Chave deste livro: calamidade.
O livro de Lamentações contém um tema principal. Os sofrimentos que
recaíram sobre Jerusalém quando o rei Nabucodonosor capturou a cidade no ano de
586 a.C. Em uma série de elegias, o autor expressa seu inconsolável pesar pela
agonia e angústia da cidade.
O primeiro lamento descreve e explica as aflições de Jerusalém em termos
gerais. O segundo descreve o desastre em maiores minúcias. Ressalta que a
destruição da cidade é um juízo divino sobre o pecado. Alguns fatores
fundamentais deste juízo se esclarecem no terceiro lamento. O quarto sublinha
algumas lições que Jerusalém aprendeu por meio do juízo. O quinto e último
lamento (poderíamos dizer, mais acertadamente, oração) descreve como Jerusalém,
por causa de seus sofrimentos, lançou-se à misericórdia divina, esperando que
Deus novamente Se mostre misericordioso para com Israel, agora purificada no
cadinho da aflição. Considerando-se que as Lamentações de Jeremias tratam o sofrimento
como castigo sobre o pecado, o crente afligido tem no referido livro a
linguagem de sua confissão, auto-humilhação e invocação.
Desde época antiquíssima, tanto os judeus como os cristãos têm atribuído
a Jeremias o livro das Lamentações. A Versão dos Setenta (Septuaginta) atribui
a autoria do livro a esse profeta, desde o segundo século antes de Cristo, e a Vulgata
o faz desde o quarto século de nossa era. Se dermos por definida a paternidade
literária de Jeremias, o livro das Lamentações converte-se em “suplemento do
livro de Jeremias”, que com tanta frequência profetizou uma catástrofe como a
que o livro das Lamentações descreve. Jeremias não adota um tom de censura em
seu lamento, como quem diz: “Eu os avisei”. Sente a dor das aflições de
Jerusalém, e roga a Deus que não a rejeite para sempre.
J.
G. S. S. Thomson
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