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domingo, 6 de março de 2016

A Igreja que Abandona


          Gálatas 6:10
          Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.

          Quero iniciar fazendo uma diferenciação entre Igreja e igreja.
          A Igreja (com maiúscula) é composta por todas aquelas pessoas que têm em Cristo seu Mestre, Senhor e Salvador, e orientam as suas vidas segundo o Evangelho de Jesus, as Boas Novas, sendo elas mesmas a Igreja, sendo membros em tempo integral do assim chamado corpo de Cristo.
          E igreja (com minúscula) são as denominações tantas que se encontram espalhadas sobre a face da terra. Quero deixar claro que não faço julgamento de nenhum tipo, nem contra nem a favor das igrejas, posto que não me cabe – nunca – julgar nada nem ninguém. O que farei logo mais é um diagnóstico do que ocorre em muitas delas.
          Ainda, quero dizer que muitíssimos dos que são membros das igrejas são também Igreja, posto que muitos da Igreja encontram-se espalhados em muitas igrejas. Mas também muitos dos que são membros das igrejas nunca foram, não são e nem serão Igreja, pois estão completamente alijados do Evangelho da vida. E há também aqueles que são Igreja que nunca frequentaram as igrejas e, outros tantos mais, que saíram das igrejas para só então se tornarem Igreja.
          A única regra para ser Igreja é ser de Cristo de todo o coração, amando a Deus e ao próximo, fazendo de suas palavras, atitudes e modo de ser a expressão do amor.
          E a regra comum para ser das igrejas é ter seu nome no rol dos membros, estatisticamente falando. Salvo exceções –as há – é por aí que a banda toca.
          Antes de prosseguir, quero dizer que eu, particularmente, sei que sou Igreja e congrego-me – inclusive na igreja –, com outros irmãos em Cristo, muitos deles também Igreja.
          Se ficou confuso o que escrevi até agora, volte e releia até entender, pois, isto posto, passo a falar do que realmente quero falar.
          O que quero realmente falar neste texto é sobre Gálatas 6:10 e como há igrejas que desconhecem a prática do que aí está dito, especialmente na parte que toca aos da família da fé – entendendo-se que os que compõem esta família são os membros do seu rol.
          Certa vez ouvi uma frase que, a princípio, me chocou e a achei exagerada. Depois, examinando o que eu mesmo tinha por muito tempo visto e vivido na igreja, dei razão a ela. Dizia: “A igreja é o único exército que abandona seus soldados caídos no campo de batalha”. Exagero? Acho que não é, não.
          Há muitas igrejas que viraram clubes. Têm seu rol de membros, mas aqueles que não vão à sede do clube para as reuniões, ficam esquecidos em suas casas ou onde estiverem. Um ou outro pode até ser visitado uma ou outra vez, mas não mais do que isso. “Cada um escolhe o que quer fazer”, dizem alguns líderes eclesiásticos, isentando-se, assim, da corresponsabilidade que têm para com este que não vai mais às reuniões da igreja, na igreja, na sede do clubinho. A igreja virou um clubinho e a sua sede virou o seu QG.
          Claro que cada um tem que escolher, mas, na maioria das vezes, só precisa de ajuda, pois já não consegue mais fazer a boa escolha sozinho. Cita-se muito a parábola do Filho Pródigo para justificar que o ausente precisa voltar por conta própria para “a casa do pai”. Mas, proposital e convenientemente, esquecem-se de outra parábola contada por Jesus que diz que o pastor deixa noventa e nove ovelhas – em segurança – e vai atrás daquela que se extraviou, trazendo-a sobre os ombros, se necessário for.
          Há muitas igrejas que não se incomodam tanto assim quando alguém se afasta. “É sua escolha”, dizem. O que eu digo é: É sua escolha, se forem buscadas duas, três, sete vezes e, deliberadamente, não quiserem mais, dizendo isso de forma bem clara. Aí, sim, fizeram uma escolha e a ratificaram. De outro modo, é acomodação da igreja deixar sua ovelha extraviada!
          Esta ovelha pode estar doente! Pode não conseguir mais, sozinha, achar o caminho do aprisco! Esta ovelha pode estar ferida por dentro, deixando-a animicamente paralisada! Esta ovelha só precisa de uma visita, de uma ajuda, pelo amor de Deus (!).
          A igreja não deve ter medo de acolher suas ovelhas doentes! Sim, muitas vezes estão doentes! Doentes em suas almas! Doentes espiritualmente!
          E a igreja não deve ter medo que esta ovelha, com sua doença espiritual, contamine as outras ovelhas “sadias”! Se a igreja tiver medo de contaminação, francamente, confia muito pouco na atuação do Espírito Santo e na Palavra, capaz de curar a alma mais enferma!
          Jesus nunca teve medo de abraçar um leproso. E não porque Ele fosse Jesus, o Cristo, supostamente imune a contágios, mas porque Seu amor lançava fora o medo!
          O que vejo por aí são igrejas que cuidam mais da sua imagem do que dos seus membros! Estão mais preocupadas com a instituição e seus mecanismos, doutrinas e catecismos do que com os irmãos que “não vão mais à igreja”.  “Que eles possam voltar”, dizem em suas orações, esquecendo-se que é a Igreja que vai em busca dos da família da fé. Deus as pode trazer de volta, sim, claro que pode, e devemos orar por isso, mas devemos fazer a nossa parte buscando-as também.
          Quero proposital e enfaticamente repetir: O que vejo por aí são igrejas que cuidam mais da sua imagem do que dos seus membros! Vejo por aí muitas igrejas que se transformaram em clubinhos!
          Estes clubes/igrejas têm muitos membros amputados. Chamam aqueles que vão à igreja de ativos, e aos que não vão – os amputados – de inativos, como se o corpo de Cristo pudesse ter membros inativos! Se tem, só Ele está apto a dizer quem são, nunca nós!
          Sei que há, muitas vezes, limitações de pessoal “autorizado” pela denominação para “ativar” e, ocasionalmente, buscar estes membros extraviados pelo caminho. Mas isso se dá por falta de conhecimento do Evangelho. Pois não é necessariamente responsabilidade exclusiva de alguns “autorizados” ou com “ministérios” buscarem aos seus irmãos. É responsabilidade de todos! Basta que o Evangelho seja ensinado e que as pessoas o interiorizem e o vivam, para, voluntariamente, irem em busca de seus irmãos.
          Mas também há igrejas que acham, em seus dogmas, que só alguns podem ensinar o Evangelho, supostamente por terem o envio deste ou daquele que o autorize para tal. Há, ainda, igrejas que desaconselham que seus membros leiam e estudem a Palavra entre eles, pois têm medo, essas igrejas, que possa haver má-interpretação da Bíblia. Absolutamente não confiam, os que assim pensam, na atuação do Espírito Santo, a revelar a Palavra a quem a busca. Bem, lamento que assim pensem!
          A solução para isso que expus? Ensinar o Evangelho às pessoas. Só isso.
          Uma vez a Palavra do Senhor atuando nos corações, manifestam-se as corresponsabilidades de todos por todos! O ensino do Evangelho não se dá somente sentando-se uma hora semanalmente no banco da igreja, ouvindo-se um sermão, mas criando-se o hábito de alimentar-se dele todos os dias! Isso exige um pouquinho de dedicação! E demanda que assim seja ensinado a fazer. Leva um tempo a semeadura, mas colhem-se os frutos.
          Mas, mesmo cansando, forço-me a repetir: O que vejo por aí são igrejas que cuidam mais da sua imagem do que dos seus membros!
          E acrescento, para concluir: Há igrejas que têm medo que o Evangelho, uma vez ensinado e revelado pelo Espírito, comece fazendo a diferença, erigindo a Igreja onde só há igreja.
          Falo tudo isso de cátedra. Sei do que estou falando. E quero dizer que, por muito tempo, eu mesmo não via isso que descrevo. Hoje vejo, graças a Deus!
          O que aqui escrevo será recebido com desaprovação por muitos, eu sei. Por outros, no entanto – especialmente aqueles que estiverem abertos aos questionamentos –, será recebido com bons olhos, espero, fazendo com que haja reflexão.
          De qualquer modo, está dito o que tinha que ser dito!

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert

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