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domingo, 31 de outubro de 2021

Cuidado Para Não Pisar



Acordei o dia antes de o dia me acordar e saí na ânsia de movimentar o mundo.

Os sonhos, da noite curta, foram valentes e me trouxeram cenas que não consigo reproduzir. Enquanto caminho, penso em por que sonhamos. Tento alguma lembrança de alguma explicação de algum significado.

É bom ver o nascer do dia caminhando. E, caminhando, vi uma criança dizendo, da calçada onde vive, a frase que me estacionou: “Senhor, cuidado para não pisar, é minha mãe, ela não está bem”.

O senhor que andava distraído, um pouco à minha frente, cambaleou e prosseguiu, sem nada dizer, sem nada fazer. Bêbado de alguma desilusão, prosseguiu desequilibrado.

Olhei para o menino e quis saber. Com a coragem de um pequeno protetor, explicou a mãe, a pobreza, a doença, o abandono.

Morar na rua não é uma opção. É uma ausência. De olhos. De mãos. De pensamento.

Sentei com eles e convenci uma atitude. A mãe, entre acordada e distante, primeiro disse que dali não se levantaria. Eu concordei e apenas pedi autorização para prosseguir com eles, conversando. Ela fechou os olhos sem dizer. O menino respondeu pela família: “Pode sim”, e prosseguiu: “Espera, deixa eu colocar esse papelão para o senhor ficar mais confortável”. Me movi para cima e ele cuidou do meu espaço.

O menino se chama Rafael, como o anjo da cura, e a mãe se chama Teresinha, como a santa que pediu a Deus que, quando morresse, pudesse derramar sobre a terra uma chuva de pétalas de rosas.

Em frente à calçada em que estávamos, uma grade alta protegia um roseiral. E, por trás, uma casa de gigantesco luxo. Rafael disse da doença da mãe, “a cabeça não ajuda a melhorar o corpo”. Perguntei se estavam com fome. Ele olhou para o longe. Imaginei todas as fomes que eles deviam estar. Disse eu da minha fome e os convidei para comer comigo. A padaria estava a alguns passos. Ela disse “não”. Ele disse nada.

Olhei para o menino e me vi menino, também. Infância feliz a minha. E a dele?

A frase “cuidado para não pisar” foi ganhando outros significados em mim. Em quem pisamos? Por que pisamos? Por que pesamos sobre o outro? Por que desrespeitamos a humana necessidade de tratarmos o outro com cuidado?

Levantei e encontrei na padaria o que queria para aquele instante. Comemos os três, na calçada, o que, apenas naquele instante, nos alimentou. E depois?

Fui com cuidado conversando. E, com cuidado, falando da minha mãe e de algumas doenças que foram curadas quando ela deixou. Teresinha parecia um pouco mais confiante no que eu dizia. E, algum tempo depois, ela autorizou alguma ajuda. A Santa Casa compreendeu o seu estado e a recebeu sem muitas interrogações. Rafael, com as mãozinhas miúdas, passava a mão pelos cabelos da mãe.

Por uma manhã, esqueci os problemas todos do mundo que carregava em mim. Por uma manhã, despistei os pensamentos pequenos que nos reduzem ao egoísmo e à luta insana por desnecessárias vitórias. Éramos nós três em uma comunhão de intenções corretas.

Alguns pensamentos tentavam adiantar o que viria depois. O menino não estava na escola. Eles não tinham onde morar. Ela temia os abrigos e as pessoas, já foi machucada demais pela vida. Tentei desligar o que me roubava a preciosidade daquele momento.

Já vi muito gente na rua e tive receios. A coragem daquele dia veio da força de um menino defendendo sua mãe. A coragem daquele dia veio de uma cura da minha alma proporcionada por um anjo que me permitiu voltar a prestar atenção ao que há de mais bonito no existir humano, o exercício do cuidar.


Um texto de Gabriel Chalita

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

79 – Paulo e os Efésios (Atos 19)


 

Enquanto1(versículo de Atos 19) Apolo estava em Corinto, Paulo, atravessando as regiões altas, chegou a Éfeso.

Paulo8 entrou na sinagoga e ali falou com liberdade durante três meses, argumentando convincentemente acerca do Reino de Deus. Mas9 alguns deles se endureceram e se recusaram a crer, e começaram a falar mal do Caminho diante da multidão. Paulo, então, afastou-se deles. Tomando consigo os discípulos, passou a ensinar diariamente na escola de Tirano I. Isso10 continuou por dois anos, de forma que todos os judeus e os gregos que viviam na província da Ásia ouviram a palavra do Senhor.

Deus11 fazia milagres extraordinários por meio de Paulo, de12 modo que até lenços e aventais II que Paulo usava eram levados e colocados sobre os enfermos. Estes eram curados de suas doenças, e os espíritos malignos saíam deles.

Alguns13 judeus que andavam expulsando espíritos malignos tentaram invocar o nome do Senhor Jesus sobre os endemoninhados, dizendo: “Em nome de Jesus, a quem Paulo prega, eu lhes ordeno que saiam!” Os14 que estavam fazendo isso eram os sete filhos de Ceva, um dos chefes dos sacerdotes dos judeus. Um15 dia, o espírito maligno lhes respondeu: “Jesus, eu conheço, Paulo, eu sei quem é; mas vocês, quem são?” Então16 o endemoninhado saltou sobre eles e os dominou, espancando-os com tamanha violência que eles fugiram da casa nus e feridos.

Quando17 isso se tornou conhecido de todos os judeus e os gregos que viviam em Éfeso, todos eles foram tomados de temor; e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. Muitos18 dos que creram vinham, e confessavam e declaravam abertamente suas más obras. Grande19 número dos que tinham praticado ocultismo reuniram seus livros e os queimaram publicamente. Calculado o valor total, este chegou a cinqüenta mil dracmas III. Dessa20 maneira a palavra do Senhor muito se difundia e se fortalecia.

Naquele23 tempo houve um grande tumulto por causa do Caminho. Um24 ourives chamado Demétrio, que fazia miniaturas de prata do templo de Ártemis e que dava muito lucro aos artífices, reuniu-os25 juntamente com os trabalhadores dessa profissão e disse: “Senhores, vocês sabem que temos uma boa fonte de lucro nesta atividade e26 estão vendo e ouvindo como este indivíduo, Paulo, está convencendo e desviando grande número de pessoas aqui em Éfeso e em quase toda a província da Ásia. Diz ele que deuses feitos por mãos humanas não são deuses. Não27 somente há o perigo de nossa profissão perder sua reputação, mas também de o templo da grande deusa Ártemis IV cair em descrédito e de a própria deusa, adorada em toda a província da Ásia e em todo o mundo, ser destituída de sua majestade divina”.

Ao28 ouvirem isso, eles ficaram furiosos e começaram a gritar: “Grande é a Ártemis dos efésios! V” Em29 pouco tempo a cidade toda estava em tumulto.

O35 escrivão da cidade acalmou a multidão e disse: “Se38 Demétrio e seus companheiros de profissão têm alguma queixa contra alguém, os tribunais estão abertos, e há procônsules. Eles que apresentem suas queixas ali. Se39 há mais alguma coisa que vocês desejam apresentar, isso será decidido em assembléia, conforme a lei. Da40 maneira como está, corremos o perigo de sermos acusados de perturbar a ordem pública por causa dos acontecimentos de hoje”.

Após este distúrbio, Paulo e seus companheiros decidiram deixar Éfeso. Retornaram a Jerusalém, onde todos os missionários foram calorosamente recebidos.

 

v     Para entender a história

Paulo acha Éfeso uma cidade cheia de superstições e usa a confiança dos efésios na magia como um meio de demonstrar o poder de sua mensagem. O profundo efeito de seu ministério é evidente nas violentas reações dos artífices, que confiam no culto pagão de Ártemis.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Escola de Tirano – Tirano era, provavelmente, um professor de filosofia ou um rabi judeu, que tinha uma escola particular. A tradição primitiva registra que Paulo pregou ali, no começo da tarde, durante a sesta, quando e escola não estava sendo usada.

                                   II.     “Lenços e aventais – Esses objetos são suportes e não necessariamente parte da cura. Provavelmente, Paulo os usou para anunciar o poder de Deus a uma população profundamente fascinada pelo elemento mágico. Os doentes e os que sofriam encontravam o mesmo poder de cura milagrosa nos aventais e lenços de Paulo e na sombra de Pedro (Atos 5:15). Ambas eram, na realidade, crenças pagãs que se sincretizaram, já naquele tempo, às ações dos cristãos. Houve, no entanto, poucos registros dessa natureza.

                                III.     “Cinqüenta mil dracmas” – Uma dracma era o salário de um dia de trabalho braçal. Os mágicos confiavam nas superstições dos efésios para seu ganho, ainda que publicamente queimassem seus pergaminhos mágicos.

                                IV.     “O templo da grande deusa Ártemis” – Este templo foi construído em 250 a.C. e era considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. No centro do templo ficava a estátua de Ártemis, esculpida num meteorito. Segundo a lenda, ele fora lançado à terra por Zeus, rei dos deuses gregos.

                                   V.     “Ártemis dos efésios!” – Esta Ártemis tinha pouco em comum com a clássica divindade grega, que era a deusa da lua e da caça. Quando os gregos a colonizaram, Éfeso já era um lugar de adoração de uma antiga deusa da fertilidade. Os gregos a chamavam Ártemis, mas guardava todos os atributos de uma divindade mãe-terra.

 

- Éfeso: Nos dias de Paulo, Éfeso era uma grande cidade da província romana da Ásia (atual Turquia) e um próspero centro comercial. Estava situada no porto fluvial do rio Caíster, que desaguava no Mar Egeu e era o cruzamento das mais importantes rotas comerciais.


Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 24 de outubro de 2021

Distinguir o Essencial


 

Marcos 10:51

“O que você quer que eu lhe faça?”

 

O Evangelho é um caminho de autoconhecimento.

Hoje, ao perguntar a Bartimeu o que ele gostaria de receber, Jesus nos ensina a sabermos distinguir o essencial do secundário.

Bartimeu era cego. Parece-nos óbvio que ele quisesse enxergar. Mesmo assim, Jesus fez questão de fazer a pergunta.

Durante anos aquele homem permaneceu à beira do caminho, dependendo do auxílio dos outros. Pode ser que ele estivesse perfeitamente adaptado àquela dependência. Acontece. Há pessoas que não querem o remédio, pois preferem a enfermidade.

E se Bartimeu estivesse querendo um pedaço de pão, ou um manto novo?

Não, Bartimeu já estava pronto para o essencial. Ele queria vida nova, ele queria autonomia, ele queria viver por si mesmo.

Nem sempre estamos prontos para as mudanças que precisamos viver. Porque não queremos o desconforto dos enfrentamentos, passamos a nos adaptar ao sofrimento que nos mata aos poucos. A cegueira emocional nos faz pedir o que queremos, ainda que o que queremos não seja o que precisamos.

Por sermos tão estranhos a nós mesmos, ficamos incapazes de identificar as nossas reais necessidades.

O aforismo atribuído a Sócrates, filósofo grego, “conhece a ti mesmo”, ajuda-nos a entender a proposta de Jesus.

O primeiro passo de toda conversão é o esclarecimento.

Só podemos desfrutar de uma espiritualidade fecunda, livre de alienações, quando nos dispomos a saber quem realmente somos e o que realmente precisamos viver.

Não percamos tempo. Precisamos sarar a cegueira de nossa alma.

Que o medo não assuma as rédeas de nossos comandos. Deus já deixou em cada um de nós a coragem necessária de cada dia.

 

Um texto do Padre Fábio de Melo

 

 

Li este texto no Facebook e achei oportuno, conciso, inspirado e inspirador, perfeito para estar aqui neste espaço, no Blog.

Aqui também buscamos “distinguir o essencial”, isto é, aqui nestas páginas virtuais prioriza-se aquilo que, no espírito do Evangelho de Jesus, faça bem à alma.

De quem é a autoria? De onde vem? Ora, se é segundo o amor de Deus, é de Deus, seja escrito por um “pastor”, por um “padre”, por um “escritor comum” – como eu – ou por quem seja. Distinguir o essencial é o que basta.

Este espaço do Blog, como sempre se frisa, é aberto e receptivo. Por aqui transitam todos os que venham no sentir de Cristo!

Lembro de dois ensinamentos: Ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom (1º Tessalonicenses 5:21). Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus (1º João 4:7).

 

Kurt Hilbert

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

78 – Paulo em Corinto (Atos 18)

 

Depois1(versículo de Atos 18) disso Paulo saiu de Atenas e foi para Corinto. Ali2, encontrou um judeu chamado Áqüila, natural do Ponto, que havia chegado recentemente da Itália com Priscila, sua mulher, pois Cláudio I havia ordenado que todos os judeus saíssem de Roma. Paulo foi vê-los3 e, uma vez que tinham a mesma profissão, ficou morando e trabalhando com eles, pois eram fabricantes de tendas II. Todos4 os sábados ele debatia na sinagoga, e convencia judeus e gregos.

Depois5 que Silas e Timóteo III chegaram da Macedônia, Paulo se dedicou exclusivamente à pregação, testemunhando aos judeus que Jesus era o Cristo. Opondo-se6 eles e lançando maldições, Paulo sacudiu a roupa e lhes disse: “Caia sobre a cabeça de vocês o seu próprio sangue! Estou livre da minha responsabilidade. De agora em diante irei para os gentios”.

Então7 Paulo saiu da sinagoga e foi para a casa de Tício Justo, que era temente a Deus e que morava ao lado da sinagoga. Crispo8, chefe da sinagoga, creu no Senhor, ele e toda a sua casa; e dos coríntios que o ouviam, muitos criam e eram batizados.

Certa9 noite o Senhor falou a Paulo em visão: “Não tenha medo, continue falando e não fique calado, pois10 estou com você, e ninguém vai lhe fazer mal ou feri-lo, porque tenho muita gente nesta cidade”. Assim11, Paulo ficou ali durante um ano e meio, ensinando-lhes a palavra de Deus.

Sendo12 Gálio IV procônsul da Acaia, os judeus fizeram em conjunto um levante contra Paulo e o levaram ao tribunal, fazendo a seguinte acusação: “Este13 homem está persuadindo o povo a adorar a Deus de maneira contrária à lei”.

Quando14 Paulo ia começar a falar, Gálio disse aos judeus: “Se vocês, judeus, estivessem apresentando queixa de algum delito ou crime grave, seria razoável que eu os ouvisse. Mas15, visto que se trata de uma questão de palavras e nomes de sua própria lei, resolvam o problema vocês mesmos. Não serei juiz dessas coisas”. E16 mandou expulsá-los do tribunal. Então17 todos se voltaram contra Sóstenes, o chefe da sinagoga, e o espancaram diante do tribunal. Mas Gálio não demonstrava nenhuma preocupação com isso.

Paulo permaneceu em Corinto algum tempo e a Igreja primitiva floresceu sob sua orientação. De Corinto, visitou as comunidades cristãs que estabelecera anteriormente. Também escreveu uma série de cartas para as primeiras Igrejas, dando-lhes orientações práticas e encorajamento.

 

v     Para entender a história

Paulo recebe uma dupla recepção em Corinto: faz amigos leais e inimigos violentos. Quando Deus lhe garante segurança, todas as suas dúvidas se dissipam. Percebe que sua cidadania romana lhe dá a proteção da lei romana e que pode estabelecer qualquer Igreja cristã sem temer perseguição política – mas as perseguições religiosas judaicas permaneceriam.

 

v     Curiosidades

                                      I.     Cláudio – Cláudio César foi imperador romano de 41 a 54 d.C. A princípio, foi tolerante com a comunidade judaica, mas expulsou, mais tarde, muitos judeus de Roma, por tumultos. Priscila e Áqüila, que se tornaram bons amigos de Paulo, estavam entre os que abandonaram a Itália.

                                   II.     “Eram fabricantes de tendas – Era costume judeu que todos os seus filhos aprendessem um trabalho manual. A expressão “fabricante de tendas” pode também referir-se a trabalhos de couro em geral, porque as tendas, muitas vezes, eram feitas de couro. Há também a possibilidade de a família de Paulo, em Tarso, ter algum negócio estabelecido no ramo da fabricação de tendas. De qualquer forma, como “rabi”, Paulo tinha que fazer seu trabalho religioso livre de salários religiosos, de modo que, provavelmente, precisava trabalhar para sustentar-se.

                                III.     Timóteo” – Timóteo juntou-se a Paulo em Listra (Atos 16:1). Sua mãe era uma judia-cristã e seu pai, um gentio. Apesar de sua juventude e inexperiência, tornou-se amigo íntimo e companheiro de Paulo, a quem Paulo chamava de “meu filho na fé” (1º Timóteo 2:1), permanecendo com ele durante a prisão, em Roma. Paulo escreveu duas cartas para aconselhá-lo (1º e 2º Timóteo). Após servir às Igrejas em Tessalônica, Corinto e Filipos, Timóteo tornou-se o primeiro bispo de Éfeso.

                                IV.     Gálio” – Uma inscrição encontrada em Delfos, Grécia, diz que Gálio foi procônsul da África em 52 d.C. Nesse tempo, a Acaia era uma província romana, na península grega ao sul de Tessalônica. Durante seu período como procônsul, Gálio se notabilizou por ser um administrador justo. Deixou a Acaia por motivo de doença e voltou para Roma. Ali, foi forçado a suicidar-se, por causa do envolvimento de seu irmão Sêneca numa conspiração contra o imperador Nero.

 

- Sêneca: Sêneca foi um dos filósofos estoicos que defendiam o valor da virtude interior e da repressão emocional. Foi orientador do jovem Nero.

- Corinto: Corinto era a capital da província romana da Acaia, 80 quilômetros a sudeste de Atenas. Os romanos destruíram a cidade em 146 a.C., mas em 44 a.C. Júlio César ordenou sua reconstrução. Situada entre os mares Jônio e Egeu, Corinto tinha dois grandes portos. Era famosa por causa de seus comerciantes e viajantes, como um elo entre Roma e o Oriente.

- Religião e imoralidade: Corinto era famosa por excessos sexuais, tolerados como parte da prática religiosa pagã. A rica e cosmopolita cidade tinha mais de doze templos pagãos. O Templo de Afrodite, dedicada à deusa do amor, tinha centenas de prostitutas cultuais.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 17 de outubro de 2021

Quem Quer Viver em Segurança e Tranquilidade?


 

Provérbios 1:33

“Quem me ouvir viverá em segurança, e estará tranquilo, sem temer nenhum mal”.

 

Dentro do livro dos Provérbios, encontrado no Antigo Testamento da sua Bíblia, esta parte citada aqui hoje como o mote para este texto é uma “fala” da Sabedoria, que, figurativamente, é a Sabedoria divina fazendo um convite para que se a siga.

É uma palavra de “vida”, pois fala em um “modo de viver”, que é em segurança e tranquilidade.

A pergunta que faço no título do texto a quero repetir: Quem quer viver em segurança e tranquilidade?

Por certo, a resposta de quase todos deve ser esta: Eu quero!

Lembro que Jesus, ao se deparar com um enfermo, lhe fez uma pergunta no mesmo sentido, pois a resposta pareceria óbvia: Um dos que estavam ali era paralítico fazia trinta e oito anos. Quando o viu deitado e soube que ele vivia naquele estado durante tanto tempo, Jesus lhe perguntou: “Você quer ser curado? (João 5:5-6). Sim, a resposta pareceria óbvia, mas nem sempre o sub-consciente da pessoa está alinhado com o seu consciente. É preciso, por vezes, sermos confrontados com perguntas deste naipe para ver se sabemos bem o que queremos, ou se apenas estamos indo no fluxo do que pareceria óbvio.

Aqui também cabe, portanto, a pergunta/título: Quem quer?

O apóstolo Paulo escreve que a fé vem por ouvir a Palavra: A fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo (Romanos 10:17).

No Provérbio citado na Palavra deste texto, o Senhor – pelo convite da Sabedoria – nos fala que aquele que dá ouvidos àquilo que Ele nos diz viverá em segurança e estará tranquilo. E como esta é a Sua Palavra – não somente em texto constante na Bíblia, mas é Ele nos afirmando que é assim mesmo com Ele –, podemos confiar no que nos é dito, sempre, sem medo.

Nos dias de hoje, segurança é um item de primeira necessidade, tanto em nossa sociedade como em qualquer sociedade do mundo, especialmente quando se vive atos terroristas, assaltos, sequestros e etc. Segurança, junto com a saúde, são os primeiros quesitos citados em qualquer pesquisa de opinião pública sobre as prioridades dos governos, especialmente no Brasil.

Pois bem, o Provérbio do Senhor nos diz que estaremos em segurança e que podemos estar tranquilos. E mais: que não precisamos temer mal algum.

Mas como assim? – poderíamos nos perguntar.

Como estar tranquilos?

Como não temer mal algum?

Bem, a estas perguntas quero responder com outras perguntas:

Para quem confia em Deus – em Deus! –, como pode não haver segurança?

Para quem entrega a sua vida, a cada dia, a Deus – a Deus! –, como pode não haver tranquilidade?

Para quem tem Deus como “seu” Deus, para quem tem em Cristo o seu Senhor, para quem tem em Deus o seu Pai – em Deus o seu Pai! –, como pode haver o temor do mal?

Então, primeiro, verifique se você realmente confia em Deus, se entrega seu dia a Deus em oração a cada manhã, se tem em Cristo o seu Senhor e se tem em Deus o seu Pai, e depois responda às perguntas que fiz acima.

Não as responda a mim, por óbvio; responda-as a você mesmo.

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

77 – De Filipos a Atenas (Atos 17)


 

Tendo1(versículo de Atos 17) passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga judaica. Segundo2 o seu costume, Paulo foi à sinagoga e por três sábados discutiu com eles com base nas Escrituras, explicando3 e provando que o Cristo deveria sofrer e ressuscitar dentre os mortos. E dizia: “Este Jesus que lhes proclamo é o Cristo”. Alguns4 dos judeus foram persuadidos e se uniram a Paulo e Silas, bem como muitos gregos tementes a Deus, e não poucas mulheres de alta posição.

Mas5 os judeus ficaram com inveja. Reuniram alguns homens perversos dentre os desocupados e, com a multidão, iniciaram um tumulto na cidade. Invadiram a casa de Jasom, em busca de Paulo e Silas, a fim de trazê-los para o meio da multidão. Contudo6, não os achando, arrastaram Jasom e alguns outros irmãos para diante dos oficiais da cidade, gritando: “Esses homens que têm causado alvoroço por todo o mundo, agora chegaram aqui, e Jasom7 os recebeu em sua casa. Todos eles estão agindo contra os decretos de César, dizendo que existe um outro rei, chamado Jesus”. Ouvindo8 isso, a multidão e os oficiais da cidade ficaram agitados. Então9 receberam de Jasom e dos outros a fiança estipulada e os soltaram.

Logo10 que anoiteceu, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Bereia. Chegando ali, eles foram à sinagoga judaica. Os11 bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo. E12 creram muitos dentre os judeus, bem como dentre os gregos, um bom número de mulheres de elevada posição e não poucos homens.

Quando13 os judeus de Tessalônica ficaram sabendo que Paulo estava pregando a palavra de Deus em Bereia, dirigiram-se também para lá, agitando e alvoroçando as multidões. Imediatamente14 os irmãos enviaram Paulo para o litoral, mas Silas e Timóteo permaneceram em Bereia. Os15 homens que foram com Paulo o levaram até Atenas, partindo depois com instruções para que Silas e Timóteo se juntassem a ele, tão logo fosse possível.

Enquanto16 esperava por eles em Atenas, Paulo ficou profundamente indignado ao ver que a cidade estava cheia de ídolos. Por17 isso, discutia na sinagoga com judeus e com gregos tementes a Deus, bem como na praça principal, todos os dias, com aqueles que por ali se encontravam. Alguns18 filósofos epicureus e estoicos começaram a discutir com ele. Alguns perguntavam: “O que está tentando dizer esse tagarela?” outros diziam: “Parece que ele está anunciando deuses estrangeiros”, pois Paulo estava pregando as boas novas a respeito de Jesus e da ressurreição. Então19 o levaram a uma reunião do Areópago I, onde lhe perguntaram: “Podemos saber que novo ensino é esse que você está anunciando? Você20 está nos apresentando algumas idéias estranhas, e queremos saber o que elas significam”. Todos21 os atenienses e estrangeiros que ali viviam não cuidavam de outra coisa senão falar ou ouvir as últimas novidades.

Então22 Paulo levantou-se na reunião do Areópago e disse: “Atenienses! Vejo que em todos os aspectos vocês são muito religiosos, pois23, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO II. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio”.

“O24 Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. Ele25 não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas. De26 um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar. Deus27 fez isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo, embora não esteja longe de cada um de nós. ‘Pois28 nele vivemos, nos movemos e existimos’, como disseram alguns dos poetas de vocês: ‘Também somos descendência dele’”.

“Assim29, visto que somos descendência de Deus, não devemos pensar que a Divindade é semelhante a uma escultura de ouro, prata ou pedra, feita pela arte e imaginação do homem. No30 passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. Pois31 estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos”.

Quando32 ouviram sobre a ressurreição dos mortos, alguns deles zombaram, e outros disseram: “A esse respeito nós o ouviremos outra vez”. Com33 isso, Paulo retirou-se do meio deles. Alguns34 homens juntaram-se a ele e creram. Entre eles estava Dionísio, membro do Areópago, e também uma mulher chamada Dâmaris, e outros com eles.

 

v     Para entender a história

Ao viajar para mais longe, Paulo encontra muitas reações diferentes à mensagem do Evangelho. Há hostilidade da parte dos judeus tessalonicenses, entusiasmo dos bereanos e ceticismo dos filósofos gregos. A cada vez, contudo, Paulo manifesta suas crenças e leva mais pessoas a crerem em Jesus.

 

v     Curiosidades

                                      I.     Areópago – Areópago significa “Colina de Ares”, deus grego da guerra. Nos tempos antigos, o conselho usava uma pequena colina para reunir o governo da cidade-estado. Ao tempo dos romanos, o conselho tornou-se uma corte que supervisionava a educação, a moralidade e a religião.

                                   II.     AO DEUS DESCONHECIDO – De acordo com a lenda, uma terrível praga atingiu Atenas, certa vez. Somente quando um rebanho de ovelhas foi sacrificado, num altar dedicado a “um deus desconhecido”, a praga chegou ao fim.

 

- Tessalônica: Capital e principal porto da Macedônia, Tessalônica cresceu em importância sob o Império Romano. Estendia-se ao longo da Via Egnatia, a maior estrada romana, que se dirigia de Roma para o Oriente. Paulo usou esta estrada em sua viagem pela Grécia.

- Atenas: Atenas começou como uma pequena vila, numa colina, por volta do ano 3000 a.C. Alcançou a posição de centro grego de cultura e ensino no século V a.C. Ao tempo de Paulo, ainda atraía muitos filósofos.

 - Escolas de filosofia na antiga Atenas: Os epicureus seguiam as idéias do filósofo Epicuro (342 – 270 a.C.), que proclamava que a felicidade é o bem supremo. Afirmava que o povo devia evitar a dor física e moral e buscar a satisfação, tendo uma vida simples e moderada. Os estoicos sustentavam a opinião de que as pessoas deviam aceitar seu destino e os fatos imutáveis sem manifestar alegria ou tristeza.

- Epicuro: Epicuro nasceu em Samos, uma ilha da costa oeste da Turquia. Foi para Atenas e fundou uma escola de filosofia em 307 a.C. Embora sua teoria fosse de que a moderação levaria à felicidade, a escola foi criticada, mais tarde, por promover a libertinagem.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 10 de outubro de 2021

Desisti de Tudo e Me Larguei de Cabeça

 

          Lucas 9:24

          “Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará”.

 

          Chegou um momento da minha vida em que desisti de tudo e me larguei de cabeça.

          Me rendi. Foi rendição total, foi entrega, foi negação, foi “chega”!

          Eu não suportava mais!

          Eu cheguei à conclusão que eu tinha que abandonar tudo, me abandonar intelectualmente e, como que por loucura mesmo, mergulhar em Jesus e só em Jesus, sob o risco de enlouquecer se não o fizesse.

          Nas minhas andanças espirituais, nas minhas leituras e buscas em tantas fontes, em tantos sites e em tantos vídeos de Youtube, eu me encontrei, num belo dia, tão afundado, confuso com tanta argumentação e contra-argumentação de mim para mim mesmo, que, em assim continuando, dentro de dois ou três anos eu estaria enlouquecido!

          Encontrava tudo de tudo, menos paz, fé tranquila, amor, serenidade, quietude para a alma e um “descansar em Deus”. Encontrava somente alimento às angústias – não para eliminá-las, mas para fazer com que adormecessem e ressurgissem mais presentes. E assim que uma angústia parecia alimentada, surgia outra, e outra, e outra mais.

          Então, já que eu iria enlouquecer mesmo, resolvi que o mais mentalmente salutar a fazer era enlouquecer por vontade própria, ou seja, mergulhar de cabeça na “loucura do Evangelho”, conforme Paulo escreve em 1º Coríntios 1:18-19.

          Só aí, em Jesus e com Jesus – e só Jesus! – eu encontraria salvação para minha alma e salvação para mim e salvação de mim mesmo. Só aí eu encontraria Caminho, Verdade e Vida. Todo o demais era morte.

          Eu sou um ser que preciso de base. Preciso de coisas basilares, de “localidades limítrofes”, espiritual e psicologicamente falando, para poder por aí andar. Isso o Evangelho de Jesus me dá. E só Ele.

          Decidi que deixaria de buscar em outras fontes – pois nelas não encontrava nem me encontrava. E me deixaria ser buscado – e encontrado – pela única Fonte que me podia saciar.

          Resolvi parar. Resolvi me entregar. E entregue estou. Entregue nas mãos de Deus.

          O mais incrível é que, somente depois que pulamos de cabeça no Evangelho de Cristo, é que todo o sem-sentido de tudo na vida começa, aos poucos, a fazer sentido. Só aí é que toda a confusão se dissipa. Só aí percebo que em Jesus minha vida está explicada, e que não há mais confusão! Mas só depois que o pulo foi pulado.

          Neste caminho temos que botar o pé no nada, porque parece mesmo ser o nada. Só depois que botamos o pé é que começamos a perceber a base sólida do caminho. Só depois do nada é que percebemos o tudo. E só caminhando, um pé após o outro, passo após passo, é que começamos a perceber a paisagem que é este caminhar para e com Deus, em Cristo Jesus.

 

          Este texto é meu, mas a história não é minha.

          Eu a ouvi de alguém, já há algum tempo, e decidi escrevê-la e compartilhá-la – mantendo o anonimato do seu personagem –, pois esta pode ser a experiência de muitos de nós, ao iniciarmos nossa caminhada de vida com Jesus Cristo.

          O primeiro passo, quando é uma expressão da sinceridade da alma e conforme descrito no texto, quase sempre é dado no “nada”, no “vazio” aparente, somente por fé. Só aí é que se começa a sentir a solidez do Caminho debaixo dos pés da existência, e se caminha com segurança e paz.

 

          Kurt Hilbert

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

76 – Paulo em Filipos (Atos 15 e 16)


 

Algum36(versículo de Atos 15) tempo depois, Paulo disse a Barnabé: “Voltemos para visitar os irmãos em todas as cidades onde pregamos a palavra do Senhor, para ver como estão indo”. Barnabé37 queria levar João, também chamado Marcos. Mas38 Paulo não achava prudente levá-lo, pois ele, abandonando-os na Panfília, não permanecera com eles no trabalho. Tiveram39 um desentendimento tão sério I que se separaram. Barnabé, levando consigo Marcos, navegou para Chipre, mas40 Paulo escolheu Silas e partiu, encomendado pelos irmãos à graça do Senhor. Passou41, então, pela Síria e pela Cilícia, fortalecendo as igrejas.

Paulo viajou para Derbe e depois para Listra, onde se reuniu a Timóteo. Dali, viajaram pela Galácia e por Trôade. Lá, Paulo teve uma visão de um homem que lhe pedia para ir à Macedônia.

Depois10(versículo de Atos 16) que Paulo teve essa visão, preparamo-nos imediatamente II para partir para a Macedônia, concluindo que Deus nos tinha chamado para lhes pregar o evangelho.

Partindo11 de Trôade, navegamos diretamente para Samotrácia e, no dia seguinte, para Neápolis. Dali12 partimos para Filipos, na Macedônia, que é colônia romana e a principal cidade daquele distrito. Ali ficamos vários dias.

No13 sábado saímos da cidade e fomos para a beira do rio, onde esperávamos encontrar um lugar de oração III. Sentamo-nos e começamos a conversar com as mulheres que se haviam reunido ali. Uma14 das que ouviam era uma mulher temente a Deus chamada Lídia, vendedora de tecido de púrpura, da cidade de Tiatira. O Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de Paulo. Tendo15 sido batizada, bem como os de sua casa, ela nos convidou, dizendo: “Se os senhores me consideram uma crente no Senhor, venham ficar em minha casa”. E nos convenceu.

Certo16 dia, indo nós para o lugar de oração, encontramos uma escrava que tinha um espírito pelo qual predizia o futuro. Ela ganhava muito dinheiro para os seus senhores com adivinhações. Essa17 moça seguia a Paulo e a nós, gritando: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e lhes anunciam o caminho da salvação”. Ela18 continuou fazendo isso por muitos dias. Finalmente, Paulo ficou indignado, voltou-se e disse ao espírito: “Em nome de Jesus Cristo eu lhe ordeno que saia dela!” No mesmo instante o espírito a deixou.

Percebendo19 que a sua esperança de lucro tinha se acabado, os donos da escrava agarraram Paulo e Silas e os arrastaram para a praça principal, diante das autoridades. E20, levando-os aos magistrados, disseram: “Estes homens são judeus e estão perturbando a nossa cidade, propagando21 costumes que a nós, romanos, não é permitido aceitar nem praticar”.

A22 multidão ajuntou-se contra Paulo e Silas, e os magistrados ordenaram que se lhes tirassem as roupas e fossem açoitados. Depois23 de serem severamente açoitados, foram lançados na prisão. O carcereiro recebeu instrução para vigiá-los com cuidado. Tendo24 recebido tais ordens, ele os lançou no cárcere interior e lhes prendeu os pés no tronco.

Por25 volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus; os outros presos os ouviam. De26 repente, houve um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados. Imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram. O27 carcereiro acordou e, vendo abertas as portas da prisão, desembainhou sua espada para se matar IV, porque pensava que os presos tivessem fugido. Mas28 Paulo gritou: “Não faça isso! Estamos todos aqui!”

O29 carcereiro pediu luz, entrou correndo e, trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. Então30 levou-os para fora e perguntou: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?”

Eles31 responderam: “Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa”. E32 pregaram a palavra de Deus, a ele e a todos os de sua casa. Naquela33 mesma hora da noite o carcereiro lavou as feridas deles; em seguida, ele e todos os seus foram batizados. Então34 os levou para a sua casa, serviu-lhes uma refeição e com todos os de sua casa alegrou-se muito por haver crido em Deus.

Quando35 amanheceu, os magistrados mandaram os seus soldados ao carcereiro com esta ordem: “Solte estes homens”. O36 carcereiro disse a Paulo: “Os magistrados deram ordens para que você e Silas sejam libertados. Agora podem sair. Vão em paz”.

Mas37 Paulo disse aos soldados: “Sendo nós cidadãos romanos V, eles nos açoitaram publicamente sem processo formal e nos lançaram na prisão. E agora querem livrar-se de nós secretamente? Não! Venham eles mesmos e nos libertem”.

Os38 soldados relataram isso aos magistrados, os quais, ouvindo que Paulo e Silas eram romanos, ficaram atemorizados. Vieram39 para se desculpar diante deles e, conduzindo-os para fora da prisão, pediram-lhes que saíssem da cidade. Depois40 de saírem da prisão, Paulo e Silas foram à casa de Lídia, onde se encontraram com os irmãos e os encorajaram. E então partiram.

 

v     Para entender a história

Em Filipos, Paulo encontra seus primeiros convertidos europeus. Mas também enfrenta grande hostilidade, porque os cristãos são vistos como uma ameaça à ordem romana e ele é tratado com dureza. Contudo, Paulo está exilado. Usa seus privilégios de cidadão romano para ajudá-lo a fundar uma igreja em Filipos, que permanecerá leal e corajosa.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Um desentendimento tão sério” – Refere-se à discussão sobre João Marcos, que retornara para juntar-se aos missionários. Paulo rejeita Marcos, que anteriormente os abandonara. Marcos, mais tarde, se redime aos olhos de Paulo, por sua devoção ao trabalho missionário. Este mesmo Marcos, segundo é aceito pela tradição, é o autor do Evangelho que leva o seu nome.

                                   II.     “Preparamo-nos imediatamente” – O autor do texto passa a incluir-se na narrativa. Isso sugere que aí entra Lucas, o autor dos Atos dos Apóstolos e também do Evangelho que leva o seu nome.

                                III.     “Um lugar de oração” – Em cidades como Filipos, onde havia poucos judeus e nenhuma sinagoga, os judeus comumente se reuniam ao ar livre, às margens de rios e lagos. Em Filipos, davam louvores junto ao rio Gangite.

                                IV.     “Para se matar” – De acordo com a lei romana, o guarda encarregado de um prisioneiro que escapasse era executado. Este carcereiro escolheu matar-se a enfrentar a vergonha e a tortura.

                                   V.     “Sendo nós cidadãos romanos” – Era ilegal açoitar cidadãos romanos publicamente sem um julgamento legal. Paulo e Silas não impediram o castigo proclamando-se antecipadamente cidadãos romanos, porque Paulo queria comprovar a inocência deles por causa dos cristãos que teriam que permanecer na cidade.

 

- Filipos: Esta antiga cidade a nordeste da Grécia foi fundada por Filipe II da Macedônia, em 356 a.C. Paulo chegou ali por volta de 50 d.C. e fundou a primeira comunidade cristã da Europa. Filipos era um grande centro médico e Lucas – que era médico – permaneceu ali quando Paulo se retirou.

- Lídia: Lídia era uma negociante romana. Embora gentia, observava a lei judaica. A casa de Lídia tornou-se, mais tarde, a primeira igreja em Filipos.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.