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quarta-feira, 31 de julho de 2019

Mateus



A chave deste livro é o Reino dos Céus. É o único livro do Novo Testamento que foi escrito originalmente em hebraico.
O evangelho segundo Mateus tem em mira dar testemunho de que Jesus é o prometido Messias da antiguidade, e que Sua tarefa messiânica consistia em levar aos homens o Reino de Deus. Estes dois temas – o caráter messiânico de Jesus e a presença do Reino de Deus – estão inseparavelmente vinculados, e cada um deles engloba um “mistério” – uma nova revelação do propósito redentor e divino (Romanos 16:25-26).
O mistério da missão messiânica está que antes que o Messias venha nas nuvens, como celestial Filho do homem, para estabelecer Seu Reino sobre a terra, deve primeiramente vir com humildade entre os homens, como o Servo sofredor que morrerá na cruz. O judeu do primeiro século jamais tinha ouvido tal coisa. Para o crente da atualidade, o capítulo 53 de Isaías relata com meridiana clareza os sofrimentos do Messias. Contudo, nesta passagem não se faz referência ao Messias, e o contexto (Isaías 48:20; 49:3) cita especificamente a Israel como servo de Deus. Portanto, não devemos surpreender-nos com o fato de que os judeus não compreendessem que o capítulo 53 de Isaías se referia ao Messias. Esperavam um Messias que viesse com poder e vitória, e o Antigo Testamento promete, em realidade, tal Messias.
O Filho de Davi é um Rei divino que governará no reino messiânico (Jeremias 33), quando todo o pecado e todo o mal serão tirados, e prevalecerão a paz e a justiça. O Filho do homem é um Ser celestial a Quem é confiado o governo sobre todas as nações e reinos da terra. O Antigo Testamento não nos diz de que forma se relacionam entre si estes dois conceitos proféticos do Rei davídico e do celestial Filho de Deus, ou de que modo cada um deles pode ser identificado com o Homem de dores do capítulo 53 de Isaías. Portanto, os judeus do primeiro século esperavam um Messias vencedor, ou um Filho do homem, porém celestial, e não um Servo humilde do Senhor, que sofreria e morreria. O mistério messiânico – a nova revelação do propósito divino – consiste em que o celestial Filho do homem deve primeiro sofrer e morrer em cumprimento de Sua missão messiânica e redentora, como o Varão de dores, antes de apresentar-Se com poder e glória.
O mistério do Reino está intimamente associado com o mistério messiânico. O capítulo 2 do livro de Daniel descreve a vinda do Reino de Deus com linguagem vívida, do ponto de vista da destruição de toda e qualquer potência que resista a Deus e se oponha à vontade divina. O Reino virá com poder, varrendo todo mal e todo governo hostil, transformando a terra e apresentando uma nova ordem universal de perfeita paz e justiça. Contudo, o Senhor Jesus não apresentou um Reino de poder portentoso. Daí que tanto Sua mensagem como Sua pessoa deixassem completamente perplexos Seus contemporâneos, inclusive Seus discípulos. Era filho de um carpinteiro; Sua família era conhecida em Nazaré; tinha muitíssima semelhança com qualquer rabino judeu. Suas obras eram atos bondosos de afeto e amor; não obstante isso, afirmou que em Suas palavras, em Seus feitos e em Sua pessoa havia chegado a eles o Reino de Deus. Contudo, os reinos do homem e do mundo continuavam como sempre, sem que o odiado governo romano sobre o povo de Deus fosse desafiado. Como podia ser o Reino de Deus se ele não despedaçava os outros reinos do mundo? Que esse Reino viesse com poder espiritual antes de apresentar-se em glória era uma nova revelação do propósito divino.
A tradição do segundo século da igreja atribui a autoria do primeiro evangelho ao apóstolo Mateus.

George E. Ladd

domingo, 28 de julho de 2019

O Hino Que Jesus Cantou


Marcos 14:26
Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.

Esta passagem se dá logo após Jesus ter feito a última ceia, aquela que aparece naquele quadro que antigamente se pendurava na sala.
No contexto da história, isso acontece no momento em que Jesus, junto com Seus discípulos, comemorou a Páscoa judaica. Naquele momento, concomitantemente, Ele instituiu a ceia – não apenas a pascal, mas aquela que se celebra nos encontros cristãos – como um memorial do Seu sacrifício, tal qual o cordeiro da Páscoa judaica.
O hino que se menciona nos Evangelhos de Mateus e Marcos, que teria sido, conforme o relato, cantado por Jesus e os discípulos, é uma sequência de cinco Salmos – os Salmos de Hallel (ou Salmos de Louvor) – cantados nas casas dos judeus que comiam juntos nesta data especial no sacrário religioso judaico. Esses Salmos eram cantados ou recitados tão logo se encerrasse a ceia pascal. A saber, na nossa Bíblia, são os Salmos de 113 a 118.
Esta informação a obtive lendo o livro “A Palestina no Tempo de Jesus”, à página 36, livro este de autoria de Christiane Saulnier e Bernard Rolland.
Vamos “viajar” no tempo, imaginando-nos naquela circunstância festiva – e de expectativa para Jesus e Seus discípulos – e cantando ou recitando junto a eles aquele que Marcos 14:26 diz ser o hino que fora cantado. Normalmente não se faz nem ideia de que hino era esse. Mas agora, não só teremos ideia, como podemos ler e ouvir, ipsis litteris, esse hino.
Vamos ver o que Jesus e Seus discípulos cantaram naquela noite:

Salmo 113
Aleluia!
Louvem, ó servos do SENHOR, louvem o nome do SENHOR! Seja bendito o nome do SENHOR, desde agora e para sempre! Do nascente ao poente, seja louvado o nome do SENHOR!
O SENHOR está exaltado acima de todas as nações; e acima dos céus está a sua glória. Quem é como o SENHOR, o nosso Deus, que reina em seu trono nas alturas, mas se inclina para contemplar o que está nos céus e na terra?
Ele levanta do pó o necessitado e ergue do lixo o pobre, para fazê-los sentar-se com príncipes, com os príncipes do seu povo. Dá um lar à estéril, e dela faz uma feliz mãe de filhos.
Aleluia!

Salmo 114
Quando Israel saiu do Egito, e a casa de Jacó saiu do meio de um povo de língua estrangeira, Judá tornou-se o santuário de Deus, Israel o seu domínio.
O mar olhou e fugiu, o Jordão retrocedeu; os montes saltaram como carneiros, as colinas, como cordeiros.
Por que fugir, ó mar? E você, Jordão, por que retroceder? Por que vocês saltaram como carneiros, ó montes? E vocês, colinas, por que saltaram como cordeiros?
Estremeça na presença do Soberano, ó terra, na presença do Deus de Jacó! Ele fez da rocha um açude, do rochedo uma fonte.

Salmo 115
Não a nós, SENHOR, nenhuma glória para nós, mas sim ao teu nome, por teu amor e por tua fidelidade!
Por que perguntam as nações: “Onde está o Deus deles?” O nosso Deus está nos céus, e pode fazer tudo o que lhe agrada. Os ídolos deles, de prata e ouro, são feitos por mãos humanas. Têm boca, mas não podem falar, olhos, mas não podem ver; têm ouvidos, mas não podem ouvir, nariz, mas não podem sentir cheiro; têm mãos, mas nada podem apalpar, pés, mas não podem andar; e não emitem som algum com a garganta. Tornem-se como aqueles que os fazem e todos os que neles confiam.
Confie no SENHOR, ó Israel! Ele é o seu socorro e o seu escudo. Confiem no SENHOR, sacerdotes! Ele é o seu socorro e o seu escudo. Vocês que temem o SENHOR, confiem no SENHOR! Ele é o seu socorro e o seu escudo.
O SENHOR lembra-se de nós e nos abençoará; abençoará os israelitas, abençoará os sacerdotes, abençoará os que temem o SENHOR, do menor ao maior. Que o SENHOR os multiplique, vocês e os seus filhos. Sejam vocês abençoados pelo SENHOR, que fez os céus e a terra.
Os mais altos céus pertencem ao SENHOR, mas a terra ele a confiou ao homem. Os mortos não louvam o SENHOR, tampouco nenhum dos que descem ao silêncio. Mas nós bendiremos o SENHOR, desde agora e para sempre!
Aleluia!

Salmo 116
Eu amo o SENHOR, porque ele me ouviu quando lhe fiz a minha súplica. Ele inclinou os seus ouvidos para mim; eu o invocarei toda a minha vida.
As cordas da morte me envolveram, as angústias do Sheol vieram sobre mim; aflição e tristeza me dominaram. Então clamei pelo nome do SENHOR; Livra-me, SENHOR.
O SENHOR é misericordioso e justo; o nosso Deus é compassivo. O SENHOR protege os simples; quando eu já estava sem forças, ele me salvou.
Retorne ao seu descanso, ó minha alma, porque o SENHOR tem sido bom para você! Pois tu me livraste da morte, e livraste os meus olhos das lágrimas e os meus pés, de tropeçar, para que eu pudesse andar diante do SENHOR na terra dos viventes. Eu cri, ainda que tenha dito: Estou muito aflito. Em pânico eu disse: Ninguém merece confiança.
Como posso retribuir ao SENHOR toda a sua bondade para comigo? Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do SENHOR. Cumprirei para com o SENHOR os meus votos, na presença de todo o povo.
O SENHOR vê com pesar a morte de seus fiéis. SENHOR, sou teu servo, sim, sou teu servo, filho da tua serva; livraste-me das minhas correntes.
Oferecerei a ti um sacrifício de gratidão e invocarei o nome do SENHOR. Cumprirei para com o SENHOR os meus votos, na presença de todo o seu povo, nos pátios da casa do SENHOR, no seu interior, ó Jerusalém!
Aleluia!

Salmo 117
Louvem o SENHOR, todas as nações; exaltem-no todos os povos! Porque imenso é o seu amor leal por nós, e a fidelidade do SENHOR dura para sempre.
Aleluia!

Salmo 118
Deem graças ao SENHOR porque ele é bom; o seu amor dura para sempre.
Que Israel diga: “O seu amor dura para sempre!” Os sacerdotes digam: “O seu amor dura para sempre!” Os que temem o SENHOR digam: “O seu amor dura para sempre!”
Na minha angústia clamei ao SENHOR; e o SENHOR me respondeu, dando-me ampla liberdade. O SENHOR está comigo, não temerei. O que me podem fazer os homens? O SENHOR está comigo; ele é o meu ajudador. Verei a derrota dos meus inimigos.
É melhor buscar refúgio no SENHOR do que confiar nos homens. É melhor buscar refúgio no SENHOR do que confiar em príncipes.
Todas as nações me cercaram, mas em nome do SENHOR eu as derrotei. Cercaram-me por todos os lados, mas em nome do SENHOR eu as derrotei. Cercaram-me como um enxame de abelhas, mas logo se extinguiram como espinheiros em chamas. Em nome do SENHOR eu as derrotei!
Empurraram-me para forçar a minha queda, mas o SENHOR me ajudou. O SENHOR é a minha força e o meu cântico; ele é a minha salvação.
Alegres brados de vitória ressoam nas tendas dos justos: “A mão direita do SENHOR age com poder! A mão direita do SENHOR é exaltada! A mão direita do SENHOR age com poder!”
Não morrerei; mas vivo ficarei para anunciar os feitos do SENHOR. O SENHOR me castigou com severidade, mas não me entregou à morte.
Abram as portas da justiça para mim, pois quero entrar para dar graças ao SENHOR. Esta é a porta do SENHOR, pela qual entram os justos. Dou-te graças, porque me respondeste e foste a minha salvação.
A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular. Isso vem do SENHOR, e é algo maravilhoso para nós. Este é o dia em que o SENHOR agiu; alegremo-nos e exultemos neste dia.
Salva-nos, SENHOR! Nós imploramos. Faze-nos prosperar, SENHOR! Nós suplicamos. Bendito é o que vem em nome do SENHOR. Da casa do SENHOR nós os abençoamos. O SENHOR é Deus, e ele faz resplandecer sobre nós a sua luz. Juntem-se ao cortejo festivo, levando ramos até as portas do altar.
Tu és o meu Deus; graças te darei! Ó meu Deus, eu te exaltarei!
Deem graças ao SENHOR, porque ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Estes Salmos, cantados e recitados nos dias festivos da Páscoa judaica, fazem referência justamente aos acontecimentos quando da saída do Egito e a entrada na "terra prometida". Fazem, também, alusão ao Cristo, como se pode perceber por uma leitura cuidadosa de seus versos.

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Malaquias



Como porta-voz de Deus, Malaquias se apresenta em uma das épocas mais decisivas da história. A terra tivera muitos profetas, mas o ambiente cultural que cercava o profeta não trazia as marcas da obra realizada por aqueles homens.
Os sacerdotes eram corruptos (1:6; 2:9), e o povo, salvo algumas exceções, não era melhor (2:10; 4:3). Deus, porém, ainda governava de Seu trono. Era soberano. Era o Pai (1:6), o Senhor (1:6), o Grande Rei (1:14), o Príncipe Celestial (implícito em 1:8), o Doador das alianças e dos mandamentos (2:5; 4:4). Como Deus do Juízo, Ele havia causado a desolação de Edom (1:3-4). Sua maldição recaía sobre os sacerdotes desleais (1:14; 2:2-3,9) e sobre os que O haviam roubado (3:9). Cortaria os que se haviam casado com pagãos (2:11-12). O juízo seria repentino (2:17; 3:5). O dia do Senhor consumiria os maus (4:1,3).
Entretanto, como Deus da graça, abençoaria o remanescente fiel, visto que uma história de graça respaldava Seu amor a Jacó (1:2), Sua aliança com Levi (2:4-5), Sua paciência para com os filhos de Jacó (3:6), Seu oferecimento aos que não haviam sido infiéis (3:10), o livro memorial (3:16), o nascimento do Sol da Justiça (4:2) e a prometida vinda de Elias (4:5-6). Vinha o dia do Senhor, diz-nos Malaquias. Seria um dia glorioso para os justos (3:16-17; 4:2), mas um dia de destruição para os iníquos (4:1,3). Contudo, podem-se ler nas entrelinhas as seguintes palavras: “Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos, pois por que razão morrereis, ó casa de Israel?” (Ezequiel 33:11).
Não se sabe com certeza se Malaquias é o nome de uma pessoa, ou significa antes “meu mensageiro”, ou um missionário. Acredita-se, contudo, que se trata provavelmente do profeta que escreveu o livro. Malaquias foi, talvez, escrito em torno do ano de 425 a.C., visto como descreve as condições existentes na época da segunda chegada de Neemias a Jerusalém, no ano de 432 a.C.

Burton L. Goddard

domingo, 21 de julho de 2019

A Parábola do Bom Samaritano


Certa ocasião, um perito na Lei levantou-se para pôr Jesus à prova e lhe perguntou: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?”
“O que está escrito na Lei?”, respondeu Jesus. “Como você a lê?”
Ele respondeu: “‘Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento’(a) e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’(b)”.
Disse Jesus: “Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá”.
Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: “E quem é o meu próximo?”
Em resposta, disse Jesus: “Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois denários(c) ao hospedeiro e lhe disse: ‘Cuide dele. Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’”.
“Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”
“Aquele que teve misericórdia dele”, respondeu o perito na Lei.
Jesus lhe disse: “Vá e faça o mesmo”.
      
(Texto de Lucas 10:25-37)

(a)                 Deuteronômio 6:5
(b)                Levítico 19:18
(c)                 O denário era uma moeda de prata equivalente à diária de um trabalhador braçal.

Esta parábola fala sobre o amor ao próximo, que se traduz em “decidir” e “fazer” algo pelo outro.
A cena usada por Jesus para ilustrar o acontecimento era bem compreensível ao mestre na Lei (em algumas traduções são chamados de “doutores na Lei”) e a todos que tiveram a oportunidade de ouvi-la.
Primeiro passou ao lado do ferido um sacerdote. Ora, este sacerdote pode ter concluído que o espancado estava morto e, pela antiga Lei de Moisés, se o sacerdote tocasse num morto, se tornaria “impuro”. Da mesma forma o levita, que era um trabalhador do Templo para todos os assuntos – e, mesmo os sacerdotes, obrigatoriamente, tinham que ser levitas (descendentes da tribo de Levi, um dos filhos de Israel). Assim, compreende-se o porque eles não ajudarem o moribundo – pela Lei, se justificava, pois temiam tornar-se “impuros”, tendo que passar por todo um ritual de “purificação”.
Porém, o que Jesus quer assinalar é que a “letra da Lei” pode matar – e deixar morrer – mas, a lei do amor impulsiona sempre a ajudar. Foi o que fez o samaritano.
Jesus usou de propósito a figura de um samaritano – cidadão da região de Samaria – pois os judeus os detestavam, uma vez que lá viviam pessoas oriundas da miscigenação de vários povos, “plantados” lá pelos babilônios mais ou menos 7 séculos antes. Judeus daquele tempo desprezavam os miscigenados, tendo-os como “impuros”. Eles, judeus, e especialmente os religiosos, consideravam-se “puros” como “raça e “religião”.
Assim, Jesus mostrou que mesmo um ser “detestado” e “marginalizado” da cultura judaica e religiosa – um samaritano –, poderia ajudar um “próximo” seu, mesmo que não fosse um “irmão” de religião nem de cidadania. Ele o ajudou, não olhando quem ele era, mas porque ele era o ser mais “próximo” daquele que precisava de ajuda.
Essa parábola nos faz refletir mesmo nos dias de hoje, pois, ainda hoje, temos tendência a discriminar os diferentes, e de nos fazer de desentendidos na hora em que podemos ajudar.
Eu aprendi algo com isso. Espero que você, que lê aqui estas linhas, também.

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Zacarias



Zacarias, profeta contemporâneo de Ageu, consagrou-se como este à tarefa de promover a obra do templo.
Suas mensagens escritas formam um vínculo significativo entre os profetas anteriores, a cujo ministério faz referências (1:6), e as fases posteriores da obra redentora de Deus acerca da qual seu livro dá eloquente testemunho. Dessa forma o profeta nos ajuda, mediante um rico conteúdo bíblico, a aguardar com ansiedade o dia em que se estabelecerá por completo o reino de Deus, e encher nosso coração de jubilosa expectação concernente a esse dia.
Conquanto os oito primeiros capítulos do livro sejam atribuídos a Zacarias, no ano de 520 a.C., a data dos capítulos 9 a 14 é motivo de controvérsia, e muitos negam que Zacarias os tenha escrito. Embora seja difícil chegar a uma conclusão com absoluta certeza, pode-se afirmar que as semelhanças de atitude entre as duas partes nos sugeririam a unidade de origem deste livro. Zacarias, que iniciou seu ministério no ano de 520 a.C., poderia muito bem ter vivido até presenciar as importantes vitórias alcançadas pela Grécia sobre os persas nos anos de 490 a 480 a.C. Essas vitórias poderiam apontar para a futura dominação grega.

Martin H. Woudstra

domingo, 14 de julho de 2019

Calma!



Êxodo 14:14
O SENHOR lutará por vocês; tão-somente acalmem-se”.

Quero iniciar pelo fim da Palavra que uso como base aqui: tão-somente acalmem-se, é o que diz o Senhor ao Seu povo nos tempos do Êxodo. E é o que Ele diz ao Seu povo também hoje.
É uma Palavra que foi válida naqueles tempos, assim como é válida no século XXI. E por quê? Porque em nosso tempo, mais do que em qualquer outro, vivemos uma falta de calma impressionante! Tudo tem que girar à velocidade 4G (ou já estou defasado e já é mais?).
A vida é veloz, os compromissos são velozes e implacáveis, o dia passa voando e se nos escapa, parece que não nos resta mais tempo para nada! É a alta rotação que solapa nossa vida social e nossa vida espiritual, pois tudo está conectado.
Mas a Palavra do Senhor ainda é a mesma: acalmem-se!
E por que deveríamos nos acalmar? Dizer para nos acalmarmos é fácil; o difícil é dizer como...
Mas a Palavra do Senhor nos diz não somente como, mas nos dá o motivo: Porque o Senhor lutará por nós. Ah, poesia ilusória ou mais um blábláblá de autoajuda! Não. Deus realmente luta por nós, quando e se nós deixarmos. E quando é que não deixamos? Quando nos ansiamos pela vida!
O apóstolo Paulo, pelo ativar do Espírito Santo em seu coração, ensinava: Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus (Filipenses 4:4-7).
Jesus, pessoalmente, ensinava: Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta (Mateus 7:7-8).
Um pouco antes, Ele demonstrava em Si mesmo Suas Palavras através de exemplos simples, como simples pode ser a vida, se não andarmos ansiosos. Quero deixar no parágrafo a seguir esse maravilhoso ensinamento do Mestre, que se encontra no Evangelho de Mateus, no capítulo 6, versículos de 25 a 34:
“Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias vidas, quanto ao que comer ou beber; nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante do que a comida, e o corpo mais importante do que a roupa? Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida? Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer? ’ ou ‘que vamos beber? ’ ou ‘que vamos vestir?’ Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal”. 
Ainda, o apóstolo Paulo, noutra de suas cartas inspiradas pelo Espírito Santo, escrevia aos da comunidade de Roma: Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito (Romanos 8:28). Há outra tradução desta mesma passagem que diz que todas as coisas colaboram para o bem daqueles que amam a Deus.
Então pergunto – a mim mesmo e a você que lê estas linhas: Conseguimos compreender agora como o Senhor luta por nós?
Então, tão-somente acalmemo-nos!

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Ageu



A profecia de Ageu, que pertence ao período pós-exílio, é um apelo dirigido às autoridades e ao povo para que retomem a construção do templo, após dezesseis anos de interrupção e atrasos.
O profeta é implacável ao expor a opinião falsa, mas predominante, de que a obra de Deus é de caráter secundário e deve esperar até que primeiro se resolvam os problemas econômicos. Demonstra que tais problemas constituem o juízo pelo descuido do primeiro. Quando tanto os dirigentes como o povo respondem ao seu apelo, assegura-lhes que receberão a ajuda de Deus, anima-os em face de comparações odiosas, e lhes promete melhoria nas circunstâncias materiais agora que se cumpriram a vontade e a obra de Deus.
Termina sua mensagem confirmando a escolha divina do governador Zorobabel, e apontando seu significado messiânico.
A profecia está cuidadosamente datada (520 a.C.) e, indiscutivelmente, isto se deve à pena de Ageu, cujo nome traz e a quem se faz referência em associação com Zacarias em Esdras 5:1 e 6:14. Exceto sua parte na reconstrução do templo, nada sabemos de sua vida ou de seu caráter. Seu estilo direto, franco, adapta-se admiravelmente à sua missão prática de censurar e estimular.

Geoffrey W. Bromiley

domingo, 7 de julho de 2019

A Batalha Pela História



“Quem é digno de abrir o Livro e lhe desatar os setes selos?” — é a questão que se faz ouvir nos céus, conforme Apocalipse 5.
Esta é a pergunta que está também posta para a humanidade.
Ela ecoa em todo o Cosmos e em todas as dimensões.
Sobre a Civilização humana ela paira como obsessão.
Toda busca de poder é o resultado dessa vontade de ser aquele que é digno de abrir o Livro da História.
Ouça e veja as propostas políticas no mundo inteiro e você ficará convencido de que a oferta é a mesma: “Eu sou mais digno para conduzir a História do que qualquer outro”.
Até a última tentação carregava essa mesma voz, só que explicitamente usada pelo diabo: “Tudo isto te darei se prostrado me adorares”.
O grande Usurpador é aquele que pretende ser digno de abrir o Livro e lhe desatar os setes selos... sim, é quem acha que tem esse poder de governar a História.
Esta é a oferta que o diabo fez e Jesus recusou, preferindo a Cruz. Porém, todo anticristo se deixa por ela seduzir. Até a “igreja”.
Quem é digno de abrir o Livro?
Esta questão paira sobre a terra hoje à noite... no Iraque... em Israel... na Palestina... na Síria... no Afeganistão... na Índia... na Espanha... no Reino Unido... na América... na Casa Branca... no Planalto... e em toda casa bela por fora e suja por dentro, onde, porém, os homens pensam que podem abrir o Livro e desatar os seus setes selos.
Hoje, por exemplo, temos os pré-apocalípticos personagens dos tipos mais caricatos, como Trump, Bashar Al-Assad, Bolsonaro, e todos os outros que fizeram a mesma coisa, cada um em sua própria escala e escola.
No fim a questão que paira sobre a humanidade carrega, na tentativa humana de lhe dar uma resposta, a própria destruição da humanidade; visto que é na obsessão pelo poder que cada um declara que é digno de abrir o Livro e desatar os selos da História, conduzindo-a... ao caos.
João, no Apocalipse, ante a constatação de que não havia nem na terra, nem no céu, nem debaixo da terra, ninguém que fosse digno de abrir o Livro e lhe desatar os selos, mergulhou em depressão... e chorava muito (Apocalipse 5).
“Pare de chorar! Há um que é Digno. Ele é da Raiz de Davi. Ele é o Leão de Judá. Ele é Digno” — João ouviu.
Voltou-se para ver quem era esse.
E viu “um Cordeiro como que havia sido morto”.
Viu a Cruz!
Na Cruz Jesus ganhou na História o Seu eterno direito de ser Deus para os homens.
Digno é aquele que é o que é e, em o sendo, o é conforme o que lhe é absolutamente próprio.
O Digno é o herdeiro, é o dono, é o que criou, é o que manteve, é aquele em quem nada é usurpação.
É por esta razão que minha única esperança para a Humanidade é a Soberania de Jesus.
Somente esta visão da História me põe de pé e firme no Caminho... andando e chorando enquanto semeio, sabendo que um dia os meus feixes de graça serão mais do que poderei sonhar.


Um texto de Caio Fabio D’Araújo Filho

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Sofonias



Sofonias, verdadeiro profeta do Senhor, defronta-se com Judá, nação corrupta e ímpia. Embora identificada como o povo escolhido, essa nação não podia perdurar, uma vez que o Senhor é um Deus justo que não faz acepção de pessoas. Distante, ao nordeste, achava-se a poderosa Assíria, que o Senhor utilizaria como Seu instrumento para trazer a destruição a Judá. Com esta destruição seria vindicada a justiça do Senhor. Tratava-se, sem dúvida, do dia do Senhor.
Sofonias procura inspirar em seus ouvintes o temor daquele dia, e lhes roga que se arrependam. Mostra que, mediante o juízo, Deus demonstraria misericórdia para com aqueles a quem o Senhor tem a intenção de libertar. O remanescente puro, quando for libertado, entoará louvores ao Deus justo que habita em seu meio.
Esta breve profecia diz ser a revelação de Sofonias que profetizou depois da ruína de Israel, durante o reinado de Josias. Provavelmente suas mensagens foram pronunciadas antes das reformas de Josias, visto como descrevem um povo desesperadamente mau, que não busca ao Senhor.

Edward J. Young