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domingo, 27 de março de 2016

Enos


Gênesis 4:26
          Também a Sete nasceu um filho, a quem deu o nome de Enos. Nessa época começou-se a invocar o nome do SENHOR.

  
Demo-nos conta,
nós seres humanos,
que nunca estávamos sós.
Percebemos que, sobre nós,
havia algo ou alguém,
na verdade, não sabíamos bem
se era o que ou quem,
mas que era maior, era.
E foi nessa era
que começamos a invocá-Lo;
       começamos a procurá-Lo;
       começamos a chamá-Lo;
       começamos a conjurá-Lo;
       começamos a proclamá-Lo;
       começamos a nomeá-Lo.
E querem saber?
Ele começou a responder!
O Ser Maior, o SENHOR, Deus, Ele mesmo...
... nos respondeu!


Kurt Hilbert

domingo, 20 de março de 2016

O Orgulho e o Self


          Provérbios 11:2
          Quando vem o orgulho, chega a desgraça, mas a sabedoria está com os humildes.

          O orgulho, aquele que é sinônimo da soberba, é um dos maiores auto-enganos das pessoas. Orgulho é diferente de autoconfiança, é preciso salientar. Autoconfiança é uma coisa boa, orgulho/soberba é nocivo a quem o ostenta e àqueles que cercam quem o ostenta.
          Jesus chamou a atenção para os auto-enganos, quando disse que quem quisesse segui-Lo teria que negar a si mesmo.
          Muitos acham, erroneamente, que esse “negar a si mesmo” é negar a sua essência, a sua autenticidade, negar quem se é. Mas é o contrário. Quando negamos a nós mesmos, negamos o auto-engano, as máscaras que vestimos para disfarçar, para dissuadir, para agradar, para sermos aceitos por grupos ou sociedades, ambos – grupos e sociedades – muitas vezes hipócritas.
          Durante nossa vida, vivemos muitos tipos de “eu”. Podemos ser um “eu” em casa, com nossa família e parentes, outro “eu” no trabalho e na nossa vida em sociedade, outro “eu” na igreja e com os que comungam da mesma fé que nós, ou, ainda, tantos diferentes “eu” quanto a vida nos pedir que interpretemos. No fundo, no fundo, nenhum é o “eu” mesmo, o verdadeiro “eu” que somos. Esse “eu” autêntico, muitas vezes, fica solapado e enterrado lá no fundo do ser, escondido e semimorto.
          Não poucas vezes sacrificamos nosso verdadeiro “eu” para que apareça um “eu” que agrade aos outros, que seja aceito, que não sofra rejeição. Vestimos um personagem e nos despimos de quem realmente somos. Nos amoldamos aos padrões dos outros para sermos aceitos, por conveniências, por aparentes vantagens que o ser assim nos proporciona, sacrificando, aí sim, a nossa autenticidade. Isso é suicídio espiritual e psicológico!
          O essencial é que sejamos um “eu” só, o Verdadeiro. E o Verdadeiro “eu” renasce quando nos amoldamos ao “Eu” de Cristo, segundo a Sua vontade.
          Mas é preciso despojar-se do orgulho – que é o “self”, o “si mesmo” e o falso “eu” que criamos para a sociedade – e revestir-nos da humildade que Jesus nos ensina. É voltar a ser aquele “eu” que fomos quando crianças – sem infantilismos, claro –, na autenticidade e na pureza que uma criança tem. Não foi por acaso que Jesus disse que “para entrarmos no Reino de Deus, só nos tornando como uma criança”.
          Quando negamos esse personagem que vestimos, esse “self”, esse “si mesmo”, é que começamos a abrir espaço para nosso verdadeiro “eu” – aquele que interessa a Cristo.
          Ressalvo: é preciso coragem para isso – e decisão!
          Quem se orgulha de “parecer ser”, sem de fato “ser” quem é, esse está fadado à queda; nalgum momento cairá. Se “cair em si”, menos mal, pois há esperança de “cura” psíquica. Mas, se cair sem esperança da Verdade, aí a queda é dolorosa. E acontece.
          Sejamos humildes para vivermos a sabedoria com a qual Deus nos brinda. Só isso é realmente Vida.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert

domingo, 13 de março de 2016

Caim e os Outros

Gênesis 4:13-16
          Disse Caim ao SENHOR: “Meu castigo é maior do que posso suportar. Hoje me expulsas desta terra, e terei que me esconder da tua face; serei um fugitivo errante pelo mundo, e qualquer que me encontrar me matará”. Mas o SENHOR lhe respondeu: “Não será assim; se alguém matar Caim, sofrerá sete vezes a vingança”. E o SENHOR colocou em Caim um sinal, para que ninguém que viesse a encontrá-lo o matasse. Então Caim afastou-se da presença do SENHOR e foi viver na terra de Node, a leste do Éden.


Pela morte de Abel,
o irmão que me foi dado,
estou amaldiçoado
e, por aí, ando errante.
Posso, a qualquer instante,
pelos outros ser encontrado
e ser executado
pelo crime da emulação.
O sangue clama vingança.
Tomado de desesperança,
aguardo a execução.
Sei que não serei poupado
quando, pelos outros, for encontrado...
         Não será assim,
         ninguém te porá fim.
         Nada temas, Caim,
         por Mim estás marcado.
Fui para leste do Éden
tocar em frente a vida,
dura e desprovida,
causada por meu ato inválido.
Ando sujo, esquálido,
mas tenho minha garantia
que os outros não me farão danos.
Descobri que, além de papai e mamãe,
e além de mim e Abel, havia
outros seres humanos.


Kurt Hilbert

domingo, 6 de março de 2016

A Igreja que Abandona


          Gálatas 6:10
          Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.

          Quero iniciar fazendo uma diferenciação entre Igreja e igreja.
          A Igreja (com maiúscula) é composta por todas aquelas pessoas que têm em Cristo seu Mestre, Senhor e Salvador, e orientam as suas vidas segundo o Evangelho de Jesus, as Boas Novas, sendo elas mesmas a Igreja, sendo membros em tempo integral do assim chamado corpo de Cristo.
          E igreja (com minúscula) são as denominações tantas que se encontram espalhadas sobre a face da terra. Quero deixar claro que não faço julgamento de nenhum tipo, nem contra nem a favor das igrejas, posto que não me cabe – nunca – julgar nada nem ninguém. O que farei logo mais é um diagnóstico do que ocorre em muitas delas.
          Ainda, quero dizer que muitíssimos dos que são membros das igrejas são também Igreja, posto que muitos da Igreja encontram-se espalhados em muitas igrejas. Mas também muitos dos que são membros das igrejas nunca foram, não são e nem serão Igreja, pois estão completamente alijados do Evangelho da vida. E há também aqueles que são Igreja que nunca frequentaram as igrejas e, outros tantos mais, que saíram das igrejas para só então se tornarem Igreja.
          A única regra para ser Igreja é ser de Cristo de todo o coração, amando a Deus e ao próximo, fazendo de suas palavras, atitudes e modo de ser a expressão do amor.
          E a regra comum para ser das igrejas é ter seu nome no rol dos membros, estatisticamente falando. Salvo exceções –as há – é por aí que a banda toca.
          Antes de prosseguir, quero dizer que eu, particularmente, sei que sou Igreja e congrego-me – inclusive na igreja –, com outros irmãos em Cristo, muitos deles também Igreja.
          Se ficou confuso o que escrevi até agora, volte e releia até entender, pois, isto posto, passo a falar do que realmente quero falar.
          O que quero realmente falar neste texto é sobre Gálatas 6:10 e como há igrejas que desconhecem a prática do que aí está dito, especialmente na parte que toca aos da família da fé – entendendo-se que os que compõem esta família são os membros do seu rol.
          Certa vez ouvi uma frase que, a princípio, me chocou e a achei exagerada. Depois, examinando o que eu mesmo tinha por muito tempo visto e vivido na igreja, dei razão a ela. Dizia: “A igreja é o único exército que abandona seus soldados caídos no campo de batalha”. Exagero? Acho que não é, não.
          Há muitas igrejas que viraram clubes. Têm seu rol de membros, mas aqueles que não vão à sede do clube para as reuniões, ficam esquecidos em suas casas ou onde estiverem. Um ou outro pode até ser visitado uma ou outra vez, mas não mais do que isso. “Cada um escolhe o que quer fazer”, dizem alguns líderes eclesiásticos, isentando-se, assim, da corresponsabilidade que têm para com este que não vai mais às reuniões da igreja, na igreja, na sede do clubinho. A igreja virou um clubinho e a sua sede virou o seu QG.
          Claro que cada um tem que escolher, mas, na maioria das vezes, só precisa de ajuda, pois já não consegue mais fazer a boa escolha sozinho. Cita-se muito a parábola do Filho Pródigo para justificar que o ausente precisa voltar por conta própria para “a casa do pai”. Mas, proposital e convenientemente, esquecem-se de outra parábola contada por Jesus que diz que o pastor deixa noventa e nove ovelhas – em segurança – e vai atrás daquela que se extraviou, trazendo-a sobre os ombros, se necessário for.
          Há muitas igrejas que não se incomodam tanto assim quando alguém se afasta. “É sua escolha”, dizem. O que eu digo é: É sua escolha, se forem buscadas duas, três, sete vezes e, deliberadamente, não quiserem mais, dizendo isso de forma bem clara. Aí, sim, fizeram uma escolha e a ratificaram. De outro modo, é acomodação da igreja deixar sua ovelha extraviada!
          Esta ovelha pode estar doente! Pode não conseguir mais, sozinha, achar o caminho do aprisco! Esta ovelha pode estar ferida por dentro, deixando-a animicamente paralisada! Esta ovelha só precisa de uma visita, de uma ajuda, pelo amor de Deus (!).
          A igreja não deve ter medo de acolher suas ovelhas doentes! Sim, muitas vezes estão doentes! Doentes em suas almas! Doentes espiritualmente!
          E a igreja não deve ter medo que esta ovelha, com sua doença espiritual, contamine as outras ovelhas “sadias”! Se a igreja tiver medo de contaminação, francamente, confia muito pouco na atuação do Espírito Santo e na Palavra, capaz de curar a alma mais enferma!
          Jesus nunca teve medo de abraçar um leproso. E não porque Ele fosse Jesus, o Cristo, supostamente imune a contágios, mas porque Seu amor lançava fora o medo!
          O que vejo por aí são igrejas que cuidam mais da sua imagem do que dos seus membros! Estão mais preocupadas com a instituição e seus mecanismos, doutrinas e catecismos do que com os irmãos que “não vão mais à igreja”.  “Que eles possam voltar”, dizem em suas orações, esquecendo-se que é a Igreja que vai em busca dos da família da fé. Deus as pode trazer de volta, sim, claro que pode, e devemos orar por isso, mas devemos fazer a nossa parte buscando-as também.
          Quero proposital e enfaticamente repetir: O que vejo por aí são igrejas que cuidam mais da sua imagem do que dos seus membros! Vejo por aí muitas igrejas que se transformaram em clubinhos!
          Estes clubes/igrejas têm muitos membros amputados. Chamam aqueles que vão à igreja de ativos, e aos que não vão – os amputados – de inativos, como se o corpo de Cristo pudesse ter membros inativos! Se tem, só Ele está apto a dizer quem são, nunca nós!
          Sei que há, muitas vezes, limitações de pessoal “autorizado” pela denominação para “ativar” e, ocasionalmente, buscar estes membros extraviados pelo caminho. Mas isso se dá por falta de conhecimento do Evangelho. Pois não é necessariamente responsabilidade exclusiva de alguns “autorizados” ou com “ministérios” buscarem aos seus irmãos. É responsabilidade de todos! Basta que o Evangelho seja ensinado e que as pessoas o interiorizem e o vivam, para, voluntariamente, irem em busca de seus irmãos.
          Mas também há igrejas que acham, em seus dogmas, que só alguns podem ensinar o Evangelho, supostamente por terem o envio deste ou daquele que o autorize para tal. Há, ainda, igrejas que desaconselham que seus membros leiam e estudem a Palavra entre eles, pois têm medo, essas igrejas, que possa haver má-interpretação da Bíblia. Absolutamente não confiam, os que assim pensam, na atuação do Espírito Santo, a revelar a Palavra a quem a busca. Bem, lamento que assim pensem!
          A solução para isso que expus? Ensinar o Evangelho às pessoas. Só isso.
          Uma vez a Palavra do Senhor atuando nos corações, manifestam-se as corresponsabilidades de todos por todos! O ensino do Evangelho não se dá somente sentando-se uma hora semanalmente no banco da igreja, ouvindo-se um sermão, mas criando-se o hábito de alimentar-se dele todos os dias! Isso exige um pouquinho de dedicação! E demanda que assim seja ensinado a fazer. Leva um tempo a semeadura, mas colhem-se os frutos.
          Mas, mesmo cansando, forço-me a repetir: O que vejo por aí são igrejas que cuidam mais da sua imagem do que dos seus membros!
          E acrescento, para concluir: Há igrejas que têm medo que o Evangelho, uma vez ensinado e revelado pelo Espírito, comece fazendo a diferença, erigindo a Igreja onde só há igreja.
          Falo tudo isso de cátedra. Sei do que estou falando. E quero dizer que, por muito tempo, eu mesmo não via isso que descrevo. Hoje vejo, graças a Deus!
          O que aqui escrevo será recebido com desaprovação por muitos, eu sei. Por outros, no entanto – especialmente aqueles que estiverem abertos aos questionamentos –, será recebido com bons olhos, espero, fazendo com que haja reflexão.
          De qualquer modo, está dito o que tinha que ser dito!

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert