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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Filemon



Carta de autoria de Paulo.
Filemon era um crente abastado, tinha um escravo chamado Onésimo, que lhe furtou algo, provavelmente dinheiro, e fugiu para Roma.
Em Roma encontrou-se com Paulo e converteu-se.
Paulo intercede por Onésimo.
Filemon recebe Onésimo como irmão amado (vs. 16).

Augusto Bello de Souza Filho

domingo, 24 de novembro de 2019

Significado Espiritual dos Amalequitas



Êxodo 17:14-16
Depois o SENHOR disse a Moisés: “Escreva isto num rolo, como memorial, e declare a Josué que farei que os amalequitas sejam esquecidos para sempre debaixo do céu”. Moisés construiu um altar e chamou-lhe “o SENHOR é minha bandeira”. E jurou: “Pelo trono do SENHOR! O SENHOR fará guerra contra os amalequitas de geração em geração”.

Os amalequitas, descendentes de Amaleque, tornaram-se um povo que ocupava a “terra prometida” aos israelitas. Amaleque significa “belicoso”, ou seja, “armado e agressivo”.
Quando o povo israelita, depois de sair do Egito por condução de Moisés, encontrava-se perambulando no deserto em direção ao seu destino, foi atacado pelos amalequitas. Foram eles que tomaram a iniciativa de atacar Israel, e não o contrário.
Diante disso, há uma passagem emblemática:
Josué foi então lutar contra os amalequitas, conforme Moisés tinha ordenado. Moisés, Arão e Hur, porém, subiram ao alto da colina. Enquanto Moisés mantinha as mãos erguidas, os israelitas venciam; quando, porém, as abaixava, os amalequitas venciam. Quando as mãos de Moisés já estavam cansadas, eles pegaram uma pedra e a colocaram debaixo dele, para que nela se assentasse. Arão e Hur mantiveram erguidas as mãos de Moisés, um de cada lado, de modo que as mãos permaneceram firmes até o pôr-do-sol. E Josué derrotou o exército amalequita ao fio da espada (Êxodo 17:10-13).
Os amalequitas foram o primeiro povo a atacar os israelitas depois de sua saída do Egito (que simboliza o obscurantismo e a vida escravizada), passagem pelo Mar Vermelho (que simboliza o livramento, a liberdade e a salvação) e seu ingresso no deserto (que simboliza o mundo).
Se tomarmos essa Palavra para além da literalidade, como uma parábola com um ensinamento embutido nela, podemos ver onde nós nos encontramos como cristãos no século XXI.
Os amalequitas, mais do que um povo da antiguidade, representam a carne, a carnalidade humana, o lado puramente humano destituído da espiritualidade em Cristo.
Assim como os amalequitas foram os primeiros a atacarem os israelitas depois de estes saírem do Egito e atravessarem o Mar Vermelho, entrando no deserto, assim também nossos desejos carnais/humanos são os primeiros a virem ao nosso encontro depois de deixarmos o obscurantismo espiritual, passando pela conversão em Cristo, e entrando no dia-a-dia do mundo.
Assim como aos israelitas coube lutar contra os amalequitas, a nós cabe lutar contra nossa carnalidade.
Podemos perceber que Deus diz a Moisés que farei que os amalequitas sejam esquecidos para sempre. Percebemos o verbo fazer no futuro? Pois é. Deus mesmo fará com que nossas fraquezas humanas/carnais sejam por nós esquecidas no futuro, mas, por hora, cabe a nós vencê-las.
Segue-se dizendo na Palavra que o SENHOR fará guerra contra os amalequitas de geração em geração. Percebemos? Deus mesmo dará forças aos que estiverem em Cristo, em todas as gerações, isto é, durante o passar dos tempos, para que estes possam guerrear – e vencer – contra as forças das inclinações carnais/humanas.
Como isso se dará? Como conseguiremos, os que estamos em Cristo, lutar – e vencer – contra nossas fraquezas carnais? Buscando o ensinamento segundo segue: Enquanto Moisés mantinha as mãos erguidas, os israelitas venciam; quando, porém, as abaixava, os amalequitas venciam. Manter as mãos erguidas significa buscarmos nossa ajuda no poder divino. Termos as mãos abaixadas significa buscarmos ajuda somente em nós mesmos.
Do parágrafo anterior aprendemos que nós, enquanto estivermos com nossas mãos espirituais levantadas, prevalecemos/dominamos sobre a carne; quando as abaixamos, a carne prevalece/domina sobre nós.
É importante não perdermos o foco também deste ponto: Quando as mãos de Moisés já estavam cansadas, eles pegaram uma pedra e a colocaram debaixo dele, para que nela se assentasse. Arão e Hur mantiveram erguidas as mãos de Moisés, um de cada lado, de modo que as mãos permaneceram firmes até o pôr-do-sol. Moisés não estava sozinho – Arão e Hur estavam ao seu lado. Assim nós também não andamos sozinhos; sempre haverá irmãos nos ladeando.
Percebemos que eles puseram uma pedra debaixo de Moisés, para dar-lhe suporte e descanso? Assim também Cristo – nossa Rocha – será nosso suporte e descanso.
Além disso, assim como Arão e Hur mantinham levantadas as mãos de Moisés, assim nossos irmãos nos dão o suporte necessário. Como agora: este simples texto pode ter vindo a você que aqui lê como um suporte necessário a este momento!
A Palavra nas Escrituras não vem a nós sem finalidade. Lembremos: Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança (Romanos 15:4).
Deste modo, com as mãos levantadas em busca do poder que o Senhor nos alcança em e por Cristo, com o suporte dos irmãos, também vencemos a batalha contra os amalequitas de hoje, ou seja, nossas carnalidades, nossas fraquezas e nossas incapacidades humanas.

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Tito



Esta epístola do apóstolo Paulo foi endereçada a Tito, seu verdadeiro filho na fé (1:4); também tratado como irmão em Cristo (II Coríntios 2:13); companheiro e cooperador (II Coríntios 8:23); fiel administrador financeiro (II Coríntios 12:18). Ainda usando outro referencial fora desta carta, temos que Tito é grego de nascimento (Gálatas 2:3).
Foi escrita pelo apóstolo Paulo por volta do ano 66 d.C., segundo comentários sobre o Novo Testamento, talvez da cidade de Corinto.
Segundo o texto, o apóstolo Paulo escreveu a Tito com os seguintes propósitos:
1. Ajudar Tito a refutar os falsos mestres;
2. Instruir Tito acerca da administração e do pastoreio da igreja;
3. Encorajar Tito e pedir-lhe que venha a Nicópolis (3:12).
No esboço a seguir temos o perfil desta carta:
1. Introdução (1:1-4);
2. Qualificação dos anciãos e bispos (1:5-16);
3. Exortação aos membros da igreja (2:1-15);
4. Conduta cristã (3:1-11);
5. Conclusão (3:12-15).
Igualmente às epístolas anteriores, vemos o apóstolo Paulo preocupado com as questões doutrinárias, pelo que pede a Tito para exortar os fieis a serem sãos na fé (1:13) e a falar o que convém à sã doutrina (2:1).
São ensinos com aplicação prática também em nossos dias, pelo que devemos estar atentos para o bom exercício do ministério pastoral à frente do rebanho do Senhor.
Os problemas que Tito estava enfrentando são semelhantes aos que nos deparamos em nossos dias, principalmente com relação às “novidades teológicas” ou “teologias” que surgem a cada dia, sem consistente respaldo bíblico, se tratando de verdadeiras heresias, o que acaba por requerer constante vigilância e zelo doutrinário.

Augusto Bello de Souza Filho

domingo, 17 de novembro de 2019

O Que é o Evangelho Para Mim



O Evangelho me ensina a partilha e não o acúmulo.
O Evangelho não me impõe uma agenda religiosa.
O Evangelho me convida para servir pessoas em qualquer lugar, todo tempo, o tempo todo.
O Evangelho não me impõe um vocabulário religioso.
O Evangelho muda meu coração, de onde brotam palavras de vida para a vida.
O Evangelho não me indica lugares sagrados.
O Evangelho torna sagrada a vida por inteiro.
O Evangelho não me ensina a odiar o mundo, mas me equipa para servir o mundo em amor.
O Evangelho não me insensibiliza às dores do mundo, mas me torna sensível aos que sofrem e me propõe a partilha e a solidariedade como alívio e cura.
O Evangelho melhora minha autocrítica, ensinando-me a lidar comigo mesmo com graça e torna-me generoso para com meu próximo.
O Evangelho me encoraja a nunca ser agressivo, especialmente quando digo a verdade, pois a verdade não precisa de agressividade.
O Evangelho me ensina a lidar com as pessoas por seus nomes e não com termos que os ofenda, diminua, apequene, agrida, fira, rotule e exclua.
O Evangelho me ensina a levar em conta a história das pessoas antes de julgá-las e rotulá-las, sabendo que o Evangelho refaz histórias e ressignifica a vida.
O Evangelho me ensina a não rotular uma pessoa por um ato controverso, antes, o Evangelho me ensina a caminhar junto destes, ajudando-os e retomar o rumo.
O Evangelho me ensina a piedade e não a impiedade.
O Evangelho me ensina a bondade e não a crueldade.
O Evangelho me ensina a misericórdia, a compaixão, a mansidão, a longanimidade, a benignidade, a paciência, a graça, o perdão – e não a intolerância.
O Evangelho me ensina a ser comedido em tudo, incluindo as tecladas que dou por aqui, que não poucas vezes tem a ver com o que ronda meu coração, e que eu devo guardar só para mim.
O Evangelho me ensina a ser cuidadoso no que escrevo aqui, já que não sei quem me lê e como lê, e o tempo que está vivendo.
O Evangelho me ensina a lidar com reverência com o meu próximo, e são muitos os próximos que tenho por aqui.
O Evangelho me ensina a abençoar meus inimigos, os que me perseguem e os que tentam o mal contra mim.
O Evangelho me ensina oferecer a outra face e nunca revidar com mal o mal que tentam contra mim.
O Evangelho me ensina a morrer se for o caso, nunca matar.
O Evangelho me ensina a nunca matar a alma de ninguém.
O Evangelho é tudo que preciso!


Um texto de Carlos Bregantim

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

II Timóteo



Esta segunda epístola a Timóteo foi escrita pelo apóstolo Paulo por volta do ano 68 d.C., do calabouço onde se encontrava, chamado de “Prisão Mamertina”, em Roma, no final do seu segundo aprisionamento. É conhecida como Epístola Pastoral.
Foi a última das treze epístolas de Paulo, cronologicamente, não muito antes do seu martírio (4:6-8).
Timóteo é filho na fé do apóstolo Paulo que o discipulou e, nesta oportunidade, lhe escreve com os propósitos de:
a) Informar-lhe de seu aprisionamento;
b) Incentivar Timóteo à firmeza e fidelidade na vida pessoal e no ministério;
c) Pedir que Timóteo viesse a Roma o quanto antes (4:13-21).
O tratamento dado pelo apóstolo a Timóteo é a de amigo para amigo, sem nenhum tratamento sistemático, tratando dos assuntos movimentando-se para frente e para trás entre as ideias que apresenta.
Na leitura e meditação desta carta, observamos o esboço a seguir que muito nos auxilia na compreensão de todo o texto:
1. Introdução (1:1-5)
2. Exortações a Timóteo (1:6 – 2:26);
2.1. Para firmeza no evangelho (1:6-18);
2.2. Para fidelidade no sofrimento (2:1-13);
2.3. Para fidelidade no ministério (2:14-26);
3. Conselhos a Timóteo (3:1 – 4:5);
3.1. Sobre a apostasia (3:1-9);
3.2. Sobre a sã doutrina (3:10-17);
3.3. Sobre o ministério (4:1-5).
4. Conclusão
4.1. Previsão da morte (4:6-8);
4.2. Informação da situação (4:9-18);
4.3. Instruções a Timóteo (4:9-13; 19-22).
Igualmente à primeira epístola, o apóstolo Paulo exorta Timóteo a exercer o ministério que lhe foi confiado pelo Senhor com toda a dedicação, amor e zelo. São ensinos, com aplicação prática também em nossos dias, pelo que devemos estar atentos para o bom exercício do ministério pastoral à frente do rebanho do Senhor.


Augusto Bello de Souza Filho 

domingo, 10 de novembro de 2019

Um Lamento Psicológico e Um Pedido de Ajuda



Salva-me, ó Deus!, pois as águas subiram até o meu pescoço. Nas profundezas lamacentas eu me afundo, não tenho onde firmar os pés. Entrei em águas profundas; as correntezas me arrastam.
Cansei-me de pedir socorro; minha garganta se abrasa. Meus olhos fraquejam de tanto esperar pelo meu Deus.
Os que sem razão me odeiam são mais do que os fios de cabelo da minha cabeça; muitos são os que me prejudicam sem motivo, muitos, os que procuram destruir-me. Sou forçado a devolver o que não roubei.
Tu bem sabes como fui insensato, ó Deus; a minha culpa não te é encoberta.
Não se decepcionem por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, SENHOR dos Exércitos! Não se frustrem por minha causa os que te buscam, ó Deus de Israel!
Pois por amor a ti suporto zombaria, e a vergonha cobre-me o rosto. Sou um estrangeiro para os meus irmãos, um estranho até para os filhos da minha mãe; pois o zelo pela tua casa me consome, e os insultos daqueles que te insultam caem sobre mim. Até quando choro e jejuo, tenho que suportar zombaria; quando ponho vestes de lamento, sou motivo de piada. Os que se ajuntam na praça falam de mim, e sou a canção dos bêbados.
Mas eu, SENHOR, no tempo oportuno, elevo a ti minha oração; responde-me, por teu grande amor, ó Deus, com a tua salvação infalível!
Tira-me do atoleiro, não me deixes afundar; liberta-me dos que me odeiam e das águas profundas. Não permitas que as correntezas me arrastem, nem que as profundezas me engulam, nem que a cova feche sobre mim a sua boca!
Responde-me, SENHOR, pela bondade do teu amor; por tua grande misericórdia, volta-te para mim. Não escondas do teu servo a tua face; responde-me depressa, pois estou em perigo. Aproxima-te e resgata-me; livra-me por causa dos meus inimigos.
Tu bem sabes como sofro zombaria, humilhação e vergonha; conheces todos os meus adversários.
A zombaria partiu-me o coração; estou em desespero! Supliquei por socorro, nada recebi; por consoladores, e a ninguém encontrei.
Puseram fel na minha comida e para matar-me a sede deram-me vinagre.
Que a mesa deles se lhes transforme em laço; torne-se retribuição e armadilha. Escureçam-se os seus olhos para que não consigam ver; faze-lhes tremer o corpo sem parar. Despeja sobre eles a tua ira; que o teu furor ardente os alcance. Fique deserto o lugar deles; não haja ninguém que habite nas suas tendas. Pois perseguem aqueles que tu feres e comentam a dor daqueles a quem castigas. Acrescenta-lhes pecado sobre pecado; não os deixes alcançar a tua justiça. Sejam eles tirados do livro da vida e não sejam incluídos no rol dos justos.
Grande é a minha aflição e a minha dor! Proteja-me, ó Deus, a tua salvação!
Louvarei o nome de Deus com cânticos e proclamarei sua grandeza com ações de graças; isso agradará o SENHOR mais do que bois, mais do que touros com seus chifres e cascos.
Os necessitados o verão e se alegrarão; a vocês que buscam a Deus, vida ao seu coração!
O SENHOR ouve o pobre e não despreza o seu povo aprisionado.
Louvem-no os céus e a terra, os mares e tudo o que neles se move, pois Deus salvará Sião e reconstruirá as cidades de Judá. Então o povo ali viverá e tomará posse da terra; a descendência dos seus servos a herdará, e nela habitarão os que amam o seu nome.

(Texto do Salmo 69)

O salmista inicia seu lamento comparando seu estado psicológico com um afundar-se na lama da vida, lembrando, com esta cena, o afundar egípcio na perseguição aos israelitas em sua fuga.
Reconhece a sua insensatez, ao mesmo tempo em que confessa sua sensação de abandono por aqueles que o poderiam ter ajudado quando estava caído.
Lamenta ainda que zombem dele, ao invés de estenderem-lhe uma mão. Isso é algo comum em nossos dias também; não poucas vezes encontramos alguém neste estado, ou nós mesmos podemos ter passado por situações assim.
Me chama muito a atenção o pedido especial que o salmista faz: Não se decepcionem por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, SENHOR dos Exércitos! Não se frustrem por minha causa os que te buscam, ó Deus de Israel! É um rogo, ao mesmo tempo, de pedido de perdão a Deus e às pessoas, e de incentivo àqueles que seguem buscando a Deus – que continuem, haja o que houver e o que tenha havido.
Na sua amargura, impreca contra os que o abandonaram algumas “maldições”, pedindo a Deus que os dane. Mesmo sendo compreensível essa atitude por parte de um coração desiludido, abandonado, zombado e frustrado, é claro que Deus não atende um tal pedido, posto que Ele sabe o estado de coração de cada um. É apenas um momento em que é dado voz à amargura da alma, que, no final, é substituída pela esperança e confiança.
Nos entremeios, este Salmo nos aponta para passagens da vida do Cristo, quando Ele expulsa os vendilhões do Templo e na hora da Sua crucificação, no momento em que menciona que o zelo pela tua casa me consome e para matar-me a sede deram-me vinagre.
Ao final, esta alma amargurada que se derrama em sentimentos na composição do Salmo, reconhece que de Deus virá aquilo de que necessita e descansa em confiança n’Ele, ensinando-nos uma valiosa lição de vida.
Os Salmos são repletos de clamores humanos, de derramares de fraquezas e equívocos, de confissões de pecados, de sentimentos como a amargura, a desilusão, o desamparo, a sensação da injustiça humana... e de ódio! Até de ódio!
Os Salmos também são repletos de louvores humanos, de derramares de forças e acertos, de confissões de perdões, de sentimentos como a alegria, a confiança, o amparo, a certeza da justiça divina... e de amor! Sobretudo de amor!
Viaje pelos Salmos. Sempre são boas leituras!

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

I Timóteo



A primeira epístola do apóstolo Paulo a Timóteo foi escrita da Macedônia, depois de haver visitado a cidade de Éfeso, onde havia deixado Timóteo, para enfrentar sérios problemas de ensinos falsos surgidos no seio da igreja (l:3-4).
A experiência de Paulo invocada no texto (1:12-20), serve como uma espécie de escudo para as lições que vai dar ao jovem pastor. O ensino correto levará a atitudes acertadas, estabelecendo-se a liderança constituída, com a escolha criteriosa de cargos que hão de secundar a ação pastoral (3:1-13). Assim se resolvem os vários problemas que agitam a igreja (caps. 5 e 6), dando orientação para cada um deles: viúvas, heresias, escravos, riquezas, disputas, etc., e termina com uma exortação.
Desse modo o tema principal desta epístola envolve a organização, administração e cuidados pastorais de uma igreja local, e é endereçada a Timóteo, verdadeiro filho na fé de Paulo (1:1-2).
E tem como propósitos básicos:
1. Ajudar Timóteo em refutar os falsos ensinos;
2. Instruir Timóteo acerca da administração e do pastoreio da igreja;
3. Encorajar Timóteo e desafiá-lo à sã doutrina e vida exemplar.
Na leitura e meditação desta carta, observamos o esboço a seguir que muito nos auxilia na compreensão de todo texto:
1. Introdução (1:1-2);
2. Organização da igreja (2:1 – 3:16);
2.1. O perfil das orações públicas (2:1-8);
2.2. O perfil das mulheres (2:9-15);
2.3. O perfil dos bispos (3:1-7);
2.4. O perfil dos diáconos (3:8-16);
3. A administração da igreja (4:1 – 6:19);
3.1. Cuidado contra hereges (4:1-5);
3.2. Cuidado da vida pessoal (4:6-16);
3.3. Cuidado dos membros (5:1-16);
3.4. Cuidado dos líderes (5:17-25);
3.5. Cuidado empresarial (6:1-2);
3.6. Cuidado da avareza (6:3-10);
3.7. Cuidado da vida exemplar (6:11-16);
3.8. Cuidado dos ricos (6:17-19).
Esta carta de Paulo a Timóteo dá orientações seguras de como proceder-se à frente do rebanho do Senhor (3:15; 4:11-13; 5:21). Timóteo é exortado a cuidar da doutrina (4:16; 6:12-14).

Augusto Bello de Souza Filho

domingo, 3 de novembro de 2019

Apelação



Jó 5:8-9
“Mas, se fosse comigo, eu apelaria para Deus; apresentaria a ele a minha causa. Ele realiza maravilhas insondáveis, milagres que não se pode contar”.

Gosto muito de ver, no dicionário, a definição das palavras.
Hoje, como este texto sugestiona, busquei a definição da palavra “apelação”. Lá encontrei assim: “recorrer de sentença”; “interpor recurso”; “invocar auxílio, proteção (de alguém ou algo) a fim de resolver um problema”; “pedir, recorrer”. Entendi.
Depois que Jó – aquele do Antigo Testamento, de quem popularmente se diz que tinha muita paciência – caiu na miséria, com perdas familiares, pobre, doente e abandonado, alguns amigos se aproximaram dele para tentar consolá-lo.
Mas, na maior parte do tempo, tentaram convencê-lo de que aconteceu com ele o que aconteceu porque algum pecado grave ele devia ter cometido.
Esses amigos tentaram fazer com que Jó visse alguma espécie de causa/efeito naquilo que o acometera. Ora, se estava agora ferrado, é porque, por certo, “mereceu” isso, em decorrência de algum “pecado grave”. Era isso que, em outras palavras, eles diziam a ele.
Essa “teologia da causa e efeito” ainda hoje, nos tempos não mais da Lei de Moisés, mas da graça de Cristo, grassa à solta em muitos meios religiosos/cristãos. Ainda hoje se diz a alguém que está passando por um perrengue que ele está nisso pois é uma espécie de “castigo” devido a uma pisada na bola que ele deu com Deus. Alguma coisa ele deve ter feito! Se tivesse se comportado bem, por certo que Deus não o castigaria! Se Deus está pesando a Sua mão sobre ele, alguma ele aprontou!
Pois é. Ainda podemos ser cruéis a este ponto com alguém que sofre! Arvoramo-nos como arautos da justiça divina! Lamentável que ainda assim possamos ser!
Assim foram estes amigos de Jó: se estava acontecendo o que estava acontecendo com ele, por certo era merecido. Ele deveria fazer uma revisão, ver onde caiu e o que fez de errado, pedir perdão a Deus, e – talvez! – Deus o perdoaria.
A “teologia da causa e efeito” insiste em dizer que “merecemos” o que acontece – seja de ruim ou de bom. O Evangelho de Jesus Cristo, no entanto, ensina que não é “por merecimento”, mas “por graça”. Mesmo o perdão divino e a salvação não são “por merecimento”, mas “por graça”.
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos (Efésios 2:8-10). Essa Palavra ensina que é a graça de Deus que é soberana, e não nossos méritos ou obras.
Isso impulsiona, entretanto, a que façamos “boas obras” por gratidão à graça recebida de Deus. Essas “boas obras”, assim, são benéficas ao nosso próximo e a nós mesmos. Tudo o que fazemos de bom ao próximo, a nós o fazemos – e o mal que fazemos ao próximo também a nós o fazemos. Isso, entretanto, não é “teologia de causa e efeito”, mas “a lei da semeadura”, uma lei da natureza criada.
Deus não nos deixa de castigo ajoelhados no milho se nos comportamos mal, nem nos dá uma bicicleta no final do ano se nos comportamos bem. Isso seria barganhar com Deus.
Voltando ao caso de Jó, se lemos o livro todo, percebemos que o que acometeu Jó não foi necessariamente decorrente de pecado, mas aconteceu como tanta coisa na vida acontece.
No início do livro de Jó se conta, de forma parabólica e figurada, o que aconteceu. O ensinamento-mor ali não é uma “aposta” divina, mas a perseverança que Jó teve em manter-se fiel a Deus. Perseverança e fidelidade: esse é o mote!
Diante da insistência dos amigos de Jó na ocorrência da causa/efeito, diante da insistência deles num suposto pecado de Jó, ele debateu e argumentou com eles, defendendo-se como pôde!
Eles insistiam que Jó pecou – ainda que não soubessem qual pecado seria – e que devia se arrepender. Ele insistia em se defender. E assim foi o perrengue, argumentos daqui e dali, muito papo furado, teorias, réplicas e tréplicas... Até que Deus resolveu intervir e colocar as coisas no lugar.
Diante da interlocução divina, Jó compreendeu que Deus era superior a tudo e recebeu o conforto divino, além de – ele, Jó – ainda orar para que seus amigos também chegassem a essa compreensão!
Jó teve a sua vida de volta, e ainda acrescida de mais... Leia o livro de Jó todo – vale a pena!
Mas, a despeito das furadas argumentativas que os amigos de Jó deram, quero aproveitar para tirar uma coisa boa daquilo que eles lhe falaram: a Palavra que é usada como tópico deste texto, proferida por um deles com muita sabedoria: “Mas, se fosse comigo, eu apelaria para Deus; apresentaria a ele a minha causa. Ele realiza maravilhas insondáveis, milagres que não se pode contar”.
O conselho foi para Jó apresentar a Deus a sua causa.
A nós é dito a mesma coisa: apresentemos a Deus as nossas causas, os nossos causos, as nossas coisas, mesmo as mais comezinhas...
Apresentemos tudo a Ele em oração!
Não apresentemos, entretanto, nossas orações para tentar nos justificar, para argumentar, para barganhar, para tentar dar ideias a Deus de como Ele deveria proceder conosco. Não! Apresentemos nossas orações a Ele falando de tudo como um filho fala com o Pai. E oremos sempre em gratidão. Aí sim!
Deus nos ouve, nos conforta, nos fortalece, nos esclarece oportunamente, nos capacita, nos assiste, nos dá mais forças para passarmos por qualquer que seja a situação. Deus realiza maravilhas insondáveis, milagres que não se podem contar, como diz a Palavra.
Tão-somente confiemos n’Ele, abramos o nosso coração em oração e vivamos o Seu cuidado para conosco.
Sempre que sentimos que assim é necessário e oportuno, podemos apelar para Deus!

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert