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domingo, 27 de fevereiro de 2022

90 – O Antigo Testamento


 

O Antigo Testamento é uma reunião de textos sobre o povo de Israel (os hebreus) e o seu relacionamento especial com Deus. Descreve os principais acontecimentos de sua história, desde a origem até a vida no exílio, e a volta a Canaã, a “terra prometida”. A maioria dos eventos do Antigo Testamento se desenrola numa área de terra a leste do Mediterrâneo, conhecida como “crescente fértil”. Esta área vai do sul da Mesopotâmia, passando por Canaã, até o norte do Egito.

O Antigo Testamento é o livro sagrado do povo judeu. E é também a primeira metade da Bíblia cristã. Todas as comunidades cristãs aceitam os textos hebraicos como sendo oficiais, já que a fé cristã derivou do Judaísmo. Para os cristãos, Jesus Cristo é o Messias profetizado nas escrituras do Antigo Testamento.

 

A Estrutura

Os textos originais do Antigo Testamento foram agrupados em três seções: a Lei (Torá), os Profetas (Naviim) e os Escritos (Kethubin). A Bíblia moderna judaica está organizada da mesma maneira e, às vezes, é chamada de Tanak. Trata-se um acrônimo com as primeiras letras dessas palavras em hebraico (TNK). O conteúdo do Antigo Testamento cristão é o mesmo, mas ordenado de uma maneira diferente.

 

A Lei

Tanto judeus quanto cristãos a chamam de “Lei de Moisés”, por causa do primeiro grande líder, Moisés, que levou a Lei aos israelitas. Os Livros da Lei são chamados de Torá, que significa instrução. Eles contêm todo o ensinamento que o povo de Israel teve que absorver e observar. A Lei também inclui relatos históricos dos israelitas e a entrada deles na “terra prometida”.

Os livros da Lei também são conhecidos como o Pentateuco, uma palavra grega para “cinco livros”. Eles contêm leis, narrativas, árvores genealógicas e poesia.

São eles: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

 

Os Profetas

Essa seção contém os livros históricos escritos pelos profetas israelitas. Eles descrevem eventos que vão da conquista de Canaã até o final da monarquia israelita, e narram o constante esforço dos israelitas para conservar a Lei de Moisés. Os Profetas eram mediadores entre Deus e os israelitas. Explicavam os significados de eventos e alertavam os israelitas para o perigo de desobedeceram a Deus. Os Profetas previram muitos acontecimentos futuros e anunciaram a chegada de um Messias, que levaria o seu povo de volta a Deus.

Os livros dos Profetas são: Josué, Juízes, 1º e 2º Samuel, 1º e 2º Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Profetas Menores.

Os Profetas Menores, que têm escritos com pouca extensão, são: Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

 

Os Escritos

Esse conjunto contém livros de didática, poesia, profecia e história, que não são ordenados de forma cronológica. Os Escritos expressam as relações dos israelitas com Deus, em épocas de fidelidade ou de desobediência. Também transmitem palavras de sabedoria e orientação, usadas para a meditação dos israelitas como parte de sua veneração. O Livro dos Salmos, uma compilação de 150 hinos e preces, é o mais longo da Bíblia. Partes do livro eram usadas pelos israelitas em seus cultos diários.

Os três primeiros livros desse grupo são de poesia e didática, os cinco seguintes são registros oficiais (lidos em festividades importantes) e os três últimos são históricos e proféticos.

São eles: Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras e Neemias, 1º e 2º Crônicas.

 

O culto israelita

O culto primitivo israelita continha a oferenda de sacrifícios a Deus. Os Patriarcas (os antepassados dos israelitas) faziam oferendas em altares de pedra, para comemorar, sempre que Deus aparecia para eles (Gênesis 28:18-22).

Sob a liderança de Moisés, o culto israelita tornou-se mais complexo. Os serviços tinham lugar no Tabernáculo, um altar portátil, também conhecido como Tenda da Reunião. O Tabernáculo continha a Arca da Aliança, um baú com a Lei de Moisés e tábuas de pedra esculpidas com os Dez Mandamentos. Não era mais o povo que realizava sacrifícios, mas os levitas, ministros que os executavam em altares construídos especialmente para isso no Tabernáculo. Os levitas eram as únicas pessoas com permissão para montar o Tabernáculo.

Cerca de 500 anos depois, quando Israel se tornou um reino unido, o Tabernáculo foi substituído pelo Templo do Senhor, construído por Salomão. Todos os cultos e sacrifícios diários realizavam-se no Templo.

 

O texto hebraico

Grande parte do significado dos textos hebraicos originais se perdeu na tradução. O simbolismo das palavras, expressões, nomes e até mesmo de histórias não pode ser apreciado em sua totalidade sem a compreensão das tradições e da cultura dos escritores do Antigo Testamento.

 

A importância dos nomes

Os nomes que os hebreus davam às pessoas e aos lugares são muito mais do que simples “rótulos”. Eram escolhidos com a finalidade de expressar algo sobre a pessoa ou um evento. Por exemplo, Isaque significa “riso”.

Ele recebeu esse nome porque os seus pais riram, descrentes, quando Deus lhes disse que teriam um filho, ainda que fossem velhos (Gênesis cap. 18). Alguns nomes indicam o futuro papel de uma pessoa, como Josué, que significa “o Senhor é o Salvador”. Moisés batizou o local onde muitos israelitas morreram, por causa de sua cobiça, de Kibbroth Hattavah, que quer dizer “covas da gula”.

 

Símbolos do Antigo Testamento

Muitas pessoas, acontecimentos e objetos no Antigo Testamento têm um significado simbólico. Por exemplo, Noé representa tudo o que é bom e justo no mundo, e o Dilúvio simboliza a ira e o julgamento de Deus. O arbusto em chamas no Monte Sinai também significa a presença de Deus e enfatiza o seu poder. Deus usa o fogo para guiar o seu povo (Êxodo 13:21).

O livro do Êxodo é repleto se simbolismos. O Tabernáculo representa um “local de reunião” entre Deus e o homem, e a Arca da Aliança simboliza a presença constante de Deus, porque ela contém a Lei.

 

Números do Antigo Testamento

Alguns números devem ser entendidos literalmente, como as detalhadas dimensões fornecidas para a construção do Tabernáculo. Por outro lado, muitos números têm apenas uma função simbólica. “Sete” representa perfeição, e “quatro” e “dez” são símbolos de inteireza. “Seis” é geralmente associado com a humanidade; “doze” refere-se à vontade de Deus, e “quarenta” sempre é usado para indicar um longo período de tempo.

Algumas das idades dos Patriarcas, como a de Noé, que viveu 950 anos (Gênesis 9:29), devem ser entendidas de maneira simbólica, e não literal.

 

Festas judaicas

·  O Sabbath: O povo judeu descansa no sétimo dia, o Sabbath. É o sábado, no calendário judaico. Comemora o dia do descanso de Deus, após os seis dias da Criação.

·  A Festa da Passagem: Comemora-se no 14º Nisan (março-abril) e recorda a época em que Deus enviou uma praga para matar todos os primogênitos egípcios e que “passou longe” dos lares israelitas (Êxodo cap. 12). A Passagem é também conhecida como a “Festa do Pão Ázimo”, referência ao pão sem fermento preparado pelos israelitas, em sua fuga apressada do Egito. Hoje em dia, o povo judeu compartilha uma refeição especial para celebrar a Passagem.

·  Shavuot (Festa das Semanas): Shavuot é uma festa para comemorar a colheita do trigo. Cai no 6º Sivan (maio-junho).

·  Rosh Hashanah (Cabeça do Ano): Na Bíblia, esta festa é chamada de “Dia de Soar o Shofar (trombeta)”. Trata-se da época na qual o povo judeu reflete sobre o ano que passou. Cai no 1º Tishri (setembro-outubro).

·  Yom Kippur (Dia da Expiação): É o dia de jejuar e rezar. Nos tempos bíblicos, um bode expiatório era enviado para o meio do deserto como sacrifício (10º Tishri).

·  Succoth (Festa das Tendas): As pessoas acampam em barracas ou tendas para lembrar a época da vida dos israelitas no deserto (15º-21º Tishri).

·  Hanukkah (Festa das Luzes): Esta celebração tem início no 25º Kislev (dezembro) e rememora a nova consagração de Templo levada a efeito por Judas Macabeu.

·  Purim: O Purim cai no 14º/15º Adar (fevereiro-março) e relembra quando a rainha Ester da Pérsia salvou os judeus da morte (Ester cap. 9).

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

O Poder das Palavras



Mateus 12:37

“Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados”.

 

As palavras são códigos que usamos para expressar nossos pensamentos e sentimentos. Nem tudo conseguimos expressar em palavras faladas ou escritas – do mais essencial, há coisas que não conseguimos expressar dessa forma, mas, desde que o homem dominou o uso da fala, faz uso de palavras.

Na oração, por exemplo, o mais essencial se cala diante das alternativas codificáveis em palavras, mas aí temos um elo mais profundo de comunicação com Deus, que é o Seu Espírito em nós, fazendo a ponte: Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Romanos 8:26).

Palavras também têm um grande potencial para a má interpretação. Portanto, a forma como as proferimos, e o cuidado com isso, é primordial.

Houve um tempo, do qual os mais jovens provavelmente não lembrarão, em que a palavra de uma pessoa – no sentido metafórico do termo – valia muito. Sim, acredite, houve esse tempo. Alguém “dava a sua palavra” a respeito de algo, e isso valia!

Do que falei no parágrafo anterior, há um Salmo que fala de forma poética, aludindo ao valor da palavra empregada: SENHOR, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte? Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade e não usa a língua para difamar, que nenhum mal faz ao seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo, que rejeita quem merece desprezo, mas honra os que temem o SENHOR, que mantém a sua palavra, mesmo quando sai prejudicado, que não empresta o seu dinheiro visando lucro nem aceita suborno contra o inocente. Quem assim procede nunca será abalado! (Salmo 15:1-5).

Há outro Salmo que fala das palavras – especialmente daquelas que falamos conosco mesmos, o diálogo interno, ou a meditação: Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, SENHOR, minha Rocha e meu Resgatador! (Salmo 19:4).

Viajando pelos Salmos, encontraremos muitas menções ao valor e à importância das palavras...

Jesus, em Sua sabedoria, levantava um ponto muito importante: assim como nossas palavras definem quem somos, elas também definem nosso destino.

Vem de culturas orientais a noção de que “as palavras têm poder”. Mas isso vem também claramente pela Bíblia, uma vez que relata que Deus, por Sua Palavra, trouxe à existência o que não existia: Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê não foi feito do que é visível (Hebreus 11:3). Também a Bíblia, pelo Evangelho de João, nos ensina que Jesus É a Palavra: No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens (João 1:1-4).

As palavras que proferimos podem ser, no sentido psicológico/espiritual, de “bênção” ou de “maldição”. Vamos entender melhor: “palavras de bênção” são todas aquelas palavras que falam o bem, que são bem faladas, bem ditas, benditas, abençoadas; “palavras de maldição” são todas aquelas palavras que falam o mal, que são mal faladas, mal ditas, malditas, amaldiçoadas. Já no Antigo Testamento, na época da Lei de Moisés, essa noção ficava clara, e a livre opção entre as duas modalidades de palavras também. Vejamos: “Prestem atenção! Hoje estou pondo diante de vocês a bênção e a maldição. Vocês terão bênção, se obedecerem aos mandamentos do SENHOR, o seu Deus, que hoje lhes estou dando; mas terão maldição, se desobedecerem aos mandamentos do SENHOR, o seu Deus, e se afastarem do caminho que hoje lhes ordeno” (Deuteronômio 11:26-28). E mais adiante o Senhor diz assim, diante da escolha que o povo tinha: “Coloquei diante de vocês a vida e a morte, a bênção e a maldição. Agora escolham a vida, para que vocês e os seus filhos vivam” (Deuteronômio 30:19). Tudo isso tinha a ver com a Palavra, e com as palavras que as pessoas profeririam de acordo com sua escolha, se escolhessem a bênção ou a maldição – o bem dizer ou o mal dizer.

Assim sendo, as palavras, mais do que poder, têm um peso vital em nossas vidas. E Jesus diz que por elas “seremos absolvidos e condenados”. Isso faz pensar...

Pensemos sobre o que falamos.

Pensemos sobre quem falamos

Pensemos sobre o que falamos de quem.

Pensemos sobre o que falamos de nós.

Pensemos sobre como falamos, de nós e dos outros.

Pensemos sobre como falamos conosco mesmos, o que se chama de diálogo interno ou de consciência.

Pensemos sobre o que pensamos, sobre o que meditamos.

Pensemos sobre o que falamos com Deus, em nossas orações.

Pensemos, ainda, sobre o que calamos, pois, como dizia minha mãe na sua simples sabedoria, “silêncio também é uma palavra”.

Dia desses cunhei a seguinte frase: “Só boas palavras merecem ser faladas, pensadas e oradas!”

Assim, segundo Jesus, nossas palavras nos condenam, nos absolvem – e têm o potencial de nos fazer viver.

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

89 – As Alianças da Bíblia



A Bíblia é um livro de alianças, ou acordos, feitos entre Deus e seu povo. Cada qual contém promessas e exigências que ambas as partes concordam em cumprir. Todas as alianças da Bíblia são chanceladas com um sinal que serve para lembrar ao povo de sua parte no acordo. Em geral, também incluem um elemento simbólico. O Antigo Testamento contém as alianças de Deus com os indivíduos e com o povo de Israel, e o Novo Testamento trata da última aliança, feita entre Deus e todos aqueles que têm fé em Jesus.

Deus pretendia que a sua primeira aliança com a humanidade fosse permanente. Entretanto, a presença do mal no mundo fez com que a humanidade rompesse a sua parte no acordo, levando-a a afastar-se de Deus. No Antigo Testamento, a aliança original é renovada várias vezes, à medida que o povo continua perdendo a fé em Deus. A cada vez, Deus mostra compaixão e concede um novo recomeço para a humanidade.

 

1 – Adão e Eva

Podemos encontrar nos capítulos 2 e 3 de Gênesis a primeira aliança da Bíblia, feita por Deus com Adão e Eva. Deus lhes dá o Jardim do Éden, um lugar perfeito na terra. E coloca, no jardim, a “árvore da vida”, que funciona como um lembrete do compromisso e simboliza a imortalidade deles. Em troca, Adão e Eva devem cuidar da criação de Deus e obedecer às instruções de não comer do fruto da “árvore do conhecimento do bem e do mal”. Entretanto, a maldade penetra no mundo, na forma de uma serpente, e induz Eva a comer do fruto proibido, dando-o a Adão, que também o comeu. Adão e Eva são banidos do Éden. Tornam-se mortais e são desligados de Deus.

 

2 – Noé e a arca

Encontrada no capítulo 9 de Gênesis, a história mostra Deus renovando a sua aliança com a humanidade por intermédio de Noé. Envia um dilúvio para destruir o mundo, que está corrompido e repleto de violência, mas salva Noé e sua família, que são pessoas íntegras. Após o dilúvio, recebem instruções para se multiplicarem na terra. São proibidos de matar uns aos outros e não devem “usar carne com sangue como alimento” (Gênesis 9:4). Deus promete não destruir o mundo outra vez com um dilúvio. Como sinal da aliança, Deus coloca um arco-íris no céu.

 

3 – Abraão e a terra prometida

Encontramos estes registros em Gênesis, nos capítulos 15 a 18. Os descendentes de Noé aumentam em número, mas não mantêm a aliança. Portanto, Deus faz uma nova aliança com Abraão, que é um homem honrado. Deus lhe promete que será o pai de uma grande nação e que seus descendentes herdarão a terra de Canaã. Em troca, exige que Abraão e o seu povo se mantenham fiéis a Deus (Gênesis 18:19). Como sinal da aliança, exige que os homens da família de Abraão sejam circuncidados. Esta aliança confirma os descendentes de Abraão, os israelitas, como o povo escolhido de Deus.

 

4 – Moisés e a Lei

Registrada em Êxodo, nos capítulos 19 e 20. Os israelitas perdem a fé em Deus ao padecerem a escravidão no Egito. Deus os tira do Egito, mas estipula novos termos para a aliança. Por intermédio do profeta Moisés, dá aos israelitas os “dez mandamentos” e detalhadas leis morais e rituais. Deus promete proteger o seu povo dos inimigos, se ele permanecer fiel às leis.

Os israelitas devem selar a promessa consagrando seus primogênitos a Deus (Êxodo 34:19). Isso rememora a época em que Deus salvou os primogênitos deles, durante as pragas no Egito. Moisés também é instruído a erguer um altar portátil, chamado de Tabernáculo. Esse lugar sagrado simboliza a presença de Deus.

