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domingo, 29 de novembro de 2015

É Para Comer, Não é Para Conhecer o Cardápio!

               
Sem “teologia” e sem “doutrina” de nenhum tipo, a simples leitura do Evangelho nos deixa saber o que é bom para a vida, e como também se deve viver, sem que isto demande nenhuma “explicação” especial àquele que deseja se beneficiar da Boa Nova.
Sim, a Boa Nova não tenta convencer a priori. Ela simplesmente diz: “Me experimente. Se você provar, você saberá que é verdade. Não antes. Não por nenhum outro modo ou meio”.
O convencimento da Boa Nova vem da realização do que é Bom. É simples assim.
Um “evangelho” que seja um pacote de crenças e doutrinas, e uma “embalagem de Deus” segundo algumas teologias, serve muito à criação de um espírito religioso, e que se arroga a ser melhor não por causa do bem que realize, mas em razão da suposta superioridade dos valores de conduta apregoados.
“Eu vim para que tenham vida; e vida em abundância” — jamais poderá ser substituído por “Eu vim para que vocês fiquem sabendo qual é o conjunto da verdade e, assim, sejam superiores aos demais homens ignorantes”.
O único modo de aferição da verdade do Evangelho só acontece na vida, não porque alguém ganhou uma discussão teológica contra um herege, mas sim pelo resultado da existência, se é plena de vida, conforme a justiça, a paz e a alegria no Espírito Santo.
Desse modo, o Evangelho não tenta explicar nada, mas convida a uma confiança que é fruto de se ter tido um toque da graça, e que se transforma numa atração, e que se entrega como rendição, gerando a resposta do “seguir” a Jesus.
Assim, aquele que se entrega a Jesus não recebe um pacote de explicações, mas sim aceita seguir porque foi convencido pela experiência do bem do Evangelho, e que tocou o indivíduo de alguma forma, fazendo-o provar que “o Senhor é bom”.
Portanto, tal pessoa não fica preocupada em “entender Deus”. Sua felicidade está em que Deus a entende. Assim, ela caminha sem querer saber o que Deus está planejando, mas apenas o que Jesus propõe como caminho. E, para ela, cada coisa não é passível de uma explicação, mas sim de uma resposta própria. Desse modo, se impotente, ela ora; se abastada, ela agradece; se visitada pela calamidade, ela confia no bem oculto no amor de Deus; se é objeto de perseguição, ela exulta; se milagres acontecem, ela se alegra; se não acontecem, ela se entrega ao milagre da confiança.
Enfim, tal pessoa, aprende o “como”, não o “porquê” das coisas. Aliás, ela até poderá aprender o “porquê” desde que, antes, tenha a coragem, em fé, de viver conforme o “como” do Evangelho.
É o “como” do Evangelho que explica o seu “porquê” — isso quando explica. E, normalmente, a “explicação” nunca é “lógica pela lógica”, mas sim algo que se experimenta como bem interior, inexplicável, e que convence o coração acerca da verdade pela paz que promove no interior, e cujos frutos se manifestam como “modo” de caminhar.
Não é à toa que Paulo diz que é a “bondade de Deus que conduz ao arrependimento”. Sim, no Evangelho, tudo o que se estabelece como genuíno e duradouro decorre da experiência da bondade de Deus. 
É, portanto, a experiência de Deus como bem para o ser aquilo que muda a mente, que provoca a metanoia, que gera o arrependimento — a mudança da mente e, por conseguinte, de caminho.
Como eu disse no início, o Evangelho não oferece explicações, mas diz como se deve viver. E é desse “como”, que não é um manual de condutas, mas sim um modo de ver, de ser, de valorizar, de desvalorizar, de reagir, de agir conforme princípios e de enfrentar a existência — que vem o crescimento da fé. 
Por isto é que no Evangelho as coisas caminham de fé em fé; assim como também crescem de experiência em experiência (Romanos 5:1-5). E, no final, não se fica entendendo tudo, mas se experimenta o amor de Deus, e que traz consigo uma esperança que não nos deixa jamais confusos acerca de nada, muito menos acerca das tribulações e dos absurdos da existência.
Somente aquele que se abandona e pratica o Evangelho em fé  e conforme toda a confiança, é que experimenta a Verdade conforme Jesus; visto que a Verdade só se faz verdade para o indivíduo, se for por ele provada, conforme Jesus (João 7: 17).
Daí o escritor de Hebreus advertir quanto a se “ter provado os poderes do mundo vindouro” e ter deixado para trás o que se sabe por experiência do coração, conforme a experiência da graça.
O grande mal que se pode fazer a si mesmo, segundo o Evangelho — e sem explicações doutrinário-teológicas — é experimentar o seu bem e, depois, trocá-lo pela religião das normas, mas que não produz bem real à vida; antes pelo contrário, seca-a dos bens originais e dá a ela a presunção da verdade na forma de religião. Aliás, esse é o espírito inteiro da Carta aos Hebreus.
A “Queda” se consumou na experiência, não na especulação acerca da verdade ou da mentira, do bem ou do mal. “Tomou do fruto e comeu” — é o que se diz. Assim foi com o primeiro Adão e, muito mais, é assim concernentemente ao segundo Adão: Jesus. “Quem comer tem a vida... quem de mim se alimenta, por mim viverá...”
Ora, assim como o pecado se fez consumar pela experiência, assim também o bem do Evangelho se faz conhecer pela experiência da fé, e que dá acesso ao fruto da Árvore da Vida.
“Tomai e comei!” – é assim no Evangelho.


Um texto de Caio Fábio D´Araújo Filho

sábado, 21 de novembro de 2015

Nossa Natureza é Sermos Perdão


          Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?”
          Jesus respondeu: “Eu lhe digo: Não até sete, mas até setenta vezes sete”.
          [Então Jesus contou uma parábola para ilustrar]
          “Por isso, o Reino dos céus é como um rei que desejava acertar contas com seus servos. Quando começou o acerto, foi trazido à sua presença um que lhe devia uma enorme quantidade de prata(a). Como não tinha condições de pagar, o senhor ordenou que ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que ele possuía fossem vendidos para pagar a dívida”.
          “O servo prostrou-se diante dele e lhe implorou: ‘Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei tudo’. O senhor daquele servo teve compaixão dele, cancelou a dívida e o deixou ir”.
          “Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos, que lhe devia cem denários(b). Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga-me o que me deve!’
          “Então o seu conservo caiu de joelhos e implorou-lhe: ‘Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei’.
          “Mas ele não quis. Antes, saiu e mandou lançá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Quando os outros servos, companheiros dele, viram o que havia acontecido, ficaram muito tristes e foram contar ao seu senhor tudo o que havia acontecido”.
          “Então o senhor chamou o servo e disse: ‘Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque você me implorou. Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você?’ Irado, seu senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia”.
          “Assim também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão”.

          (Texto de Mateus 18:21-35)

a)    Grego: 10.000 talentos. O talento equivalia a 35 quilos.
b)   O denário era uma moeda de prata equivalente à diária de um trabalhador braçal.

          Jesus costumava passar ensinamentos na linguagem que qualquer um poderia entender, desde que Ele percebesse o real interesse pelo entendimento. Assim, para as pessoas mais simples de compreensão, Ele ilustrava o ensinamento contando uma historinha de fácil assimilação, normalmente usando cenas comuns do cotidiano das pessoas daquele tempo.
          Neste caso, para ensinar que nós somos seres do perdão (tanto para pedir, quanto para receber), Ele demonstra que o sujeito que devia uma fortuna impagável a seu senhor, recebeu o perdão da dívida. Mas quando ele mesmo foi interpelado pelo seu conservo, que lhe devia pouca coisa comparado ao que ele devia e lhe havia sido perdoado, ele foi cruel e agiu de forma contrária ao perdão que havia recebido.
          É claro que o Senhor não fala simplesmente de dívidas monetárias. Ele não qualifica o perdão, dizendo qual seria mais ou menos importante, Ele apenas fala em perdão, e perdão geral. Ele fala que nós recebemos de Deus o perdão do que seria impagável, e assim também devemos agir com nosso próximo. Nós perdoamos, porque fomos primeiro por Deus perdoados; nós amamos, porque fomos primeiro por Deus amados.
          Assim, na fé em Cristo, nossa natureza é sermos perdão ambulante, é sermos seres do perdão.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert

domingo, 8 de novembro de 2015

Tempestades e Consequências


          Provérbios 10:25
          Passada a tempestade, o ímpio já não existe, mas o justo permanece firme para sempre.

          Ímpio, segundo o dicionário, é quem não é piedoso. E piedoso é aquele sujeito que tem reverência ao que é sagrado, que tem reverência a Deus.
          A Palavra acima começa nos dizendo que a tempestade passa. Sempre passa. Aliás, tudo passa – tempestades e bonanças passam. Sempre.
          Segue dizendo a Palavra que o ímpio – aquele que não tem reverência a Deus – já não existe após a tempestade. E que o justo, passada a tempestade, fica para sempre.
          Agora, vamos trabalhar um pouquinho com isso.
          Como assim, passada a tempestade, o ímpio já não existirá? Terá ido para onde? Terá sido sorvido pelos ventos e águas tempestuosas ou o quê? Podemos concluir, de bom tom, que, das duas, uma: ou o tal ímpio foi tragado por algum abismo existencial ou trasladado para alguma outra dimensão. E aqui não estou brincando com as palavras.
          Quando alguém passa por uma tempestade existencial na vida, ou esta o derroca para um fundo abismal de alma, mergulhando-o em depressão psicológica, numa doença patológica, física mesmo, manifestada por fatores oriundos da psique, como é grande parte das doenças, ou, então, essa pessoa é catapultada para um estágio espiritual ou psicológico superior ao que se encontrava antes da intempérie. Em outras palavras: em indo para o fundo do poço, ou ela soçobra lá ou de lá sai fortalecida.
          Quando alguém está alicerçado sobre a Rocha – Jesus Cristo – pode até parar no fundo do poço, mas sairá de lá muito maior, psicológica e espiritualmente.
          Então, por que a Palavra diz que o justo permanece firme para sempre? O justo não estaria sujeito às tempestades? Claro que sim! Se até Jesus, com Seus discípulos, encontraram-se em meio a ventos e chuvas, a bordo dum barquinho, a mercê da tempestade... O que aconteceu foi que Jesus acalmou a tempestade, naquele caso.  Quando a Palavra diz que o justo permanece firme para sempre, afirma-se aí que o justo, mesmo passando pela tempestade, quando esta cessa, estará mais fortemente embarcado no barco de Cristo, onde Ele será sempre o timoneiro. O justo – aquele que é justificado pela fé em Cristo, não por seus próprios méritos – permanecerá firme sempre.
          E o ímpio? Este se lascou? Não necessariamente. Quando, em passando pela tempestade, ele se apegar a Cristo, também de lá sairá firme. Quando a Palavra diz que passada a tempestade, o ímpio já não existe, ela diz que a impiedade da pessoa morre lá, na tempestade, e emerge de lá uma pessoa não mais ímpia, mas agora ancorada na fé. Nem sempre é assim – pois sempre dependerá da decisão da pessoa – mas assim poderá ser, se assim decidir.
          Esta é a boa nova. Este é o Evangelho.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,

          Kurt Hilbert

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Deus Vem a Nós


          Eu amo o SENHOR, porque ele me ouviu quando lhe fiz a minha súplica. Ele inclinou os seus ouvidos para mim.
          As cordas da morte me envolveram, as angústias do Sheol(a) vieram sobre mim; aflição e tristeza me dominaram. Então clamei pelo nome do SENHOR: Livra-me, SENHOR!
          O SENHOR é misericordioso e justo; o nosso Deus é compassivo. O SENHOR protege os simples; quando eu já estava sem forças, ele me salvou.
          Retorne ao seu descanso, ó minha alma, porque o SENHOR tem sido bom para você!
          Pois tu me livraste da morte, e livraste os meus olhos das lágrimas e os meus pés, de tropeçar, para que eu pudesse andar diante do SENHOR na terra dos viventes. Eu cri, ainda que tenha dito: Estou muito aflito. Em pânico eu disse: Ninguém merece confiança.
          Como posso retribuir ao SENHOR toda a sua bondade para comigo? Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do SENHOR. Cumprirei para com o SENHOR os meus votos, na presença de todo o povo.
          O SENHOR vê com pesar a morte de seus fieis. SENHOR, sou teu servo. Sim, sou teu servo, filho da tua serva; livraste-me das minhas correntes.
          Oferecerei a ti um sacrifício de gratidão e invocarei o nome do SENHOR. Cumprirei para com o SENHOR os meus votos, na presença de todo o seu povo, nos pátios da casa do SENHOR, no seu interior, ó Jerusalém!
          Aleluia!

          (Texto do Salmo 116)

a)    Sheol: essa palavra pode ser traduzida por sepultura, profundezas, pó ou morte.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert