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domingo, 29 de março de 2020

Quarentena, Descanso, Paciência e Carrinhos


Salmo 37:7
Descanse no SENHOR e aguarde por ele com paciência.

Também aqui neste espaço, dedicado sobretudo ao compartilhamento da Palavra, à divulgação do Evangelho, o assunto hoje em voga no mundo todo – o Coronavírus – se faz presente.
Mas, por aqui, desejo que a presença deste assunto seja positiva, propositiva e balsâmica!
Dia desses, voltando do mercadinho aqui perto de casa, vi um jovem pai, no pátio da sua casa, puxando um carrinho por uma cordinha – tal qual deve ter feito quando criança – e, ao lado dele, seu filhinho que devia ter entre três e quatro anos, também puxando o seu carrinho. Cada um com seu carrinho de brinquedo, iguais os dois, as duas crianças – uma grande e uma pequena – e iguais também os carrinhos – apenas as suas cores diferenciavam.
Essa cena, tão terna e tenra, me fez pensar que aquilo só estava sendo possível porque o pai estava em casa de quarentena, tal qual o filhinho – o pai, possivelmente, longe do trabalho, e o filhinho longe da escolinha – que chamávamos de creche. Caso não fosse esse pandêmico momento, talvez essa cena nunca acontecesse!
Muitas pessoas estão em casa neste momento, exercendo sua paciência.
Muitas pessoas estão redescobrindo esse nobre fruto de Deus. Sim, pois a paciência é um fruto do Espírito: Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22-23). Quem sabe esse fruto não estava apenas esperando uma oportunidade como esta para deixar de ser flor – teoria – a passar a ter sabor – prática? Quem sabe?
Vejo memes divertidíssimos, sobre “1º dia de quarentena”, “2º dia”, “3º dia” e assim por diante, e todos eles evocam a paciência – ou a perda dela. Memes também são bem-vindos para descontrairmos um pouco.
Paciência: paz e ciência – juntar o estado de um espírito pacificado a uma mente sapiente.
Temos que saber ter paciência. Saber nossos pontos fracos, trabalhá-los e fazê-los coadunarem-se aos ensinamentos de Jesus, tornando-os fortes. É da fraqueza que tiramos forças: Pois, quando sou fraco é que sou forte (2º Coríntios 12:10).
Esses dias quarentenários também são propícios para descansar. Descansar o corpo e descansar a alma. Descansar em Deus, como evoca a Palavra que uso como mote deste texto. Descansar em Deus e esperar por Ele. O próprio ciclo da vida – criado por Deus – trará as soluções e as curas.
Descansar em Deus significa confiar n’Ele, fazermos d’Ele o nosso refúgio e a nossa fortaleza: “O SENHOR é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador; o meu Deus é a minha rocha, em que me refugio; o meu escudo e o meu poderoso salvador. Ele é a minha torre alta, o meu abrigo seguro” (2º Samuel 22:2-3).
Eu sei que esses tempos também trazem, além das questões de saúde, preocupações econômicas.
Ainda é tudo uma novidade. Autoridades e mesmo especialistas estão tateando, tomando medidas cautelares e restritivas, avançando e retrocedendo, indo, pelo método de “erro e acerto”, atrás das melhores soluções possíveis.
Um cenário econômico muito – mas muito! – severo se aproxima no horizonte.
Mas, diante disso, eu convido você que aqui lê a confiar! Confie!
Convido a você a orar! Ore bastante! E descanse na oração: “E tudo o que pedirem em oração, se crerem, vocês receberão” (Mateus 21:22).
Aproveite esses dias e tire o melhor deles.
Antes, com toda a correria do dia a dia, quantas oportunidades de diálogos e convívios familiares foram perdidos?  Eis aí a oportunidade: retome-os e reviva-os!
Desfrute da companhia da família em casa, redescubra os cuidados de um pelo outro, conte histórias de idos tempos, leia um bom livro (a Bíblia também vale, viu?), redescubra o prazer de conviver com quem se ama.
Se você vive sozinho, redescubra o prazer de estar consigo mesmo!
Vale até brincar de carrinho!

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert

quarta-feira, 25 de março de 2020

7 – Jesus Nasce (Mateus 1 e Lucas 2)


Foi18(versículo de Mateus 1) assim que se deu o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento I a José, mas, antes de coabitarem, ela ficou grávida por meio do Espírito Santo. Sendo19 um homem justo e não querendo expô-la à difamação pública, José, seu marido, pensava em abandoná-la em silêncio II.
Mas20, depois que ele cogitou isso, um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e disse: “José, filho de Davi III, não receies tomar Maria como tua esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela21 dará à luz um filho em quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará seu povo dos seus pecados”.
Tudo22 isso ocorreu para cumprir o que o Senhor dissera pelo profeta: “A23 virgem conceberá e dará à luz um filho, e eles o chamarão Emanuel IV”, que significa “Deus conosco”.
Quando24 acordou, José fez o que o anjo do Senhor lhe mandara e tomou Maria como sua esposa.
Naqueles1(versículo de Lucas 2) dias, César Augusto decretou V que se fizesse um censo em todo o mundo romano. (Este2 foi o primeiro censo e foi realizado quando Quirino era governador da Síria). E3 todos deviam ir às suas cidades natais para se registrarem.
Assim4, também José subiu de Nazaré, na Galileia, para Belém, a cidade de Davi, na Judeia, pois ele pertencia à linhagem de Davi. Ele5 foi até lá para se registrar com Maria, sua esposa, que estava grávida.
Enquanto6 eles estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e7 ela deu à luz seu primogênito, um menino. Envolveu-o em panos e colocou-o numa manjedoura VI, pois não havia lugar para eles na pousada.

v     Para entender a história
Ao desposar Maria, José cumpre a profecia de que o Messias (o Cristo) seria o “Filho de Davi”, pois o seu filho adotivo torna-se um descendente do rei Davi. O Messias não será o personagem político e militar que tantos judeus esperavam, mas o Salvador que livrará seu povo do mal.

v     Curiosidades
                                      I.     “Prometida em casamento” – Em Israel, o noivado era uma forma de casamento. Mesmo sem o casal viver junto, o rompimento requeria um divórcio. Na Bíblia, uma mulher prometida em casamento é chamada esposa, e Mateus chama José e Maria de “marido e mulher”, mesmo antes de serem casados.
                                   II.     “Abandoná-la em silêncio” – José não via como desposar uma mulher grávida de outro. Ninguém acreditaria no que sucedera a Maria e, pela Lei, ela podia ser apedrejada até a morte. José era generoso o bastante para não querer expô-la.
                                III.     “José, filho de Davi” – O evangelho de Mateus termina uma genealogia de Jesus Cristo, o Filho de Davi, citando José, “o marido de Maria, de quem nasce Jesus, denominado Cristo”. Jesus era filho legal de José, que descendia de Davi.
                                IV.     “Eles o chamarão Emanuel” – A profecia mencionada por Mateus vem de Isaías (7:14). Os evangelhos veem Jesus realizando esta profecia – Emanuel significa “Deus conosco”.
                                   V.     “César Augusto decretou” – Augusto, que governou de 31 a.C. a 14 d.C., foi o primeiro imperador romano. A cada quatorze anos, era feito um censo para fins militares e de impostos, embora os judeus fossem isentos do serviço militar. A partir dos doze anos, as mulheres pagavam tributo; assim, Maria, tal como José, teve de se registrar no censo.
                                VI.     “Colocou-o numa manjedoura” – Jesus pode ter nascido num estábulo, mas o nascimento também pode ter ocorrido na casa de uma família pobre, em que os animais fossem guardados sob o mesmo teto. A antiga tradição cristã sugere que Jesus nasceu numa gruta que era usada como estábulo.

 A data de nascimento de Jesus: Herodes, o Grande, morreu em 4 a.C. Provavelmente, Jesus nasceu poucos anos antes, em 6 ou 7 a.C. A discrepância de datas se deve a um engano de Dênis, o Pequeno, monge do século VI que organizou o calendário cristão.


Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 22 de março de 2020

Tempos Viróticos



1º Coríntios 10:24
Ninguém deve buscar o seu próprio bem, mas sim o dos outros.

Não posso deixar de escrever aqui no Blog sobre esses tempos que vivemos agora no planeta inteiro: tempos viróticos, tempos de Coronavírus.
Hoje, (escrevo este texto em 20/03 e posto aqui no Blog no dia 22) na “Palavra para hoje”, que compartilho via Facebook, WhatsApp, Instagram e Twitter, e usando como base 1º Coríntios 10:24, postei assim:
Após dizer que “tudo é permitido mas nem tudo convém e edifica”, o apóstolo Paulo nos chama a atenção, com esta Palavra de hoje, para algo que vem bem a propósito para estes dias.
É uma Palavra que nos ensina que os cuidados dos outros e pelos outros são também cuidados por nós, quando feitos nesta ordem: primeiro o outro, depois eu.
O que vemos normalmente é: primeiro eu, depois os outros.
O que tenho que entender é que eu não estou bem se o outro está mal.
E que o bem só me alcança através do bem do outro, assim como o bem do outro tantas vezes só o alcança se eu o fizer.
Estes dias nos estão ensinando a termos cuidados mútuos...
... a termos e sermos amores mútuos...
... a nos amarmos amando o outro.
Estes dias nos estão ensinando a sermos discípulos e discipulados – se quisermos aceitar e aprender.
“Um novo mandamento lhes dou: amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (João 13:34-35).
E, querendo escrever algo para o Blog, pensei que viria a calhar usar o mesmo mote.
Ando pelas ruas aqui no meu bairro, a Várzea Grande, em Gramado-RS, e vejo alguns cuidados: a academia que frequento fechou por pelo menos 14 dias; a farmácia atende pela grade da porta; o mercadinho em que fazemos as compras do dia a dia está limitando a entrada de 10 pessoas por vez; lancherias só atendem via delivery; o tradicional bar do Seu Fulano fechou e não se veem nas mesinhas os clientes na habitual “pinga e prosa”; os prédios das igrejas estão com as portas fechadas... E outras medidas virão nos próximos dias.
A cada dia, uma novidade, uma medida diferente, mais restrições e limitações. Mas é para o bem!
Há quem – ainda – não entenda. Mas entenderá. Todos entenderão. Para uns, doerá mais que para outros. Mas o planeta entenderá.
Dia desses comentava com um amigo que, nos tempos em que vivemos, para causar caos e destruição no mundo, não é necessária uma “terceira guerra mundial”. Tacape, lança, arco e flecha, espada, rifle, metralhadora, tanque de guerra, Mig-29, míssil, bomba nuclear? Esqueça! Para causar caos e destruição, basta tirar a internet do ar ou criar um vírus em laboratório. Vivemos tempos de fragilidade e vulnerabilidade!
O que fazer em dias assim?
- Orar mais: Orem continuamente (1º Tessalonicenses 5:17).
- Olhar mais: Quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê (1º João 4:20).
- Ajudar mais: Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades (Romanos 12:13).
- Esperançar mais: Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração (Romanos 12:12).
- Amar mais: “Um novo mandamento lhes dou: amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (João 13:34-35).
- E ficar em paz: Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus (Filipenses 4:4-7).
Façamos a nossa parte. E a façamos da melhor maneira que pudermos.
Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo (Colossenses 3:23-24).
Tudo passa. Tudo sempre passa. Tempos viróticos também passam. Menos as Palavras do Senhor.
“Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão (Mateus 24:35).

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert

domingo, 15 de março de 2020

6 – O Seu Nome é João (Lucas 1)



Quando57(versículo) chegou o tempo de Isabel ter seu filho, ela deu à luz um menino. Seus58 vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe mostrara sua grande bondade e se alegraram com ela. No59 oitavo dia, vieram circuncidar a criança e lhe iam dar o nome de seu pai, Zacarias, mas60 a mãe ergueu a voz e disse: “Não! Ele se chamará João”.
Disseram61 a ela: “Mas nenhum de teus parentes tem esse nome”. Então62 fizeram sinais ao pai para saber como ele queria chamar a criança. Ele63 pediu uma tabuinha I e, para espanto de todos, escreveu: “Seu nome é João II. De64 imediato, sua boca se abriu, sua língua se soltou e ele começou a falar, louvando a Deus. Os65 vizinhos ficaram pasmos, e por toda a região montanhosa da Judeia as pessoas falavam do acontecido. Os66 que ouviam se maravilhavam, perguntando: “Que virá a ser este menino?” É que a mão do Senhor estava com ele.
O67 pai Zacarias se encheu do Espírito Santo e profetizou III:
“Bendito68 seja o Senhor IV, Deus de Israel, porque ele veio e redimiu seu povo... E76 tu, meu filho, serás chamado profeta do Altíssimo; pois precederás o Senhor para lhe preparares o caminho, para77 dar a seu povo o conhecimento da salvação pela remissão dos pecados – graças78 ao misericordioso coração do nosso Deus, por quem o sol nascente nos virá do céu, a79 fim de iluminar os que estão nas trevas e na sombra da morte e guiar nossos pés no caminho da paz”.
E80 o menino cresceu e se fortaleceu em espírito; e viveu no deserto V até aparecer publicamente a Israel.

v     Para entender a história
Quando firmou sua aliança com Abraão, o antepassado dos israelitas, Deus lhe prometeu que, por meio dos seus descendentes, todas as nações seriam abençoadas. Tal promessa – várias vezes confirmada pelos profetas – seria cumprida na pregação de João. A missão de João na vida era preparar o caminho para o Cristo prometido.

v     Curiosidades
                                      I.     “Ele pediu uma tabuinha” – Por duvidar da mensagem do anjo, Zacarias ficou mudo durante a gravidez de Isabel. Ao que tudo indica, ele também ficou surdo, pois seus parentes tiveram que lhe fazer sinais para descobrir o nome desejado para o filho. Para escrever, aplicava-se um instrumento pontudo sobre tabuinhas de madeira revestidas de cera.
                                   II.     “Seu nome é João” – Os judeus seguiam o costume grego de dar ao primogênito o nome do pai. Mas, pelo teor e importância da sua futura missão, o filho de Zacarias recebeu outro nome. Em hebraico, o nome João significa “o SENHOR é bondoso”. Um menino primogênito pertencia a Deus. Essa tradição datava do tempo da fuga do Egito, quando Deus salvou os filhos primogênitos de Israel. Os pais podiam resgatar o seu filho pagando ao sacerdote cinco moedas de prata.
                                III.     “Zacarias se encheu do Espírito Santo e profetizou” – Profetizar não é só predizer o que vai acontecer; é proclamar a palavra de Deus. Quando pôde falar, Zacarias profetizou a missão do seu filho. Sem o Espírito Santo, isso não teria sido possível.
                                IV.      “Bendito seja o Senhor” – A profecia poética de Zacarias se tornou conhecida como Benedictus, porque a versão latina começa com essa palavra. É semelhante à canção de louvor em que Ana (I Samuel 2:1-10) prevê a vontade de Deus. Muitos líderes religiosos se chamaram Benedito (ou Bento), inclusive 17 papas católicos. Foi Bento (São Bento, para os católicos) que fundou o primeiro mosteiro na Itália, no ano 529 da era cristã. Os beneditinos são conhecidos pela sua valorização da arte e educação.
                                   V.      “E viveu no deserto” – Idosos quando do seu nascimento, provavelmente os pais de João terão morrido poucos anos depois. Ele cresceu no deserto da Judeia, situado entre Jerusalém e o Mar Morto. Embora despovoado, este deserto não era arenoso nem desprovido de água. Havia estepes e áreas de pastoreio. No tempo de João, viviam ali algumas comunidades religiosas, como os essênios, cujos escritos – os manuscritos do Mar Morto – foram descobertos em 1946.


Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 8 de março de 2020

Mais Alguma Pergunta?



– Quem são vocês?
– Somos seguidores de Jesus Cristo. 
– Então vocês são cristãos, como dizem por aí?
– Isso.
– Onde estão seus sacerdotes? 
– Não temos sacerdotes. 
– Mas todas as religiões têm seus homens sagrados. 
– Isso nós temos. 
– “Isso” o quê? 
– Homens sagrados. 
– Quantos são?
– Não fazemos a menor ideia.
– Como assim? Onde eles estão? 
– Espalhados pelo mundo. 
– Onde, por exemplo?
– Aqui. 
– “Aqui” onde? 
– Nós.
– “Nós” quem? Vocês?
– Isso.
– Ah, tá bom!
– …
– Quer dizer que vocês são os homens sagrados da religião de vocês.
– Não, não somos os homens sagrados da nossa religião. Somos apenas homens sagrados.
– Então vocês são sacerdotes? 
– Mais ou menos.
– Mais ou menos como?
– Somos sacerdotes, mas não como você está pensando. 
– E como eu estou pensando? 
– Você está pensando que somos autoridades religiosas. 
– E não são? 
– Não.
– Por quê? Vocês são contra as autoridades?
– Não.
– Mas acabaram de dizer que não têm autoridades religiosas. 
– Não, não foi isso o que dissemos. Você entendeu errado. 
– Então o que é que vocês estão dizendo?
– Estamos dizendo que não somos autoridades religiosas. 
– Mas são sacerdotes.
– Sim.
– Não estou entendendo.
– Não, não está.
– Então expliquem.
– Todos os seguidores de Jesus Cristo são sacerdotes. 
– E quem é o maior entre vocês? 
– Jesus Cristo.
– Mas ele está morto. 
– Não, está vivo.
– “Vivo” como?
– Vivo, oras.
– Como “vivo, oras”?
– Vivo em nós, no meio de nós, sobre nós, exatamente aqui e agora.
– Aqui?
– Também.
– Em todo lugar?
– Isso. 
– Somente Deus está em todo lugar. 
– Então… 
– Como assim? Vocês pensam que ele é Deus? 
– Sim.
– Então vocês não são apenas seguidores de Jesus Cristo. Na verdade, são adoradores de Jesus Cristo.
– Isso.
– E onde fica o templo de vocês?
– Não temos templo.
– Como não têm templo?
– Não precisamos de templo.
– Por que não?
– Precisávamos de templo quando oferecíamos sacrifícios a Deus. 
– E vocês não prestam mais culto ao seu deus? 
– Daquele jeito, não.
– Que jeito?
– Sacrificando animais.
– E por que vocês não sacrificam mais ao seu deus?
– Nós sacrificamos.
– Mas acabaram de dizer que não oferecem mais sacrifícios de animais.
– Isso.
– “Isso” o quê?
– Não sacrificamos mais animais.
– E por que não?
– Porque não é mais necessário.
– E por que não é mais necessário?
– Porque Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
– Então vocês não precisam mais prestar culto ao seu deus?
– Você ainda não entendeu.
– Então expliquem!
– Não precisamos mais ir ao templo oferecer sacrifícios de animais. Mas isso não significa que não prestamos culto ao nosso Deus. 
– E que tipo de sacrifício vocês oferecem ao deus de vocês?
– Nós mesmos.
– Como assim?
– A nossa vida toda é um sacrifício a Deus.
– Como assim?
– Tudo o que fazemos, fazemos para a glória do nosso Deus.
– “Tudo” o quê?
– Tudo. A vida toda é um culto a Deus.
– Tudo, tudo?
– Pelo menos é o que tentamos.
– Mas há uma coisa especial que vocês fazem como um ato de adoração ao seu deus? 
– Sim e não.
– Como assim?
– Não, porque, como dissemos, tudo o que fazemos é ato de adoração. Porque na verdade não é o que fazemos ou deixamos de fazer que é o ato de adoração, mas nós mesmos, isto é, a nossa vida em si. 
– Como assim?
– Você não ouviu a gente dizer que somos seguidores de Jesus Cristo?
– Sim. E daí?
– Daí que seguimos os passos dele. E se ele morreu, também morremos. E se ele ressuscitou pelo poder de Deus, nós também ressuscitamos. E agora não vivemos mais para nós mesmos, mas para o nosso Deus, que nos deu vida.
– Acho que estou entendendo.
– Mesmo?
– Sim. Vocês não têm sacerdotes, não têm templo, não oferecem sacrifícios de animais.
– Isso.
– Mas vocês têm uma coisa especial que fazem como ato de adoração ao seu deus?
– Sim e não.
– Já entendi a parte do “não”. Vocês não têm uma coisa especial porque tudo o que fazem é adoração. Na verdade, vocês mesmos são o ato de adoração, porque agora vivem para o deus de vocês.
– Isso.
– Mas e a parte do “sim”?
– A parte do “sim” é que temos, sim, uma coisa especial que fazemos para o nosso Deus.
– O quê? 
– Cuidamos das pessoas.
– Quais pessoas?
– Aquelas de quem somos próximos.
– Como assim? Quem são elas?
– Todas as que cruzam o nosso caminho.
– Eu, por exemplo?
– Sim, você.
– Mas, como assim, cuidam das pessoas como ato de adoração? Então vocês adoram as pessoas?
– Não, não é isso. É que vemos Jesus Cristo nas pessoas, especialmente naquelas que estão sofrendo, nas que têm fome, sede, estão presas, doentes, por exemplo. 
– Acho que está ficando mais claro…
– Que bom que está entendendo.
– Deixa eu ver se entendi.
– Fala.
– Vocês não têm templo porque não precisam mais fazer sacrifícios, e por isso não precisam mais ir ao templo. 
– Isso.
– Pelo mesmo motivo não têm sacerdotes, pois não precisam mais de pessoas que façam os sacrifícios por vocês, já que vocês, isto é, a vida de vocês é que é o sacrifício. 
– Muito bem.
– De fato, tudo o que vocês fazem é para o deus de vocês, especialmente cuidar das pessoas que precisam.
– Isso.
– Tenho mais uma pergunta.
– Pois não.
– Qual é o dia sagrado de vocês?
– Também não temos.
– Vai dizer que vocês vivem desse jeito todos os dias?
– Nossos antepassados tinham um dia sagrado: o sábado. Mas isso era no tempo quando precisávamos ir ao templo levar os animais para que os nossos sacerdotes fizessem os sacrifícios. Agora que nos entregamos ao nosso Deus como sacrifício vivo, o verdadeiro ato de adoração é viver para ele.
 E como é que vocês vivem para Deus? 
– Vivendo para o próximo. 
– Então todos os dias são sagrados para vocês?
– Isso.
– Essas coisas que vocês disseram têm um nome? 
– Explique melhor.
– Isso aí é o que chamam de Cristianismo?
– Não. 
– Mas o Cristianismo não é a religião de Jesus Cristo?
– Não.
– Como não?
– Cristianismo é a religião de Constantino.
– O imperador romano?
– Isso.
– Por quê?
– Porque foi Constantino quem começou a montar de novo tudo o que Jesus Cristo havia desmontado.
– Como assim?
– Jesus ensinou que não precisamos mais de templos, sacerdotes, sacrifícios e dias sagrados. Ensinou que Deus é espírito e importa que os que o adoram, o adorem em espírito e em verdade.
– Isso é o que vocês dizem que é fazer da própria vida um ato de adoração? 
– Isso mesmo.
– E o tal do Constantino?
– Então: foi ele quem começou a construir templos dedicados a Deus, oficializou um dia da semana para os cultos, inventou que prestar culto a Deus é uma coisa que se faz nos templos, nomeou sacerdotes, e começou essa confusão que você está vendo. 
 Então isso que vocês explicaram não tem nome?
– Tem.
– E qual é?
– Evangelho. 
– Ah, já ouvi falar, mas pensava que era a mesma coisa que Cristianismo.
– Mas não é.
– Sei.
– …
– Mas tem mais uma coisa que não estou entendendo.
– O que é?
– Só mais uma pergunta.
– Pode fazer.
– Por que é que inauguraram um Templo de Salomão em São Paulo? 
– Não sabemos.
– Mas eles também não são seguidores de Jesus Cristo?
– Também não sabemos, pergunte para eles.

Um texto de Ed Renê Kivitz, compartilhado pelo amigo/irmão Jesiel Cesar Fecundo em seu Facebook