Pesquisar neste blog

domingo, 20 de dezembro de 2020

Encerrando Um Ciclo, Começando Um Ciclo


 

Ciclo é uma palavra que tem origem no termo grego kyklos, que significa uma série de fenômenos que têm começo e fim delimitados, e se repetem continuamente ou, se preferir, ciclicamente.

Cada final de ano marca o fim de um ciclo, e cada início de ano marca o início de outro. É assim pelos movimentos astrológicos do universo, e é assim também no imaginário popular e no inconsciente coletivo.

Como humanos, somos seres atrelados a ciclos e, comumente, passamos de um para outro por meio de um rito de passagem. Ritos de passagem são celebrações que marcam mudanças na vida de uma pessoa ou uma coletividade no seio comunitário. Os ritos de passagem podem ter caráter social, comunitário ou religioso. Um rito de passagem é, assim, um ato específico, aceito pela coletividade, como um marco divisor de épocas, momentos ou... ciclos.

Entramos agora num rito de passagem característico e que atinge toda a sociedade, quer alguns gostem ou não: o final de um ano e o início de outro – 2020 se finda e 2021 se inicia.

Festividades características deste período, o Natal e Ano Novo trazem sensações variadas às pessoas: há aquelas para quem é uma época festiva, há aquelas para quem é um tempo de melancolia, e há aquelas que passam por esses dias sem muitas alterações psicológicas/comportamentais, ou seja, não são assim tão influenciadas.

Seja como for, fato é que encerra um ciclo e começa outro.

Como cristão, falo do Natal, não com um caráter fundamentalista, do tipo que entra em discussões porque este não seria o período do ano em que Jesus de Nazaré nasceu, porque é uma data imposta pelo catolicismo romano em resposta aos cultos pagãos, etc, etc, etc. Sempre achei isso perda de tempo.

Como cristão, falo do Natal como uma época de reflexão, que nos faz rememorar o nascimento do Cristo em forma de gente, gente como a gente, lá na Palestina há pouco mais de dois mil anos. Falo do Natal como uma consciência que tenhamos sempre presente, a de que Deus veio habitar aqui, neste nosso planetinha azul, o terceiro do sistema solar em que orbitamos, reconciliando consigo o mundo todo – e a existencialidade do universo –, trazendo-nos a paz que tanto precisamos, ensinando-nos o amor que tanto estamos faltos, o perdão que é uma verdadeira força motriz à vida, e a vida eterna, que não é um tempo para sempre, mas um tempo sem tempo junto a Deus, para sempre, seja o que seja esse sempre. Falo do Natal como um presente de Deus para nós, onde Deus Se dá de presente!

E falo do Natal não somente como parte integrante de um rito de passagem que nos faz trasladar de 2020 para 2021, mas como uma memória espiritual que deve ter sua presença em cada dia no ano que vem aí.

É por isso que desejo que o Natal seja bom para todos nós, e que todos nós aprendamos a sermos bons com todos nós!

Desejo, idem, que o final de ano seja um rito de passagem a nos catapultar de um ano virótico – sim, o Covid segue por aí mais um tempinho – para um ano profético, onde os desejos de ano novo se concretizem, primeiro nos corações/mentes, depois nas vidas/gentes.

É por isso que desejo também que o Ano Novo seja bom para todos nós, e que todos nós aprendamos a sermos bons com todos nós!

Sim, que sejamos bons uns com os outros! Só isso já está de bom tamanho!

Que neste Natal e neste 2021 provemos e sintamos o sabor da bondade – e sejamos felizes!

Provem, e vejam como o SENHOR é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia! (Salmo 34:8).

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

43 – Jesus Entra em Jerusalém (Mateus 21)


  

Quando1(versículo) eles se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, no Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes2: “Vão ao povoado que está adiante de vocês, e logo encontrarão uma jumenta amarrada, e um jumentinho com ela. Desamarrem-nos e tragam-nos para mim. Se3 alguém lhes perguntar algo, digam-lhe que o Senhor precisa deles e logo os enviará de volta”.

Isso4 aconteceu para cumprir o que fora dito através do profeta: “Digam5 à cidade de Sião: ‘Eis que o seu rei vem a você, humilde e montado num jumentinho I, cria de jumenta’”.

Os6 discípulos foram e fizeram o que Jesus lhes indicara. Trouxeram7 a jumenta e o jumentinho, colocaram os seus mantos sobre eles, e Jesus montou em cima.

Uma8 enorme multidão ia estendendo seus mantos II pelo caminho, enquanto outros cortavam ramos de árvores e cobriam a estrada. A9 multidão que ia adiante dele e os que o seguiam gritavam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas! III”.

Quando10 Jesus entrou em Jerusalém, a cidade inteira ficou alvoroçada e perguntava: “Quem é este?”

A11 multidão respondia: “Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia...”

Vieram14 ao seu encontro, no Templo, os cegos e os mancos, e ele os curou. Mas15 os principais sacerdotes e os escribas ficaram indignados quando viram as coisas maravilhosas que ele fazia e as crianças gritando no Templo: “Hosana ao Filho de Davi!”

“Você16 ouve o que estas crianças estão dizendo?”, perguntaram-lhe. “Sim”, respondeu Jesus, “vocês nunca leram: ‘Dos lábios das crianças IV e dos pequeninos obtiveste louvor’?”

E17 ele os deixou e saiu para a cidade de Betânia, onde passou a noite.

De18 manhã cedo, quando voltava à cidade, teve fome. Ao19 ver uma figueira à beira da estrada, foi até ela, mas nada encontrou, exceto folhas. Disse-lhe então: “Nunca mais dê frutos!” Imediatamente, a árvore secou V.

Ao20 verem isso, os discípulos se espantaram e perguntaram: “Como a figueira secou tão depressa?”

Jesus21 respondeu: “Eu lhes asseguro que, se vocês tiverem fé e não duvidarem, poderão fazer não somente o que foi feito à figueira, mas também dizer a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e assim será feito. E22 tudo o que pedirem em oração, se crerem, vocês receberão”.

 

v     Para entender a história

A entrada de Jesus em Jerusalém, montado num jumentinho, é um ato simbólico, e a multidão está em êxtase. Todas as suas expectativas estão colocadas no novo rei de Israel, que os libertaria da opressão romana. Elas reconhecem Jesus como o Messias prometido, mas ainda não compreendem a sua missão salvadora, que não era no sentido político-social, mas no sentido espiritual.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Eis que o seu rei vem a você, humilde e montado num jumentinho” – Essa profecia é de Zacarias 9:9-10, que prediz a vinda do Messias: “Ele proclamará paz às nações. Sua autoridade se estenderá... aos confins da terra”. Ao montar no jumentinho, Jesus confirma o cumprimento da profecia.

                                   II.     “Ia estendendo seus mantos” – A entrada de Jesus sobre um jumentinho era um pronunciamento claro, e os milhares de peregrinos a caminho de Jerusalém não tinham dúvida sobre seu significado: ele era o Messias anunciado. Os mantos e ramos na estrada equivaliam ao tapete vermelho de hoje. A multidão acolhia Jesus como o novo rei Davi.

                                III.     “Hosana nas alturas” – Hosana é a versão grega da expressão hebraica que significa “salva-nos” ou “Deus ouve” e vem de um salmo (Salmo 118:25). Ele era cantado durante uma festa de ação de graças, quando as pessoas acenavam com ramos e gritavam para que Deus as salvasse enviando o Messias.

                                IV.     “Dos lábios das crianças” – Jesus confirma sua divindade citando palavras de um salmo (Salmo 8:2) em que crianças louvam a Deus.

                                   V.     “Imediatamente, a árvore secou” – A figueira estava cheia de folhas, mas não produziu nenhum fruto. O evento é uma parábola visual acerca do culto no Templo. A despeito das aparências externas, as práticas toleradas pelos chefes religiosos eram tão infrutíferas como a árvore, e destinadas a secar e morrer. Também serve como uma metáfora a nós: não adianta aparentarmos devoção, se nossos atos não produzem frutos de amor.

 

- Páscoa judaica: As multidões que aclamaram Jesus estavam a caminho de Jerusalém para as celebrações da Páscoa, evento que rememorava a saída dos israelitas do Egito, nos tempos do Êxodo. O evento central era a festa de Páscoa, quando toda a família judaica se assentava para uma refeição especial, com iguarias como ervas amargas e pão sem fermento.

- Figueira: Árvore de crescimento lento, a figueira pode dar frutos em nove meses do ano.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 13 de dezembro de 2020

Quem Ama Não Tropeça


  

Salmo 119:165

Os que amam a tua lei desfrutam paz, e nada há que os faça tropeçar.

 

Trago sempre o significado de Lei do Antigo Testamento para Evangelho no Novo Testamento – neste que estamos contidos. Assim, “os que amam o Teu Evangelho desfrutam paz”. Tenho essa liberalidade, pois Jesus a teve, quando ressignificou por Si e em Si, não só a Lei e os Profetas, mas todo o relacionamento humano com Deus.

