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quarta-feira, 29 de setembro de 2021

75 – O Primeiro Concílio da Igreja (Atos 15)


 

Alguns1(versículo de Atos 15) homens desceram da Judeia para Antioquia e passaram a ensinar aos irmãos: “Se vocês não forem circuncidados I conforme o costume ensinado por Moisés, não poderão ser salvos”. Isso2 levou Paulo e Barnabé a uma grande contenda e discussão com eles. Assim, Paulo e Barnabé foram designados, junto com outros, para irem a Jerusalém tratar dessa questão com os apóstolos e com os presbíteros. A3 igreja os enviou e, ao passarem pela Fenícia e por Samaria, contaram como os gentios tinham se convertido; essas notícias alegravam muito a todos os irmãos. Chegando4 a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja, pelos apóstolos e pelos presbíteros, a quem relataram tudo o que Deus tinha feito por meio deles.

Então5 se levantaram alguns do partido religioso dos fariseus que haviam crido e disseram: “É necessário circuncidá-los e exigir deles que obedeçam à Lei de Moisés”.

Os6 apóstolos e os presbíteros se reuniram para considerar essa questão. Depois7 de muita discussão, Pedro levantou-se e dirigiu-se a eles: “Irmãos, vocês sabem que há muito tempo Deus me escolheu dentre vocês para que os gentios ouvissem de meus lábios a mensagem do evangelho e cressem. Deus8, que conhece os corações, demonstrou que os aceitou, dando-lhes o Espírito Santo, como antes nos tinha concedido. Ele9 não fez distinção alguma entre nós e eles, visto que purificou os seus corações pela fé. Então10, por que agora vocês estão querendo tentar a Deus, pondo sobre os discípulos um jugo que nem nós nem nossos antepassados conseguimos suportar? De11 modo nenhum! Cremos que somos salvos pela graça de nosso Senhor Jesus II, assim como eles também”.

Toda12 a assembléia ficou em silêncio, enquanto ouvia Barnabé e Paulo falando de todos os sinais e maravilhas que, por meio deles, Deus fizera entre os gentios. Quando13 terminaram de falar, Tiago III tomou a palavra e disse: “Irmãos, ouçam-me. Simão14 nos expôs como Deus, no princípio, voltou-se para os gentios a fim de reunir dentre as nações um povo para o seu nome. Concordam15 com isso as palavras dos profetas, conforme está escrito [...]. Portanto19, julgo que não devemos pôr dificuldades aos gentios que estão se convertendo a Deus. Ao20 contrário, devemos escrever a eles...”

Então22 os apóstolos e os presbíteros, com toda a igreja, decidiram escolher alguns dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé. Escolheram Judas, chamado Barsabás, e Silas, dois líderes entre os irmãos. Com23 eles enviaram a seguinte carta:

“Os irmãos apóstolos e presbíteros,

aos cristãos gentios que estão em Antioquia, na Síria e na Cilícia:

Saudações.”

“Soubemos24 que alguns saíram de nosso meio, sem nossa autorização, e os perturbaram, transtornando a mente de vocês com o que disseram. Assim25, concordamos todos em escolher alguns homens e enviá-los a vocês com nossos amados irmãos Paulo e Barnabé, homens26 que têm arriscado a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto27, estamos enviando Judas e Silas IV para confirmarem verbalmente o que estamos escrevendo. Pareceu28 bem ao Espírito Santo e a nós não impor a vocês nada além das seguintes exigências necessárias: Que29 se abstenham V de comida sacrificada aos ídolos, do sangue, da carne de animais estrangulados e da imoralidade sexual. Vocês farão bem em evitar essas coisas”.

“Que tudo lhes vá bem”.

Uma30 vez despedidos, os homens desceram para Antioquia, onde reuniram a igreja e entregaram a carta. Os31 irmãos a leram e se alegraram com a sua animadora mensagem. Judas32 e Silas, que eram profetas, encorajaram e fortaleceram os irmãos com muitas palavras.

 

v     Para entender a história

O debate sobre a circuncisão dos gentios evidencia as diferenças entre os ensinamentos de Moisés e dos cristãos dentro da Igreja. O Concílio de Jerusalém chega a uma decisão. Judeus e gentios são instados ao respeito mútuo em relação aos valores tradicionais uns dos outros e a buscarem uma nova unidade na mensagem do Evangelho.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Se vocês não forem circuncidados” – Muitos cristãos judeus acreditavam que a Igreja devia seguir a Lei Mosaica. Paulo acreditava que a circuncisão ia contra a mensagem de Jesus. Paulo escreveu: “Pois nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos pelo Espírito de Deus, que nos gloriamos em Cristo Jesus e não temos confiança alguma na carne” (Filipenses 3:3).

                                   II.     “Pela graça de nosso Senhor Jesus” – Pedro queria liberdade de escolha para os gentios convertidos. Baseava seu argumento no ensinamento de Jesus e em sua visão sobre animais impuros (Atos 11:7-9). Acreditava que a salvação por intermédio de Jesus era espiritual, não física, portanto as leis mosaicas deveriam ser postas de lado.

