Pesquisar neste blog

domingo, 24 de abril de 2022

94 – No Jardim do Éden (Gênesis 2)


Esta4(versículo de Gênesis 2) é a história das origens dos céus e da terra, no tempo em que foram criados:

Quando o SENHOR Deus fez a terra e os céus I, ainda5 não tinha brotado nenhum arbusto no campo, e nenhuma planta havia germinado, porque o SENHOR Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e também não havia homem para cultivar o solo. Todavia6 brotava água da terra e irrigava toda a superfície do solo. Então7 o SENHOR Deus formou o homem(*) do pó da terra e soprou em suas narinas o sopro de vida II, e o homem se tornou um ser vivente.

Ora8, o SENHOR Deus tinha plantado um jardim no Éden, para os lados do oriente III; e ali colocou o homem que formara. O9 SENHOR Deus fez nascer então do solo todo tipo de árvores agradáveis aos olhos e boas para alimento. E no meio do jardim estavam a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

No10 Éden nascia um rio que irrigava o jardim, e depois se dividia em quatro. O11 nome do primeiro é Pisom IV. Ele percorre toda a terra de Havilá, onde existe ouro. O12 ouro daquela terra é excelente; lá também existem o bdélio e a pedra de ônix. O13 segundo, que percorre toda a terra de Cuxe, é o Giom IV. O14 terceiro, que corre pelo lado leste da Assíria, é o Tigre IV. E o quarto rio é o Eufrates IV.

O15 SENHOR Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo. E16 o SENHOR Deus ordenou ao homem: “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas17 não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá”.

Então18 o SENHOR Deus declarou: “Não é bom que o homem esteja só V; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda”. Depois19 que formou da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu, o SENHOR Deus os trouxe ao homem para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a cada ser vivo, esse seria o seu nome. Assim20 o homem deu nomes a todos os rebanhos domésticos, às aves do céu e a todos os animais selvagens. Todavia não se encontrou para o homem alguém que o auxiliasse e lhe correspondesse.

Então21 o SENHOR Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. Com22 a costela que havia tirado do homem, o SENHOR Deus fez uma mulher VI e a trouxe a ele. Disse23 então o homem:

“Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem(**) foi tirada”.

Por24 essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne.

O25 homem e sua mulher viviam nus, e não sentiam vergonha.

 

v     Para entender a história

O Gênesis capítulo 2 traz o segundo relato da história da criação, que reforça o amor e a preocupação de Deus para com a humanidade. Aqui, Deus não cria através de ordens, mas de ações afetuosas. Ele faz uma aliança com a humanidade: homem e mulher podem viver no “paraíso”, desde que se mantenham obedientes ao seu Criador.

 

v     Curiosidades

                                      I.     Deus fez a terra e os céus – Na primeira história da criação, a ordem é inversa: “Deus criou o céu e a terra” (Gênesis 1:1). O Gênesis capítulo 1 descreve o universo como um todo; este relato encontra-se na criação da espécie humana.

                                   II.     O sopro de vida – Somente a vida humana é dada pelo sopro de Deus, o que a distingue da vida animal. A palavra hebraica para “sopro” também significa “espírito”. O Espírito de Deus possibilita as pessoas a pensar, experimentar emoções e ter ciência de seu Criador.

                                III.     “Um jardim no Éden, para os lados do oriente” – O oriente simbolizava vida e luz para as antigas culturas do Oriente Médio. Éden é a palavra em hebraico para “delícia”. Tratava-se de um local prazeroso.

                                IV.     “Pisom... Giom... Tigre... Eufrates” – Apenas o Tigre e o Eufrates são bem conhecidos, hoje em dia. Eles seguem através de uma área fértil que costumava ser chamada de Mesopotâmia (Iraque, na época moderna). Os dois outros rios são difíceis de serem identificados. Estudiosos acreditam que o Giom é um pequeno rio do Vale do Eufrates. O delta do Tigre e Eufrates é bastante pantanoso. Árabes das planícies têm vivido ali há séculos.

                                   V.     “Não é bom que o homem esteja só” – Esta frase contrasta com o Gênesis capítulo 1, no qual tudo é descrito como “bom”. Ela destaca a importância do ato seguinte da criação de Deus.

                                VI.     “Com a costela... o SENHOR Deus fez uma mulher” – O homem é incompleto e solitário sem uma companheira; por isso, Deus cria a mulher. A costela retirada ficava próxima ao coração de Adão – um símbolo de amor –, e debaixo de seu braço – um símbolo de proteção. Esta retórica transmite o ideal bíblico do casamento.

 

(*) – Os termos homem/ser humano e Adão (adam) assemelham-se à palavra terra (adamah) no hebraico.

(**) – Os termos homem/gênero (ish) e mulher/gênero (ishah) formam um jogo de palavras no hebraico.

 

- A Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal: A Árvore da Vida simboliza a dádiva da vida eterna, que Deus oferece à humanidade. Antes da desobediência, homem e mulher podiam comer livremente dessa árvore. A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal representa a opção moral. Comer de seu fruto leva à independência de Deus e, portanto, é proibido.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 17 de abril de 2022

A Síntese da Páscoa


Lucas 23:42-43

Então ele disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. Jesus lhe respondeu: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso”.

 

Para esta data significativa para os cristãos, desejo iniciar pelo que aconteceu três dias antes da ressurreição, isto é, a crucificação.

O Evangelho de Lucas nos narra uma cena única daquele momento:

Um dos criminosos que ali estavam dependurados lançava-lhe insultos: “Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!” Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo: “Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença? Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este homem não cometeu nenhum mal” (Lucas 23:39-41).

Imediatamente após isso entre a fala que uso aqui como texto-base para esta crônica pascal:

Então ele disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. Jesus lhe respondeu: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso”.

Esse diálogo não se deu de uma forma blazé, como quem está ali tecendo um comentário, ou de uma forma clássica, ao estilo hollywoodiano, com um tom de voz empostado, endeusado até. Não. Esse diálogo se deu com dor, com as mãos perfuradas por pregos, dependurado e com a cabeça pendendo para a frente, provocando sufocamento. Não foi um diálogo bonitinho; foi um diálogo angustiante.

Mas esse diálogo, com as características inerentes ao momento, mostra uma síntese do que significa a conjunção morte/ressurreição de Cristo.

Primeiro, mostra alguém que transgrediu na vida e a própria vida, alguém que errou e errou feio, a ponto de ser condenado à morte de cruz – falo do criminoso que o Evangelho cita. Mostra alguém que precisa de ajuda, e que sozinho não consegue mais se ajudar. Este criminoso, vizinho de cruz de Jesus, se enquadra como um daqueles de quem Jesus diz: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lucas 5:31-32). Talvez você se enquadre nesta categoria também. Eu, com certeza.

Depois, mostra que este criminoso reconheceu a Jesus como Deus, quando diz: “Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença?” O reconhecimento lhe dado foi de que Deus, naquele momento, era o seu vizinho de cruz.

Depois, ainda, ele confessa seus pecados: “Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem”. É, ao mesmo tempo, uma confissão/arrependimento e um pedido de perdão/ajuda: “Jesus, lembra-te de mim”.

E, por fim, ele recebe de Jesus não a promessa para, quem sabe algum dia – “quando entrares no teu Reino” –, mas a promessa para uma vida eterna imediata: Hoje você estará comigo.

Há, assim, nesta pequena passagem, reconhecimento, confissão dos pecados/arrependimento, pedido de perdão/ajuda, e a promessa da vida eterna já “hoje”.

Depois sabemos o que aconteceu: passou o sábado e, no primeiro dia da semana – um domingo –, Jesus ressuscitou dos mortos, para chancelar tudo isso na vida daquele criminoso e na vida de todos nós.

Assim, nesta Páscoa, em que celebramos a ressurreição, desejo que possamos nos colocar no lugar daquele pobre doente de alma, que encontrou o Médico para a sua doença. Que possamos também, reconhecendo que não somos justos, perceber que somos chamados à vida conforme Jesus. Que possamos, ainda, reconhecer a Jesus como Deus e como habitante em nós, por Seu Santo Espírito. Que possamos pedir perdão e nos sentirmos perdoados/pacificados/vivos. E que tenhamos consciência de que já somos, por e em Cristo, possuidores da vida eterna, já desde “hoje” e em todos os “hojes”.

Que Deus abençoe a todos e a cada um, aos seus familiares e entes queridos, e a todos os que se identificam com a mensagem da cruz!

Feliz Páscoa!

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

domingo, 10 de abril de 2022

93 – A História da Criação (Gênesis 1 e 2)


 

No1(versículo de Gênesis 1) princípio Deus criou os céus e a terra.

Era2 a terra sem forma e vazia I; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.

Disse3 Deus II: “Haja luz”, e houve luz. Deus4 viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus5 chamou à luz dia, e às trevas chamou noite. Passaram-se a tarde e a manhã III; esse foi o primeiro dia.

Depois6 disse Deus: “Haja entre as águas um firmamento que separe águas de águas”. Então7 Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam embaixo do firmamento das que estavam por cima. E assim foi. Ao8 firmamento Deus chamou céu. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o segundo dia.

E9 disse Deus: “Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça a parte seca”. E assim foi. À10 parte seca Deus chamou terra, e chamou mares ao conjunto das águas. E Deus viu que ficou bom II.

Então11 disse Deus: “Cubra-se a terra de vegetação: plantas que deem sementes e árvores cujos frutos produzam sementes de acordo com as suas espécies”. E assim foi. A12 terra fez brotar a vegetação: plantas que dão sementes de acordo com as suas espécies, e árvores cujos frutos produzem sementes de acordo com as suas espécies. E Deus viu que ficou bom. Passaram-se13 a tarde e a manhã; esse foi o terceiro dia.

Disse14 Deus: “Haja luminares no firmamento do céu para separar o dia da noite. Sirvam eles de sinais para marcar estações, dias e anos IV, e15 sirvam de luminares no firmamento do céu para iluminar a terra”. E assim foi. Deus16 fez os dois grandes luminares: o maior para governar o dia e o menor para governar a noite; fez também as estrelas. Deus17 os colocou no firmamento do céu para iluminar a terra, governar18 o dia e a noite, e separar a luz das trevas. E Deus viu que ficou bom. Passaram-se19 a tarde e a manhã; esse foi o quarto dia.

Disse20 também Deus: “Encham-se as águas de seres vivos, e sobre a terra voem aves sob o firmamento do céu”. Assim21 Deus criou os grandes animais aquáticos e os demais seres vivos que povoam as águas, de acordo com as suas espécies; e todas as aves, de acordo com as suas espécies. E Deus viu que ficou bom. Então22 Deus os abençoou, dizendo: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham as águas dos mares! E multipliquem-se as aves na terra”. Passaram-se23 a tarde e a manhã; esse foi o quinto dia.

E24 disse Deus: “Produza a terra seres vivos de acordo com as suas espécies: rebanhos domésticos, animais selvagens e os demais seres vivos da terra, cada um de acordo com a sua espécie”. E assim foi. Deus25 fez os animais selvagens de acordo com as suas espécies, os rebanhos domésticos de acordo com as suas espécies, e os demais seres vivos da terra de acordo com as suas espécies. E Deus viu que ficou bom.

Então26 disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão”.

Criou27 Deus o homem à sua imagem V, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

Deus28 os abençoou, e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra”.

Disse29 Deus: “Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês. E30 dou todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em si fôlego de vida: a todos os grandes animais da terra, a todas as aves do céu e a todas as criaturas que se movem rente ao chão”. E assim foi.

E31 Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia.

Assim1(versículo de Gênesis 2) foram concluídos os céus e a terra, e tudo o que neles há.

No2 sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara, e nesse dia descansou. Abençoou3 Deus o sétimo dia e o santificou VI, porque nele descansou de toda a obra que realizara na criação.

 

v     Para entender a história

O capítulo 1 de Gênesis traz o primeiro relato da criação. Celebra a unidade e a perfeição do universo e enfatiza a grandiosidade e o poder de Deus. A repetição de frases-chave forma um padrão e reflete o modo ordenado pelo qual Deus criou o mundo. A história da criação ocorre durante seis dias, e o “sete” passou a representar perfeição e inteireza.

 

v     Curiosidades

                                      I.     Sem forma e vazia – Deus dá existência ao mundo de uma maneira simétrica, ordenada. Essas duas palavras fornecem uma estrutura para os seis dias da criação. Os primeiros três dias (formação) combinam com os últimos três (preenchimento).

                                   II.     Disse Deus... E Deus viu que ficou bom – Deus é apresentado como se fosse uma pessoa. Ele ordena a formação do universo. Essas expressões-chave dão uma forma a toda a história da criação. A primeira introduz cada ato da criação, e a segunda enfatiza a perfeição da obra de Deus.

                                III.     “Passaram-se a tarde e a manhã” – Os israelitas calculavam o dia de pôr-do-sol a pôr-do-sol, e é por isso que a tarde é mencionada antes da manhã. O sétimo dia é o início da história humana e, portanto, não teve manhã nem tarde.

                                IV.     “Sirvam eles de sinais para marcar estações, dias e anos” – As luzes surgem no quarto dia, que é o ponto intermediário dos sete dias. As luzes são o sol, a lua e as estrelas. Antigos calendários religiosos se baseavam nos ciclos solar e lunar, o que estabelecia os feriados e festas.

                                   V.     “Criou Deus o homem à sua imagem” – Os seres humanos (homem e mulher) refletem Deus num sentido espiritual, e não físico. Deus concede às pessoas a habilidade de governar, criar e fazer opções morais.

                                VI.     “Abençoou Deus o sétimo dia e o santificou” – A criação de Deus estabeleceu o padrão da vida das pessoas: seis dias de trabalho e um de descanso.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 3 de abril de 2022

O Perigo de Estar Dividido

 

Marcos 3:24-25

“Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá subsistir. Se uma casa estiver dividida contra si mesma, também não poderá subsistir”.

 

Usando uma metáfora – sobre reinos e casas – simples e facilmente entendível por aqueles que O ouviam, Jesus falava do perigo das divisões.

As fissuras, cismas e pequenas rachaduras podem causar a ruína de um sistema todo.

Poderíamos falar de um reino, como Jesus falou, mas poderíamos falar também de uma empresa, de um clube, de uma entidade eclesiástica, ou de uma associação qualquer.

Jesus falava também sobre uma casa dividida. Podemos entender esse exemplo literalmente, sendo a nossa casa, a nossa família. Quando existe divisão entre membros de uma família, quando existe desarmonia, pais brigando entre si, filhos sem dar ouvidos aos pais ou pais não ouvindo aos filhos, quando há discussões e brigas não perdoadas, a família pode começar a se fragmentar. É claro que pode haver diferenças e contendas entre familiares, mas resolver logo a causa é importantíssimo, e trabalhar o perdão é fundamental, como ensina o apóstolo Paulo: “Quando vocês ficarem irados, não pequem”. Apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha, e não deem lugar ao Diabo (Efésios 4:26-27). Não dar “lugar ao Diabo” significa não deixar que a divisão se instale – “diabolus” é justamente um espírito de divisão. O importante, no seio familiar e do relacionamento das pessoas, é justamente isto: tratar de solucionar as divisões e liberar o perdão, pois perdoar nos liberta a todos!

Poderíamos aplicar o risco de divisões a muitas coisas, mas quero aplicá-lo agora, especialmente, a um ponto específico: nossa psique.

É em nossa mente que nasce o primeiro foco de divisão, abrangendo nossas crenças, nossos valores, nossos sentidos e sentimentos, nossa base psicológica/espiritual, sobre a qual construímos, por assim dizer, nossa vida.

No que tange a “construir” nossa vida, Jesus usava outra metáfora de especial significado: “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha. Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda” (Mateus 7:24-27). Permanecer na Sua Palavra e praticá-la é a “liga” que “desliga” nossas dúvidas e rachaduras psicológicas e nos mantém na integralidade que o Evangelho ensina.

Portanto, o primeiro lugar em que o risco de divisões causa estragos é em nós mesmos. E é disso que quero falar.

Todos “construímos” nossa vida em cima de valores – a Rocha –, ou da falta deles – a areia.

Temos “valores”, como a própria família, a carreira profissional, a ascensão social, o altruísmo, e outros. E temos “valores” como a fé e a busca de crescimento/evolução espiritual.

Qualquer que for nosso sistema de crenças, é vital que o mantenhamos sem divisões, sem dubiedades, sem dúvidas não tratadas e sanadas. Podemos ter, por exemplo, dúvidas sobre um ou vários pontos do Evangelho, o que é normal, afinal, não sabemos tudo. Quando dúvidas surgirem, é importante, portanto, perguntarmos e buscarmos as respostas – e é igualmente importante buscarmos respostas em boas fontes, para que a confusão não seja aumentada. Então, uma vez que a dúvida se fizer presente, devemos perguntar e buscar respostas. Se e quando as respostas forem obtidas, a dúvida se dirime e seguimos adiante. Se e quando as respostas não forem obtidas, a dúvida pode até permanecer, mas devemos deixá-la de lado – mas não esquecida – e seguirmos adiante com fé, sabendo em Quem cremos. Temos que saber esperar. Quando Deus julgar oportuno, a resposta virá. Confie! E há respostas que virão apenas na eternidade/absoluto, quando estivermos em definitivo juntos a Ele. Sobre isso, lembro de um ensinamento que vem desde o Antigo Testamento: “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei” (Deuteronômio 29:29). O que essa Palavra fala a nós cristãos? Fala que vivamos segundo o que já de Deus sabemos. Lembro também do que diz Paulo à comunidade de Filipos: Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá. Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos (Filipenses 3:15-16).

Há um conhecido meu que tem uma frase da qual gosto bastante: “Eu tenho ignorâncias, mas não tenho dúvidas”. Sim, há coisas que não sabemos, mas, sobre Deus, não temos que ter dúvidas, pois a única certeza absoluta é que Ele está certo.

É fundamental que possamos construir nossa vida sobre o alicerce/Rocha chamado Jesus Cristo, e que não permitamos que coisas estranhas aos Seus ensinamentos se aninhem em nosso ser.

É importante que saibamos discernir entre todas as coisas, mesmo e principalmente sobre o que nos pregam do Evangelho. Que o exemplo dos irmãos de Bereia, neste quesito, nos sirva: Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo (Atos 17:11). Eles não “engoliam” qualquer coisa que se lhes dissesse, mas punham tudo à prova pelas Escrituras. Assim é aconselhado também à igreja em Corinto: Falem dois ou três, e os outros julguem cuidadosamente o que foi dito (1º Coríntios 14:29). E lembremos ainda: Ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom (1º Tessalonicenses 5:21).

Fora do “círculo do Evangelho e da Igreja”, também há uma série de filosofias/doutrinas/religiões pregadas e ensinadas, que podem infiltrar-se em nossa mente/alma, causando divisões. Nestes casos, o melhor é nem gastar energia nelas. Uso para mim mesmo o seguinte conselho: “Na certeza/verdade em Jesus não há dúvidas; e na dúvida, se surgir, fico com Jesus”.

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert