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domingo, 25 de fevereiro de 2024

Permanecer Firme


 

João 8:31-32

“Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.

 

Estas palavras Jesus dirigia aos Seus irmãos judeus que haviam crido n’Ele. Elas eram válidas naquele tempo, e são válidas também nos dias atuais, sendo ditas a cada um de nós. São, portanto, atemporais, de validade eterna!

Lembremos sempre que Jesus é a Palavra e a Palavra é Jesus: No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram (João 1:1-5).

 O texto de João 8:31-32 tem sido o “texto-lema”, o “símbolo” e a “bandeira” dos LIVRES DISCÍPULOS DE CRISTO, que é como denominei o Blog criado em 06 de outubro de 2011, para compartilhar a Palavra na internet, de forma livre e independente, e que depois se transformou também num pequeno canal no YouTube, e é sob este título também que compartilho a Palavra diariamente nas redes sociais.

Pois bem...

Permanecer em Sua Palavra é permanecer na Bíblia, onde a Palavra nos é transmitida. Não há que se acrescentar nem tirar nada; não temos que ir além da Palavra, nem ficar aquém dela. Nada acrescentem às palavras que eu lhes ordeno e delas nada retirem, mas obedeçam aos mandamentos do SENHOR, o seu Deus, que eu lhes ordeno (Deuteronômio 4:2). Também não temos que nos desviar dela, nem para um lado, nem para o outro. “Por isso, tenham o cuidado de fazer tudo como o SENHOR, o seu Deus, lhes ordenou; não se desviem, nem para a direita, nem para a esquerda. Andem sempre pelo caminho que o SENHOR, o seu Deus, lhes ordenou, para que tenham vida, tudo lhes vá bem e os seus dias se prolonguem na terra da qual tomarão posse” (Deuteronômio 5:32-33). Com relação a estas Palavras constantes no livro de Deuteronômio, se lidas à luz de Cristo, significam permanecermos nos mandamentos do Evangelho e tomar posse das promessas que Jesus nos fez.

Por que estou dizendo isso, e enfatizando para permanecermos firmes em Cristo e Sua Palavra?

Porque nos dias em que vivemos grassam à solta por aí as mais diversas literaturas e mídias de cunho religioso-espiritual, muitas delas travestidas de “palavras de Deus” para os tempos atuais. Muitas delas são similares às que encontramos na Bíblia, mas muitas vão além delas ou as contradizem, e outras se desviam completamente.

As mais nocivas são aquelas que negam Jesus Cristo ou relativizam Seu papel. Não são difíceis de identificar: Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo: aquele que nega o Pai e o Filho. Todo o que nega o Filho também não tem o Pai; quem confessa publicamente o Filho tem também o Pai (1º João 2:22-23).

Depois da advertência contra quem é anticristo, o apóstolo João traz uma Palavra de incentivo à permanência: Quanto a vocês, cuidem para que aquilo que ouviram desde o princípio permaneça em vocês. Se o que ouviram desde o princípio permanecer em vocês, vocês também permanecerão no Filho e no Pai. E esta é a promessa que ele fez: a vida eterna (1º João 2:24-25).

Além das literaturas que negam a Jesus Cristo, há aquelas que colocam o homem como centro, escanteando Deus ou O relativizando. Deus É absoluto em Si mesmo, e não se O pode comparar com nada nem ninguém, muito menos ao homem, que é criação Sua: “Eu sou o SENHOR; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem a imagens o meu louvor” (Isaías 42:8).

Muitas destas literaturas espirituais ou mídias de mesmo naipe fazem até “sentido” ao sentido humano e parecem nos encantar, mas não passam de sabedoria humana, imperfeita e limitada em si mesma, e a sabedoria humana não pode revelar Deus. Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação (1º Coríntios 1:21). O que vem de Deus pode mesmo parecer loucura à sabedoria humana, mas, ainda assim, sempre será superior em significado, porque a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria humana, e a fraqueza de Deus é mais forte que a força do homem (1º Coríntios 1:25).

A mensagem do Evangelho se abstém da sabedoria humana, para que a sabedoria divina seja ressaltada. Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus (1º Coríntios 2:4-5). Pois Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho, não porém com palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não seja esvaziada (1º Coríntios 1:17).

Nas Palavras do Evangelho, além da sabedoria divina, está a revelação do Espírito Santo, e está a mente de Cristo, e não a mente humana: Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando verdades espirituais para os que são espirituais. Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois “quem conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo?” Nós, porém, temos a mente de Cristo (1º Coríntios 2:13-16).

Muitas destas literaturas e mídias religiosas-espirituais têm a sublimada mensagem de colocar o homem como autossuficiente, assemelhando-o sutilmente a Deus, colocando a criatura em pé de igualdade com o Criador. Mas Jesus deixa claro que não somos autossuficientes. Ao contrário, assinala que somente unidos n’Ele podemos produzir algo de realmente bom e significativo: Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim” (João 15:4). “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma (João 15:5). “Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido (João 15:7). “Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos” (João 15:8). Veja que tudo resulta em glorificação a Deus, e não aos homens!

Há de se ter muito cuidado com tudo que nos é apresentado como literatura ou mídia de espiritualidade, pois parece muito com o “argumento da serpente”, quando ela, metaforicamente, questionou os humanos a respeito da Palavra de Deus: Foi isso mesmo que Deus disse?” (Gênesis 3:1). Quando damos ouvidos àquilo que duvida da Palavra de Deus, abrimos o flanco, baixamos a guarda, e o golpe entra!

Jesus advertia a respeito dos que usavam a mentira travestida de verdade, e não pegou leve a este respeito, mas usou de papo reto e direto: “Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira (João 8:44).

Peça a Deus sabedoria para discernir o que é d’Ele e o que “só parece” d’Ele.

Por fim e sobretudo, permanecendo em Cristo e na Sua Palavra, seremos verdadeiramente Seus discípulos, conheceremos a verdade e seremos livres!

Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.

 

É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!

Saudações,

Kurt Hilbert

domingo, 18 de fevereiro de 2024

140 – O Chamado de Samuel (1º Samuel 1 – 3)


 

Havia1(versículo de Samuel 1) certo homem de Ramataim, zufita, dos montes de Efraim I, chamado Elcana, filho de Jeroão, neto de Eliú e bisneto de Toú, filho do efraimita Zufe. Ele2 tinha duas mulheres; uma se chamava Ana, e a outra Penina. Penina tinha filhos, Ana, porém, não tinha.

Todos3 os anos esse homem subia de sua cidade a Siló II para adorar e sacrificar ao SENHOR dos Exércitos. Lá, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli, eram sacerdotes do SENHOR.

Certa9 vez quando terminou de comer e beber em Siló, estando o sacerdote Eli III sentado numa cadeira junto à entrada do santuário do SENHOR, Ana se levantou e10, com a alma amargurada, chorou muito e orou ao SENHOR. E11 fez um voto, dizendo: “Ó SENHOR dos Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua serva, te lembrares de mim e não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um filho, então eu o dedicarei ao SENHOR por todos os dias de sua vida, e o seu cabelo e a sua barba nunca serão cortados”.

Assim20 Ana engravidou e, no devido tempo, deu à luz um filho. E deu-lhe o nome de Samuel (*), dizendo: “Eu o pedi ao SENHOR”.

Depois24 de desmamá-lo, levou o menino, ainda pequeno, à casa do SENHOR, em Siló, com um novilho de três anos de idade, uma arroba de farinha IV e uma vasilha de couro cheia de vinho. Eles25 sacrificaram o novilho e levaram o menino a Eli, e26 ela lhe disse: “Meu senhor, juro por tua vida que eu sou a mulher que esteve aqui a teu lado, orando ao SENHOR. Era27 este menino que eu pedia, e o SENHOR concedeu-me o pedido. Por28 isso, agora, eu o dedico ao SENHOR. Por toda a sua vida será dedicado ao SENHOR”. E ali adorou o SENHOR.

Samuel passou a viver junto a Eli, sendo por este tutelado e ensinado. Alguns anos depois, um profeta veio a Siló. Ele disse a Eli que uma calamidade se abateria sobre a sua casa e os seus dois filhos impiedosos morreriam.

Certa2(versículo de Samuel 3) noite, Eli, cujos olhos estavam ficando tão fracos que já não conseguia mais enxergar, estava deitado em seu lugar de costume. A3 lâmpada de Deus V ainda não havia se apagado, e Samuel estava deitado no santuário do SENHOR, onde se encontrava a arca de Deus. Então4 o SENHOR chamou Samuel.

Samuel respondeu: “Estou aqui”. E5 correu até Eli e disse: “Estou aqui; o senhor me chamou?”

Eli, porém, disse: “Não o chamei; volte e deite-se”. Então, ele foi e se deitou.

Isso aconteceu mais duas vezes, e Eli percebeu que era Deus chamando Samuel. Ele mandou que Samuel respondesse a Deus.

O10 SENHOR voltou a chamá-lo como nas outras vezes: “Samuel, Samuel!”

Então Samuel disse: “Fala, pois o teu servo está ouvindo”.

E11 o SENHOR disse a Samuel: “Vou realizar em Israel algo que fará tinir os ouvidos de todos os que ficarem sabendo. Nessa12 ocasião executarei contra Eli tudo o que falei contra sua família, do começo ao fim. Pois13 eu lhe disse que julgaria sua família para sempre, por causa do pecado dos seus filhos, do qual ele tinha consciência; seus filhos se fizeram desprezíveis, e ele não os repreendeu. Por14 isso jurei à família de Eli: ‘Jamais se fará propiciação pela culpa da família de Eli mediante sacrifício ou oferta’”.

Samuel15 ficou deitado até de manhã e então abriu as portas da casa do SENHOR. Ele teve medo de contar a visão a Eli, mas16 este o chamou e disse: “Samuel, meu filho”.

“Estou aqui”, respondeu Samuel.

Eli17 perguntou: “O que o SENHOR lhe disse? Não esconda de mim. Deus o castigue, e o faça com muita severidade, se você esconder de mim qualquer coisa que ele lhe falou”. Então18, Samuel lhe contou tudo, e nada escondeu. Então Eli disse: “Ele é o SENHOR; que faça o que lhe parecer melhor”.

O19 SENHOR estava com Samuel enquanto este crescia, e fazia com que todas as suas palavras se cumprissem. Todo20 o Israel, de Dã até Berseba VI, reconhecia que Samuel estava confirmado como profeta do SENHOR VII.

 

v     Para entender a história

A situação de Ana lembra as histórias de Sara, Rebeca e a mãe de Sansão, pois Deus interveio para pôr fim à desgraça da esterilidade. Nos quatro casos, nasce uma criança que tem um relacionamento peculiar com Deus e que cumpre um propósito em especial. Samuel virá a ser o profeta de Deus.

 

v     Curiosidades

                                      I.     Zufita, dos montes de Efraim – Elcana, da família de Zufe, era levita, uma tribo que não tinha terras próprias. Em vez disso, os levitas eram concessionários de cidades dentro de territórios de outras tribos. Ramataim era uma dessas cidades. Ficava em Efraim, cerca de 10 quilômetros ao norte de Jerusalém.

                                   II.      “Siló” – Após Josué guiar os israelitas para Canaã, levou a Arca da Aliança para Siló, e lá montou o primeiro Tabernáculo permanente. Josué era efraimita, e a cidade ficava em sua terra tribal. Siló foi o principal centro religioso durante o período dos Juízes.

                                III.     “Sacerdote Eli” – Como sumo sacerdote em Siló, Eli era tido pelo seu povo como um líder, ou juiz. Era um homem profundamente devoto, mas os seus dois filhos se comportavam de modo perverso (1º Samuel 2:12-25). Eli foi incapaz de controlá-los.

                                IV.     “Uma arroba de farinha” – Uma “arroba” – ou “ephah” – era uma unidade de medida para secos, e as estimativas variam entre 20 e 40 quilos. A oferta de Ana, de farinha e vinho, estava de acordo com a Lei de Moisés, mas ela levou uma quantidade bem maior do que o exigido.

                                   V.     “A lâmpada de Deus” – Havia no Tabernáculo um candelabro com sete braços, feito de ouro e decorado com botões de flores de amendoeira. A amendoeira era a primeira árvore a florescer na primavera e simbolizava a constância de Deus. A lâmpada era mantida queimando durante toda a noite.

                                VI.     “De Dã até Berseba” – Essa expressão era usada para descrever as fronteiras da “terra prometida”. Dã ficava ao norte, e Berseba, ao sul.

                             VII.     “Profeta do SENHOR – Samuel foi o último dos Juízes e o primeiro grande profeta a ser reconhecido depois de Moisés. Profetas eram escolhidos por Deus e vinham de diferentes camadas da sociedade, de lavradores a sacerdotes. Seu papel principal era transmitir a palavra de Deus, a fim de orientar as pessoas para a integridade. Samuel preparou a sua vocação desde a tenra infância.

 

          - O peitoral do sumo sacerdote: Este objeto, usado pelo sumo sacerdote quando oficiava, era um quadrado tecido que continha doze pedras diferentes (rubi, topázio, berilo, turquesa, safira, esmeralda, jacinto, ágata, ametista, crisólita, ônix e jaspe). As pedras eram montadas em filigranas de ouro, e em cada uma estava gravado o nome de uma tribo de Israel.


          (*) “Samuel” se assemelha à palavra hebraica para “ouvido por Deus”.


          Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Aos Porteiros do Reino de Deus!


 

Jesus parece sempre ter feito questão de deixar os cheios de suas próprias certezas presunçosas e arrogantes, incertos e vazios em Sua presença.

Aliás, foi Maria quem, no contexto do Evangelho, primeiro disse que Jesus seria assim: “Despedirá vazios os soberbos, arrogantes e poderosos, e acolherá os pobres da terra” – disse ela.

Além disso, foi também dito acerca d’Ele pelo velho Simeão, que Ele seria “objeto de contradição”.

Ele, todavia, jamais Se contradisse. A contradição era o que vinha dos outros, pois, supostamente, quem deveria amá-Lo, O odiou, e quem deveria rejeitá-Lo, O amou.

E foi de contradição em contradição [não d’Ele a contra-dição] que Ele andou entre espinhos, abrolhos e lírios do campo.

Ele via espinhos onde se dizia que era o Jardim Religioso de Deus: o Templo e a religião, com seus funcionários supostamente do interesse de Deus e da vida; e pensava: “Aqui é o deserto!”

Ele via lírios onde se dizia que somente havia lixo; ou seja: entre coletores de impostos, meretrizes e gente considerada pecadora por ser sem religião ou informação religiosa; e dizia: “Aqui é o campo para o Jardim de Deus”.

Ele nunca Se contradisse, mas o que dizia dividia o mundo!

Daí se dizer que Ele seria como uma espada.

Ele próprio disse que trazia a espada e que Seu batismo seria de fogo.

No caminho, todavia, Ele foi pontuando as incertezas que poderiam, em sendo acolhidas, salvar os certos das certezas.

Assim Ele diz que o Reino de Deus seria como um grande banquete no qual estariam presentes todos os que a religião deixaria fora, enquanto, de fato, estariam de fora os que tinham o suposto poder de dizer quem entraria ou sairia.

Ele, entretanto, não disse nada que pudesse melhorar o desconforto dos donos das certezas. Ao contrário, disse: “Muitos virão do Norte, do Sul, do Oriente e do Ocidente, e tomarão lugar na mesa do Reino de Deus com Abraão, Isaque e Jacó, enquanto ‘os filhos do Reino’ ficarão de fora”.

Ora, os que Ele chamou de “os filhos do Reino”, são os que assim se consideravam, na mesma medida em que desconsideravam os outros!

Portanto, é fácil saber quando uma pessoa mudou de time e agora joga no time do inimigo de Jesus: toda pessoa que julga ter recebido de Deus a chave que abre para os outros entrarem ou que fecha para que ninguém entre – esse tal já está fora e não sabe ou não quer admitir.

“As chaves do Reino de Deus”, conforme Jesus mencionou a Pedro, não é uma chave que serve no portão do céu. Também não é uma chave para o coração dos outros. Menos ainda é uma chave que abra acesso espiritual a ninguém; e que também seja útil a quem julgue que tenha o poder de fechar para que ninguém entre.

Somente Jesus abre e ninguém fecha – e fecha e ninguém abre!

“As chaves do Reino de Deus” abrem apenas onde o braço do homem [e olhe lá!] pode abrir, que é o seu próprio coração.

E porque essas “chaves do Reino de Deus” são da natureza íntima que são, é que Jesus diz à Igreja em Éfeso que eles tinham a chave que poderia abrir a porta para eles mesmos; e tais “chaves do Reino de Deus” existiam neles para que eles mesmos se abrissem: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo”.

É nessa despretensão que caminha o verdadeiro discípulo!

Ele sabe, com alegre surpresa, que está dentro; porém, não ousa dizer quem está fora; posto que no dia que o faça seja porque ele mesmo já não esteja dentro.

Somente se preserva em Deus quem anda nesse espírito.

Os donos das certezas para os outros são os que estão andando para o buraco assoviando acerca da suposta desgraça dos diferentes, enquanto a viagem que a pessoa faz seja apenas para o fundo do buraco, embora ela chame isso de caminho do Reino de Deus.

Portanto, abra o olho; e, enquanto pode, salve-se do engano.

Salvo em Jesus é quem não tem outra certeza senão a de que pela graça [favor imerecido] está salvo.

 

(um texto de Caio Fábio d’Araújo Filho)

domingo, 4 de fevereiro de 2024

139 – Rute e Boaz (Rute 3 – 4)



Certo1(versículo de Rute 3) dia, Noemi, sua sogra, lhe disse: “Minha filha, tenho que procurar um lar seguro, para sua felicidade. Boaz2, aquele com cujas servas você esteve, é nosso parente próximo. Esta noite ele estará limpando cevada na eira I. Lave-se3, perfume-se, vista sua melhor roupa e desça para a eira. Mas não deixe que ele perceba você até que tenha comido e bebido. Quando4 ele for dormir, note bem o lugar em que ele se deitar. Então vá, descubra os pés dele e deite-se. Ele lhe dirá o que fazer”.

Respondeu5 Rute: “Farei tudo o que você está me dizendo”.

Então6 ela desceu para a eira e fez tudo o que a sua sogra lhe tinha recomendado.

Quando7 Boaz terminou de comer e beber, ficou alegre e foi deitar-se perto do monte de grãos. Rute aproximou-se sem ser notada, descobriu os pés dele, e deitou-se.

No8 meio da noite, o homem acordou de repente. Ele se virou e assustou-se ao ver uma mulher deitada a seus pés.

“Quem9 é você?”, perguntou ele.

“Sou sua serva Rute”, disse ela. “Estenda a sua capa sobre a sua serva II, pois o senhor é resgatador III”.

Boaz10 lhe respondeu: “O SENHOR a abençoe, minha filha! Este seu gesto de bondade é ainda maior do que o primeiro, pois você poderia ter ido atrás dos mais jovens, ricos ou pobres! Agora11, minha filha, não tenha medo; farei por você tudo o que me pedir. Todos os meus concidadãos sabem que você é mulher virtuosa. É12 verdade que sou resgatador, mas há um outro que é parente mais próximo do que eu. Passe13 a noite aqui. De manhã veremos: se ele quiser resgatá-la, muito bem, que resgate. Se não quiser, juro pelo nome do SENHOR que eu a resgatarei”.

Noemi ficou muito contente com o que Boaz dissera a Rute.

Enquanto1(versículo de Rute 4) isso, Boaz subiu à porta da cidade IV e sentou-se ali exatamente quando o resgatador que ele havia mencionado estava passando por ali. Boaz chamou-lhe e disse: “Meu amigo, venha cá e sente-se”. Ele foi e sentou-se.

Boaz2 reuniu dez líderes da cidade e disse: “Sentem-se aqui”. E eles se sentaram.

Quando o parente soube que, se comprasse o pedaço de terra de Noemi, que pertencia ao marido e aos filhos dela, também teria de comprar a viúva do morto, recusou-se a fazer o resgate.

Quando8, pois, o resgatador disse a Boaz: “Adquira-a você mesmo!”, ele também tirou a sandália V.

Então9 Boaz anunciou aos líderes e a todo o povo ali presente: “Vocês hoje são testemunhas de que estou adquirindo de Noemi toda a propriedade de Elimeleque, de Quiliom e de Malom. Também10 estou adquirindo o direito de ter como mulher a moabita Rute, viúva de Malom, para manter o nome do falecido sobre a sua herança e para que o seu nome não desapareça do meio da sua família ou dos registros da cidade. Vocês hoje são testemunhas disso!”

Boaz13 casou-se com Rute, e ela se tornou sua mulher. Boaz a possuiu, e o SENHOR concedeu que ela engravidasse e desse à luz um filho.

Noemi16 pôs o menino no colo (*), e passou a cuidar dele. As17 mulheres da vizinhança celebraram o seu nome e disseram: “Noemi tem um filho!”, e lhe deram o nome de Obede. Este foi o pai de Jessé, pai de Davi VI.

 

v     Para entender a história

Rute, uma estrangeira, leva uma vida justa na época em que muitos israelitas tinham abandonado Deus. O amor generoso de Rute e Boaz leva Noemi do vazio à realização. O filho do casal será o avô de Davi, o futuro rei de Israel, e ele demonstrará um amor generoso em sua luta para levar Israel da desordem à paz.

 

v     Curiosidades

                                      I.     Esta noite ele estará limpando cevada na eira – Os feixes colhidos eram levados por carrinhos ou sobre burros até o chão da debulha, que era aberto, à mercê dos ventos. Eram espalhados sobre o chão liso e duro, e sovados com paus ou tábuas. Os talos, então, eram joeirados – jogados para o alto, com um forcado, para que os grãos soltos caíssem no chão. Em geral, esses locais eram propriedades comunais, e os donos das terras passavam a noite ali, para proteger os seus grãos dos ladrões.

                                   II.      “Estenda a sua capa sobre a sua serva” – Tratava-se de um pedido de casamento, e essa tradição ainda é praticada no Oriente Médio. É o ato de estender a orla do manto ou da capa sobre a mulher. Em hebraico, a palavra “orla” é a mesma para “asas”. Rute pediu a Boaz para ele a tomar “sob suas asas”.

                                III.     “É resgatador” – Em Israel, era obrigação do parente sanguíneo masculino mais próximo proteger os interesses dos membros menos afortunados de sua numerosa família. Essa responsabilidade incluía atos como comprar de volta (resgatar) a propriedade de um parente que se vendera à escravidão para pagar dívidas, casar-se com a viúva de um parente morto, a fim de perpetuar a sua memória, ou vingar a morte de um parente. Essa pessoa era conhecida como um “parente-resgatador” ou “vingador”, que, em hebraico, são a mesma palavra.

                                IV.     “Boaz subiu à porta da cidade” – No Oriente Médio, a porta principal da cidade era o local onde as pessoas realizavam negócios e transações legais, já que se conseguiam testemunhas com facilidade.

                                   V.      “Tirou a sandália” – Sandálias eram um sinal de posse. No antigo Israel, para legalizar uma transferência de propriedade, uma das partes dava a sua sandália para a outra.

                                VI.     “Obede... o pai de Jessé, pai de Davi” – Rute, a estrangeira, torna-se bisavó do famoso rei Davi. O Novo Testamento mostra que essa linhagem genealógica vai até Jesus.

 

          - Nomes do Livro de Rute: Muitos nomes bíblicos têm significados ocultos. Em hebraico, Noemi significa “agradável”. Entretanto, ela chamou a si mesma de Mara (amarga), ao perder o marido. Os nomes dos filhos de Noemi, Malom (enfermidade) e Quiliom (fraco), parecem anunciar suas mortes prematuras. Orfa (nuca), uma das noras, sugere o pescoço de alguém que se vira e vai embora, o que ela fez com Noemi. Rute (amizade ou conforto) descreve o relacionamento dela com Noemi. Boaz (nele está a força) dá proteção e estabilidade a Rute e Noemi. O nascimento de Obede (servo do Senhor) leva a realização à família.

          (*) Possivelmente o adotou.


          Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.