 

5 – Davi e o reino de Israel

Esta promessa está registrada em 2º Samuel, capítulo 7. Os israelitas não cumprem a Lei de Moisés. Como resultado, Deus permite que sejam oprimidos pelos seus inimigos. Então, renova a aliança por intermédio do rei Davi. Deus promete unir os israelitas sob as ordens de Davi e livrá-los da opressão, se permanecerem fiéis às leis da aliança. Também promete a Davi que os seus descendentes herdarão uma duradoura dinastia. Deus sela o seu compromisso com Davi dando-lhe instruções para a construção de um templo, que deverá substituir o Tabernáculo. Ele deverá ser construído por Salomão, filho de Davi. O Templo do Senhor é um símbolo da presença permanente de Deus entre seu povo e a lembrança da aliança renovada.

 

6 – Os Profetas: a promessa de uma nova aliança

Como os israelitas continuam a desobedecer as leis da aliança, Deus lhes envia profetas com mensagens de alerta e esperança. Eles preveem o exílio dos israelitas da “terra prometida”, mas também falam de uma nova aliança que Deus fará com o seu povo.

A promessa dessa nova aliança é levada aos israelitas pelo profeta Jeremias. Ele explica que haverá uma transformação espiritual no coração das pessoas, e que Deus perdoará ao povo os seus pecados (Jeremias 31:31).

Os profetas Jeremias, Isaías, Malaquias e Miqueias também profetizam a chegada de um Salvador, ou Messias, que fará nova aliança entre Deus e seu povo.

 

7 – Jesus Cristo e a nova aliança (o Novo Testamento)

Jesus é enviado por Deus, como mediador, na aliança final com a humanidade. Ele é o Salvador anunciado pelos profetas nas Escrituras do Antigo Testamento. Ele exorta o povo a se arrepender de seus pecados e a mudar o seu comportamento, para que possa retornar a Deus e alcançar a vida eterna.

A morte e a ressurreição de Cristo são os sinais da nova aliança. Antes da morte, Jesus oferece aos seus discípulos um cálice de vinho, e diz: “Este é o meu sangue da nova aliança, que será derramado em remissão dos pecados” (Mateus 26:28).

Os apóstolos são testemunhas da morte e ressurreição de Jesus, e pedem que todos que acreditam em Cristo sejam batizados. O batismo é um símbolo da limpeza e do renascimento. Também é um sinal da nova aliança, que é oferecida a toda a humanidade.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Como Você Vê a Vida?

 


Mateus 6:22

“Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz”.

 

Nesta passagem Jesus nos ensina a olhar a vida.

Para iniciarmos entendendo o que devemos entender, é bom que entendamos que os “olhos” a que Ele Se refere não são os globos oculares da face, nosso canal responsável pelo sentido chamado visão, olhos estes que podem estar sujeitos à miopia, astigmatismo, glaucoma, catarata e até mesmo à cegueira física. Os olhos que Ele fala aqui são metafóricos, ou seja, até mesmo um cego os possuiu e por eles pode “ver”, pois trata-se da leitura e da interpretação que fazemos da vida. Trata-se, sobretudo, dos significados que atribuímos às circunstâncias da vida.

Ele inicia dizendo que os olhos, o nosso modo de olhar a vida, são a candeia, ou seja, a lâmpada, iluminando e dando clareza para avaliarmos os significados das coisas – e da vida como um todo.

Ele segue dizendo que quando nosso modo de olhar a vida for bom, todo nosso corpo, a nossa alma, a nossa mente, a nossa psique, o nosso ser, será cheio de luz, cheio de claridade para discernirmos bem os significados do que vivemos.

Segundo Jesus nos ensina, tudo na vida depende de como olhamos para ela, a vida.

Tudo na vida adquire os significados que damos pelo nosso modo de percebê-la e interpretá-la.

Os olhos físicos são nosso maior canal de percepção da realidade que nos circunda. Assim também são nossos “olhos espirituais”, as nossas compreensões e os significados que emprestamos a tudo.

Quando olhamos para a vida de modo otimista, de modo proativo, de modo corajoso e amoroso, de modo a sermos condutores de nós mesmos em amor, tudo adquire esse significado. Tudo se conforma segundo a luz do nosso olhar.

Se nosso olhar for obscurecido, pessimista, sem esperança, de modo somente reativo, um olhar vitimado pelas circunstâncias alheias a nós, enfim, sem luz, tudo nos parecerá tomado por sombras e assombroso. Nada terá claridade para ser discernido segundo a luz de Cristo, segundo o significado do que seja, em Cristo, verdadeira vida.

É por isso que este versículo aqui usado como base para este texto tem uma continuação na fala de Jesus, e Ele diz assim no versículo seguinte: Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!”

Ele diz que, se nosso olhar for carregado das negatividades que citei três parágrafos acima, toda a potencial luz que portamos tende a desaparecer, sendo tomada pelas trevas existenciais.

Nos dias atuais, muitas pessoas vivem neste tipo de trevas. Uma grande treva é a falta de propósito na vida. E o propósito se perde quando se perde o bom foco, o bom olhar. O bom foco se perde quando perdemos a capacidade de garimpar as coisas boas em meio ao aparente caos, quando perdemos o desejo de vermos o que de bom restou, o que de bom pode ser aproveitado. É quando perdemos a capacidade de olhar o lado bom das coisas – porque sempre há um lado bom, é só querer ver. É como se fechássemos os olhos para as circunstâncias e insistíssemos numa postura de avestruz – aquela que enterra a cabeça para não ter que ver.

Outra treva é a incapacidade de dar maior valor às coisas boas do que às aparentemente ruins. Dia desses conversava com alguém, e dizíamos que a maioria das pessoas ainda quer ajudar, ainda quer fazer o melhor, ainda quer se colocar ao lado, ainda quer socorrer. Porém, a minoria que não quer nada disso faz mais barulho, pois provoca maiores reações. Nós mesmos, humanos, temos a tendência a elogiar pouco e criticar muito.

Jesus diz que se esta luz – ou forma de olhar – toma conta da gente, torna-se grandes trevas!

Veja: até mesmo a luz, se não for bem focada/canalizada, pode se transformar em treva psicológica/espiritual. Sim, pois a luz – a capacidade de enxergar a vida – existe para todos. Toda a diferença está em como focamos/canalizamos, como olhamos, se com “bons olhos” ou “maus olhos”.

Quando Cristo Se torna a nossa Fonte de luz, Ele é refletido em nosso modo de ver a vida – e de vivê-la!

Em Cristo, podemos estar cheios de luz!

E aí? Como você vê a vida?

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

88 – Os Livros da Bíblia


A Bíblia contém os textos sagrados dos judeus e dos cristãos. Seu nome vem de “bíblia”, termo grego para “livros”, porque a Bíblia é formada de vários livros. O tema que une todos esses livros é a história das relações, ou alianças, que Deus mantém com o seu povo. Tanto judeus quanto cristãos creem ser a Bíblia um livro de alianças. Tradicionalmente, a Bíblia cristã é dividida em duas partes chamadas “testamentos”, uma antiga tradução da palavra hebraica para “aliança”. A primeira parte, o Antigo Testamento, narra a história do povo de Israel, o escolhido por Deus, suas relações com Ele e a espera pelo Messias, o Salvador prometido. A segunda parte, o Novo Testamento, trata da vida do Messias – que os cristãos creem ser Jesus –, seus ensinamentos e os primórdios do cristianismo.

 

O Antigo Testamento

O nome “Antigo Testamento” foi dado à primeira parte da Bíblia pelos primeiros cristãos. É formado por 39 livros escritos durante um período de quase dez séculos. Os primeiros cinco livros da Bíblia devem ter sido escritos por volta de 1400 a.C.; os últimos, Esdras e Neemias, datam de cerca de 450 a.C. Os textos do Antigo Testamento foram escritos originalmente em hebraico. Mas algumas passagens dos livros de Daniel, Esdras e Jeremias foram escritos em aramaico, um dialeto persa da Assíria.

 

A Bíblia Hebraica

O Antigo Testamento foi agrupado originalmente em três partes: a Torá ou Lei (os primeiros cinco livros), os Profetas (os oito seguintes) e os Escritos (os onze seguintes). Juntos, formam 24 livros, em vez de 39, pois alguns foram agrupados em um único livro.

Por volta de 90 d.C., um conselho de rabinos da Palestina oficialmente reconheceu, ou “canonizou”, esse agrupamento, que passou a ser conhecido como o Cânon Palestino. O Cânon Palestino também é conhecido como as Escrituras, ou a Bíblia Hebraica. Esse é o livro sagrado dos judeus.

 

A Bíblia Cristã

O Antigo Testamento, na maioria das Bíblias cristãs, segue uma ordem diferente da Bíblia Hebraica. Os livros são agrupados de acordo com a Septuaginta, ou Grego. Foi compilado por um grupo de estudiosos judeus falantes de grego, durante o século II a.C. Possui quatro seções: o Pentateuco, Livros Históricos, Poesia e Didática (Sapienciais) e Profetas.

 

O Novo Testamento

A segunda parte da Bíblia, o Novo Testamento, é formada por 27 livros. Todos foram escritos pelos primeiros seguidores de Jesus Cristo e tratam de sua vida e ensinamentos. Foram escritos em grego, a língua comum da época, durante um período de cerca de cinqüenta anos. Cronologicamente, inicia com o livro de Tiago (cerca de 45 d.C.) e termina com o de João (cerca de 97 d.C.).

 

Os Apócrifos

Os apócrifos, da palavra grega que significa “guardar segredo”, são uma coleção de livros escritos em grego na época intermediária entre o Antigo e o Novo Testamento. Esses livros não estão incluídos na Bíblia Hebraica, que contém apenas os escritos originalmente em hebraico ou aramaico. Os apócrifos raramente são incluídos nas Bíblias cristãs modernas, apesar de a Igreja Católica Romana manter certos livros, conhecidos como Deuterocanônicos, do termo grego para “segundo cânon”.

Fazem parte dos apócrifos os seguintes livros: 1º Esdras, 2º Esdras, Tobias, Judite, Acréscimos a Ester, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, Carta de Jeremias, Cântico dos Três Jovens, Susana, Bel e o Dragão, Prece de Manassés, 1º Macabeus e 2º Macabeus.

 

Autores da Bíblia

Os livros da Bíblia foram escritos durante um período que cobre quase dezesseis séculos. Nem todos os autores são identificados. Muitos dos livros não mencionam um autor – entre eles estão os primeiros quatorze livros. Alguns dos livros registram eventos que ocorreram muito tempo antes de terem sido escritos – um exemplo disso é o livro de Rute.

Outros livros podem ter tido vários autores, bem como editores que revisaram os textos. Há estudiosos que acreditam ser o livro de Isaías um desses casos.

A tradição israelita e a Igreja primitiva atribuem um determinado número de livros a famosos personagens bíblicos. Por exemplo, os primeiros cinco livros da Bíblia são atribuídos a Moisés, embora seja óbvio que algumas das passagens, como e relato de sua morte, não poderiam ter sido escritas por ele (Deuteronômio 34:5-8).

 

História dos Textos

Não existem, hoje em dia, manuscritos originais dos textos da Bíblia. Entretanto, muitas cópias antigas sobreviveram. Alguns textos primitivos foram escritos sobre pedra (como as tábuas dos Mandamentos). Muito depois, os textos foram copiados em couro e, bastante tempo depois, em rolos de papiro. A partir do século II d.C., as cópias foram reunidas em códices de papiro (unidos por costuras, como livros). O texto hebraico completo mais antigo do Antigo Testamento é o códice de Leningrado da Biblioteca de São Petersburgo, que data de 1008 d.C. Do início do século II até o final da Idade Média, a Bíblia foi também copiada em pergaminho.

 

Capítulos e Versículos

Originalmente, a Bíblia não era dividida em capítulos e versículos. Entre os séculos VI e VII d.C., foram introduzidas as divisões em versículos na Bíblia Hebraica. No início do século XIII, Stephen Langton, posteriormente arcebispo de Canterbury, dividiu a Bíblia em capítulos. Em 1555, Robert Estienne, um protestante francês, publicou uma Bíblia dividida em capítulos, com números de versículos nas margens. Dez anos depois, Théodore de Bèze inseriu números de versículos nos textos.

 

O Papel da Arqueologia

No correr dos séculos, a Bíblia tem sido objeto de exaustivos estudos. Desde o século XIX, arqueólogos têm aplicado cada vez mais métodos científicos às suas descobertas. Isso propiciou o estabelecimento de datas precisas. Nos últimos oitenta anos foram descobertas evidências que corroboram muitas das informações culturais, geográficas e políticas transmitidas pelos textos bíblicos.

 

Lista e Classificação Tradicional dos Livros Bíblicos

· Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

· Livros Históricos: Josué, Juízes, Rute, 1º Samuel, 2º Samuel, 1º Reis, 2º Reis, 1º Crônicas, 2º Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.

· Poesia e Didática: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos.

· Profetas: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

· Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João.

· Atos: Atos dos Apóstolos.

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Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.  

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Onde Estou Embarcado?


 

Mateus 4:22

Jesus os chamou, e eles, deixando imediatamente seu pai e o barco, o seguiram.

 

Esta passagem se dá quando Jesus encontra alguns pescadores e os convida para que O sigam, para que sejam Seus discípulos.

Andando à beira do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão – que depois seria chamado de Pedro – e seu irmão André. Eles estavam lançando redes ao mar, pois eram pescadores. E disse Jesus: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”. No mesmo instante eles deixaram suas redes e O seguiram. Indo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Eles estavam num barco com seu pai, Zebedeu, preparando as suas redes. Jesus os chamou, e eles, deixando imediatamente seu pai e o barco, O seguiram (Mateus 4:18-22).

Conseguimos ver que, em ambos os casos, seja com Simão e André, seja com Tiago e João, eles largaram tudo imediatamente e seguiram a Jesus. Eles não titubearam, não fizeram uma reunião de avaliação para ver se valia a pena, não levantaram prós e contras, não tergiversaram, apenas seguiram – e imediatamente!

O chamado de Jesus não é um chamado ao abandono de tudo, mas ao acolhimento de tudo!

Não temos que abandonar nossa vida no sentido de largar família e trabalho, mas sim abandonar aquilo que nos limita quanto a demonstrarmos cuidado e amor a quem anda conosco.

Quantas vezes nos limitamos a dar atenção à esposa ou ao marido, aos filhos, aos pais, àqueles que de nós não demandavam mais que alguns minutos de acolhimento e atenção, que somente queriam ser ouvidos?

Quantas vezes priorizamos o rolar de uma tela de celular ao invés de desligar uma meia hora para olhar nos olhos de quem conosco está?

Quantas vezes estamos tão ocupados com nossas redes virtuais, enredados com cliques e notícias que não acrescentam nada de valor real à nossa vida?

Quantas vezes vemos o tempo passar, sem que possamos parar para olhar as pessoas?

Quantas vezes, ao ouvir o chamado de alguém próximo, conseguimos largar tudo e dar a atenção devida?

No nosso tempo, no século XXI, o que se passa é o mesmo: Jesus também nos chama, e renova o chamado a cada dia. E a cada dia nós temos que nos decidir ao seguimento. De novo e de novo, e de novo todos os dias. Sim, pois é um renovar constante, a cada dia é uma oportunidade completamente nova!

A cada dia se oportuniza à nossa frente sermos de ajuda ao próximo, se oportuniza levarmos uma palavra de alento, de ânimo, de presença e companheirismo, se oportuniza ajudarmos de alguma forma. É a vida nos oportunizando a agirmos como Jesus agiria se aqui estivesse pessoalmente.

Jesus nos chama a sermos Seus discípulos, seguindo aos Seus ensinamentos e imitando os Seus exemplos, todos eles balizados no amor.

Quando Ele chamou os discípulos, conforme já vimos, eles deixaram o barco imediatamente e O seguiram. Este barco pode simbolizar muitas coisas para nós hoje: nosso modo de vida, nossas prioridades, nossas ilusões, nossos enganos, aquilo que nos toma o tempo, não nos deixando livres para sermos quem somos... Enfim, pode simbolizar muitas coisas às quais estamos presos.

Cada um sabe de si e sabe onde está embarcado.

Estamos realmente conscientes de onde estamos?

Estamos realmente conscientes do que estamos fazendo?

Estamos sendo os timoneiros do barco da nossa vida ou estamos assim, meio que à deriva, sendo arrastados por toda onda ou vento de doutrinas e doutrinações, por toda onda ou vento de impulsos e manipulações, por toda onda ou vento de qualquer coisa que seja, menos do que é essencial?

Estamos realmente levando a vida ou estamos deixando a vida nos levar sem rumo nem prumo?

Estamos conseguindo ver onde estamos embarcados, há quanto tempo, e conseguimos saber se é isso mesmo o que queremos?

A pergunta que devemos nos fazer é: Sou capaz de deixar meu barco para seguir Jesus?

Mais uma pergunta: Quero realmente seguir a Jesus?

Se e quando nos dermos conta da nossa decisão de seguir a Jesus, Ele nos ajudará a desembarcarmos daquilo que não é bom e embarcarmos n’Ele, na verdadeira vida!

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert