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domingo, 17 de abril de 2022

A Síntese da Páscoa


Lucas 23:42-43

Então ele disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. Jesus lhe respondeu: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso”.

 

Para esta data significativa para os cristãos, desejo iniciar pelo que aconteceu três dias antes da ressurreição, isto é, a crucificação.

O Evangelho de Lucas nos narra uma cena única daquele momento:

Um dos criminosos que ali estavam dependurados lançava-lhe insultos: “Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!” Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo: “Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença? Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este homem não cometeu nenhum mal” (Lucas 23:39-41).

Imediatamente após isso entre a fala que uso aqui como texto-base para esta crônica pascal:

Então ele disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. Jesus lhe respondeu: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso”.

Esse diálogo não se deu de uma forma blazé, como quem está ali tecendo um comentário, ou de uma forma clássica, ao estilo hollywoodiano, com um tom de voz empostado, endeusado até. Não. Esse diálogo se deu com dor, com as mãos perfuradas por pregos, dependurado e com a cabeça pendendo para a frente, provocando sufocamento. Não foi um diálogo bonitinho; foi um diálogo angustiante.

Mas esse diálogo, com as características inerentes ao momento, mostra uma síntese do que significa a conjunção morte/ressurreição de Cristo.

Primeiro, mostra alguém que transgrediu na vida e a própria vida, alguém que errou e errou feio, a ponto de ser condenado à morte de cruz – falo do criminoso que o Evangelho cita. Mostra alguém que precisa de ajuda, e que sozinho não consegue mais se ajudar. Este criminoso, vizinho de cruz de Jesus, se enquadra como um daqueles de quem Jesus diz: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lucas 5:31-32). Talvez você se enquadre nesta categoria também. Eu, com certeza.

Depois, mostra que este criminoso reconheceu a Jesus como Deus, quando diz: “Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença?” O reconhecimento lhe dado foi de que Deus, naquele momento, era o seu vizinho de cruz.

Depois, ainda, ele confessa seus pecados: “Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem”. É, ao mesmo tempo, uma confissão/arrependimento e um pedido de perdão/ajuda: “Jesus, lembra-te de mim”.

E, por fim, ele recebe de Jesus não a promessa para, quem sabe algum dia – “quando entrares no teu Reino” –, mas a promessa para uma vida eterna imediata: Hoje você estará comigo.

Há, assim, nesta pequena passagem, reconhecimento, confissão dos pecados/arrependimento, pedido de perdão/ajuda, e a promessa da vida eterna já “hoje”.

Depois sabemos o que aconteceu: passou o sábado e, no primeiro dia da semana – um domingo –, Jesus ressuscitou dos mortos, para chancelar tudo isso na vida daquele criminoso e na vida de todos nós.

Assim, nesta Páscoa, em que celebramos a ressurreição, desejo que possamos nos colocar no lugar daquele pobre doente de alma, que encontrou o Médico para a sua doença. Que possamos também, reconhecendo que não somos justos, perceber que somos chamados à vida conforme Jesus. Que possamos, ainda, reconhecer a Jesus como Deus e como habitante em nós, por Seu Santo Espírito. Que possamos pedir perdão e nos sentirmos perdoados/pacificados/vivos. E que tenhamos consciência de que já somos, por e em Cristo, possuidores da vida eterna, já desde “hoje” e em todos os “hojes”.

Que Deus abençoe a todos e a cada um, aos seus familiares e entes queridos, e a todos os que se identificam com a mensagem da cruz!

Feliz Páscoa!

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

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