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domingo, 25 de novembro de 2018

Ester



A providência divina é a chave deste livro.
O livro de Ester descreve graficamente as lutas vitoriosas dos judeus dispersos, durante o período do rei persa Assuero, contra as iníquas conspirações de certo primeiro-ministro por nome Hamã. Embora nunca se mencione neste livro o nome de Deus, sua mão se manifesta continuamente em todos os pormenores circunstanciais da narrativa. Ester, por sua beleza, é escolhida rainha em lugar de Vasti; Mardoqueu, em virtude de sua capacidade, toma o lugar de Hamã no cargo de primeiro-ministro. Todos os personagens, desde o rei até ao escravo obsequioso, desempenham seu papel no momento oportuno. Hamã é a encarnação do mal; Mardoqueu, a essência da bondade; Assuero, inflexível, possui também traços vigorosos. Ester, prima de Mardoqueu e sob a tutela deste, converte-se na heroína da história devido à sua boa vontade de arriscar a vida e sua posição, a pedido de Mardoqueu, em benefício de seu próprio povo em época de profunda necessidade.
Não se pode conseguir evidência certa com respeito ao autor do livro de Ester. A paternidade literária tem sido atribuída a vários personagens (Esdras, Joaquim, Mardoqueu, homens da Grande Sinagoga).
Intrinsecamente nada há de improvável em se atribuir o livro a Mardoqueu, destacado personagem guardador dos fatos principais narrados no livro.
Diferentemente das obras de ficção e romance, o livro de Ester está profundamente saturado de história e documentado com datas específicas. Este livro, à semelhança da profecia de Ageu (1:1, 15; 2:1, 10, 20) está datado segundo o reinado de Assuero, a quem se identifica comumente como Xerxes I (485 a 465 a.C.) da antiguidade. Segundo escavações realizadas na era moderna, em Susã, tem-se comprovado de forma substancial a exatidão do autor, que deve ter tido conhecimento pessoal do povo e da história.
Talvez nenhum outro livro da Bíblia tenha sido atacado tão acerbadamente nem com tanta veemência como o livro de Ester. Devido a seu espírito de nacionalismo e vingança, os críticos o têm declarado indigno de ocupar lugar no cânon sagrado. Contudo, se lermos a história com reverência, dependendo humildemente do Espírito Santo para que nos ensine, acharemos verdades que satisfarão nossa mente e edificarão a alma. Quanto mais estudarmos esta história incomparável, tanto mais chegaremos à conclusão de que suas profundas verdades deverão ser desenterradas como se fossem pepitas de ouro.

Wick Broomall

domingo, 18 de novembro de 2018

Encontro com Deus



Questão:
Não consigo entender o que é ter um encontro com Deus. Eu só conheço a Deus de ouvir falar; aliás, já de muito tempo que ouço falar de Deus; ouço testemunho de irmãos que, com tão pouco tempo de convertidos, contam encontros com Deus cinematográficos. Eu fico tão frustrado, pois não sei o que faço. Sinceramente, gostaria de conhecer Deus realmente, de ter uma vida em comunhão com Ele. Quando converso com algumas pessoas, elas dizem para que eu O busque de todo o coração. Acho que não sei como buscar a Deus. Às vezes, acho que Deus não me quer ou que eu não sirvo para Ele. Estou em uma aflição danada.

Resposta:
Muitos cristãos sofrem do seu mal. Sabe qual é? A comparação.
Você já ouviu histórias de amor? Já percebeu que todas elas são diferentes? O que há em comum é apenas o encontro entre os seres. Mas até as manifestações de amor são diferentes. Uns explodem de paixão! Outros sentem o crescimento de algo sólido, inabalável. Outros precisam pensar que “perderam” um amor, a fim de encontrar outro. Há também aqueles que pensam que ainda não haviam achado, até que realizam que haviam sim, só não o sabiam por terem tido “outras referências” a fim de, equivocadamente, balizarem aquilo que não tem parâmetros exteriores: o amor. Esses são os que só descobrem que amavam mesmo, depois que não podem mais voltar, pois, já foram.
Encontrar a Deus não é exatamente assim. É parecido com isto, só que com uma diferença: ninguém se entrega para ser enganado; e muito menos para se enganar. Ninguém se encontra “enganada-mente” com Deus.
Encontrar com Deus é como encontrar a verdade do amor. Vem de muitas formas diferentes, mas realiza o mesmo bem. O problema é que há uma indústria de encontros com Deus, e que toma “referências pessoais”, e tenta fazê-las bens de consumo para todas as almas humanas.
O encontro com Deus não tem seus aferidores do lado de fora. O encontro acontece nos ambientes do coração. E não há parâmetros. Lembra de C. S. Lewis? Ele descreve seu encontro com Deus como algo sem qualquer pirotecnia. Terá sido um encontro inferior ao de Paulo? É claro que não! Quantas pessoas tiveram ou têm, na História da Fé, a mesma experiência de Paulo para contar? Os apóstolos, à exceção de Paulo, foram se convertendo sem sentir.
De fato, sem fé é impossível agradar a Deus. Esse é o problema, pois a fé não necessariamente se faz acompanhar de grandes terremotos ou expressões exteriores. Se assim fosse, não seria fé. Andamos não conforme vemos, mas conforme não vemos. A fé caminha sobre o nada, vê o invisível, e crê naquilo que nunca poderia ser possível para nós mesmos como já sendo nosso. É maravilhoso quando vemos coisas. Quem não gosta? Mas pobre daquele que basear a sua fé em emoções, impulsos, sinais milagrosos, ou qualquer coisa extraordinária!
A palavra-chave é Confiança! Confiança é a fé que se entrega à fidelidade de Deus. Enquanto você chamar para você o estabelecimento da relação com Deus, você apenas sofrerá. Se você andar na Confiança, saberá que a responsabilidade é de Deus. Ele é Aquele que justifica ao que nada fez, mas que creu no amor que justifica aquele que, mesmo não tendo feito por merecer, apareceu para “receber” na hora da Boa Paga, em razão de crer no coração gracioso d’Aquele que tem o que dar a quem não fez por merecer. Afinal, todos não merecem e, por isso, todos precisam da graça de Deus.
Quem entende isso e assim crê, não tem mais essa crise de conhecer ou não a Deus. Eu amo a Deus em Segundo porque Ele me amou em Primeiro. Ele é o Pole Position! Então, relaxe, ande em fé, deixe tudo com Deus, confie, e não se compare com ninguém.
A fé que tu tens, tem-na para ti mesmo! E essa Palavra não está longe. Não está no céu, para que ninguém diga: como farei para trazer Deus à terra? Não está no abismo, para que ninguém diga: como farei para trazer o Salvador dentre os mortos? Pelo contrário, a Palavra está aí, na tua boca e no teu coração! Pois, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e no teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, tu serás salvo, porquanto com o coração se crê para a justificação, e com a boca se confessa acerca dessa já tão nossa salvação!
Quanto ao mais, apenas ande... com Deus!

Um texto de Caio Fábio D’Araujo Filho

domingo, 11 de novembro de 2018

Neemias



Restauração é a chave do livro de Neemias.
Este livro lega-nos uma lição quanto ao sacrifício, à oração e à tenacidade. Neemias, o personagem principal, renunciou a um cargo de responsabilidade e bem remunerado perante o rei da Pérsia, no ano de 445 a.C., a fim de construir os muros de Jerusalém e congregar os judeus como nação (1:1 – 3:32). Seus trabalhos provocaram a intensa oposição de homens poderosos, mas Neemias se sobrepôs às ameaças, adotando sábias medidas defensivas (4:1-23). Solucionou a falta de unidade interna enfrentando o problema mediante exemplo pessoal digno (5:1-19), e resolveu as acusações falsas mediante discernimento e coragem (6:1-14).
Terminada a reconstrução dos muros, tomou medidas para que a cidade estivesse plenamente habitada (6:15 – 7:73), mas, acima de tudo, tomou providências para que Esdras lesse a Lei a fim de que o povo pudesse reger sua vida por ela (8:1-18). Ele e o povo confessaram os pecados nacionais, buscaram o perdão divino, e renovaram a aliança com Deus (9:1 – 10:39). Foi trazida gente da cidade, fizeram-se preparativos para os cultos de adoração, e os muros foram consagrados (11:1 – 12:47). Mas com o decorrer dos anos, o fervor do povo começou a declinar, e Neemias viu-se forçado a introduzir novas reformas, mesmo em face da oposição (13:1-31).
O livro mostra a necessidade da oração e de uma atitude firme na obra de Deus. As orações de Neemias constituem um excelente estudo.
Acredita-se, em geral, que Esdras e Neemias constituíam originalmente um só livro. O compilador emprega aqui as memórias pessoais de Neemias, bem como outros materiais.

J. Stafford Wright

domingo, 4 de novembro de 2018

A Nova Humanidade em Cristo



          Lembrem-se de que anteriormente vocês eram gentios(*) por nascimento e chamados incircuncisão pelos que se chamam circuncisão(**), feita no corpo por mãos humanas, e que naquela época vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo(***).
          Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro da inimizade, anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade. Ele veio e anunciou a paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto, pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espírito.
          Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito.

          (Texto de Efésios 2:11-22)

          (*) Gentios eram chamados aqueles que não eram judeus.
          (**) Circuncisão era o ato feito no menino ao oitavo dia de vida, cortando-se o prepúcio do pênis, ato este realizado desde os tempos de Abraão. Nos tempos desta carta aos efésios, significava que aquela pessoa agora era oficialmente judia. Quem desejasse entrar para a religião judaica, convertendo-se em judeu, teria que ser circuncidado, seja qual fosse a sua idade.
          (***) Pela fé em Cristo, para os cristãos, por óbvio, não é mais necessária a circuncisão, pois já passamos das práticas rudimentares da religião para a vida em Espírito. O sangue de Cristo, ou seja, Sua morte – e ressurreição – proporciona a todo aquele que crê n’Ele e orienta sua vida segundo Seus ensinamentos, uma nova humanidade justamente n’Ele, em Cristo Jesus.
          Devemos entender que os irmãos da igreja em Éfeso eram gentios de origem (portanto, não-judeus) e eram fustigados pelos legalistas judeus a seguirem os preceitos da Lei de Moisés. Paulo, em sua carta, lhes ensina que em Cristo a Lei foi cumprida e que, n’Ele, ela se anulara em seus preceitos de ritos e mandamentos de “pode/não pode”. Isso nos ensina que tudo aquilo que está no Antigo Testamento – visto que por Cristo se fez o novo Testamento – e que não se coaduna com o modo de ser de Jesus fica obsoleto, ou seja, tem validade histórica e informativa, mas já não tem validade espiritual. Aquilo que se coaduna com o modo de ser de Jesus, seja no Antigo Testamento ou onde estiver, fica com toda a validade espiritual garantida.
          Jesus é a Palavra e a Palavra é Jesus. Assim, é a partir de Jesus que podemos e devemos ler “toda” a Escritura Sagrada. Jesus é nossa chave interpretativa, é por Ele que nos orientamos em tudo na vida – inclusive na absorção da Bíblia. É isso que nos ensinam as leituras dos Evangelhos, dos atos e das cartas dos apóstolos constantes no Novo Testamento, bem como é para isto que apontam todas as profecias e descrições constantes no Antigo.
          Em Cristo somos aproximados de Deus e uns dos outros. Jesus, por Seus ensinamentos, Sua morte e ressurreição, desfez a barreira que nos separava de Deus – e que nos separa uns dos outros. Por e em Jesus somos renovados, temos “acesso” a Deus por meio d’Ele, fazemos parte de uma nova família – a dos filhos de Deus. Por e em Jesus, Deus faz morada em nós, por Seu Espírito. Somos a Sua Igreja, estejamos onde estivermos, desde que permaneçamos irmanados e unidos em fé, orientando nossa vida por e em Jesus.
          Somos, assim, uma nova humanidade em Cristo.

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Esdras



Este livro contém quase tudo o que se sabe da história dos judeus entre o ano de 538 a.C., quando Ciro, o persa, conquistou a Babilônia, e o ano de 457 a.C., quando Esdras chegou a Jerusalém. Note-se a conexão de 1:1-3 com o final do livro das Crônicas.
Observa-se que a mão de Deus faz que o rei Ciro permita aos judeus regressarem do exílio babilônico a fim de reconstruir o templo em ruínas (1:1-11). Contudo, muitos foram os judeus que preferiram as comodidades da civilização babilônica às vicissitudes da Judeia açoitada pela pobreza (2:1-70). Os que voltaram, começaram a dar preeminência a Deus (3:1-13), embora tenham permitido que o inimigo fizesse paralisar a reedificação do templo e da cidade (4:1-24). Decorridos dezesseis anos, verificou-se o avivamento em virtude da pregação de Ageu e de Zacarias, e o templo foi completado por volta do ano de 516 a.C., a despeito de novas oposições (5:1 – 6:22).
No ano de 457 a.C. interrompe-se um silêncio de quase sessenta anos, com a chegada de Esdras (7:1-10), comissionado pelo rei persa para ensinar a Lei judaica e pô-la em vigor (7:11-28). Esdras reuniu uma nova geração de exilados para o acompanharem e realizou a perigosa viagem sem escolta (8:1-36). Quase de imediato se vê às voltas com o problema suscitado pelos casamentos entre judeus e pagãos, e depois de oração e confissão, pôde conseguir o apoio da maioria do povo mediante um profundo exame deste escândalo, inspirando as pessoas a fazerem uma nova aliança com o Senhor (9:1 – 10:44).
O livro demonstra a forma pela qual Deus emprega os governantes pagãos para cumprir Seus fins, proporcionando ânimo e ao mesmo tempo advertência ao povo de Deus. Podem estar atemorizados pela oposição, quando Deus quer que avancem; talvez estejam contentes com os padrões de vida do mundo pagão; ou, talvez, tenham a mesma fé revelada por Esdras e pelos profetas.
Não se conhece o autor ou compilador deste livro, mas poderia ser o próprio Esdras. Empregou documentos existentes para fazer uma crônica dos acontecimentos que ele não presenciou pessoalmente. Duas seções do livro estão escritas em aramaico (4:8 – 6:18 e 7:12-26). Este idioma semítico era empregado comumente em todo o Oriente Próximo naquela época.

J. Stafford Wright