                                III.     “Tiago” – Aqui não se trata do apóstolo Tiago, irmão de João, que foi morto à espada. A maioria dos estudiosos concorda que se trata de Tiago, irmão de Jesus, que se converteu somente depois da morte e ressurreição deste, e que é o mesmo que escreve a epístola que leva o seu nome no Novo Testamento. Ele tornou-se um dos líderes da Igreja em Jerusalém.

                                IV.     “Judas e Silas” – Trata-se de Judas Barsabás, que foi um dos líderes em Jerusalém. Viajou com Silas, outra iminente figura da Igreja primitiva. Silas acompanhou Paulo em sua segunda viagem missionária. Como Paulo, Silas também tinha cidadania romana. Também desempenhou um importante papel na Igreja em Corinto.

                                   V.     “Que se abstenham” – Recomendava-se aos crentes gentios que fossem sensíveis a algumas tradições judaicas. As regras sobre alimentação eram necessárias para preservar a unidade e prevenir transgressões. Os apóstolos sustentavam que os padrões morais estabelecidos no Velho Testamento se aplicassem a todos os cristãos. Mas, agora, há uma nova ênfase na liberdade e autodisciplina. Paulo escreveu: “Tudo é permitido, mas nem tudo convém. Tudo é permitido, mas nem tudo edifica” (1º Coríntios 10:23).

 

- O Concílio de Jerusalém: Foi um concílio de apóstolos e presbíteros das igrejas de Antioquia e Jerusalém. O concílio se reuniu por volta do ano 49 d.C., para debater as questões levantadas por uma minoria de judeu-cristãos que queriam que todos os gentios convertidos fossem circuncidados.

 

- Sacrifícios: O sacrifício fazia parte da adoração ritual dos judeus, assim como de muitas outras nações. A Igreja primitiva rejeitava esta tradição judaica. Paulo argumenta que a morte de Jesus foi o sacrifício definitivo; Jesus deu sua vida para redimir a humanidade.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 26 de setembro de 2021

Seria Jesus um Romântico?


 

Há quem julgue o ensino de Jesus muito romântico e sem senso de realidade. Afinal, o que Ele manda fazer e ser é completamente contrário àquilo que o fluxo deste mundo chama de realidade e objetividade.

Quem ganha guerras amando o inimigo?

Quem vai a qualquer lugar se perdoa sempre?

Quem lucrará de modo capitalista se fizer aos outros antes aquilo mesmo que deseja que os outros façam a ele?

Em que sociedade o maior deve ser o menor, e o último o primeiro?

Em que filosofia o caminho do ser é o de se fazer como uma criança?

Quem prosperará se não se inquietar com o dia de amanhã?

Quem sobrevive sendo verdadeiro sempre?

Quem vai a qualquer lugar se não aliar-se aos poderes vigentes?

Quem se satisfaz sendo tão discreto que a mão direita não pode nem se gabar do que fez a esquerda?

Quem consegue ser tão livre, que simplesmente não reconheça fronteiras, e que se sinta bem-vindo em qualquer lugar onde for bem-vindo, pois não conhece o preconceito?

Quem não se amargurará também ao não ser recebido pelos seus próprios?

Quem, tendo todo o poder, decide não usá-lo?

Quem, podendo se impor, apenas deixa “chegar a hora”?

Quem, podendo esmagar, se deixa antes executar?

Quem, podendo dar um show que agilize o caminho, preferirá, ao invés, andar nos desertos, e associar-se a gente pequena, e dedicar a sua vida à cura dos doentes de corpo e alma?

Quem, podendo curar, curando proíbe os curados de falarem que foi dele que veio o benefício?

Quem sacrificaria um jantar com amigos ricos para oferecer uma ceia para mendigos e desconhecidos pobres?

Quem faz do amor um caminho de transgressão ante os olhos dos juízes da moral e, ainda assim, jamais negocia o que sabe ser verdade e bom?

Quem confia ao Pai a própria vida, e aceita todo e qualquer absurdo e, ainda assim, sabe morrer entregando ao Pai o espírito?

Sim, para muitos, senão para todos, o Evangelho é insuportável e, por isto, mesmo quando todos dizem que ele está certo, ainda assim poucos se aventuram a levá-lo à sério.

Jesus, todavia, não era romântico. Se Ele come carne é porque animais morrem. Se bebe vinho é porque sabe que vides precisam ser plantadas. Se fala de casas que não sucumbem ao tempo é porque sabe que casas precisam ser construídas. Se transforma água em vinho é porque sabe que a frustração pode acabar com a alegria de um casamento. Se multiplica alimentos é porque sabe que o homem não vive somente da Palavra que sai da boca de Deus, mas também de pão. Se entra em barcos é porque reconhece a gravidade da “lei da gravidade”. Se dorme é porque sabe que sem descanso não se vive. Se chora a morte de um amigo é porque reconhece que não existe vida sem emoção.

Entretanto, Jesus estabelece limites. Ele deixa claro que a cobiça, os excessos, as luxúrias e todas as ambições tornariam a vida impossível na Terra.

Hoje, quem se atreve a dizer que nosso senso de realidade e de objetividade são de fato reais e objetivos?

Sim, diante de tudo o que nossa realidade e nossa objetividade produziram como morte em proporções globais, quem se atreve a dizer que o romântico é Jesus?

Não, amigos! Digamos que não suportamos, que não aguentamos viver diferente, que nosso egoísmo e nosso imediatismo nos governam, qualquer coisa... mas não digamos que Jesus é romântico.

Românticos e idiotas somos nós, os insaciáveis, os implacavelmente cobiçosos, os senhores e sujeitos de seus próprios medíocres destinos, os poderosos que não têm nem mesmo o senso de realidade que assume que nós próprios, quais idiotas incuráveis, somos aqueles que, por ambição, omissão, ou mero comodismo, estamos tratando real e objetivamente de nos auto-destruirmos.

Sim, digamos antes que o Evangelho é insuportável, mas não digamos que ele é romântico, pois nada há mais verdadeiro, nem tampouco mais real e chocantemente profilático a indicar o caminho da vida, e não da morte, quanto o Evangelho de Jesus.

Mas Ele perguntou: “Quando vier o Filho do Homem, porventura achará fé na Terra?”

 

Um texto de Caio Fábio D’Araújo Filho

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

74 – Paulo e os Gálatas (Atos 13 e 14)

 

A49(versículo de Atos 13) palavra do Senhor se espalhava por toda a região. Mas50 os judeus incitaram as mulheres piedosas de elevada posição e os principais da cidade. E, provocando perseguição contra Paulo e Barnabé, os expulsaram do seu território. Estes51 sacudiram o pó dos seus pés I em protesto contra eles e foram para Icônio. Os52 discípulos continuavam cheios de alegria e do Espírito Santo.

Em1(versículo de Atos 14) Icônio, Paulo e Barnabé, como de costume, foram à sinagoga judaica II. Ali falaram de tal modo que veio e crer grande multidão de judeus e gentios. Mas2 os judeus que se tinham recusado e crer incitaram os gentios e irritaram-lhes os ânimos contra os irmãos. Paulo3 e Barnabé passaram bastante tempo ali, falando corajosamente do Senhor, que confirmava a mensagem de sua graça realizando sinais e maravilhas pelas mãos deles. O4 povo da cidade ficou dividido: alguns estavam a favor dos judeus, outros a favor dos apóstolos. Formou-se5 uma conspiração de gentios e judeus, com os seus líderes, para maltratá-los e apedrejá-los. Quando6 eles souberam disso, fugiram para as cidades licaônicas III de Listra e Derbe, e seus arredores, onde7 continuaram a pregar as boas novas.

Em8 Listra havia um homem paralítico dos pés, aleijado desde o nascimento, que vivia ali sentado e nunca tinha andado. Ele9 ouvira Paulo falar. Quando Paulo olhou diretamente para ele e viu que o homem tinha fé para ser curado, disse10 em alta voz: “Levante-se! Fique em pé!” Com isso, o homem deu um salto e começou a andar.

Ao11 ver o que Paulo fizera, a multidão começou a gritar em língua licaônica: “Os deuses desceram até nós em forma humana!” A12 Barnabé chamavam Zeus e a Paulo Hermes IV, porque era ele quem trazia a palavra. O13 sacerdote de Zeus, cujo templo ficava diante da cidade, trouxe bois e coroas de flores à porta da cidade, porque ele e a multidão queriam oferecer-lhes sacrifícios.

Ouvindo14 isso, os apóstolos V Barnabé e Paulo rasgaram as roupas e correram para o meio da multidão, gritando: “Homens15, por que vocês estão fazendo isso? Nós também somos humanos como vocês. Estamos trazendo boas novas para vocês, dizendo-lhes que se afastem dessas coisas vãs e se voltem para o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há. No16 passado ele permitiu que todas as nações seguissem os seus próprios caminhos. Contudo17, Deus não ficou sem testemunho: mostrou sua bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e um coração cheio de alegria”. Apesar18 dessas palavras, eles tiveram dificuldade para impedir que a multidão lhes oferecesse sacrifícios.

Então19 alguns judeus chegaram de Antioquia e de Icônio e mudaram o ânimo das multidões. Apedrejaram Paulo e o arrastaram para fora da cidade, pensando que estivesse morto. Mas20 quando os discípulos se ajuntaram em volta de Paulo, ele se levantou e voltou à cidade. No dia seguinte, ele e Barnabé partiram para Derbe.

Paulo e Barnabé ganham um grande número de discípulos em Derbe. Depois, retornam a Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia. Encorajam os discípulos a permanecerem fiéis à sua fé e escolhem anciãos em todas as igrejas. Após viajarem pela Pisídia e Panfília, Paulo e Barnabé retornam a Atália.

De26 Atália navegaram de volta a Antioquia, onde tinham sido recomendados à graça de Deus para a missão que agora haviam completado. Chegando27 ali, reuniram a igreja e relataram tudo o que Deus tinha feito por meio deles e como abrira a porta da fé aos gentios. E28 ficaram ali muito tempo com os discípulos.

 

v     Para entender a história

Os primeiros missionários enfrentam extremo sofrimento. Muitos são hostis à sua mensagem e os expulsam. Mas Paulo e Barnabé estão determinados a levar o Evangelho a judeus e gentios.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Sacudiram o pó dos seus pés” – Os judeus realizavam este ato simbólico quando se retiravam de uma área gentia “impura”. Quando Jesus enviou seus discípulos, disse-lhes que fizessem isto, como advertência para os que o rejeitavam.

                                   II.     “Como de costume, foram à sinagoga judaica” – Apesar de dizer que levaria a mensagem cristã aos gentios (Atos 13:46), Paulo continua a pregar, primeiro, nas sinagogas.

                                III.     “Cidades licaônicas” – A Licaônia era um distrito distante na província romana da Galácia, na Ásia Menor. Suas principais cidades eram Icônio, Listra, Derbe e Antioquia da Pisídia. Paulo escreveu, mais tarde, aos gálatas, persuadindo-os a permanecer fiéis ao Evangelho.

                                IV.     “Zeus... Hermes” – Zeus era a suprema divindade grega e Hermes era seu divino mensageiro – na cultura romana, seus correspondentes são Júpiter e Mercúrio, respectivamente. De acordo com uma antiga lenda, estes dois deuses visitaram Listra e ficaram tão irados com a falta de hospitalidade do povo que destruíram a cidade. Esta história era muito conhecida do povo de Listra e explica a razão de sua reação a Paulo e Barnabé.

                                   V.     “Os apóstolos” – A palavra grega “apóstolo” significa “aquele que é enviado”. No Novo Testamento, “apóstolo” é um termo usado para os doze discípulos de Jesus. Mas “apóstolo” adquire um sentido mais geral nas cartas de Paulo. Ele inclui todos os que foram escolhidos por Cristo para estabelecer a Igreja. Paulo torna claro que aos apóstolos eram concedidos poderes especiais e que sua autoridade não podia ser transferida a outros membros da Igreja.

 

- Paulo e Barnabé: Deste ponto da história dos Atos em diante, a liderança missionária passa de Barnabé para Paulo. Antes, em suas viagens, Barnabé é mencionado antes de Paulo, mas é claramente Paulo que, agora, toma a frente do trabalho missionário.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 19 de setembro de 2021

O Que o Filho de Timeu Ensina Sobre a Oração?


  

Então chegaram a Jericó. Quando Jesus e seus discípulos, juntamente com uma grande multidão, estavam saindo da cidade, o filho de Timeu, Bartimeu, que era cego, estava sentado à beira do caminho pedindo esmolas. Quando ouviu que era Jesus de Nazaré, começou a gritar:

“Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”

Muitos o repreendiam para que ficasse quieto, mas ele gritava ainda mais:

“Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”

Jesus parou e disse:

“Chamem-no”.

E chamaram o cego:

“Ânimo! Levante-se! Ele o está chamando”.

Lançando sua capa para o lado, de um salto pôs-se em pé e dirigiu-se a Jesus.

O que você quer que eu lhe faça?”, perguntou-lhe Jesus.

O cego respondeu:

“Mestre, eu quero ver!”

“Vá”, disse Jesus, “a sua fé o curou”.

Imediatamente ele recuperou a visão e seguiu Jesus pelo caminho.

 

(Marcos 10:46-52)

 

Jesus e os Seus discípulos – e mais uma grande quantidade de pessoas que O seguiam – estavam indo da Galileia para a Judeia, numa viagem bastante longa quando feita a pé, como eles faziam. Chegaram a Jericó e, agora, estavam já saindo dela.

Não se sabe o nome do cego que estava ali sentado, à beira do caminho – sim, porque Bartimeu é uma expressão que quer dizer “filho de Timeu”. Então, sabe-se somente o nome do pai do cego, mas do cego mesmo, não.

Fato é que ele estava sentado ali, pedindo esmolas, que era o que um cego podia fazer para arrecadar algum, pois, em não podendo trabalhar nem produzir, tornava-se um dependente da família ou de quem pudesse fazer algo por ele. Por saber-se o nome do pai dele, deduz-se que desamparado por completo ele não devia ser, mas estava ali, fazendo a sua parte e, para não depender exclusivamente de outros, tratava de colaborar no seu sustento como podia, ainda que fosse esmolando.

Quando Jesus e Sua “caravana” passaram por onde ele estava sentado, por certo ouviu o burburinho e quis saber quem era. Informado que se tratava de Jesus e, certamente, já tendo ouvido falar d’Ele outras vezes, foi tomado de coragem e manifestou-se, fazendo-se notar – pois, assim como ocorre hoje em dia quando passamos por pessoas em situações de mendicância na rua, a tendência é que solenemente sejam ignoradas, para que não se tenha o “incômodo” da nossa consciência nos dizendo que “deveríamos” fazer algo por elas.

Fato é que o filho de Timeu pregou o berro! Chamou por Jesus de maneira tão alta que não só se fez notar, como incomodou as “pessoas de bem” que andavam com Jesus e não queriam que Ele fosse importunado por tão alardeante abuso. E mandaram o filho de Timeu calar a boca e recolher-se à sua insignificância.

Mas o cara não se deu por vencido. Gritou ainda mais alto, pedindo por misericórdia, isto é, pela atenção de um coração capaz de empatia, do pôr-se no seu lugar. E Jesus o ouviu, posto que o coração de Deus é amor/empatia em estado absoluto e foi/é capaz de colocar-Se em nosso lugar – pois foi isso que Jesus, o Cristo, fez/faz por todos os homens: colocar-Se em nosso lugar e coabitar conosco!

É interessante percebermos que o filho de Timeu, por seu grito em direção ao divino, fez Jesus parar. Sim, Deus pára quando clamamos por Ele!

Jesus disse àqueles que O acompanhavam – aqueles mesmos que mandaram o cego calar-se –, que o chamassem. Imaginem a cena: os mesmos caras que disseram “cala a tua boca” ao cego, agora tinham que chegar a ele e dizer “o Mestre te chama, te quer junto a Ele”. É “tapa com luva de pelica” que se diz, não é?

O cego não se fez de rogado, afinal, depois de esgoelar-se, agora, levantar e ir ao encontro de Jesus, era o prêmio pelo qual ansiava. E o fez de forma resoluta, lançando a sua capa de lado, a mesma capa que o protegia do frio, da chuva e do sol e era, possivelmente, o que de maior valor material possuía. Ele agora não dava bola se a capa se perdesse na confusão, se alguém daria de mão nela, se ele a recuperaria. Não. O mais importante agora era ir ao encontro de Jesus, que o estava chamando, vejam só!

E lá foi ele. Ao estar frente a frente com Jesus, ouviu uma das mais estranhas perguntas que um cego diante de Deus poderia ouvir: “O que você quer que eu lhe faça?” Como assim? Não parecia óbvio? Sim, mas, mesmo diante do óbvio, é preciso que falemos a Deus o que desejamos d’Ele, uma vez que clamamos por Ele e temos a Sua atenção.

É interessante notarmos que o filho de Timeu não disse que “queria ser curado” de seus olhos, de sua cegueira. Ele disse somente que “queria ver”. Pode parecer a mesma coisa, pode parecer que o significado é idêntico, mas não é. “Ser curado” é o meio pelo qual seu desejo seria alcançado, mas o que de fato “ele queria”, era “ver”. Ele não clamava por cura, pois cura é um processo. Ele clamava por visão, pois visão é uma consciência e uma bênção – e é o resultado final de todo aquele que se encontra com Jesus!

Diante dessa “clareza de visão” que o cego demonstrava ter – e de sua fé em saber que Jesus o podia ajudar –, é que ele ouviu que fora esta mesma fé que demonstrava diante de Jesus que havia sido “o gatilho e a catapulta” da sua cura!

Interessante também é que Jesus diz a ele “vá”, e ele “foi” naquilo que ele tinha convicção de ser o caminho: seguir com Jesus!

Ele não se tornou um discípulo/apóstolo de Jesus, mas Jesus tinha muitos discípulos que O acompanharam o caminho todo, mesmo os que eram até mais anônimos que este filho de Timeu. Assim, não se sabe “quanto tempo cronológico” durou este “seguir Jesus pelo caminho”. Mas creio que a cronologia do tempo aqui não importa. Importa mesmo o significado psicológico/espiritual do tempo em que o filho de Timeu esteve desfrutando da companhia de Jesus. E creio também que este encontro e esse caminhar junto foi impactante para o resto da sua vida aqui na Terra, e que esteja sendo impactante por todo o absoluto eterno em que ele esteja na glória divina. Sim, porque a sua fé não só o catapultou para o “milagre da visão”, mas também o há de ter catapultado para a vida eterna!

E o que eu aprendo com o filho de Timeu em relação à oração? É, afinal, esta a pergunta que faço no título deste texto.

Aprendo algumas coisas muito importantes, quais sejam:

- É preciso que eu saiba que Jesus está sempre passando pelo meu caminho.

- É preciso que eu saiba sempre d’Ele, pelo contato com Sua Palavra, por exemplo.

- É preciso que eu perceba a multidão que anda com Ele, minhas irmãs e meus irmãos humanos, e que esse burburinho seja significativo para mim.

- É preciso que eu saiba que, assim como o filho de Timeu, por vezes posso encontrar-me em cegueira espiritual.

- É preciso que eu “me vire” por mim mesmo para meu sustento, mesmo que seja esmolando, mas que eu não me “deite” na dependência dos outros.

- É preciso que, quando ouço, pela Palavra, que é Jesus Quem está perto de mim, eu me manifeste em oração, ore a Ele, ainda que, para ser ouvido por Ele e por mim mesmo, eu tenha que gritar psicologicamente, para que minha fé aflore.

- É preciso que eu saiba que, mesmo em minhas orações, podem vir pensamentos que me digam que seria melhor eu ficar quieto, nem orar, pois de nada adianta.

- É preciso que, diante dos desestímulos da existência e dos aparentes não-resultados, eu ore mais, eu grite mais alto, eu persevere e lute como nunca lutei antes.

- É preciso que eu saiba que minhas orações sinceras fazem até Deus “parar” para mim!

- É preciso que eu aprenda a esperar até que Ele “me chame” à consciência, e que, uma vez tendo ouvido o Seu chamado, eu vá.

- É preciso que eu lance de lado tudo aquilo que me prende ao “conforto” da minha dependência e impotência momentânea, que eu lance fora os medos psicológicos de colocar-me em pé, ainda que cego por não saber bem o caminho, mas confiante que fui ouvido e agora me cabe ir ao encontro d’Aquele que me chama.

- É preciso que eu saiba que, uma vez tendo a atenção de Deus e estando em oração diante d’Ele, eu preciso estar preparado para ouvir Ele me perguntar “o que realmente eu quero”, pois isso faz com que eu reflita sobre minhas prioridades.

- É preciso que eu saiba dizer-Lhe, em minhas orações, claramente o que eu desejo, e que este desejo vá além do óbvio mecanismo para alcançá-lo, mas que eu expresse a minha “visão mais elevada”, que é, paradoxalmente, “ver a Deus”.

- É preciso que, uma vez que a mim tenha sido revelada a vontade d’Ele, eu a receba com a mesma fé que me fiz “gritar por e para Ele”, e que eu agora “agradeça por e para Ele”.

- É preciso agora, uma vez tendo insistido e perseverado na oração, tendo superado as adversidades que me diziam para ficar calado, tendo tido a atenção de Deus, tendo dito a Ele claramente o que desejo, tendo recebido d’Ele o atendimento ao meu orar, tendo sabido d’Ele que minha fé o fez, é preciso que agora eu vá, e faça uso da “visão”, podendo ser luz e vista para outros, para meus semelhantes e meus diferentes, mas jamais me negando a ninguém.

- É preciso que eu, “indo”, sempre “O acompanhe, O siga”, pois sei que onde Ele está, aí é o meu lugar!

É isso o que o filho de Timeu me ensina sobre a oração.

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

73 – Os Primeiros Missionários (Atos 13)


 

Na1(versículo de Atos 13) igreja de Antioquia havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. Enquanto2 adoravam o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: “Separem-me Barnabé e Saulo para a obra que os tenho chamado”. Assim3, depois de jejuar e orar, impuseram-lhes as mãos e os enviaram.

Enviados4 pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia I e dali navegaram para Chipre II. Chegando5 em Salamina, proclamaram a palavra de Deus nas sinagogas judaicas. João estava com eles como auxiliar.

Viajaram6 por toda a ilha, até chegarem a Pafos. Ali encontraram um judeu, chamado Barjesus, que praticava magia e era falso profeta. Ele7 era assessor do procônsul Sérgio Paulo. O procôncul, sendo homem culto, mandou chamar Barnabé e Saulo, porque queria ouvir a palavra de Deus. Mas8 Elimas, o mágico (esse é o significado do seu nome), opôs-se a eles e tentava desviar da fé o procônsul. Então9 Saulo, também chamado Paulo III, cheio do Espírito Santo, olhou firmemente para Elimas e disse: “Filho10 do Diabo e inimigo de tudo o que é justo! Você está cheio de toda espécie de engano e maldade. Quando é que vai parar de perverter os retos caminhos do Senhor? Saiba11 agora que a mão do Senhor está contra você, e você ficará cego e incapaz de ver a luz do sol durante algum tempo”.

Imediatamente vieram sobre ele névoa e escuridão, e ele, tateando, procurava quem o guiasse pela mão. O12 procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, profundamente impressionado com o ensino do Senhor.

De13 Pafos, Paulo e seus companheiros navegaram para Perge, na Panfília. João os deixou ali IV e voltou para Jerusalém. De14 Perge prosseguiram até Antioquia da Pisídia. No sábado, entraram na sinagoga e se assentaram. Depois15 da leitura da Lei e dos Profetas, os chefes da sinagoga lhes mandaram dizer: “Irmãos, se vocês têm uma mensagem de encorajamento para o povo, falem”.

Paulo falou aos judeus sobre a morte e ressurreição de Jesus e explicou que o único caminho para Deus era Jesus.

Quando42 Paulo e Barnabé estavam saindo da sinagoga, o povo os convidou a falar mais a respeito dessas coisas no sábado seguinte. Despedida43 a congregação, muitos dos judeus e estrangeiros piedosos convertidos ao judaísmo seguiram Paulo e Barnabé. Estes conversavam com eles, recomendando-lhes que continuassem na graça de Deus.

No44 sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a palavra do Senhor. Quando45 os judeus viram a multidão, ficaram cheios de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo estava dizendo.

Então46 Paulo e Barnabé lhes responderam corajosamente: “Era necessário anunciar primeiro a vocês a palavra de Deus; uma vez que a rejeitam e não se julgam dignos da vida eterna, agora nos voltamos para os gentios V. Pois47 assim o Senhor nos ordenou: ‘Eu fiz de você luz para os gentios, para que você leve a salvação até aos confins da terra’”.

Ouvindo48 isso, os gentios alegraram-se e bendisseram a palavra do Senhor; e creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna.

 

v     Para entender a história

A escolha dos primeiros missionários da Igreja é um passo histórico. Paulo e seus companheiros não saem com planos estratégicos; ao invés disso, confiam no Espírito Santo para orientar sua missão. Quando sua mensagem é rejeitada pelos judeus de Antioquia da Pisídia, Paulo decide levar o Evangelho aos gentios.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Selêucia” – Naquele tempo, Selêucia era um importante porto marítimo para os romanos, por causa da sua posição privilegiada numa rota comercial. Estava a cerca de 25 quilômetros de Antioquia.

                                   II.     “Chipre” – A ilha de Chipre é visível desde o porto de Selêucia. Foi famosa por suas ricas minas de cobre. Seu nome vem da palavra latina que significa “cobre”. Salamina (a atual Famagusta) era a capital, mas os romanos usavam a cidade de Pafos como quartel-general. Chipre tinha grande população de judeus.

                                III.     “Saulo, também chamado Paulo” – Saulo (nome hebreu) agora é chamado Paulo (nome romano). Paulo é judeu, mas, como cidadão romano, também faz parte do mundo gentio. Esta mudança de nome dá ênfase ao papel de Paulo como apóstolo dos gentios.

                                IV.     “João os deixou ali” – Trata-se de João Marcos, o provável autor do segundo Evangelho (Marcos). Seu papel como auxiliar terminou quando retornou a Jerusalém, por razão desconhecida. Isto provocou desentendimento entre Paulo e Barnabé, tio de João. Barnabé queria que João se reunisse a eles, mas Paulo achava que João não era confiável.

                                   V.     “Os gentios” – Os judeus chamavam os não-judeus de “gentios”, da palavra latina “gens”, que significa “nação”. A palavra tinha outro sentido naquele tempo, quando os judeus tiveram que partilhar a “terra prometida” com nações não-judias e se mantiveram separados deles.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 12 de setembro de 2021

A Mensagem do Salmo 23


  

Que o mundo está passando por tribulações, medos e apreensões ninguém duvida. Todos os dias há notícias de novas doenças, novos vírus, novos males, novas guerras. A impressão que se tem é de que não há mais paz no mundo. Todavia, há um povo que, não obstante todas essas coisas, ainda consegue descansar. É o povo que descansa no Senhor, como ovelhas no aprisco. O Salmo 23 nos leva à reflexão de como descansar, mesmo sob pressão. Este Salmo foi escrito há cerca de 3.000 anos, mas soa tão novo que parece ter sido escrito em nossa época.

Davi chama Deus de Pastor e, assim, O traz para a esfera existencial. O uso do pronome possessivo “meu”, usado pelo salmista, nos transmite a ideia de intimidade e comunhão. Se o Senhor é nosso Pastor, podemos descansar, mesmo sob as torrentes de águas, porque não nos faltarão paz, segurança, provimento e amor. Todas as nossas necessidades serão supridas, porque o Pastor jamais faltará com Sua responsabilidade. Ovelhas só descansam depois de se sentirem seguras, sem temores ou fome. O bom pastor leva seu rebanho para as boas pastagens e a beber em ribeiros tranquilos, porque sabe que ovelhas temem águas revoltas.

Ovelhas são míopes, só enxergam até oito metros à frente e não têm senso de direção. Por isso, os pastores da Palestina conduzem suas ovelhas por meio de trilhas. A ovelha que escolher seu próprio caminho corre o risco de se envolver em situações perigosas. Deus nunca nos conduz a becos sem saída ou a precipícios. Sua orientação sempre nos leva a caminhos seguros.

Existe uma trilha perigosa entre Jerusalém e o Mar Morto, chamada de Vale da Sombra da Morte, onde os pastores andam lado a lado com suas ovelhas, para que nenhuma caia no abismo. Assim é Deus conosco, não importa se nosso vale é pobreza ou tribulações. Ele sempre nos traz consolo e provisão. Quando achamos que tudo vai mal, Ele muda nossa história.

Ainda que permita que passemos pelo vale, Ele nos enche de graça e nos leva a pastos verdejantes. O Senhor sempre nos fortalece, por meio de Jesus. Dessa forma, o diabo, nosso adversário, não pode nos fazer mal algum. Somente a Palavra de Deus pode nos conduzir ao triunfo e ao descanso. Ao afirmarmos “O Senhor é o meu Pastor”, estamos expressando nossa convicção de que somente Deus pode nos proporcionar tudo que necessitamos para sermos felizes.

 

Encontrei este texto na internet e não consegui identificar o seu autor, mas achei muito bom e resolvi compartilhá-lo aqui no Blog. Caso alguém saiba a sua autoria, por favor, informe nos comentários.


Kurt Hilbert

sábado, 4 de setembro de 2021

72 – As Viagens de Paulo


  

Cerca de dez anos após a morte de Jesus, Paulo partiu para a primeira de suas missões para converter tanto judeus quanto não-judeus ao Cristianismo. Durante os vinte anos seguintes, realizou três viagens missionárias em torno do Mediterrâneo, Oriente Médio e Europa, que são relatadas por Lucas, no livro dos Atos. Paulo também fez uma quarta viagem, a Roma, onde ficou para julgamento. Muitas vezes Paulo pregou nas sinagogas, construídas pelos judeus que se estabeleceram por toda a parte do Mediterrâneo, depois do exílio. Às vezes, Paulo encontrava hostilidade e era forçado a se deslocar para novas vilas e cidades. Mas muito de seu trabalho foi um sucesso e ele revisitou cidades, dando conselhos e esperança aos cristãos convertidos.

 

Por onde Paulo viajou?

Paulo seguiu as principais rotas comerciais, indo de cidade em cidade, por mar ou por terra. Os três principais centros de suas atividades missionárias foram Antioquia, Éfeso e Corinto. Ao viajar para importantes centros comerciais e capitais provinciais, como estas, Paulo pôde falar a grande número de pessoas. Os muitos visitantes destas cidades cosmopolitas levariam também a mensagem cristã a suas pátrias, quando a elas retornassem.

 

A primeira viagem

Primeiro, Paulo viajou para Salamina, em Chipre. Depois, atravessou o mar para Perge, na Ásia Menor, e viajou por terra. Após visitar várias cidades, retornou pela mesma rota.

 

A segunda viagem

A segunda viagem de Paulo foi mais longa. Andou pelas terras da Europa e permaneceu em Corinto por dezoito meses. Após três anos em viagem, finalmente retornou a Antioquia.

 

A terceira viagem

A terceira viagem de Paulo levou-o de volta a muitas cidades que já visitara, como Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia. Ficou cerca de dois anos em Éfeso, capital da província romana da Ásia, antes de viajar pela Macedônia e Grécia, em seu retorno a Jerusalém.

 

Viagem marítima

A viagem para Roma é descrita em detalhes no capítulo 27 de Atos. O texto diz que ele viajou num navio cargueiro de Alexandria para Roma. Provavelmente, o navio tinha dois mastros, seis âncoras e levava 276 passageiros. Esta viagem seguiu-se a um período onde Paulo ficou preso por dois anos em Cesareia, aguardando ser julgado pelos líderes religiosos judeus. Paulo, como era cidadão romano, apelou para César, e foi enviado a Roma para ser julgado pela corte romana.

 

Os companheiros de Paulo

Paulo nunca viajou sozinho. Um de seus mais fiéis companheiros foi Lucas, que registra as viagens no Livro dos Atos. Os outros principais companheiros de Paulo foram Barnabé, João Marcos, Silas, Timóteo e Tito. Eram originários de diversas culturas, o que ajudou Paulo, quando falava a diferentes plateias. Mas a relação entre Paulo e os missionários nem sempre foram boas; às vezes, discussões geravam rupturas (Atos 15:39).

 

A Igreja ameaçada

Muitos, tanto judeus quanto não-judeus, viam o Evangelho como uma ameaça à sua própria religião e aos seus tradicionais estilos de vida. Como resultado, Paulo sofreu perseguição. Foi apedrejado, torturado e preso. Nunca desistiu, mas nem todos os primeiros cristãos eram de personalidade tão forte, e a Igreja ficou enfraquecida por esta perseguição. O Cristianismo também era ameaçado por falsos ensinamentos. Cada igreja local provavelmente desenvolveu sua própria abordagem do ensinamento cristão. Paulo escreveu a tais comunidades, para encorajar os crentes a manterem a sua fé e para dar orientação sobre o correto ensino do Cristianismo.

 

As cartas de Paulo

Treze das cartas do Novo Testamento são introduzidas pelo apóstolo Paulo, que, tradicionalmente, é tido como seu autor. Há quem considere sua também a décima quarta carta – aos Hebreus – embora haja divergência entre os estudiosos quanto a sua autoria e, hoje em dia, há uma quase-convicção de que esta carta não é de Paulo, e se desconhece o verdadeiro autor. Suas cartas não eram sermões, mas mensagens vivas a grupos específicos, pessoas ou igrejas locais. Foram escritas durante uma viagem ou depois dela. Muitas vezes eram levadas a uma igreja pelas mãos de algum de seus emissários ou por alguém que viajava para a cidade para a qual a carta era destinada. Escreveu algumas enquanto prisioneiro em Roma. Algumas vezes usava secretários – para os quais Paulo ditava –, que punham seus nomes ao final da carta, como Tércio, que escreveu a Carta aos Romanos, mas, comumente, o próprio Paulo as assinava.

 

Os objetivos das cartas de Paulo

As cartas de Paulo foram escritas para dar orientação às comunidades cristãs primitivas, por ele criadas. Ficava ausente de tais igrejas por longos períodos, visitando outras ou procurando criar novas. Havia assuntos gerais, que podiam ser válidos também para outras comunidades, e assuntos específicos e pontuais, destinados somente àquela comunidade, especialmente quando tratava de usos e costumes ou abordava temas comportamentais locais, conforme a cultura social vigente. Suas cartas oferecem encorajamento, advertências e conselhos.

 

As Epístolas

O Novo Testamento contém outras sete cartas, conhecidas como “epístolas universais”. Circulavam entre todos os primeiros cristãos e não apenas numa determinada igreja local. São elas: Tiago; 1º e 2º Pedro; 1º, 2º e 3º João; e Judas.

 

As Epístolas de Paulo – na ordem em que aparecem na Bíblia

- Romanos, escrita em Corinto, aprox. no ano 57 d.C.

- 1º Coríntios, escrita em Éfeso, aprox. no ano 55 d.C.

- 2º Coríntios, escrita na Macedônia, aprox. no ano 55 d.C.

- Gálatas, escrita em Antioquia, aprox. no ano 49 d.C.

- Efésios, escrita em Roma, aprox. no ano 60 d.C.

- Filipenses, escrita em Roma, aprox. no ano 61 d.C.

- Colossenses, escrita em Roma, aprox. no ano 60 d.C.

- 1º Tessalonicenses, escrita em Corinto, aprox. no ano 51 d.C.

- 2º Tessalonicenses, escrita em Corinto, aprox. no ano 51 d.C.

- 1º Timóteo, escrita em Filipos, entre os anos 63 e 65 d.C.

- 2º Timóteo, escrita em Roma, entre os anos 63 e 65 d.C.

- Tito, escrita em Roma, entre os anos 63 e 65 d.C.

- Filemom, escrita em Roma, aprox. no ano 60 d.C.

 

Trecho da carta de Paulo aos Coríntios

Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá.

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido.

Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.

(1º Coríntios 13:1-13)

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.