Antes de entrar no desenvolvimento deste texto propriamente dito, vamos tratar de harmonizar uma aparente contradição: a deste Salmo citado acima, com o que Tiago nos ensina. Enquanto o Salmo diz que nada há que nos faça tropeçar, Tiago diz que todos tropeçamos de muitas maneiras. Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo (Tiago 3:2).

Vamos lá: diante da possibilidade de tropeçarmos de muitas maneiras, diz Tiago, alcançamos a perfeição quando não tropeçamos no falar. Dito de outra forma: não tropeçar ao falar, impede que tropecemos de muitas maneiras.

E agora vem a pergunta: Como não tropeçar ao falar?

Resposta 1: Pegando emprestado e nos apropriando da Palavra de outro Salmo: Ó SENHOR, dá palavras aos meus lábios, e a minha boca anunciará o teu louvor (Salmo 51:15). Aqui há o ensino/pedido para que Deus coloque em nossos lábios as – Suas – palavras apropriadas, para que tenhamos o hábito/impulso de as falarmos com freqüência e verdade.

Resposta 2: Lembrando de um dos mais belos ensinamentos de Jesus, quando diz: “Pois a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34). Aqui Ele nos ensina que é um impulso/hábito transformarmos em palavras os nossos sentimentos.

Harmonizada esta – aparente – contradição entre o Salmo do texto de hoje e Tiago, desejo prosseguir para o que realmente quero dizer neste espaço.

Jesus disse certa vez: “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá” (João 14:27). Paz: uma pequena palavra com um grande significado! A diferença entre a paz de Jesus – esta que Ele nos dá – e a paz do mundo, é que a paz do mundo geralmente é imposta do mais forte sobre o mais fraco. É uma paz compulsória. A paz de Jesus, ao contrário, se submete em humildade, significando que o mais forte se abre à aceitação do outro. É uma paz inclusória.

Há tão poucas pessoas que desfrutam da paz de Jesus!

A Palavra do salmista, base deste escrito, diz que “os que amam a lei do Senhor desfrutam a paz”. Ora, a lei do Senhor é o amor! Portanto, o amor é o cumprimento da Lei (Romanos 13:10).

E o que é o amor? Uma das definições mais belas do amor encontramos no capítulo 13 de 1º Coríntios. Leia. Vale a pena! Outra definição, profunda e simples, Jesus mesmo nos dá: “‘Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mateus 22:37-40).

Quem cumpre isso cumpre a lei do Senhor.

E cumprimos isso? Cada um de nós tem a resposta a ser dada a si mesmo.

Quem ama não tropeça, pois o amor decidido e praticado remove os percalços que poderiam nos causar tropeço. Todos os tropeços na vida são causados pela falta de amor a Deus, ou ao próximo, ou a nós mesmos!

Ame e não tropece. Não ame, e o tropeço vem.

Quem ama refugia-se em Deus, e de Deus tem amparo e proteção nas adversidades, como tão lindamente nos é ensinado: Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra (Salmo 91:11-12).

Lembremos, no entanto: andemos em amor, mas andemos também atentos, pois é sempre bom olharmos onde pisamos. Não devemos nos negligenciar, pois isso seria tentar a Deus, como Jesus mesmo ensinou, quando foi tentado a Se jogar do pináculo do Templo, sob a citação deste mesmo Salmo – leia sobre isso em Mateus 4:1-11.

Ainda: se quisermos andar sem tropeços, como andar em amor, olhemos para Jesus; olhemos como Ele andou quando esteve junto aos humanos como uma pessoa, no tempo, na geografia e na história – na Palestina há dois mil anos. E onde encontramos as referências disso? Na Bíblia, nos Evangelhos. Leia lá. Sempre é bom!

                                    

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

42 – Últimos Dias de Jesus



No domingo anterior à Páscoa, Jesus se dirigiu a Jerusalém. Milhares de judeus tinham acorrido para lá a fim de celebrar aquela festa religiosa. Por volta do ano 1000 a.C. a cidade se tornara o centro político e religioso de Israel. Entretanto, o rei babilônio Nabucodonosor a destruiu em 586 a.C. Quando voltaram do exílio na Babilônia, os judeus reconstruíram Jerusalém. No tempo de Jesus, a cidade havia sido bastante ampliada e embelezada por Herodes, o Grande. Jesus sabia que em breve morreria lá e que Jerusalém viria a ser mais uma vez destruída.

 

Como as pessoas viam Jesus

Quando estava próximo de Jerusalém, Jesus pediu um jumento e, montado nele, dirigiu-se para a cidade. Para o povo judeu, isso tinha um significado. Eles se lembravam da profecia de Zacarias: “Eis que vem o vosso rei... montado num filhote de jumento” (Zacarias 9:9). Durante séculos os judeus haviam sofrido a opressão estrangeira. Agora, sob o governo romano, eles esperavam o rei prometido que lhes traria de volta a glória passada. Aclamaram Jesus como o Messias, ou o Ungido – o novo Rei Davi.

Isso assustou os chefes religiosos judeus. Eles sabiam que, se o povo se revoltasse contra a opressão, os romanos os responsabilizariam. Além do mais, Jesus condenava as práticas comerciais em vigor no Templo e os sacerdotes temiam perder seus ganhos e sua autoridade como guardiões da Lei de Moisés.

Jesus proclamava a chegada do Reino de Deus, mas mesmo os discípulos pensavam que o reino de que Ele falava fosse mais político do que espiritual.

 

O Sinédrio

O supremo tribunal dos judeus era o Sinédrio, em Jerusalém. Seus 71 membros eram constituídos por fariseus I e saduceus II, presididos pelo Sumo Sacerdote. Durante o domínio de Roma, o Sumo Sacerdote era apontado pelo governador romano.

Ao ser preso, Jesus foi conduzido à casa do Sumo Sacerdote e julgado perante o Sinédrio, que O declarou culpado de blasfêmia. Embora pudesse administrar a justiça na Judeia, o Sinédrio não tinha poderes para impor a pena de morte. Isso só podia ser feito pelo governador romano – no caso, Pôncio Pilatos. Pela lei romana, blasfêmia não era crime. Por isso, ao levar Jesus a Pôncio Pilatos, o Sinédrio o acusou de traição contra Roma.

 

Pôncio Pilatos, governador romano da Judeia

O título oficial de Pilatos era “procurador”. Correspondia ao de um administrador financeiro e militar de uma província romana.

O quartel-general de Pilatos ficava em Cesareia, embora ele tivesse uma residência na Fortaleza Antônia, em Jerusalém. Provavelmente, era por causa da Páscoa que ele estava na cidade. Os Evangelhos retratam Pilatos como um homem fraco, que condenou Jesus à morte para contentar os chefes religiosos, apesar da sua própria convicção de Jesus ser inocente. Historiadores, como Tácito e Josefo, pintam um retrato diferente, encarando-o como uma pessoa ambiciosa, cruel e insensível. Em numerosas ocasiões, ofendeu e hostilizou os judeus. Sua tentativa de usar recursos do Templo para construir um aqueduto provocou protestos populares. A resposta de Pilatos foi enviar tropas, e muitos judeus foram mortos.

 

Via Sacra

O trajeto feito por Jesus desde o seu julgamento por Pilatos até a crucificação é conhecido como a Via Sacra, ou Caminho da Cruz. Acredita-se que ele começou na Fortaleza Antônia, mas existem outras hipóteses.

Tradicionalmente, quatorze estações assinalam viários incidentes ao longo do percurso, como o lugar em que Jesus tropeçou e caiu. Nenhuma delas é mencionada na Bíblia.

 

Quem eram?

I)                      Fariseus: Ramo influente da comunidade religiosa judaica nos dias de Jesus. Considerados peritos em religião, os membros desse grupo acreditavam que a lei oral da fé judaica era tão autorizada e inspirada por Deus quanto a Tora, ou lei escrita. Em conseqüência, obedeciam com muito rigor às leis de Deus, bem como toda a tradição interpretativa que haviam estabelecido. A eles Jesus reservou algumas das críticas mais severas, que podem ser encontradas no capítulo 23 do Evangelho de Mateus.

II)                   Saduceus: Grupo de líderes da comunidade religiosa judaica; opunham-se aos ensinos tanto dos fariseus quanto de Jesus. No século I d.C. detiveram poder político considerável e controlaram a suprema corte judaica – o Sinédrio. Negavam a doutrina da ressurreição, bem como a existência de anjos e de espíritos.


Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 6 de dezembro de 2020

Aflições e Aprendizados

 

Salmo 119:71

Foi bom para mim ter passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos.

 

Há traduções bíblicas que, ao invés de dizerem “ter passado pela aflição”, dizem “ter sido castigado”. O significado, dentro do contexto, vem a ser o mesmo.

Pode ser que você – assim como eu – já tenha ouvido a seguinte frase: “Ou vamos a Deus pelo amor ou pela dor”. Não, não é uma frase bíblica, mas é da assim chamada “sabedoria popular”. Não concordo muito com essa frase, pois a graça de Deus alcança a todos; mas também não ouso discordar dela por completo, pois já se mostrou verídica nalguns casos.

O que devemos reconhecer é que o amor de Deus é um amor paterno/materno, pois Ele tem conosco uma relação de filhos. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus (Romanos 8:16). Somos Seus filhos, podemos crer nisso!

“Quem ama, educa”, já dizia o educador Içami Tiba. E já dizia Deus também! Ele nos ama e, sempre que necessário, nos educa. Suportem as dificuldades, recebendo-as como disciplina; Deus os trata como filhos. Ora, qual o filho que não é disciplinado por seu pai? Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos. Além disso, tínhamos pais humanos que nos disciplinavam, e nós os respeitávamos. Quanto mais devemos submeter-nos ao Pai dos espíritos, para assim vivermos! Nossos pais nos disciplinavam por curto período, segundo lhes parecia melhor; mas Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da sua santidade. Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados (Hebreus 12:7-11).

Quando reconhecemos que Ele nos educa, podemos, de alma, concordar com a Palavra que diz que, nesses momentos, foi bom ter passado pela aflição. Foi bom, sim! E foi bom porque a aflição, quando bem compreendida, nos faz refletir e nos faz voltar os passos para o caminho do Senhor. Refleti em meus caminhos e voltei os meus passos para os teus testemunhos (Salmo 119:59).

Quando assim reconhecemos, aprendemos os decretos de Deus. E Seus decretos – contidos nas Escrituras –, como Jesus ensinava, sempre passam pelo amor. Jesus dizia que do amor dependem “toda a Lei e os Profetas”, atestando, assim, que toda a Escritura deve ser lida sob o enfoque do amor de Cristo, tendo Jesus como chave hermenêutica/interpretativa, e que tudo o destoa deste amor não provém de Deus. Veja só: “‘Ame o SENHOR, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mateus 22:37-40).

Quando reconhecemos que Deus nos ama e Se importa conosco, podemos também reconhecer que todos os Seus atos e permissões para conosco servem para o nosso bem, mesmo que, num primeiro momento, não entendamos como isso pode ser assim. Mas pode. E é. Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito (Romanos 8:28).

Que a sabedoria do Senhor sempre nos abra os olhos!

Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os juízos e inescrutáveis os seus caminhos! “Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro?” “Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense?” Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém (Romanos 11:33-36).

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

41 – A Ressurreição de Lázaro (João 11)


 

Então1(versículo) um homem chamado Lázaro estava doente. Ele era de Betânia, e era irmão de Maria e de Marta... Assim3, as irmãs enviaram um recado a Jesus: “Senhor, aquele a quem amas está doente”.

Ao4 ouvir isso, Jesus disse: “Essa doença não terminará em morte, mas veio para a glória de Deus, para que através dela o Filho de Deus possa ser glorificado”. Jesus5 amava Marta e sua irmã, e Lázaro. Mas6 quando soube que Lázaro estava doente, ainda ficou onde estava por mais dois dias. Então7 disse aos seus discípulos: “Vamos voltar para a Judeia... Nosso11 amigo Lázaro caiu no sono I; mas estou indo lá para acordá-lo”.

Chegando17 a Betânia, Jesus soube que Lázaro já estava no túmulo havia quatro dias II... Ao20 saber que Jesus estava chegando, Marta foi ao seu encontro, mas Maria ficou em casa.

“Senhor”21, disse Marta, “se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas22 sei que, mesmo agora, Deus te dará o que quer que peças”.

Disse-lhe23 Jesus: “Teu irmão ressuscitará”.

Marta24 respondeu: “Sei que ele ressuscitará no último dia, no dia da ressurreição”. E25 Jesus lhe disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá; e quem vive e crê em mim não morrerá eternamente. Crês nisso?”

“Sim27, Senhor”, disse ela, “eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus III, que veio ao mundo”.

E28 depois de dizer isso, voltou e chamou à parte sua irmã Maria. “O Mestre está aqui”, disse-lhe, “e está chamando você”.

Quando32 Maria chegou ao lugar onde Jesus estava e o viu, caiu aos seus pés e disse: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”.

Profundamente33 comovido, ao ver o seu choro e o dos judeus que haviam vindo com ela... Jesus35 chorou IV...

Ele38 foi até o túmulo. Era uma gruta, com uma pedra colocada na entrada. “Tirem39 a pedra... Não40 falei que, se cresses, verias a glória de Deus?”

Assim41, tiraram a pedra. Então Jesus olhou para cima e disse: “Pai, eu te agradeço V porque me ouviste...”

Tendo43 dito isso, Jesus chamou em voz alta: “Lázaro, vem para fora!” O homem morto saiu, com as mãos e os pés enrolados em faixas de linho...

Disse-lhes Jesus: “Tirem as faixas dele e deixem-no ir”.

 

v     Para entender a história

Jesus expressa compaixão pelas pessoas que sofrem à sua volta; mas esse milagre tem um significado mais profundo. Jesus traz Lázaro de volta à vida para demonstrar a seus seguidores que Ele é o Filho de Deus. Jesus quer que as pessoas não temam a morte física e que entendam que Ele tem o poder de lhes dar a vida eterna.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “Lázaro caiu no sono” – Na Bíblia, a morte é muitas vezes representada como sono. Jesus usa essa imagem para ensinar aos discípulos que a morte física não é final: ela conduz a uma nova vida espiritual.

                                   II.     “Lázaro já estava no túmulo havia quatro dias” – Muitos judeus acreditavam que, nos três primeiros dias, as almas dos mortos podiam voltar a seus corpos. Depois de quatro dias, o corpo de Lázaro já teria começado a se decompor, e não havia mais esperança de vê-lo vivo outra vez.

                                III.     “Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus” – Marta declara sua fé em Jesus. Ela sabe que quem tem o poder de dar vida eterna também o tem para trazer o seu irmão de volta dos mortos.

                                IV.     “Jesus chorou” – Jesus chorou porque se comoveu com a dor dos que sofriam por Lázaro. Este é o versículo mais curto da Bíblia.

                                   V.     “Pai, eu te agradeço” – Jesus jamais duvidou que Deus o ajudaria. Ele agradeceu em voz alta para que o povo cresse que sua autoridade vinha de Deus.

 

- Embalsamamento: Os corpos dos mortos eram lavados e envolvidos num lençol ou em faixas, que podiam ser de linho.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 29 de novembro de 2020

A Escolha Entre o Clube e o Caminho


  

Há dois modelos básicos de igreja. Há os chamados para fora... e os chamados para dentro.

Igreja, de acordo com Jesus, é comunhão de dois ou três... em Seu Nome... e em qualquer lugar... e mais: podem ser quaisquer dois ou três... e não apenas um certo tipo de dois ou três... conforme os manequins da religião.

Igreja, de acordo com Jesus, é algo que acontece como encontro com Deus, com o próximo e com a vida... no “caminho” do Caminho.

Prova disso é que o tema igreja aparece no Evangelho quando Jesus e Seus discípulos estavam no “caminho” para Cesareia de Filipe: um lugar “pagão” naqueles dias.

Assim, tem-se o tema igreja tratado no “caminho” e em direção à “paganidade” do mundo.

Para Jesus o lugar onde melhor e mais propriamente se deve buscar o discípulo é nas portas do inferno, no meio do mundo! Não posso conceber, lendo o Evangelho, que Jesus sonhasse com aquilo que depois nós chamamos de “igreja”.

Digo isto porque tanto não vejo Jesus tentando criar uma comunidade fixa e fechada, como também não percebo em Seu espírito qualquer interesse nesse tipo de reclusão comunitária.

No Evangelho, o que existe em supremacia é a Palavra, que tanto estava encarnada em Jesus como era o centro de Sua ação. No Evangelho nenhuma igreja teria espaço, posto que não acompanharia o ritmo do Reino e de seu caminhar hebreu e dinâmico.

Jesus escolhe doze para ensinar... não para que eles fiquem juntos. Ao contrário, a ordem final é para ir... enfim... são treinados a espalhar sementes, a salgar, a levar amor, a caminhar em bondade, e a sobreviver com dignidade no caminho, com todos os seus perigos e possibilidade (Lucas cap. 10).

 No caminho há de tudo. Jesus é o Caminho em movimento nos caminhos da existência. E Seus discípulos são acompanhantes sem hierarquia entre eles.

No mais... as multidões..., às quais Jesus organiza apenas uma vez, e isto a fim de multiplicar pães. De resto... elas vêm e vão... ficam ou não... voltam ou nunca mais aparecem... gostam ou se escandalizam... maravilham-se ou acham duro o discurso...

Mas Jesus nada faz para mudar isto. Ele apenas segue e ensina a Palavra, enquanto cura os que encontra.

Ao contrário..., vemos Jesus dificultando as coisas muitas vezes, outras mandando o cara para casa, outras dizendo que era preciso deixar tudo, outras convidando a quem não quer ir...; ou mesmo perguntando: “Vocês querem ir embora?”

Não! Jesus não pretendia que Seus discípulos fossem mais irmãos uns dos outros do que de todos os homens.

 Não! Jesus não esperava que o sal da terra se confinasse a quatro dignas e geladas paredes.

Não! Jesus não deseja tirar ninguém do mundo, da vida, da sociedade, da terra...  mas apenas deseja que sejamos livres do mal.

Não! Jesus não disse “Eu sou o Clube, a Doutrina e a Igreja; e ninguém vem ao Pai se não por mim”.

Assim, na igreja dos chamados para fora, caminha-se e encontra-se com o irmão de fé e também com o próximo que não tem fé... e a todos se trata com amor e simplicidade.

Em Jesus não há qualquer tentativa de criar um ambiente protegido e de reclusão; e nem tampouco a intenção de criar uma democracia espiritual, na qual a média dos pensamentos seja a lei relacional.

Em Jesus o discípulo é apenas um homem que ganhou o entendimento do Reino e vive como seu cidadão, não numa “comunidade paralela”, mas no mundo real.

Na igreja de Jesus cada um diz se é ou não é...; e ninguém tem o poder de dizer diferente... Afinal, por que a parábola do Joio e do Trigo não teria valor na “igreja”? Na igreja de Jesus... pode-se ir e vir... entrar e sair... e sempre encontrar pastagem.

O outro modo de ser igreja é, todavia, aquele que prevaleceu na História. Nele as pessoas são chamadas para dentro, para deixar o mundo, para só considerarem “irmãos” os membros do “clube santo”, e a não buscarem relacionamentos fora de tal ambiente.

A comunidade de Jerusalém tentou viver assim e adoeceu! Claro!

Quem fica sadio vivendo num mundo tão uniforme e clonado?

Quem fica sadio não conhecendo a variedade da condição humana?

 Quem fica sadio se apenas existe numa pequena câmara de repetições humanas viciadas?

Quem pode preservar um mínimo de identidade vivendo em tais circunstâncias? Nesse sapatinho de japonesa?

 É obvio que os discípulos precisam se reunir..., e juntos devem ter prazer em aprender a Palavra e crescer em fé e ajuda mútua. Todavia, tal ajuntamento é apenas uma estação do caminho, não o seu projeto; é um oásis, não o objetivo da jornada; é um tempo, não é o tempo todo; é uma ajuda, não é a vida.

De minha parte quero apenas ver os discípulos de Jesus crescendo em entendimento e vida com Deus, em amizade e respeito uns para com os outros, em saúde relacional na vida, e com liberdade de escolha, conforme a consciência de cada um.

O “ajuntamento” que chamamos igreja deve ser apenas esse encontro, essa estação, esse lugar de bom ânimo e adoração.

 O ideal é que tais encontros gerem amizade clara e livre, e que pela amizade as pessoas se ajudem; mas não apenas em razão de um certo espírito maçônico-comunitário, conforme se vê... ou porque se deu alguma contribuição financeira no lugar.

 A verdadeira igreja não tem sócios... tem apenas gente boa de Deus... e que se reúne e ajuda a manter a tudo aquilo que promove a Palavra na Terra.

 

Um texto de Caio Fábio D’Araújo Filho

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

40 – Jesus e os Humildes (Lucas 18 e 19)


 

Para9(versículo de Lucas 18) alguns que se orgulhavam de sua própria virtude e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola:

“Dois10 homens subiram ao Templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O11 fariseu se levantou I e orou a respeito de si mesmo: ‘Deus, eu te agradeço por não ser como outros homens – ladrões, malfeitores, adúlteros –, e nem como este publicano. Jejuo12 duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo o que ganho’”.

O13 publicano, porém, ficou de pé, à distância II. Ele nem sequer erguia os olhos para o céu, mas batia no peito e dizia: ‘Deus, tenha piedade de mim, que sou pecador’”.

“Eu14 lhes digo que este homem, mais do que o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”.

As15 pessoas também estavam trazendo crianças a Jesus, para que este as tocasse. Ao verem isso, os discípulos as censuraram. Mas16 Jesus chamou a si as crianças, dizendo: “Deixem vir a mim as criancinhas III, pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas. Digo-lhes17 a verdade: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, jamais entrará nele”.

Quando35 Jesus se aproximava de Jericó IV, um cego estava sentado pedindo esmola à beira da estrada V. Ao36 ouvir que a multidão passava, ele perguntou o que acontecia. Disseram-lhe37: “Jesus de Nazaré está passando”.

Então38 ele se pôs a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim!”

Os39 que iam adiante o repreendiam para que ficasse quieto, mas ele gritava ainda mais: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”

Jesus40 parou e ordenou que o homem lhe fosse trazido. Quando ele chegou perto, Jesus lhe perguntou: “O41 que você quer que eu lhe faça?” “Senhor, eu quero ver”, respondeu ele.

Jesus42 lhe disse: “Recupere a visão! A sua fé o curou”. Na43 mesma hora ele recuperou a visão, e seguia Jesus glorificando a Deus. Quando as pessoas viram isso, também elas louvaram a Deus.

Jesus1(versículo de Lucas 19) entrou em Jericó e estava atravessando a cidade. Havia2 lá um homem rico chamado Zaqueu, chefe dos publicanos. Ele3 queria ver quem era Jesus, mas, sendo baixinho, não o conseguiu, por causa da multidão. Por4 isso, correu adiante e subiu num sicômoro VI para vê-lo, já que Jesus estava vindo por aquele caminho.

Quando5 chegou àquele ponto, Jesus olhou para cima e lhe falou: “Zaqueu, desça depressa. Quero ficar em sua casa hoje”. De6 imediato, ele desceu e recebeu-o com alegria.

Todo7 o povo viu isso e começou a murmurar: “Ele se hospedou na casa de um ‘pecador’”.

Mas8 Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: “Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais VII”.

Jesus9 lhe disse: “Hoje houve salvação nesta casa, porque este homem também é um filho de Abraão VIII. Pois10 o Filho do homem veio para buscar e salvar o que estava perdido”.

 

v     Para entender a história

Para ilustrar a importância da humildade, Jesus recorre a situações típicas. Quem está no caminho certo não é o auto-elogioso fariseu, mas o arrependido publicano, que ora com um coração singelo. Também fez certo o chefe dos publicanos em Jericó que, sem se importar com o que os outros iriam pensar de seu gesto, subiu num sicômoro para ver Jesus. E, para entrar no Reino de Deus, ensina Jesus, as pessoas devem ser puras e confiantes como crianças.

 

v     Curiosidades

                                      I.     “O fariseu se levantou” – Os fieis podiam orar no Templo a qualquer hora do dia. As pessoas ficavam de pé e oravam em voz alta. Os judeus respeitavam a devoção dos fariseus. A crítica de Jesus ao comportamento deles chocava a todos.

                                   II.     “O publicano, porém, ficou de pé, à distância” – A sociedade judaica desprezava os publicanos por terem a fama de desonestos e por colaborarem com os romanos. Muitos consideravam tais homens impuros demais para se aproximarem de Deus.

                                III.     “Deixem vir a mim as criancinhas” – Para Jesus as crianças não são um estorvo e nem são menos importantes que os adultos. Jesus insiste em que Seus discípulos sejam receptivos a todos os membros da sociedade.

                                IV.     “Quando Jesus se aproximava de Jericó” – Jesus visitava a nova cidade de Jericó, construída por Herodes, o Grande, cerca de um quilômetro e meio ao sul das ruínas da cidade de mesmo nome citada no Antigo Testamento.

                                   V.     “Um cego estava sentado pedindo esmola à beira da estrada" – Jericó ficava numa estrada usada por romeiros a caminho de Jerusalém. Na beira do caminho e nas portas de cidades grandes, a presença de pedintes era uma cena habitual.

                                VI.     “Subiu num sicômoro” – Por causa do tronco curto e dos galhos espalhados, é fácil subir num sicômoro. Eles são freqüentemente plantados à beira da estrada, para dar sombra.

                             VII.     “Devolverei quatro vezes mais” – No tempo de Jesus, os ladrões tinham que restituir tudo o que haviam roubado e mais um quinto (lei oriunda desde o tempo de Moisés). Zaqueu mostra que o seu arrependimento supera isso de longe.

                          VIII.     “Este homem também é um filho de Abraão” – Os chefes religiosos encaravam Zaqueu como um parasita que traía a sua comunidade. Aos seus olhos, ele não era um verdadeiro judeu. Foi por isso que a multidão se chocou com a ida de Jesus à sua casa. Jesus, com esta fala, recebe o arrependido chefe local dos publicanos de volta à sociedade judaica.

 

- Fariseu: Os fariseus eram um ramo influente da comunidade religiosa judaica nos dias de Jesus. Considerados peritos em religião, os membros desse grupo acreditavam que a lei oral – ou a tradição – da fé judaica era tão autorizada e inspirada por Deus quanto a Torá, ou lei escrita. Em conseqüência, obedeciam com muito rigor as leis de Deus, bem como toda a tradição interpretativa que haviam estabelecido. A eles Jesus reservou algumas das críticas mais severas (um exemplo disso está no capítulo 23 de Mateus).

 

- Publicano: Os publicanos eram os coletores de impostos, mal vistos pelo povo por terem fama de desonestos e por trabalharem para o Império Romano, que àquele tempo, dominava sobre o povo judeu.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.