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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

As Religiões e o Terrorismo


Os principais conflitos do final do século XX e dos inícios do novo milênio possuem um transfundo religioso. Assim na Irlanda, em Kosovo, na Kachemira, no Afeganistão, no Iraque e no novo Estado Islâmico, extremamente violento. Ficou claro em Paris com o assassinato dos cartunistas e outras pessoas por fundamentalistas islâmicos. Como nisso entra a religião?
Não sem razão escreveu Samuel P. Huntington em seu conhecido livro O choque de civilizações: “No mundo moderno, a religião é uma força central, talvez a força central que motiva e mobiliza as pessoas…. O que em última análise conta para as pessoas não é a ideologia política nem o interesse econômico, mas aquilo com que as pessoas se identificam são as convicções religiosas, a família e os credos. É por estas coisas que elas combatem e até estão dispostas a dar a sua vida” (1997, p.79). Ele critica a política externa norte-americana por nunca ter dado o devido peso ao fator religioso, considerado algo passado e ultrapassado. Ledo engano. É o substrato dos mais graves conflitos que estamos vivendo.
Quer queiramos ou não, e não obstante o processo de secularização e o eclipse do sagrado, grande parte da humanidade se orienta pela cosmovisão religiosa, judaica, cristã, islâmica, xintoista, budista e outras.
Como já afirmava Christopher Dawson (1889-1970), o grande historiador inglês das culturas: “As grandes religiões são os alicerces sobre os quais repousam as civilizações” (Dynamics of World History,1957,p.128). As religiões são o point d’honneur de uma cultura, pois através dela projeta seus grandes sonhos, elabora seus ditames éticos, confere um sentido à história e tem uma palavra a dizer sobre os fins últimos da vida e do universo. Somente a cultura moderna não produziu religião nenhuma. Encontrou substitutivos com funções idolátricas, como a razão, o progresso sem fim, o consumo ilimitado, acumulação sem limites e outros. A consequência foi denunciada por Nietzsche, que proclamou a morte de Deus. Não que Deus tenha morrido, pois não seria Deus. É o fato de que os homens mataram Deus. Com isso queria significar que Deus não é mais ponto de referência para valores fundamentais, para uma coesão por cima entre os humanos. Os efeitos os estamos vivendo em nível planetário: uma humanidade sem rumo, uma solidão atroz e o sentimento de desenraizamento, sem saber para onde a história nos leva.
Se quisermos ter paz neste mundo precisamos resgatar o sentimento do sagrado, a dimensão espiritual da vida que estão nas origens das religiões. Na verdade, mais importante que as religiões, é a espiritualidade que se apresenta como a dimensão do humano profundo. Mas a espiritualidade se exterioriza sob a forma de religiões, cujo sentido é alimentar, sustentar e impregnar a vida de espiritualidade. Nem sempre o realiza porque quase todas as religiões, ao se institucionalizarem, entram no jogo do poder, das hierarquias e podem assumir formas patológicas. Tudo o que é sadio pode ficar doente. Mas é pelo “sadio” que medimos as religiões, bem como as pessoas, e não pelo “patológico”.  E aí vemos que elas preenchem uma função insubstituível: a tentativa de dar um sentido último à vida e oferecer um quadro esperançador da história.
Ocorre que hoje o fundamentalismo e o terrorismo, que são patologias religiosas, ganharam relevância. Em grande parte se deve ao devastador processo de globalização (na verdade é ocidentalização do mundo) que passa por cima das diferenças, destrói identidades e impõe hábitos estranhos a eles.
Geralmente, quando isso ocorre, os povos se agarram àquelas instâncias que são os guardiães de sua identidade. É nas religiões que guardam suas memórias e seus melhores símbolos. Ao se sentirem invadidos, como no Iraque e no Afeganistão, com milhares de vítimas, refugiam-se em suas religiões como forma de resistência. Então a questão não é tanto religiosa. Ela é antes política que usa da religião para se auto-defender. A invasão gera raiva e vontade de vingança. O fundamentalismo e o terrorismo encontram nesse complexo de questões seu nicho de origem. Daí os atentados do terror.
Como superar este impasse civilizacional? Fundamental é viver a ética da hospitalidade, dispor-se a dialogar e aprender com o diferente, viver a tolerância ativa, sentir-se humanos.
As religiões precisam se reconhecer mutuamente, entrar em diálogo e buscar convergências mínimas que lhes permitem conviver pacificamente.
Antes de mais nada, importa reconhecer o pluralismo religioso, de fato e de direito. A pluralidade se deriva de uma correta compreensão de Deus. Nenhuma religião pode pretender enquadrar o Mistério, a Fonte originária de todo ser ou qualquer nome que quisermos dar à Suprema Realidade, nas malhas de seu discurso e de seus ritos. Se assim fora, Deus seria um pedaço do mundo, na realidade, um ídolo. Ele está sempre mais além e sempre mais acima. Então, há espaço para outras expressões e outras formas de celebrá-lo que não seja exclusivamente através desta religião concreta.
Os onze primeiros capítulos do Gênesis encerram uma grande lição. Neles não se fala de Israel como povo escolhido. Refere-se aos povos da Terra, todos como povos de Deus. Sobre eles paira o arco-íris da aliança divina. Esta mensagem nos recorda ainda hoje que todos os povos, com suas religiões e tradições, são povos de Deus, todos vivem na Terra, “jardim” de Deus e que formam a única Espécie Humana composta de muitas famílias com suas tradições, culturas e religiões.


Texto de Leonardo Boff (colunista do JBonline, filósofo e teólogo)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A Providência Divina


A providência divina são as atitudes mais santas, sábias e poderosas de Deus com vistas a preservar todas as Suas criaturas e todas as Suas ações.
Se a criação foi um exercício único de energia divina fazendo com que o Universo surgisse, a providência é um exercício contínuo da mesma energia.
O Criador mantém toda a criação em Seu Ser, interagindo com tudo o que há. Ele envolve-Se em todos os eventos, dirigindo tudo de acordo com o Seu desígnio.
Deus é completamente responsável pelo mundo. Sua mão pode estar oculta, mas Seu governo se estende a todas as coisas.
Às vezes se supõe que Deus conhece o futuro, mas que não o controla; que Ele sustenta o mundo, mas que não interfere nele; ou que Ele dá a direção geral, mas que não Se ocupa dos detalhes. A Bíblia enfaticamente exclui todas essas limitações da Sua providência.
Senão, vejamos:
v  A Bíblia ensina claramente o controle providencial de Deus sobre o Universo:
O SENHOR estabeleceu o seu trono nos céus, e como rei domina sobre tudo o que existe (Salmo 103:19).
Todos os povos da terra são como nada diante dele. Ele age como lhe agrada com os exércitos dos céus e com os habitantes da terra. Ninguém é capaz de resistir à sua mão ou dizer-lhe: “O que fizeste?” (Daniel 4:35).
Nele fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade (Efésios 1:11).
v  A Bíblia ensina que Deus tem controle sobre o mundo físico:
É o SENHOR que faz crescer o pasto para o gado, e as plantas que o homem cultiva, para da terra tirar o alimento (Salmo 104:14).
O SENHOR faz tudo o que lhe agrada, nos céus e na terra, nos mares e em todas as suas profundezas (Salmo 135:6).
“... para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos” (Mateus 5:45).
v  A Bíblia ensina que Deus tem controle sobre o mundo “selvagem”:
Os leões rugem à procura da presa, buscando de Deus o alimento (Salmo 104:21).
... tu lhes dás, e eles o recolhem, abres a tua mão, e saciam-se de coisas boas (Salmo 104:28).
“Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem, nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta” (Mateus 6:26).
“Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês” (Mateus 10:29).
v  A Bíblia ensina que Deus tem controle sobre o mundo “civilizado”:
“Dá grandeza às nações, e as destrói; faz crescer as nações, e as dispersa” (Jó 12:23).
... pois do SENHOR é o reino; ele governa as nações (Salmo 22:28).
Ele governa para sempre com o seu poder, seus olhos vigiam as nações (Salmo 66:7).
“De um só fez ele todos os povos, para que povoassem a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar (Atos 17:26).
v  A Bíblia ensina que Deus tem controle sobre o nosso nascimento:
Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir (Salmo 139:16).
Mas Deus me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça (Gálatas 1:15).
v  A Bíblia ensina que Deus tem controle sobre os sucessos e fracassos dos homens:
Não é do oriente nem do ocidente nem do deserto que vem a exaltação. É Deus quem julga: humilha a um, a outro exalta (Salmo 75:6-7).
“Derrubou governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes” (Lucas 1:52).
v  A Bíblia ensina que Deus tem controle sobre as coisas aparentemente acidentais ou insignificantes:
A sorte é lançada no colo, mas a decisão vem do SENHOR (Provérbios 16:33).
“Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados” (Mateus 10:30).
v  A Bíblia ensina que Deus protege os justos:
Em paz me deito e logo adormeço, pois só tu, SENHOR, me fazes viver em segurança (Salmo 4:8).
Pois tu, SENHOR, abençoas o justo; o teu favor o protege como um escudo (Salmo 5:12).
A minha alma apega-se a ti; a tua mão direita me sustém (Salmo 63:8).
Ele não permitirá que você tropece; o seu protetor se manterá alerta (Salmo 121:3).
Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito (Romanos 8:28).
v  A Bíblia ensina que Deus provê as necessidades do seu povo:
Respondeu Abraão: “Deus mesmo há de prover o cordeiro para o holocausto, meu filho”. E os dois continuaram a caminhar juntos (Gênesis 22:8).
“Assim, ele os humilhou e os deixou passar fome. Mas depois os sustentou com maná, que nem vocês nem os seus antepassados conheciam, para mostrar-lhes que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do SENHOR (Deuteronômio 8:3).
O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus (Filipenses 4:19).
v  A Bíblia ensina que Deus dá resposta às orações:
Quando ele orou, o SENHOR o ouviu e atendeu o seu pedido e o trouxe de volta a Jerusalém e a seu reino. E assim Manassés reconheceu que o SENHOR é Deus (II Crônicas 33:13).
Ó tu que ouves a oração, a ti virão todos os homens (Salmo 65:2).
“Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta” (Mateus 7:7).
“Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite?” (Lucas 18:7).
“E tudo o que pedirem em oração, se crerem, vocês receberão” (Mateus 21:22).
“Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá” (Marcos 11:24).
Aqui estão apenas alguns pontos da onipotência divina; se você buscar na Bíblia, encontrará muito mais.
O que desejo com este texto é colocar em seu coração o quanto é importante crescer no relacionamento com Deus, para que possamos chegar à estatura de Cristo.
... até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4:13).

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

A Violência Religiosa


          Eu não queria escrever sobre esse assunto. Definitivamente, não queria, pois já se escreveu muito sobre os atentados em Paris, ao Charlie Hebdo, à loja de produtos judaicos, da caçada e da morte dos terroristas, et cetera, et cetera, et cetera.
          Mas não resisti. E resolvi escrever agora, depois que muita coisa – quase tudo – já foi dito a respeito. Exatamente para falar de uma coisa sobre a qual pouco foi dito.
          Se, por um lado, existe a liberdade de expressão, de imprensa, de se dizer o que se pensa, por outro lado existe o direito à crença que se queira ter. Se, por um lado, não deve haver repressão da liberdade de falar, e por esta deve se zelar, por outro lado também existe a liberdade de religião, assim como a política, e por liberdades há de se ser zeloso sempre – e respeitoso.
          Se, por um lado houve a violência física extrema vitimando jornalistas, policiais, pessoas judias, por outro lado houve a violência psicológica e moral vitimando crenças e fé. Cutucaram a onça com vara curta; cutucaram um vespeiro com um lápis. Não é lá muito inteligente isso. Os muçulmanos não são conhecidos exatamente por seu senso de humor. E ainda há a questão da manipulação política dentro da fé islâmica, a gente sabe disso; religião e Estado se fundem no radicalismo.
          Nada, NADA, justifica tirar a vida de um ser humano. Isto é uma verdade com a qual a massiva maioria concorda. Mas, o que está dito no parágrafo anterior também é uma verdade. Não sei o que poderia justificar ofender as crenças dos outros.
          Há pouco, o Papa Francisco disse que se alguém próximo ofendesse a mãe dele, poderia esperar um soco como resposta. Achei a declaração dele, no mínimo, honesta. Honestamente, pense como você reagiria se ofendessem a sua. E, para muitos, sua fé é até mais importante que a mãe.
          Os islâmicos dizem que esses terroristas não os representam. Acho isso também. Há, porém, um obsequioso silêncio dos líderes islâmicos; não se posicionam aberta e corajosamente contra os atentados. Poderiam combatê-los nas internas. São, de certa forma, com seu obsequioso silêncio, coniventes com a situação.
          Mas disso tudo muitos já falaram, e estou só repetindo discursos já proferidos.
          Lá em cima, no segundo parágrafo, disse que queria falar de uma coisa sobre a qual pouco foi dito. E vamos a isso agora.
          Os atentados foram justificados por quem os cometeu, dizendo que estavam protegendo a honra de Maomé. Diziam que Alá tinha que ser vingado. Ouso dizer que eles mesmos não creem nisso. Repito: se precisam fazer atentados para proteger a honra de seu profeta e vingar o seu deus, de fato não creem nem no seu profeta, nem no seu deus. Escrevo deus com minúsculas porque é assim que o vejo sob a ótica dos terroristas. Pelo respeito que tenho à fé muçulmana, escrevo falando de Alá com maiúsculas, pois, pelo respeito, Ele para mim é Deus, como Deus é o Javé judaico e o Cristo Senhor cristão. Mas quando se necessita usar de violência para defender honras divinas e fazer divinas vinganças, essa divindade só pode ser um deus minúsculo, desses bem pequenos.
          Por isso digo que todos aqueles que usam de violência pelas suas causas religiosas, de fato não acreditam em seu Deus. Para eles, é só deus. Pequeno. Indefeso. Necessitando de proteção. De defesa da honra. De vingança. De uma babá.
          Se acreditassem em seu Deus, não precisariam fazer nada. Nada. Por que teriam que mover uma só palha?
          Acaso Deus não é supremo, Todo-Poderoso? Acaso o Alá muçulmano não é capaz o suficiente para cuidar de Si mesmo e de Seu profeta? Acaso Javé já não deu provas suficientes de Seu Todo-Poder na antiguidade judaica? Acaso o Cristo dos cristãos, uno com Deus, ressuscitado e por vir, não pode Se defender? Todos eles precisam que uns hominídeos bípedes do terceiro planeta do sistema solar, um pontinho minúsculo viajando a milhões de quilômetros por hora num dos muitos universos possíveis – todos criados por Deus, lembremo-nos, seja lá como cada religião conceba ou denomine o seu Deus – saquem de suas metralhadoras, de suas espadas, de suas fundas, para zelarem pela honraria divina? Será? É mesmo?
          Será que Deus olha lá do Seu “trono”, viaja pelas páginas das revistas, dos jornais e da internet e diz: “Hum, essa tirinha está me ofendendo. Esse cartunista precisa ser punido. Hum, estou muito brabo com isso!” Será? É?
          Quem usa de violência para manifestar-se religiosamente, lá no fundo, não acredita no que prega. Não acredita na supremacia do seu Deus. Não tem fé. Tem fanatismo cego.
          E aqui falo de todo tipo de violência. A que mata, a que manipula, a que extorque, a que invade, a que desrespeita a diferença, a que minimiza os outros, a que se acha superior. E há outros tipos. Falo de todos.
          Seja qual for a sua fé, a sua crença – mesmo ateus têm suas crenças –, veja se você já não usou algum tipo de violência para justificar o seu Deus, para salvar-Lhe a honra. Veja se, quando você falou da sua crença, ficou incomodado com a indiferença ou o eventual descaso do outro, a ponto de querer condená-lo. Examine suas reações.
          Falando do nosso umbigo agora, os cristãos têm algumas coisas absolutamente violentas: Quando dividem as pessoas em dois grupos: os “salvos” e os “perdidos”. Quando assustadoramente apontam para os que não creem como eles, dizendo que estarão ad infinitum no “inferno” (quando nem eles sabem o que é, etimologicamente, “inferno”). Quando falam que eles são os “eleitos do Senhor”, como se alguém, além de Deus, soubesse o que é, de fato, isso. Quando dizem que amam o “pecador”, mas abominam o “pecado”, mas confundem as duas coisas e incitam a discriminação e a violência contra quem é “diferente do padrão por eles julgado como ideal”. Enfim, os cristãos também são muito bons em cometer violências.
          Generalizo? Sim. Mas, se você não se enquadra nesse grupo, faça das suas palavras, das suas atitudes, da sua vida um exemplo do que é ser do Espírito de Cristo. Só assim seremos cristãos.
          E seremos cristãos respeitando muçulmanos, judeus, budistas, hindus, religiões afro, ateus, enfim, vivendo o modo de ser de Cristo.
          E qual foi o modo de ser de Cristo? O amor e a inclusão. Simples assim.
          Há cristãos que querem “transformar a água em vinho”. Quando, o que temos a fazer, é tão-somente “encher as talhas de água”. Uso aqui o primeiro “milagre” de Jesus como um ensinamento: Nós só temos que levar a Palavra às pessoas, com todo o respeito e carinho – “encher as talhas de água”. Operar a conversão no coração das pessoas – “transformar a água em vinho” – é tarefa de Cristo. Não queira “converter” ninguém. Você não pode. Só Deus “converte” as pessoas. Apenas leve a Palavra. E, quando esta é acompanhada pelo respaldo do seu modo de vida, muito melhor.
          O que não for assim é, de alguma forma, violência contra o próximo.

          Kurt Hilbert

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A Oração de Jesus


          Jesus ora por si mesmo
          Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu filho te glorifique. Pois lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, para que conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer. E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse.

          Jesus ora por seus discípulos
          Eu revelei o teu nome àqueles que do mundo me deste. Eles eram teus; tu os deste a mim, e eles tem obedecido à tua palavra. Agora eles sabem que tudo o que me deste vem de ti. Pois eu lhes transmiti as palavras que me deste, e eles as aceitaram. Eles reconheceram de fato que vim de ti e creram que me enviaste. Eu rogo por eles. Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois são teus. Tudo o que tenho é teu, e tudo o que tens é meu. E eu tenho sido glorificado por meio deles. Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um. Enquanto estava com eles, eu os protegi e os guardei no nome que me deste. Nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para que se cumprisse a Escritura.
          Agora vou para ti, mas digo estas coisas enquanto ainda estou no mundo, para que eles tenham a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo. Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados pela verdade.

          Jesus ora por todos os que creem
          Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão(*) em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.
          Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo.
          Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste. Eu os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja.
   
          (Texto do Evangelho de João, capítulo 17)

            (*) A oração de Jesus, neste ponto, é também por mim e por ti, que vivemos em pleno século XXI.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Alegria!


Lucas 2:10-11
          Mas o anjo lhes disse: “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor”.


Quem sabe um dia desses
eu me convença do que está na cara.

Quem sabe um dia desses
eu deixe de lado o medo e seus filhos:
          tormentos, desânimos e temores.
Quem sabe um dia desses
eu traga ao meu lado a alegria e seus filhos:
          alentos, ânimos e amores.

Quem sabe um dia desses
a ficha caia como uma prova.
Quem sabe um dia desses
eu aceite a boa nova!

Quando chegar esse dia,  (e já chegou!)
quem sabe eu saiba que a alegria
sempre esteve em mim...
... e eu não a via.


Kurt Hilbert