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domingo, 31 de março de 2019

Daniel



Chave do livro: revelação.
O livro de Daniel jamais deixou de despertar interesse e de provocar controvérsia nos círculos teológicos. Ao mesmo tempo, cativa os leitores com relatos de heroísmo em tempos de grande perigo e tem servido de consolo à multidão de fiéis seguidores de Deus quando leem comoventes narrativas da Sua presença e bênção.
Os primeiros capítulos de Daniel narram certas experiências dos jovens judeus – Daniel e seus três companheiros – que fazem parte dos cativos judeus na Babilônia no século VI a.C. A recusa de serem atraídos pelo mundo pagão em que viviam e os perigos que os ameaçavam por causa de sua fidelidade constituem a essência do drama. Seus livramentos – Daniel da cova dos leões, e Sadraque, Mesaque e Abdnego da fornalha ardente – demonstram o poder e o amor de Deus. Nabucodonosor, orgulhoso e seguro de sua conduta despótica, é humilhado até que reconheça que a providência de Deus governa inclusive a vida do rei. O drama da escritura na parede fez que esta frase fosse parte proverbial de nosso idioma hoje. O terrível pecado da arrogância diante de Deus, do qual Belsazar se fez culpado, traz com certeza a derrota e a morte. As seções narrativas do livro, entre as mais famosas da literatura, mantêm nosso interesse não somente pelo drama, mas também por sua vigência toda vez que o materialismo e o paganismo ameaçam envolver os filhos de Deus.
As visões que o livro de Daniel proporciona, quer sejam dadas a governantes pagãos ou ao próprio Daniel, são consideradas por sinceros estudiosos da Bíblia como uma visão prévia do mundo através da história até os últimos dias. As profecias relativas aos quatro reinos e ao quinto grande reino, o reino de Deus, constituem um quadro da marcha do império. Os quatro reinos formaram-se de acordo com a profecia; o quinto reino espera seu cumprimento por ocasião da segunda vinda de nosso Senhor.
Os grandes temas da profecia de Daniel são assunto de vital solicitude para a igreja na atualidade: a apostasia do povo de Deus, a revelação do homem de iniquidade, a tribulação, a segunda vinda, o milênio e o dia de juízo. Ao abrir o livro de Daniel, vemos-nos às voltas com uma interpretação da história que não somente já se cumpriu em grande parte, mas que se cumprirá totalmente. Esta certeza é que faz que o livro de Daniel seja de vital e significativa importância na presente época.
No terreno histórico, tanto o Judaísmo como o Cristianismo têm incorporado o livro de Daniel ao cânon, considerando-o obra autêntica do período acerca do qual afirma falar, isto é, do sexto século antes de Cristo, escrito por Daniel. Não existe base científica de nenhuma natureza que justifique afastar-se da aceita tradição judaico-cristã, no sentido de que o livro foi escrito no século VI a.C., por Daniel.

