão que pedisse perdão a Deus. No caminho de volta a Jerusalém, Pedro e João pregaram em muitas aldeias samaritanas.

Um26 anjo do Senhor disse a Filipe: “Vá para o sul, para a estrada deserta que desce de Jerusalém a Gaza”. Ele27 se levantou e partiu. No caminho encontrou um eunuco etíope, um oficial importante, encarregado de todos os tesouros de Candace, rainha dos etíopes III. Esse homem viera a Jerusalém para adorar a Deus e, de28 volta para casa, sentado em sua carruagem, lia o livro do profeta Isaías. E29 o Espírito disse a Filipe: “Aproxime-se dessa carruagem e acompanhe-a”.

Assim, Filipe perguntou ao eunuco se estava entendendo a passagem que lia. O homem convidou Filipe para subir na carruagem com ele e explicá-la. Filipe aceitou e falou-lhe sobre Jesus. Enquanto avançavam no caminho, chegaram a um rio e o homem lhe pediu que o batizasse.

Assim38, deu ordem para parar a carruagem. Então Filipe e o eunuco desceram à água, e Filipe o batizou. Quando39 saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe repentinamente. O eunuco não o viu mais e, cheio de alegria, seguiu seu caminho. Filipe40, porém, apareceu em Azoto e, indo para a Cesareia IV, pregava o evangelho em todas as cidades pelas quais passava.

 

v     Para entender a história

A perseguição força muitos a deixarem Jerusalém, mas os cristãos primitivos estão determinados a cumprir as palavras de Jesus: “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra” (Atos 1:8). O batismo do eunuco – uma classe excluída do respeito dos judeus – demonstra que não há barreiras na Igreja de Cristo para os que creem.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Filipe lhes anunciava o Cristo” – Filipe é um dos muitos que sofreram perseguição, mas não se escondeu. Tornou-se um evangelista, uma palavra derivada do grego “euangelion”, que significa “boa nova”. A boa nova de que ele falava era que Jesus é o Filho de Deus.

                                   II.     “Homem chamado Simão” – A conversão de Simão foi de curta duração. É conhecido, na literatura cristã primitiva, como “Simão, o Mago” – Simão, o Feiticeiro. Tornou-se cristão porque desejava obter o poder espiritual que ele via nos milagres de Filipe. Seu ato vergonhoso ainda é conhecido como “simonia”.

                                III.     “Candace, rainha dos etíopes” – “Candace” era o título da rainha-mãe da Etiópia. Governou no lugar de seu filho, o rei, considerado muito santo para envolver-se com os negócios de seu país. Naquele tempo, a Etiópia era uma região ao sul do Egito, que incluía partes da atual Etiópia e do Sudão. A área era também conhecida como “Cuch”, ou “Cuxe”.

                                IV.     “Indo para a Cesareia” – Cesareia foi transformada numa bela cidade de mármore por Herodes o Grande. Tornou-se a capital da Judeia romana. Filipe estabeleceu-se em Cesareia, e seu próspero porto ajudou a espalhar a mensagem cristã em todo o mundo.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 18 de julho de 2021

O Sábio e a Sabedoria


  

Provérbios 2:6

Pois o SENHOR é quem dá sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o discernimento.

 

Sábio é o que aprende e ensina discretamente, sem chamar atenção para si.

O sábio sabe acolher elogios e os recebe sempre como encorajamento para ser melhor.

O sábio não critica, ensina.

O sábio não acusa, encoraja.

O sábio corrige servindo.

O sábio é paciente com o ignorante e combate a ignorância ensinando.

O sábio é um esperançoso, pois sabe que foi por esperançar que se tornou sábio.

O sábio não briga, ouve, dialoga e encontra caminhos alternativos para solucionar situações conflituosas e complexas.

O sábio é feliz porque entendeu que a felicidade está na jornada e não na linha de chegada.

O sábio desfruta os sabores, contempla as cores, ouve os sons, curte os tons e acumula conhecimento enquanto caminha.

Sábio é buscar sabedoria.

O sábio nunca tripudia sobre o que ainda não sabe, antes, busca se fazer entender aos simples com simplicidade.

O sábio traduz seu conhecimento para que os simples entendam, compreendam e aprendam.

O sábio sabe discernir a diferença entre sabedoria e inteligência.

Inteligência é acúmulo de informações e formas de aplicá-las na vida.

Sabedoria é acúmulo de conhecimentos adquiridos na jornada da vida e, como o melhor fruto de uma árvore, serve para o outro e não para si mesmo.

O sábio não se alimenta de sua sabedoria, alimenta-se na alegria de servir e ser saboreado pelo próximo.

 

(Um texto de Carlos Bregantim)

quarta-feira, 14 de julho de 2021

66 – O Crescimento da Igreja


 

Apesar da oposição dos líderes religiosos judeus, a Igreja primitiva continua a crescer. As perseguições levaram muitos cristãos a deixar Jerusalém e, assim, a mensagem do Evangelho começou a se espalhar para outras comunidades. Não obstante, os primeiros cristãos ainda viviam de acordo com os costumes religiosos judeus. Isto causou dificuldade quando não-judeus (gentios) quiseram ser batizados na nova fé. A Igreja primitiva lutou com este dilema. Foi Paulo – antes, o zeloso perseguidor Saulo – quem compreendeu que todo o futuro da Igreja dependia da conversão dos gentios.

 

Os evangelistas

Como testemunhas da ressurreição de Jesus, os apóstolos eram os pilares da Igreja primitiva. Seu principal papel foi garantir que o Evangelho fosse pregado em total acordo com o ensino de Jesus. Permaneceram em Jerusalém como uma fonte de encorajamento para os que estavam sendo presos por causa de sua fé. Os cristãos que deixaram Jerusalém não foram silenciados pelas perseguições. Pregavam a boa nova de Jesus em todo lugar por onde andavam. Estes discípulos se tornaram conhecidos como “evangelistas”; seu objetivo era anunciar o Evangelho. Dois dos primeiros e mais proeminentes foram Filipe e Barnabé.

 

A educação de Paulo

Paulo era um judeu da tribo de Benjamim. Cresceu na cidade helenística de Tarso, um porto no cruzamento de importantes estradas na Ásia Menor. Sua língua natal era o grego e foi grandemente influenciado pela cultura e pela filosofia grega.

Foi educado como fariseu e aprendeu o hebraico e o aramaico. Tinha temperamento passional e se orgulhava de sua herança judaica. Aderiu estritamente às leis e aos costumes judaicos. A princípio, via os ensinamentos cristãos como heréticos.

 

Gamaliel

Ainda jovem, Paulo foi para Jerusalém e estudou com Gamaliel, que era um dos mais famosos professores fariseus de seu tempo e pertencia à escola de pensamento que enfatiza a tradição acima da Lei. Gamaliel era membro do Sinédrio e aconselhou seus colegas a tratarem os primeiros cristãos mais moderadamente. Seu argumento era que, se Jesus fosse um falso profeta, como tantos antes dele, seus seguidores logo cairiam na obscuridade.

 

Paulo, o perseguidor

Em seu zelo para erradicar o que via como heresia, Paulo pôs-se a caminho para prender cristãos na Judeia e em Damasco. Representava o Sumo Sacerdote, a quem os romanos permitiam que prendesse judeus criminosos. Tanto a Judeia como Damasco estavam na província romana da Síria. A jurisdição do Sumo Sacerdote estendia-se a Damasco, que tinha uma grande população judia. Não obstante, Paulo não pôde prender os cristãos que fugiam para Samaria por causa da longa inimizade entre judeus e samaritanos. Nem pôde prender os cristãos em Cesareia, já que a autoridade do Sumo Sacerdote não se estendia até ali.

 

Cidadania romana

Paulo tinha cidadania romana. Provavelmente, herdara-a de seu pai ou de um ascendente, que pode tê-la recebido por serviços prestados ao império. A cidadania romana dava proteção e muitos privilégios. Um cidadão romano não podia apanhar para se lhe obter uma confissão, nem ser preso sem julgamento. Como um cidadão romano, Paulo podia também exigir ser julgado pela corte romana.

 

Os judeus e os gentios

Depois da aliança de Deus com Abraão, os israelitas consideravam todos os não-descendentes de Isaque e de Jacó como “gentios”. A palavra significa “nações”, querendo dizer nações outras que não Israel. Os judeus mantinham sua identidade distinta através da proibição de casamentos mistos, das leis sobre alimentação e da prática da circuncisão. No século I d.C., muitos gentios abraçaram a fé judaica. Estes convertidos ao judaísmo eram conhecidos como prosélitos. Inicialmente, os apóstolos e os evangelistas pregavam a judeus e prosélitos nas sinagogas. Contudo, quando o cristianismo começou a se espalhar para fora de Jerusalém, nas cidades pagãs, como Antioquia, muitos gentios responderam à mensagem cristã. Os cristãos hebraicos argumentavam que os gentios podiam não ser aceitos na fé porque não eram circuncidados e não observavam as leis judaicas sobre alimentação. O Concílio de Jerusalém, finalmente, resolveu esta controvérsia em 49 d.C., quando se decidiu que os gentios não precisavam circuncidar-se para ingressar na nova fé. Os judeus cristãos levaram alguns anos para aceitar que os antigos rituais não eram mais necessários.

 

A Igreja em Antioquia

A cidade grega de Antioquia (atualmente Hatay, na Turquia) se tornou a base principal para a pregação da mensagem do Evangelho aos gentios, e o centro de onde a Igreja se espalhou rapidamente. Fora fundada em 300 a.C. por Selêucio Nicátor, e recebeu o nome em honra de seu pai, Antíoco. Em 64 a.C. tornou-se a capital da província romana da Síria. Antioquia era um porto fluvial do Mediterrâneo e muitas rotas comerciais cortavam a cidade. Isto a tornou um ativo e cosmopolita centro comercial da cultura helenística, aberto a novas idéias.

A cidade tinha uma grande população judia, a quem se permitia observar seus costumes. Muitos gentios em Antioquia logo se converteram ao judaísmo. A Igreja enviou Barnabé à cidade, onde ele se tornou missionário entre os gentios. Foi em Antioquia que os cristãos converteram os gentios à fé em Cristo sem primeiro fazê-los submeter-se à circuncisão – um dos requisitos de um não-judeu que se convertesse ao judaísmo.

Jerusalém foi o berço da Igreja, mas Antioquia foi onde a Igreja começou a divergir de suas raízes hebraicas. O nome “cristão”, significando “seguidor de Cristo”, foi usado pela primeira vez em Antioquia.

 

O Evangelho para todos

Os apóstolos e os evangelistas variavam a maneira pela qual pregavam o Evangelho, dependendo de seus ouvintes.

Aos judeus, enfatizavam que Jesus era o Messias prometido. Para os gentios, enfatizavam que havia um só Deus e que Jesus era o vencedor sobre todo o mal. Só os judeus eram familiarizados com conceitos como “Reino de Deus” e “Filho do homem”. Tanto judeus como gentios declaravam sua nova fé e recebiam o Espírito Santo através do batismo.


Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 11 de julho de 2021

Quem é a Pedra?


  

Mateus 16:18

“Eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la”.

 

Já faz muito tempo que esta discussão vem no seio da cristandade, trazendo interpretações e posicionamentos, ora a favor de Pedro ser a “pedra” mencionada na fala de Jesus, ora a favor de Jesus mesmo ser esta “pedra” – e não Pedro. Católicos, de forma geral, defendem a primeira opção – até para justificar o papado – e protestantes defendem a segunda.

Creio que devemos ampliar a percepção, buscando os antecedentes daquela passagem. Esta declaração de Jesus se dá em função de uma fala de Pedro, respondendo a uma pergunta de Jesus. Vamos, agora, posicionar Jesus e os discípulos – inclusive Pedro – no cenário em que se dá esta passagem.

Jesus os levava a Cesareia de Filipe, uma região remota, impregnada ainda de paganismo, cheia de sincretismos e misticismos comuns àqueles tempos. Não era a “sagrada” Jerusalém, mas a “pagã” Cesareia de Filipe, construída em homenagem a César, imperador romano.

Jesus quisera saber de Seus discípulos qual a interpretação que tinham d’Ele, qual a percepção e a impressão que Jesus causava neles, Seus discípulos. Jesus queria saber deles Quem Ele era para eles. Para isso, Ele começou perguntando-lhes sobre o que pensavam e diziam os outros a respeito d’Ele. Eis como começa o diálogo: Chegando à região de Cesareia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: “Quem os outros dizem que o Filho do homem é?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas”. (Mateus 16:13-14).

As respostas do povo, “dos outros”, eram diversas. Cada um tinha uma interpretação, uma forma de ver Jesus, uma forma de entender Quem Ele era. Parecido com hoje em dia: as pessoas, se as perguntarmos sobre Quem é Jesus para elas, virão com as mais variadas respostas. Experimente perguntar...

Aí Jesus faz a pergunta que queria mesmo fazer: “E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?” (Mateus 16:15).

Diante dessa pergunta, Simão foi o primeiro a responder, e deu a “resposta certa”: Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16). Poderia ter sido qualquer outro a responder, mas foi Simão. Pode ser – e aí é uma interpretação muito pessoal – que algum outro dos discípulos tivesse a mesma resposta, mas Simão foi mais rápido. Ou então todos concordaram em seu íntimo com essa resposta, mas não falaram. Fato é que Simão falou.

Jesus, ouvindo isso, declarou que esta resposta não era de cunho humano, nem filosófico, nem religioso em si, mas que viera como revelação de Deus: Respondeu Jesus: “Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus” (Mateus 16:17). A revelação sobre Quem Jesus era viera diretamente de Deus! E quem a captara rapidamente fora Simão!

E aí Jesus declara: “Eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la” (Mateus 16:18). Jesus acrescenta ao nome de Simão a denominação Pedro (do grego petros, significando pedra). Simão Pedro externara a revelação recebida do Pai, sobre Quem Jesus era para ele e para seus colegas discípulos: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Esta revelação/percepção petrificou/pavimentou o caminho do Evangelho! Sobre esta revelação a Igreja seria erigida!

Para dirimir dúvidas ainda porventura existentes sobre “quem é a pedra”, podemos percorrer mais algumas citações das Escrituras, que nos ajudarão no entendimento.

O próprio Pedro jamais se referiu a si mesmo como sendo esta pedra, mas de forma clara e consistente, ele diz que esta pedra representa Cristo (“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”). No discurso que ele faz no Templo, muito tempo depois, ele chega a dizer que não há nenhum outro nome debaixo do céu, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos, a não ser através desta “pedra”, rejeitada pelos homens: Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: “Autoridades e líderes do povo! Visto que hoje somos chamados para prestar contas de um ato de bondade em favor de um aleijado, sendo interrogados acerca de como ele foi curado, saibam os senhores e todo o povo de Israel que por meio do nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem os senhores crucificaram, mas a quem Deus ressuscitou dos mortos, este homem está aí curado diante dos senhores. Este Jesus é a pedra que vocês, construtores, rejeitaram, e que se tornou a pedra angular’. Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:8-12).

Ainda, Pedro escreve a respeito, numa de suas cartas: À medida que se aproximam dele, a pedra viva – rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para ele – vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo. Pois assim é dito na Escritura: “Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa, e aquele que nela confia jamais será envergonhado”. Portanto, para vocês, os que creem, esta pedra é preciosa; mas para os que não creem, “a pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se a pedra angular”, e, “pedra de tropeço e rocha que faz cair”. Os que não creem tropeçam, porque desobedecem a mensagem; para o que também foram destinados (1º Pedro 2:4-8).

Jesus usou várias vezes este símbolo da “pedra” referindo-se a Si mesmo: “Vocês nunca leram isto nas Escrituras? ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós’” (Mateus 21:42). “Então, qual é o significado do que está escrito? ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular’. Todo o que cair sobre esta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó” (Lucas 20:17-18).

No Antigo Testamento encontramos diversas passagens que relacionam a “pedra/rocha” como um termo específico para Deus, como estas, dentre outras: “Proclamarei o nome do SENHOR. Louvem a grandeza do nosso Deus! Ele é a Rocha, e suas obras são perfeitas, e todos os seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e reto ele é” (Deuteronômio 32:3-4). O SENHOR é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador; o meu Deus é o meu rochedo, em quem me refugio. Ele é o meu escudo e o poder que me salva, a minha torre alta (Salmo 18:2).

Isaías, o mais “evangélico” dos profetas – pois profetizou muito a respeito do Cristo – menciona a grande “rocha” em terra sedenta, e a “pedra” preciosa, angular, solidamente assentada: Cada homem será como um esconderijo contra o vento e um abrigo contra a tempestade, como correntes de água numa terra seca e como a sombra de uma grande rocha no deserto (Isaías 32:2). Por isso diz o Soberano, o SENHOR: “Eis que ponho em Sião uma pedra, uma pedra já experimentada, uma preciosa pedra angular para alicerce seguro; aquele que confia, jamais será abalado (Isaías 28:16). Na primeira passagem, o profeta “estende” o “alcance” da “rocha”, dizendo mesmo que “cada homem” – e não um único – será “como a sombra de uma grande rocha no deserto”.

O apóstolo Paulo também referenda Cristo como a “pedra/rocha”: Todos comeram do mesmo alimento espiritual e beberam da mesma bebida espiritual; pois bebiam da rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo (1º Coríntios 10:3-4). Paulo “bebia” das Escrituras antigas para basear a sua afirmação, como o profeta Samuel e o salmista: Pois quem é Deus além do SENHOR? E quem é Rocha senão o nosso Deus? (2º Samuel 22:32). O Salmo 18:31 repete esta palavra de Samuel, ipsis litteris.

Jesus também Se referiu à “pedra/rocha” como sendo a Sua Palavra, a qual é o único alicerce seguro para o homem: “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha” (Mateus 7:24-25).

E, em Jesus Se referindo à “pedra/rocha” como sendo a Sua Palavra, a Escritura ainda afirma ser Ele “a Palavra”: No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus (João 1:1).

Jesus amalgama a Si mesmo e Suas Palavras, como se fossem uma só essência: “Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos” (Marcos 8:38).

Falando de Si como enviado de Deus, diz que é Ele Quem fala as Palavras de Deus, e Quem tem o poder de “dar” o Espírito Santo: “Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque ele dá o Espírito sem limitações (João 3:34).

Jesus enfatiza ainda que Sua Palavra é “viva”: O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida (João 6:63).

Pedro também reconhecia a eternidade em Jesus e Suas Palavras: Simão Pedro lhe respondeu: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus” (João 6:68-69).

E Jesus, em oração, enfatiza outra vez a relação amálgama entre Ele e a Palavra de Deus: “Pois eu lhes transmiti as palavras que me deste, e eles as aceitaram. Eles reconheceram de fato que vim de ti e creram que me enviaste (João 17:8).

O apóstolo Paulo, escrevendo à Igreja em Corinto, afirma que Cristo é o único “fundamento/alicerce/pedra” da Igreja: Ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo (1º Coríntios 3:11). E à igreja em Éfeso, também diz que Cristo é o “fundamento/pedra” sobre o qual construímos o templo espiritual como pedras vivas: Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito (Efésios 2:19-22).

Buscando fazer um apanhado final agora, e voltando ao início do texto, pode-se dizer que, quando Pedro fez sua declaração de fé sobre “Quem Jesus era”, ele o fez em nome de todos os demais discípulos, pois a pergunta havia sido feita ao grupo: “E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?” (Mateus 16:15).

Nenhum dos discípulos jamais entendeu que Jesus estava concedendo a Pedro uma distinção especial. Tanto é assim que, depois de passado este fato, eles continuavam falando entre si sobre quem seria o maior: Os discípulos chegaram a Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos céus?” (Mateus 18:1). Lucas, em seu Evangelho, diz mesmo que havia uma discussão entre os discípulos a respeito deste tema: Começou uma discussão entre os discípulos acerca de qual deles seria o maior. Jesus, conhecendo os seus pensamentos, tomou uma criança e a colocou em pé, a seu lado. Então lhes disse: “Quem recebe esta criança em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe, está recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre vocês for o menor, este será o maior” (Lucas 9:46-48). Caso Jesus tivesse dado a Pedro uma posição de supremacia ou mesmo liderança, não haveria mais motivo para tanta discussão – Ele poderia encerrar a discussão assim: “Pedro é o chefe!”

Os autores do Novo Testamento jamais fizeram menção de qualquer autoridade revestida sobre Pedro, muito menos colocando ele como “rocha/pedra/base” para construir a Igreja.

Pedro jamais foi “papal” ou “infalível” como apóstolo, tanto que chegou a ser confrontado e corrigido veementemente por seu colega Paulo. No relato a seguir Paulo conta aos seus irmãos da Igreja na Galácia sobre o encontro com os apóstolos e seu conflito com Pedro, que se dera a respeito de “usos e costumes judaicos”: Quanto aos que pareciam influentes – o que eram então não faz diferença para mim; Deus não julga pela aparência – tais homens influentes não me acrescentaram nada. Ao contrário, reconheceram que a mim havia sido confiada a pregação do evangelho aos incircuncisos, assim como a Pedro, aos circuncisos. Pois Deus, que operou por meio de Pedro como apóstolo aos circuncisos, também operou por meu intermédio para com os gentios. Reconhecendo a graça que me fora concedida, Tiago, Pedro e João, tidos como colunas, estenderam a mão direita a mim e a Barnabé em sinal de comunhão. Eles concordaram em que devíamos nos dirigir aos gentios, e eles, aos circuncisos. Somente pediram que nos lembrássemos dos pobres, o que me esforcei por fazer (Gálatas 2:6-10). Quando, porém, Pedro veio à Antioquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condenável (Gálatas 2:11). Quando vi que não estavam andando de acordo com a verdade do evangelho, declarei a Pedro, diante de todos: “Você é judeu, mas vive como gentio e não como judeu. Portanto, como pode obrigar gentios a viverem como judeus?” (Gálatas 2:14). Podemos ver, pelo que lemos acima que, junto a Pedro, havia Tiago e João com papel de liderança, assim como líderes eram Paulo e o próprio Barnabé.

Ainda, voltando a Pedro, devemos lembrar que ele havia negado a Jesus por três vezes na noite em que o Senhor foi preso para posterior condenação, e que isto, sem dúvida, magoou a Pedro profundamente, pois ele foi chorar amargamente depois disso: Pedro respondeu: “Homem, não sei do que você está falando!” Falava ele ainda, quando o galo cantou. O Senhor voltou-se e olhou diretamente para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra que o Senhor lhe tinha dito: “Antes que o galo cante hoje, você me negará três vezes”. Saindo dali, chorou amargamente (Lucas 22:60-62).

Depois de ressuscitado, Jesus tem uma conversa particular e muito passional com Pedro, restaurando-o, demonstrando a ele que aquele episódio da negação estava completamente superado e, para fortalecê-lo, deu-lhe uma especial incumbência: Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, você me ama mais do que estes?” Disse ele: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse Jesus: “Cuide dos meus cordeiros”. Novamente Jesus disse: “Simão, filho de João, você me ama?” Ele respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse Jesus: “Pastoreie as minhas ovelhas”. Pela terceira vez, ele lhe disse: “Simão, filho de João, você me ama?” Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez “Você me ama” e lhe disse: “Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Cuide das minhas ovelhas” (João 21:15-17). Jesus dava, assim, a Pedro um papel muito importante: um papel pastoral de acompanhamento e apascentamento.

É preciso notar, porém, que em nenhum momento Pedro ganhou a incumbência de “apóstolo chefe”, nem foi designado algum tipo de “apóstolo maior que os demais”, nem ganhou um cargo exclusivo de “representante de Jesus na Terra”, nem coisa do tipo.

Pessoalmente, hoje, creio ser um simplismo este tipo de discussão sobre “quem é a pedra”, pois está claro que Jesus É o sustentáculo de tudo, e que todos nós somos irmãos n’Ele, conforme Ele mesmo deixa muito claro, uma vez e para sempre: “Mas vocês não devem ser chamados ‘rabis’; um só é o Mestre de vocês, e todos vocês são irmãos. A ninguém na terra chamem ‘pai’, porque vocês só têm um Pai, aquele que está nos céus. Tampouco vocês devem ser chamados ‘chefes’, porquanto vocês têm um só Chefe, o Cristo. O maior entre vocês deverá ser servo. Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mateus 23:8-12).

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert