Lucas 23:42-43
Então ele
disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. Jesus lhe
respondeu: “Eu lhe garanto: Hoje
você estará comigo no paraíso”.
Para
esta data significativa para os cristãos, desejo iniciar pelo que aconteceu
três dias antes da ressurreição, isto é, a crucificação.
O
Evangelho de Lucas nos narra uma cena única daquele momento:
Um dos criminosos
que ali estavam dependurados lançava-lhe insultos: “Você não é o Cristo?
Salve-se a si mesmo e a nós!” Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo:
“Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença? Nós estamos sendo
punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas
este homem não cometeu nenhum mal” (Lucas 23:39-41).
Imediatamente após isso entre a fala que uso aqui como
texto-base para esta crônica pascal:
Então ele
disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. Jesus lhe
respondeu: “Eu lhe garanto: Hoje
você estará comigo no paraíso”.
Esse diálogo não se deu de uma forma blazé, como quem está ali tecendo um comentário, ou de uma forma
clássica, ao estilo hollywoodiano,
com um tom de voz empostado, endeusado até. Não. Esse diálogo se deu com dor,
com as mãos perfuradas por pregos, dependurado e com a cabeça pendendo para a
frente, provocando sufocamento. Não foi um diálogo bonitinho; foi um diálogo
angustiante.
Mas esse diálogo, com as características inerentes ao momento,
mostra uma síntese do que significa a conjunção morte/ressurreição de Cristo.
Primeiro, mostra alguém que transgrediu na vida e a própria
vida, alguém que errou e errou feio, a ponto de ser condenado à morte de cruz –
falo do criminoso que o Evangelho cita. Mostra alguém que precisa de ajuda, e
que sozinho não consegue mais se ajudar. Este criminoso, vizinho de cruz de
Jesus, se enquadra como um daqueles de quem Jesus diz: “Não são os que têm saúde que precisam de
médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao
arrependimento” (Lucas 5:31-32). Talvez você se enquadre nesta categoria também. Eu, com certeza.
Depois, mostra que este criminoso reconheceu a Jesus como Deus, quando diz: “Você não teme a Deus, nem
estando sob a mesma sentença?” O
reconhecimento lhe dado foi de que Deus, naquele momento, era o seu vizinho de cruz.
Depois, ainda, ele confessa seus pecados: “Nós estamos sendo punidos com justiça,
porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem”. É, ao
mesmo tempo, uma confissão/arrependimento e um pedido de perdão/ajuda: “Jesus, lembra-te de mim”.
E, por fim, ele recebe de Jesus não a promessa
para, quem sabe algum dia – “quando
entrares no teu Reino” –, mas a promessa para uma vida eterna imediata: “Hoje
você estará comigo”.
Há, assim, nesta pequena passagem,
reconhecimento, confissão dos pecados/arrependimento, pedido de perdão/ajuda, e a promessa da
vida eterna já “hoje”.
Depois sabemos o que aconteceu: passou o sábado
e, no primeiro dia da semana – um domingo –, Jesus ressuscitou dos mortos, para
chancelar tudo isso na vida daquele criminoso e na vida de todos nós.
Assim, nesta Páscoa, em que celebramos a
ressurreição, desejo que possamos nos colocar no lugar daquele pobre doente de
alma, que encontrou o Médico para a sua doença. Que possamos também,
reconhecendo que não somos justos, perceber que somos chamados à vida conforme
Jesus. Que possamos, ainda, reconhecer a Jesus como Deus e como habitante em
nós, por Seu Santo Espírito. Que possamos pedir perdão e nos sentirmos
perdoados/pacificados/vivos. E que tenhamos consciência de que já somos, por e
em Cristo, possuidores da vida eterna, já desde “hoje” e em todos os “hojes”.
Que Deus abençoe a todos e a cada um, aos seus
familiares e entes queridos, e a todos os que se identificam com a mensagem da
cruz!
Feliz Páscoa!
Por hora é isso,
pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
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