G. Douglas Young

domingo, 24 de março de 2019

O Joio, o Trigo, o Mundo – e a Igreja



Como era Seu costume, Jesus contou uma parábola às pessoas que O ouviam. Ocorria, às vezes, que Seus discípulos também não compreendiam o significado da parábola contada e, depois, em particular com eles, Ele a explicava. Foi o que se passou no trecho que vou transcrever abaixo, e depois vou tecer alguns comentários e impressões minhas a respeito.
Primeiro, Jesus conta a parábola propriamente dita:
(Mateus 13:24-30)
Jesus lhes contou outra parábola, dizendo: “O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente em seu campo. Mas enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e se foi. Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu”.
“Os servos do dono do campo dirigiram-se a ele e disseram: ‘O senhor não semeou boa semente em seu campo? Então, de onde veio o joio?’”
“‘Um inimigo fez isso’, respondeu ele”.
“Os servos lhe perguntaram: ‘O senhor quer que o tiremos?’”
“Ele respondeu: ‘Não, porque, ao tirar o joio, vocês poderão arrancar com ele o trigo. Deixem que cresçam juntos até a colheita. Então direi aos encarregados da colheita: Juntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; depois juntem o trigo e guardem-no no meu celeiro’”.
Agora, em particular, Jesus explica a parábola aos Seus discípulos:
(Mateus 13:36-42)
Então ele deixou a multidão e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e pediram: “Explica-nos a parábola do joio no campo”.
Ele respondeu: “Aquele que semeou a boa semente é o Filho do homem. O campo é o mundo, e a boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno, e o inimigo que o semeia é o Diabo. A colheita é o fim desta era, e os encarregados da colheita são anjos”.
“Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim também acontecerá no fim desta era. O Filho do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do seu Reino tudo o que faz tropeçar e todos os que praticam o mal. Eles os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos, ouça”.
Esta é a parábola conhecida como a “Parábola do Joio e do Trigo”.
Podemos perceber que o que fora contado aí era uma cena agrícola/pastoril comumente entendível para os ouvintes de Jesus. As cenas que Ele usava para cunhar-lhes um fundo moral ou de ensinamento eram facilmente captáveis, como se, em nossos dias, falássemos de celular ou internet, por exemplo, ou de globalização – as pessoas saberiam do que estaríamos falando.
Jesus começa dizendo ao que o Reino dos céus se parece, ao que é similar, neste caso, a um campo onde são semeadas sementes de trigo. Depois, às escondidas e diante da distração de todos, um inimigo deste que semeou trigo semeia joio – um inso. Os dois – trigo e joio – crescem juntos, e não pode se arrancar um sem prejudicar o outro. Assim, colhe-se só depois de madurar-se o trigo.
Depois, na explicação que Ele dá aos Seus discípulos, tudo fica muito claro:
- o semeador é Jesus – o Filho do homem;
- o campo é o mundo;
- a boa semente são os filhos do Reino;
- o joio são os filhos do Maligno;
- o inimigo é o Diabo;
- a colheita é o fim;
- quem colhe são os anjos.
Diante da pontuação acima, quero comentar o seguinte:
Jesus é o Semeador da Palavra – que é Ele mesmo, o Verbo encarnado, Deus feito gente. Em outra parábola – a “Parábola do Semeador” – Ele fala disso também. Conjuntamente com Ele, somos também, de certa forma, semeadores da Palavra, pois, como Seus discípulos – à medida dos Seus discípulos originais – também somos comissionados e enviados a pregar o Evangelho.
Esta semeadura se faz no mundo – em nosso mundo/alma, no mundo da nossa família, no mundo dos nossos amigos e colegas, no mundo da nossa vizinhança, no mundo da nossa cidade... e no mundo/mundo mesmo. E no mundo/igreja também, do qual falarei logo mais.
Pela pregação do Evangelho, por este divulgar – e semear – a Palavra, originam-se filhos e filhas do Reino, significando dizer que, ao se divulgar o Evangelho de Cristo, faz-se nascer nas almas humanas que o ouvem, novos filhos e filhas de Deus. São os trigos que crescem a partir da semente do Evangelho.
No meio desses filhos do Reino estão também aqueles que não são, aqueles que por deliberação não aceitam o andar no amor de Cristo, aqueles que “jogam contra”, e que são de fácil manipulação daquele que é tudo que se apresenta anti – anti-Cristo, anti-Deus, anti-Vida. Jesus nomeia o joio de “filhos do Maligno”. Ora, como Ele ensina, eles estão misturados conosco, andando conosco, convivendo conosco e deixando seus “frutos estéreis” em nosso meio também. Aqui faço um comentário com uma ponta de ironia que visa nos despertar e nos fazer cair na real: eu torço – e oro! – para que eu não seja um joio destes, pois poderíamos ser. Por fé, quero colocar-me sempre nas mãos do Senhor para que eu seja trigo Seu.
Jesus diz que “um inimigo fez isso” – o semear o joio –, referindo-Se ao Diabo como este “inimigo”. Chama a atenção que Jesus não teologiza – ou diabologiza – sobre o Diabo. Ele – Jesus – não entra no mérito de traçar um perfil do Diabo, nem fala aqui das origens deste, nem de seus propósitos, nem de seus planos, nem de – quase – nada a respeito dele. Somente assevera que ele – o Diabo – existe, que é um inimigo, e que devemos nos acautelar dele, mas não nos aficionarmos nele nem nos neurotizarmos nele ou dele. Eu, quando questionado sobre o Diabo, costumo dizer que não dou muito ibope para ele – escolho me ater em Jesus.
Jesus indica que somente “no fim” é que se saberá realmente quem é quem – quem é joio e quem é trigo. Portanto, ensina-nos Ele que não cabe a nós rotularmos ninguém, pois, ao final, somente Deus sabe quem são os Seus. E somente quando a maturação das pessoas e dos tempos se der, haverá a colheita. O trigo é destinado a um lado e o joio a outro, e se deduz, na parábola, quais lados são e os seus significados.
Quem colhe são os anjos, significando dizer que a nós cabe esperar em esperança, caminhar andando em fé e confiança, e saber que no tempo certo Ele Se encarrega de providenciar a colheita, e que esta não será feita por nós, mas a quem Ele comissionar para tanto.
Dito e entendido isso, toda esta parábola e seus significados, quero, de certa forma, voltar a ela num ponto específico, como falei mais acima: aquele que fala do mundo/lugar onde o joio e o trigo são semeados e onde crescem e se desenvolvem juntos.
Agora, daqui em diante se entenderá a última citação que fiz no título deste texto – “O Joio, o Trigo, o Mundo – e a Igreja”. Agora passo a falar da Igreja.
De forma sintetizada, quando falo de Igreja não falo de instituições nem denominações A ou B, nem teço elogios ou críticas a placas e logomarcas clericais.
Creio que Igreja são as pessoas que professam sua fé em Cristo e que buscam andar sua vida nos Seus ensinamentos. Estas pessoas podem ter seus altos e baixos, caem, levantam e seguem a vida com fé e esperança... e não param, pois é Cristo Jesus Quem as acompanha, as impulsiona e as motiva! Estas pessoas que são Igreja podem – ou não – eventualmente congregar ou frequentar instituições denominadas “igreja”, mas as pessoas transcendem paredes, templos, denominações, logomarcas e clubismos eclesiásticos. Igreja, ou você é ou você não é.
A Igreja anda no mundo, ainda que não seja do mundo, como Jesus ensina ao orar ao Pai: “Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno” (João 17:15).
Assim, creio que a Igreja anda no mundo, não é do mundo, mas pisa no chão da realidade do mundo todos os dias. E fica aqui no mundo até maturar.
E, junto à Igreja – a estas pessoas que são chamadas de “filhos do Reino” – andam também aquelas que são anti-Igreja – aquelas pessoas que são chamadas “filhos do Maligno”.
Ainda, creio que nos ajuntamentos das pessoas que são Igreja – que pode ser numa denominação, num prédio, numa família, num “grupo sem nome”, enfim... no meio destas reuniões transitam também os joios. Estes joios, creio também, às vezes sabem-se serem joios, mas às vezes também pensam que são trigo, mas tornaram-se joios por se permitirem ser manipulados por aquele que não é Cristo. Há, portanto, os joios conscientes e os inconscientes. Mas Deus sabe quem é quem.
Nos dias atuais, creio que estes joios infiltrados introduzem teologias anti-Evangelho, de forma sutil e encantadora aos ouvidos dos incautos, buscando atrair quem se deixa seduzir pelos pragmatismos aí pregados. Se assim não fosse, não teríamos “teologias da prosperidade”, “confissões positivas”, “determinações disto e daquilo em nome de Jesus” – como se alguém pudesse determinar a Deus o que fazer!... Se não houvesse tantos “frutos estéreis” de joios no meio dos trigos, o gospel business, o “negócio do evangeliquismo”, não faria tanto sucesso e não lotaria tantos “templos” – salomônicos ou não – e bolsos. Se não houvesse tantos joios no meio dos trigos, não teria tanto espertalhão enriquecendo às custas das ingenuidades alheias.
Mesmo que isso me cause, por um lado, indignação, por outro lado, fico tranquilo e confiante, sabendo que Deus não perdeu a mão com Sua Igreja, pois Jesus mesmo advertia que assim seria – até o fim.
Destes joios, lembro, não sem certa tristeza por eles, que Jesus falava:
“Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!” (Mateus 7:22-23).
Mas Ele zela pelos Seus. E nos alertou desde sempre:
“Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar até os eleitos. Vejam que eu os avisei antecipadamente(Mateus 24:24-25).
Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas (João 10:14-15).
“Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor (João 10:16).
“Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um (João 17:11).
Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28:18-20).
Ele é o nosso Pastor, que nos ajunta para Si, sendo Um conosco e nós com Ele... e estará conosco “até o fim dos tempos”, ou seja, até a colheita!

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert

quarta-feira, 13 de março de 2019

Ezequiel


Chave do livro de Ezequiel: visões.
O livro de Ezequiel relata a atividade de um profeta durante o exílio na Babilônia. O profeta dirige suas mensagens a seus compatriotas cativos e também ao povo hebreu que ainda reside na Palestina. Ambos os grupos permaneceram obstinados e impenitentes, mesmo depois da captura de Jerusalém levada a cabo pelo rei babilônio Nabucodonosor, e do exílio de Joaquim, rei de Judá, juntamente com uma considerável parte da população no ano de 597 a.C. Portanto, Deus atribuiu a Ezequiel a tarefa de denunciar a casa rebelde de Israel e predizer a destruição de Jerusalém e a deportação de um número ainda maior. Seis anos depois de Ezequiel haver começado a pregar, suas palavras se cumpriram. No ano de 586 a.C., Nabucodonosor destruiu Jerusalém e levou cativos para a Babilônia quase todos os sobreviventes. Mas, a despeito da infidelidade de Israel, Deus mostrou-Se misericordioso. Ezequiel recebeu instruções no sentido de proclamar as boas-novas de que o exílio terminaria e Israel recuperaria sua posição de instrumento da salvação de Deus para todos os homens.
A forma pela qual o livro de Ezequiel apresenta esta mensagem de juízo e de promessa distingue-o dos outros livros proféticos do Antigo Testamento. A organização sistemática do conteúdo constitui seu primeiro traço característico. Os primeiros vinte e quatro capítulos representam a acusação e condenação de Israel, com aterradora consequência. Esta perspectiva de juízo, minorada somente por lampejos incidentais de luz, fica compensada na última parte (capítulos 33 a 48) com uma apresentação também consequente com o brilhante futuro que Deus tem reservado para Seu povo. Estas seções compactas de ameaças e promessas a Israel são separadas por uma série de discursos endereçados às nações estrangeiras, discursos que têm duplo aspecto: pronunciam juízo e castigo sobre os perversos vizinhos de Israel, mas a destruição dos inimigos de Israel constitui também segurança de que não poderão criar obstáculos no cumprimento da promessa de Deus de redimir e restaurar Seu povo escolhido.
Outro traço característico do livro de Ezequiel é a forma pela qual expressa não somente a ameaça, mas também a promessa. O livro é abundante em visões misteriosas, alegorias ousadas e estranhos atos simbólicos. Estas formas de revelação divina ocorrem aqui com maior frequência do que em qualquer outro livro profético, e se acham representadas por uma riqueza de pormenores descritivos. As visões em particular são bizarras, de forma quase grotesca e, portanto, de interpretação difícil.
Todavia, o significado fundamental do livro de Ezequiel não escapará ao leitor se levar em conta que a glória de Deus e Suas ações de juízo e salvação se acham apresentadas em linguagem e forma simbólicas. Aquilo que Ezequiel vê em visões, que descreve em alegorias e põe em prática numa forma que se assemelha a charadas, tem por objetivo contribuir para a certeza de que Deus leva avante Seu plano de salvação para todos os homens aos quais Ele havia iniciado neste pacto com Israel séculos antes. Purificado pelos juízos de Deus no exílio babilônio, o povo de Israel se tornaria de novo o veículo das promessas que se cumprirão no novo pacto e no final dos tempos. Tudo isto Ezequiel vê em perspectiva profética, na qual se sobrepõem no mesmo quadro relativo ao reino de Deus futuro e permanente algumas cenas de um futuro imediato e de um futuro distante.
A pessoa de Ezequiel se acha tão imersa na mensagem que, além de seu nome, pouco sabemos com referência a ele. Somente dois fatos de caráter biográfico podem deduzir-se do livro: que era filho de Buzi, o sacerdote e, diferentemente de seu contemporâneo Jeremias, Ezequiel era casado, mas “o desejo dos seus olhos” lhe foi tirado de um golpe, enquanto realizava sua missão por ordem de Deus.
Ezequiel tem sido considerado, com frequência, uma pessoa severa, insensível. Tem-se dito que é impessoal, indiferente aos seus ouvintes, e só lhe preocupa a vindicação da glória de Deus, mesmo na proclamação da misericórdia. Conquanto seus sentimentos não aflorem à superfície, como no caso de Jeremias, a afirmativa de que ele não é compassivo equivaleria a ir além das evidências. Nem tampouco podem os críticos radicais justificar suas teorias que afirmam que o profeta sofria de ataques catalépticos e de paranoia esquizofrênica. Os atos simbólicos que ele executa e as visões que recebe não são, em essência, diferentes dos que os outros profetas registram.
Ezequiel foi levado para a Babilônia no ano de 597 a.C., e foi chamado para o ministério profético cinco anos mais tarde. Exerceu tal ministério ativamente durante um período de vinte e dois anos, pelo menos.

Walter B. Roehrs

domingo, 10 de março de 2019

Um Ser e Ser Um em Cristo



          Gálatas 3:28
          Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.

          Jesus disse aos Seus discípulos que, para segui-Lo, era preciso que quisessem fazê-lo: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mateus 16:24).
          Uma vez que nos decidimos e passamos a querer, então tomamos o Seu Caminho, que conduz à Vida e à Verdade em todas as instâncias. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14:6).
          Aquele que assim faz, passa a ter milhares de irmãos e irmãs espirituais, que tomaram a mesma decisão e seguem o mesmo Caminho, buscam a mesma Verdade e querem a mesma Vida. Quem se decide por Cristo, quem quer segui-Lo, vê, repentinamente, sua família aumentar exponencialmente.
          Quando seguimos a Cristo em nosso tempo – nesse nosso século XXI, por exemplo – não necessitamos “deixar” nada nem ninguém, diferentemente do que muitas vezes era preciso fazer no tempo dos primeiros discípulos e do início da Igreja. Por isso Pedro diz e pergunta: “Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós?” (Mateus 19:27). Ao questionamento de Pedro, Jesus responde: “Todos os que tiverem deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por minha causa, receberão cem vezes mais e herdarão a vida eterna (Mateus 19:29).
          Veja que Jesus falava de família e bens materiais também – não no sentido cobiçoso de possuir bens materiais, mas no sentido fraterno de nunca se sentir desamparado pela falta deles, pois não nos faltarão para que possamos viver. Jesus mesmo não tinha posses “em seu nome”, mas nunca dormiu desamparado ou desassistido, nem Seus discípulos. Sempre havia acolha, mesmo que fosse num barco.
          Para nosso tempo, entendo que também, ao seguirmos a Cristo, teremos mais casas – a dos irmãos e irmãs, pois há mais lugares a visitar –, teremos mais irmãos e irmãs e pais e mães e filhos – pois milhões de outros que se decidiram por Cristo passam a fazer parte desta nossa “família”. Cada irmão ou irmã em Cristo, é da minha família; cada pai ou mãe ou filho de um irmão em Cristo, é da minha família. Passamos a ser uma família da fé, como ensina o apóstolo Paulo: E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé (Gálatas 6:9-10).
          Esta família da fé não é exclusiva nem exclusivista, uma vez que, em sendo verdadeira, mantém as suas “portas” abertas a quem quiser entrar, e “sai” por suas “portas” ao encontro das pessoas, como verdadeiramente deve ser a igreja – os chamados para fora, que vão ao encontro dos outros, assim como Cristo veio e vem ao nosso encontro.
          A partir desta grande família de discípulos de Cristo da qual formamos parte, mesmo que cada um de nós mantenha a sua individualidade, já não diferimos um do outro, ou seja, passamos a “ser um” entre nós e com Deus, dando-se isso por intermédio de Cristo.
          É por isso que o apóstolo Paulo, ao escrever à comunidade cristã localizada na Galácia, manifesta o que manifestou: que não há mais separações e que todos somos um em Cristo Jesus. Mesmo entre seres humanos tão diferentes entre si – judeus e gregos, escravos e livres, homens e mulheres –, não havia mais diferenças no âmbito da alma, mas, agora, reinava uma plena unidade – em Cristo, vale sempre frisar.
          Somente em Cristo existe verdadeira unidade!
          Ele mesmo chegou a dizer claramente: Eu e o Pai somos um (João 10:30). E depois, em oração, manifestou: “Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um (João 17:11). Notemos que na oração que Jesus faz e que é transcrita no capítulo 17 do Evangelho de João, Jesus ora por Si, pelos Seus discípulos de então, e por todos aqueles que viriam a crer n’Ele – seja em que tempo/espaço/geografia for. Nesta oração estamos nós incluídos – eu que aqui escrevo e você que aí lê. Nós todos fazemos parte deste “para que sejam um, assim como somos um”.
          Nos tempos atuais há também muitos caminhos espirituais que afirmam que “todos somos um” (e pensar que a Bíblia já falava isso em tempos tão idos!). Há o chamado “novo pensamento”, a “nova era”, filosofias e religiosidades baseadas em milenares conhecimentos orientais, etc. Respeito cada uma destas abordagens, suas pessoas, aquilo que em seus preceitos seja bom e proveitoso para o desenvolvimento humano – a tudo respeito e considero, desde que se coadune com o ensinamento de Cristo. No entanto, mantenho meus pés fincados na Rocha, ou seja, em Cristo.
          Assim, por fé, sei que a verdadeira unidade se dá por e através de Jesus Cristo, pois, sem Ele e fora d’Ele, nada podemos fazer.
          “Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (João 15:4-5).

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,

          Kurt Hilbert

quarta-feira, 6 de março de 2019

Lamentações de Jeremias



Chave deste livro: calamidade.
O livro de Lamentações contém um tema principal. Os sofrimentos que recaíram sobre Jerusalém quando o rei Nabucodonosor capturou a cidade no ano de 586 a.C. Em uma série de elegias, o autor expressa seu inconsolável pesar pela agonia e angústia da cidade.
O primeiro lamento descreve e explica as aflições de Jerusalém em termos gerais. O segundo descreve o desastre em maiores minúcias. Ressalta que a destruição da cidade é um juízo divino sobre o pecado. Alguns fatores fundamentais deste juízo se esclarecem no terceiro lamento. O quarto sublinha algumas lições que Jerusalém aprendeu por meio do juízo. O quinto e último lamento (poderíamos dizer, mais acertadamente, oração) descreve como Jerusalém, por causa de seus sofrimentos, lançou-se à misericórdia divina, esperando que Deus novamente Se mostre misericordioso para com Israel, agora purificada no cadinho da aflição. Considerando-se que as Lamentações de Jeremias tratam o sofrimento como castigo sobre o pecado, o crente afligido tem no referido livro a linguagem de sua confissão, auto-humilhação e invocação.
Desde época antiquíssima, tanto os judeus como os cristãos têm atribuído a Jeremias o livro das Lamentações. A Versão dos Setenta (Septuaginta) atribui a autoria do livro a esse profeta, desde o segundo século antes de Cristo, e a Vulgata o faz desde o quarto século de nossa era. Se dermos por definida a paternidade literária de Jeremias, o livro das Lamentações converte-se em “suplemento do livro de Jeremias”, que com tanta frequência profetizou uma catástrofe como a que o livro das Lamentações descreve. Jeremias não adota um tom de censura em seu lamento, como quem diz: “Eu os avisei”. Sente a dor das aflições de Jerusalém, e roga a Deus que não a rejeite para sempre.

J. G. S. S. Thomson

domingo, 3 de março de 2019

Relacionamentos e Reciprocidades



O Evangelho se resume em Relacionamentos e Reciprocidades.

1.                      Amem-se uns aos outros – “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros” (João 13:34).
2.                    Aceitem-se uns aos outros – Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma como Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus (Romanos 15:7).
3.                    Saúdem-se uns aos outros – Todos os irmãos daqui lhes enviam saudações. Saúdem-se uns aos outros com beijo santo (I Coríntios 16:20).
4.                    Tenham igual cuidado uns pelos outros – Mas Deus estruturou o corpo dando maior honra aos membros que dela tinham falta, a fim de que não haja divisão no corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros (I Coríntios 12:24-25).
5.                     Sujeitem-se uns aos outros – Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo (Efésios 5:21).
6.                    Suportem-se uns aos outros – Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor (Efésios 4:2).
7.                     Não tenham inveja uns dos outros – Não sejamos presunçosos, provocando uns aos outros e tendo inveja uns dos outros (Gálatas 5:26).
8.                    Deixem de julgar uns aos outros – Portanto, deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso, façamos o propósito de não colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão (Romanos 14:13).
9.                    Não se queixem uns dos outros – Irmãos, não se queixem uns dos outros, para que não sejam julgados (Tiago 5:9).
10.                Não falem mal uns dos outros – Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei, não a está cumprindo, mas está se colocando como juiz (Tiago 4:11).
11.                  Não mordam e devorem uns aos outros – Toda a Lei se resume num só mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Mas se vocês se mordem e se devoram uns aos outros, cuidado para não se destruírem mutuamente (Gálatas 5:14-15).
12.                Não provoquem uns aos outros – Não sejamos presunçosos, provocando uns aos outros e tendo inveja uns dos outros (Gálatas 5: 26).
13.                Não mintam uns aos outros – Não mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas e se revestiram do novo, o qual está sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador (Colossenses 3:9-10).
14.                Confessem os seus pecados uns aos outros – Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz (Tiago 5:16).
15.                 Perdoem-se uns aos outros – Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo (Efésios 4:31-32).
16.                Edifiquem-se uns aos outros – Por isso, exortem-se e edifiquem-se uns aos outros, como de fato vocês estão fazendo (I Tessalonicenses 5:11).
17.                 Ensinem uns aos outros – Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seus corações (Colossenses 3:16).
18.                Encorajem uns aos outros – Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo. Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama “hoje”, de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado (Hebreus 3:12-13).
19.                Aconselhem-se uns aos outros – Meus irmãos, eu mesmo estou convencido de que vocês estão cheios de bondade e plenamente instruídos, sendo capazes de aconselhar-se uns aos outros (Romanos 15:14).
20.               Falem com salmos, hinos e cânticos espirituais uns aos outros – Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito, falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo (Efésios 5:18-20).
21.                Sirvam uns aos outros – Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; pelo contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor (Gálatas 5:13).
22.               Levem os fardos pesados uns dos outros – Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo (Gálatas 6:2).
23.               Sejam hospitaleiros uns dos outros – Sejam mutuamente hospitaleiros, sem reclamação (I Pedro 4:9).
24.               Sejam bondosos uns para com os outros – Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo (Efésios 4:31-32).
25.               Orem uns pelos outros – Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz (Tiago 5:16).

O Evangelho é Solidário, nunca Solitário.
Minha Espiritualidade é tão saudável quanto saudáveis são os meus Relacionamentos.


Um texto de Carlos Bregantim