No domingo anterior à Páscoa, Jesus se dirigiu a Jerusalém. Milhares de judeus tinham acorrido para lá a fim de celebrar aquela festa religiosa. Por volta do ano 1000 a.C. a cidade se tornara o centro político e religioso de Israel. Entretanto, o rei babilônio Nabucodonosor a destruiu em 586 a.C. Quando voltaram do exílio na Babilônia, os judeus reconstruíram Jerusalém. No tempo de Jesus, a cidade havia sido bastante ampliada e embelezada por Herodes, o Grande. Jesus sabia que em breve morreria lá e que Jerusalém viria a ser mais uma vez destruída.
Como
as pessoas viam Jesus
Quando estava próximo
de Jerusalém, Jesus pediu um jumento e, montado nele, dirigiu-se para a cidade.
Para o povo judeu, isso tinha um significado. Eles se lembravam da profecia de
Zacarias: “Eis que vem o vosso rei... montado num filhote de jumento” (Zacarias
9:9). Durante séculos os judeus haviam sofrido a opressão estrangeira. Agora,
sob o governo romano, eles esperavam o rei prometido que lhes traria de volta a
glória passada. Aclamaram Jesus como o Messias, ou o Ungido – o novo Rei Davi.
Isso assustou os
chefes religiosos judeus. Eles sabiam que, se o povo se revoltasse contra a
opressão, os romanos os responsabilizariam. Além do mais, Jesus condenava as
práticas comerciais em vigor no Templo e os sacerdotes temiam perder seus
ganhos e sua autoridade como guardiões da Lei de Moisés.
Jesus proclamava a
chegada do Reino de Deus, mas mesmo os discípulos pensavam que o reino de que
Ele falava fosse mais político do que espiritual.
O
Sinédrio
O supremo tribunal dos
judeus era o Sinédrio, em Jerusalém. Seus 71 membros eram constituídos por
fariseus I e saduceus II, presididos pelo Sumo Sacerdote.
Durante o domínio de Roma, o Sumo Sacerdote era apontado pelo governador
romano.
Ao ser preso, Jesus
foi conduzido à casa do Sumo Sacerdote e julgado perante o Sinédrio, que O
declarou culpado de blasfêmia. Embora pudesse administrar a justiça na Judeia,
o Sinédrio não tinha poderes para impor a pena de morte. Isso só podia ser
feito pelo governador romano – no caso, Pôncio Pilatos. Pela lei romana,
blasfêmia não era crime. Por isso, ao levar Jesus a Pôncio Pilatos, o Sinédrio
o acusou de traição contra Roma.
Pôncio
Pilatos, governador romano da Judeia
O título oficial de
Pilatos era “procurador”. Correspondia ao de um administrador financeiro e
militar de uma província romana.
O quartel-general de
Pilatos ficava em Cesareia, embora ele tivesse uma residência na Fortaleza
Antônia, em Jerusalém. Provavelmente, era por causa da Páscoa que ele estava na
cidade. Os Evangelhos retratam Pilatos como um homem fraco, que condenou Jesus
à morte para contentar os chefes religiosos, apesar da sua própria convicção de
Jesus ser inocente. Historiadores, como Tácito e Josefo, pintam um retrato
diferente, encarando-o como uma pessoa ambiciosa, cruel e insensível. Em
numerosas ocasiões, ofendeu e hostilizou os judeus. Sua tentativa de usar
recursos do Templo para construir um aqueduto provocou protestos populares. A
resposta de Pilatos foi enviar tropas, e muitos judeus foram mortos.
Via
Sacra
O trajeto feito por
Jesus desde o seu julgamento por Pilatos até a crucificação é conhecido como a
Via Sacra, ou Caminho da Cruz. Acredita-se que ele começou na Fortaleza
Antônia, mas existem outras hipóteses.
Tradicionalmente,
quatorze estações assinalam viários incidentes ao longo do percurso, como o
lugar em que Jesus tropeçou e caiu. Nenhuma delas é mencionada na Bíblia.
Quem
eram?
I)
Fariseus:
Ramo influente da comunidade religiosa judaica nos dias de Jesus. Considerados
peritos em religião, os membros desse grupo acreditavam que a lei oral da fé
judaica era tão autorizada e inspirada por Deus quanto a Tora, ou lei escrita. Em conseqüência, obedeciam com muito rigor às
leis de Deus, bem como toda a tradição interpretativa que haviam estabelecido.
A eles Jesus reservou algumas das críticas mais severas, que podem ser
encontradas no capítulo 23 do Evangelho de Mateus.
II)
Saduceus:
Grupo de líderes da comunidade religiosa judaica; opunham-se aos ensinos tanto
dos fariseus quanto de Jesus. No século I d.C. detiveram poder político
considerável e controlaram a suprema corte judaica – o Sinédrio. Negavam a
doutrina da ressurreição, bem como a existência de anjos e de espíritos.
Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.
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