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domingo, 29 de outubro de 2023

133 – Gideão e os Midianitas (Juízes 6 – 7)


De1(versículo de Juízes 6) novo os israelitas fizeram o que o SENHOR reprova, e durante sete anos ele os entregou nas mãos dos midianitas I. Os2 midianitas dominaram Israel; por isso os israelitas fizeram para si esconderijos nas montanhas, nas cavernas e nas fortalezas. Sempre3 que os israelitas faziam as suas plantações, os midianitas, os amalequitas e outros povos da região a leste deles as invadiam. Acampavam4 na terra e destruíam as plantações ao longo de todo o caminho, até Gaza, e não deixavam nada vivo em Israel, nem ovelhas nem gado nem jumentos. Eles5 subiam trazendo os seus animais e suas tendas, e vinham como enxames de gafanhotos; era impossível contar os homens e os seus camelos II. Invadiam a terra para devastá-la. Por6 causa de Midiã, Israel empobreceu tanto que os israelitas clamaram por socorro ao SENHOR.

Então11 o Anjo do SENHOR veio e sentou-se sob a grande árvore de Ofra, que pertencia ao abiezrita Joás. Gideão, filho de Joás, estava malhando o trigo num tanque de prensar uvas, para escondê-lo dos midianitas. Então12 o Anjo do SENHOR apareceu a Gideão e lhe disse: “O SENHOR está com você III, poderoso guerreiro”.

“Ah13, Senhor”, Gideão respondeu, “se o SENHOR está conosco, por que aconteceu tudo isso? Onde estão todas as suas maravilhas que os nossos pais nos contam quando dizem: ‘Não foi o SENHOR que nos tirou do Egito?’ Mas agora o SENHOR nos abandonou e nos entregou nas mãos de Midiã”.

O14 SENHOR se voltou para ele e disse: “Com a força que você tem, vá libertar Israel das mãos de Midiã. Não sou eu quem o está enviando?”

Gideão perguntou ao Anjo por que Deus o havia escolhido, já que ele pertencia ao clã mais fraco dos israelitas. Ele quis também uma prova da vontade de Deus. Preparou uma oferenda de carne e pão não fermentado, e Deus fez com que se consumissem em chamas. Então, Gideão aceitou a tarefa e ergueu um altar.

Naquela25 mesma noite o SENHOR lhe disse: “Despedace o altar de Baal, que pertence a seu pai, e corte o poste sagrado que está ao lado do altar IV. Depois26 faça um altar para o SENHOR V, para o seu Deus, no topo desta elevação”.

Gideão fez isso, à noite, pois temia a reação de seu povo. Quando descobriram o que havia feito, quiseram matá-lo. Mas o seu pai interveio, e ele foi poupado. Após Gideão receber mais dois sinais de Deus, reuniu um exército. Dentre mais de trinta mil homens, somente trezentos foram escolhidos para atacar o acampamento midianita. Isso provaria que só o poder de Deus leva à vitória.

[Gideão] dividiu16(versículo de Juízes 7) os trezentos homens em três companhias, pôs nas mãos de todos eles trombetas e jarros vazios, com tochas dentro.

E17 ele lhes disse: “Observem-me. Façam o que eu fizer. Quando eu chegar à extremidade do acampamento, façam o que eu fizer. Quando18 eu e todos os que estiverem comigo tocarmos as nossas trombetas ao redor do acampamento, toquem as suas, e gritem: Pelo SENHOR e por Gideão!”

Gideão19 e os cem homens que o acompanhavam chegaram aos postos avançados do acampamento pouco depois da meia noite, assim que foram trocadas as sentinelas. Tocaram as suas trombetas e quebraram os jarros que tinham nas mãos; as20 três companhias tocaram as trombetas e despedaçaram os jarros. Empunhando as tochas com a mão esquerda e as trombetas com a direita, gritaram: “À espada, pelo SENHOR e por Gideão!” Cada21 homem mantinha a sua posição em torno do acampamento, e todos os midianitas fugiam correndo e gritando.

Quando22 as trezentas trombetas soaram VI, o SENHOR fez que em todo o acampamento os homens se voltassem uns contra os outros com as suas espadas.

O exército midianita foi completamente derrotado, e os sobreviventes fugiram em busca de segurança. Os israelitas perguntaram a Gideão se ele queria ser o seu líder. Ele recusou-se e disse-lhes que somente Deus reinaria sobre eles. E viveram em paz durante quarenta anos. Entretanto, quando Gideão morreu, os israelitas voltaram a adorar ídolos.

 

v     Para entender a história

Deus escolhe servos improváveis para fazer cumprir a sua vontade. Gideão é o filho de um esforçado lavrador que abandonara Deus. Mesmo assim, prova ser digno de seu papel, arriscando a própria vida ao destruir o altar pagão do pai. Sob a orientação e proteção de Deus, Gideão leva o seu povo à vitória.

 

v     Curiosidades

                                      I.     Nas mãos dos midianitas – Tratava-se de um povo nômade do noroeste da Arábia. Eram descendentes de Midiã, o filho de Abraão com sua concubina Quetura. Abraão mandou Midiã embora, junto com os outros filhos de suas concubinas, porque eram uma ameaça à herança de Isaque (Gênesis 25:6). Os midianitas nem sempre foram inimigos dos israelitas (Êxodo 2:15).

                                   II.     Os homens e os seus camelos – Camelos já eram domesticados por volta de 2500 a.C. Esta é a primeira vez que a Bíblia menciona camelos sendo usados em uma guerra. Eles eram particularmente úteis para ataques em longa distância, no difícil terreno do deserto.

                                III.     “O SENHOR está com você” – O chamado de Gideão é semelhante ao de Moisés (Êxodo cap. 3). Como Moisés, Gideão sente-se incapacitado para a tarefa e pede um sinal de Deus.

                                IV.     “O poste sagrado que está ao lado do altar” – Este poste sagrado pertencia a Astarote, a deusa cananéia da fertilidade, associada a árvores sagradas. Esculpida em madeira, era, provavelmente, um tronco de árvore com os galhos cortados.

                                   V.     “Um altar para o SENHOR – Deus deu aos israelitas instruções específicas para a construção de um altar. Não podia haver degraus levando até ele e deveria ser feito de pedra não lavrada. Isso garantiria a pureza do altar: “Se me fizerem um altar de pedras, não o façam com pedras lavradas, porque o uso de ferramentas o profanaria. Não subam por degraus ao meu altar, para que nele não seja exposta a sua nudez” (Êxodo 20:25-26).

                                VI.     “As trezentas trombetas soaram” – O som das trombetas, juntamente com os gritos e os jarros sendo quebrados, criou a impressão de que um enorme exército cercara o acampamento midianita.

 

- Altares antigos: A palavra hebraica para altar significa “um lugar de sacrifício ou matança”. Apesar de os israelitas usarem altares, na maioria das vezes, para oferendas de sacrifício, alguns eram erguidos como memoriais de eventos sagrados. O pai de Gideão ergueu um altar para um deus pagão e, por isso, violou o primeiro mandamento (Êxodo 20:3).


Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 22 de outubro de 2023

Salomão Prevê o Cristo


 

Reveste da tua justiça o rei, ó Deus, e o filho do rei, da tua retidão, para que ele julgue com retidão e com justiça os teus que sofrem opressão. Que os montes tragam prosperidade ao povo, e as colinas, o fruto da justiça. Defenda ele os oprimidos entre o povo e liberte os filhos dos pobres; esmague ele o opressor!

Que ele perdure como o sol e como a lua, por todas as gerações. Seja ele como chuva sobre uma lavoura ceifada, como aguaceiros que regam a terra. Floresçam os justos nos dias do rei, e haja grande prosperidade enquanto durar a lua.

Governe ele de mar a mar e desde o rio Eufrates até os confins da terra. Inclinem-se diante dele as tribos do deserto, e os seus inimigos lambam o pó. Que os reis de Társis e das regiões litorâneas lhe tragam tributo; os reis de Sabá e de Sebá lhe ofereçam presentes. Inclinem-se diante dele todos os reis, e sirvam-no todas as nações.

Pois ele liberta os pobres que pedem socorro, os oprimidos que não têm quem os ajude. Ele se compadece dos fracos e dos pobres, e os salva da morte. Ele os resgata da opressão e da violência, pois aos seus olhos a vida deles é preciosa.

Tenha o rei vida longa! Receba ele o ouro de Sabá. Que se ore por ele continuamente, e todo o dia se invoquem bênçãos sobre ele. Haja fartura de trigo por toda a terra, ondulando no alto dos montes. Floresçam os seus frutos como os do Líbano e cresçam as cidades como as plantas no campo. Permaneça para sempre o seu nome e dure a sua fama enquanto o sol brilhar. Sejam abençoadas todas as nações por meio dele, e que elas o chamem bendito. Bendito seja o SENHOR Deus, o Deus de Israel, o único que realiza feitos maravilhosos. Bendito seja o seu glorioso nome para sempre; encha-se toda a terra da sua glória. Amém e amém.

 

(Texto do Salmo 72)

 

Este Salmo encerra-se com uma curiosa citação, em seu versículo 20, que não transcrevi, propositalmente, no texto acima: “Encerram-se aqui as orações de Davi, filho de Jessé”.

Ainda que seja atribuída a Salomão a composição deste Salmo, podemos presumir que se tratava de uma entre muitas orações de seu pai, o rei Davi.

Seja como for, certo é que é uma impressionante previsão do advento de Jesus de Nazaré, o Cristo!

Sim, sabemos: a finalidade máster dos escritos do Antigo Testamento é apontar para Cristo, como Ele mesmo diz e está claro no Novo Testamento: E ele lhes disse: “Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram! Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória?” E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras (Lucas 24:25-27).

Interessante é discernirmos como uma oração poetizada em forma de Salmo pode ser, ao mesmo tempo, uma profecia que apontava para uma realidade a se concretizar séculos depois. Mas é assim; pela análise literária não se chegaria a esta conclusão. Mas as Palavras do Senhor, assim como são inspiradas pelo Espírito Santo, necessitam também do Espírito Santo para serem discernidas, compreendidas e interiorizadas. Afinal, são Palavras espirituais!

Agora que você leu este comentário que fiz a esta oração/Salmo de Salomão – ou de Davi – vá ao topo do texto e releia-o. Agora que você já tem a informação que ele aponta profeticamente para Cristo, fará mais ampliado sentido.

 

É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!

Saudações,

Kurt Hilbert

domingo, 15 de outubro de 2023

132 – Débora e Sísera (Juízes 2 – 5)


O7(versículo de Juízes 2) povo prestou culto ao SENHOR durante toda a vida de Josué e dos líderes que continuaram vivos depois de Josué e que tinham visto todos os grandes feitos que o SENHOR realizara em favor de Israel.

Depois10 que toda aquela geração foi reunida a seus antepassados, surgiu uma nova geração que não conhecia o SENHOR e o que ele havia feito por Israel. Então11 os israelitas fizeram o que o SENHOR reprova e prestaram culto aos baalins. Abandonaram12 o SENHOR, o Deus dos seus antepassados, que os havia tirado do Egito, e seguiram e adoraram vários deuses dos povos ao seu redor, provocando a ira do SENHOR. Abandonaram13 o SENHOR e prestaram culto a Baal e a Astarote I. A14 ira do SENHOR se acendeu contra Israel, e ele os entregou nas mãos de invasores que os saquearam. Ele os entregou aos inimigos ao seu redor, aos quais já não conseguiam resistir. Sempre15 que os israelitas saíam para a batalha, a mão do SENHOR era contra eles para derrotá-los, conforme lhes havia advertido e jurado. Grande angústia os dominava.

Então16 o SENHOR levantou juízes II, que os libertaram das mãos daqueles que os atacavam. Mesmo17 assim eles não quiseram ouvir os juízes, antes se prostituíram com outros deuses e os adoraram. Ao contrário dos seus antepassados, logo se desviaram do caminho pelo qual os seus antepassados tinham andado, o caminho da obediência aos mandamentos do SENHOR. Sempre18 que o SENHOR lhes levantava um juiz, ele estava com o juiz e os salvava das mãos de seus inimigos enquanto o juiz vivia; pois o SENHOR tinha misericórdia por causa dos gemidos deles diante daqueles que os oprimiam e os afligiam. Mas19, quando o juiz morria, o povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados, seguindo outros deuses, prestando-lhes culto e adorando-os. Recusavam-se a abandonar suas práticas e seu caminho obstinado.

Assim2(versículo de Juízes 4) o SENHOR os entregou nas mãos de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor III. O comandante do seu exército era Sísera, que habitava em Harosete-Hagoim. Os3 israelitas clamaram ao SENHOR, porque Jabim, que tinha novecentos carros de ferro, os havia oprimido cruelmente durante vinte anos.

Débora4, uma profetisa, mulher de Lapidote, liderava Israel naquela época. Ela5 se sentava debaixo da tamareira de Débora, entre Ramá e Betel, nos montes de Efraim, e os israelitas a procuravam, para que ela decidisse as suas questões. Débora6 mandou chamar Baraque, filho de Abinoão, de Quedes, em Naftali, e lhe disse: “O SENHOR, o Deus de Israel, lhe ordena que reúna dez mil homens de Naftali e Zebulom e vá ao monte Tabor. Ele7 fará que Sísera, o comandante do exército de Jabim, vá atacá-lo, com seus carros de guerra e tropas, junto ao rio Quisom, e os entregará em suas mãos”.

Baraque negou-se a partir para a batalha sem Débora. Ela alertou Baraque de que ele não teria nenhuma honra na batalha, pois Deus entregaria Sísera nas mãos de uma mulher. Baraque e Débora convocaram dez mil homens e marcharam para o monte Tabor. Héber, o queneu, estava acampado perto de Quedes. Seu clã deu a notícia a Sísera, e ele enviou o seu exército para o rio Quisom.

E14 Débora disse a Baraque: “Vá! Este é o dia em que o SENHOR entregou Sísera em suas mãos. O SENHOR está indo à sua frente!” Então Baraque desceu o monte Tabor, seguido por dez mil homens. Diante15 do avanço de Baraque, o SENHOR derrotou Sísera IV pela espada e todos os seus carros de guerra e o seu exército, e Sísera desceu do seu carro e fugiu a pé. Baraque16 perseguiu os carros de guerra e o exército até Harosete-Hagoim. Todo o exército de Sísera caiu ao fio da espada; não sobrou um só homem.

Sísera17, porém, fugiu a pé para a tenda de Jael, mulher do queneu Héber, pois havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e o clã do queneu Héber.

Jael18 saiu ao encontro de Sísera e o convidou: “Venha, entre na minha tenda, meu senhor. Não tenha medo!” Ele entrou, e ela o cobriu com um pano.

“Estou19 com sede”, disse ele. “Por favor, dê-me um pouco de água”. Ela abriu uma vasilha de leite feita de couro, deu-lhe de beber, e tornou a cobri-lo.

E20 Sísera disse à mulher: “Fique à entrada da tenda. Se alguém passar e perguntar se há alguém aqui, responda que não”.

Entretanto21, Jael, mulher de Héber, apanhou uma estaca da tenda e um martelo e aproximou-se silenciosamente enquanto ele, exausto, dormia um sono profundo. E cravou-lhe a estaca na têmpora até penetrar o chão, e ele morreu.

Baraque22 passou à procura de Sísera, e Jael saiu ao seu encontro. “Venha”, disse ela, “eu lhe mostrarei o homem que você está procurando”. E entrando ele na tenda, viu ali caído Sísera, morto, com a estaca atravessada nas têmporas.

Naquele23 dia Deus subjugou Jabim, o rei cananeu, perante os israelitas. E24 os israelitas atacaram cada vez mais a Jabim, o rei cananeu, até que eles o destruíram.

E31(versículo de Juízes 5) a terra teve paz durante quarenta anos.

 

v     Para entender a história

Por rejeitar Deus, os israelitas sofrem nas mãos do inimigo. Deus os salva de seus opressores através de pessoas e acontecimentos. Débora e Jael desempenham um papel importante na libertação dos israelitas, e sua força e coragem contrastam com a fraqueza de Baraque e Sísera.

 

v     Curiosidades

                                      I.     Baal e Astarote – Eram deuses cananeus e fenícios da natureza e da fertilidade. Astarote (que significa “esposa”) era adorada como consorte de Baal (que significa “senhor”). Baal era associado a relâmpagos e chuva. Costumava ser reproduzido segurando um relâmpago. Astarote tinha ligação com amor, sexo e maternidade.

                                   II.     “O SENHOR levantou juízes” – Os juízes regeram Israel desde a morte de Josué até a época dos reis (cerca de 1374 – 1043 a.C.). Houve mais de doze juízes, mas alguns também agiam como conselheiros legais. Eles foram escolhidos por Deus para livrar os israelitas da opressão e para tentar manter o povo fiel à Lei de Moisés.

                                III.     “Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor” – O nome “Jabim” era, possivelmente, um título real, pois a Bíblia menciona um outro Jabim que reinou em Hazor (Josué 11:1-11). Hazor era uma das maiores e mais prósperas cidades de Canaã. Ficava localizada estrategicamente na rota principal de comércio do Egito para a Mesopotâmia.

                                IV.     “O SENHOR derrotou Sísera” – A canção de vitória de Débora conta como Deus mandou uma tempestade que inundou a área e devastou o exército de Sísera (Juízes 5:20-21). O nome de Baraque lembra a intervenção de Deus, pois significa “trovão”. O exército israelita não foi afetado pela inundação, pois estava em terreno alto.

 

- Débora: Débora foi a quarta pessoa a ocupar o encargo de “juiz de Israel”, e uma das poucas mulheres na Bíblia a governar os israelitas. Ela era uma “juíza” no sentido moderno da palavra, além de líder militar e profetisa. Sua canção da vitória, a “Canção de Débora”, é um dos mais antigos exemplos da poesia hebraica, e registra, em detalhes, a batalha contra Sísera (Juízes cap. 5).

- Héber, o queneu, e Jael: Héber e Jael pertenciam ao clã seminômade dos queneus, que trabalhavam com metais. O nome do clã vem da palavra hebraica para “ferreiro”. Os queneus mantinham períodos de relações amistosas tanto com os israelitas como com os cananeus.

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 8 de outubro de 2023

Não Deveria Ser de Graça?


 

Mateus 10:8

“Vocês receberam de graça; deem também de graça”.

 

Vamos colocar esta fala de Jesus dentro do seu contexto: “Por onde forem, preguem esta mensagem: O Reino dos céus está próximo. Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça; deem também de graça. Não levem nem ouro, nem prata, nem cobre em seus cintos; não levem nenhum saco de viagem, nem túnica extra, nem sandálias, nem bordão; pois o trabalhador é digno do seu sustento.

 Ao final desta fala, Jesus dá aos Seus discípulos a tranqüilidade de que não precisariam se preocupar com seu sustento ou com o sustento da missão à qual foram comissionados. Deus lhes proveria condições para o trabalho e “seu sustento” estaria garantido.

“Por onde forem”, Ele diz, significando, em nossos dias, todos os lugares em que tivermos contato com pessoas, inclusive se formos a trabalho ou a passeio.

Fazer o bem era uma ordem clara. Jesus lhes lembrava que não deveriam negociar os dons que recebiam de graça, nem mesmo compartilhar o Evangelho deveria ser feito mediante “ouro, nem prata, nem cobre”, pois, se não era para levar isso em seus cintos, também não era para trazer isso de volta da viagem.

Eu sei que posso mexer com egos e convicções, mas não posso deixar esta Palavra passar por alto, sem falar sobre ela e no que ela sempre significou. (Desculpem!)

Jesus falava em compartilhar aquilo que estavam recebendo d’Ele, ou seja, o Evangelho, o anúncio das Boas Novas do Reino de Deus.

Jesus veio nos trazer, por Sua morte e ressurreição – e por Seus ensinamentos – a reconciliação de Deus com o mundo, através do arrependimento humano e da aceitação dessa oferta do amor divino em graça, e por graça. Paulo fala disso aos irmãos de Corinto, assim como também fala da agora tarefa dos cristãos em qualquer lugar e em qualquer tempo: Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus (2º Coríntios 5:18-20).

A graça divina significa que fomos amados e perdoados, que nenhum mérito tivemos, mas que Deus veio ao nosso encontro em busca de todos nós, para nos tornarmos Seus. Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos (Efésios 2:8-10).

Tudo isso os discípulos de Jesus receberam de graça.

Tudo isso os discípulos de Jesus pregaram de graça.

Cumpriram, assim, no início da Igreja, o que Jesus ensinou.

Depois... bem, depois as coisas mudaram. Ao estatizarem a “igreja” no tempo de Constantino, imperador romano do quarto século, criaram-se instituições e profissionais do Evangelho.

Com o protestantismo – que colocou roupa nova no catolicismo – as coisas acentuaram-se.

Com o pentecostalismo e, especialmente, com o neopentecostalismo, toda essa profissionalização se potencializou.

Agora, nas igrejas/empresas e com os religiosos/profissionais, as coisas já não são, “de graça e por graça”. Não vale mais o vocês receberam de graça; deem também de graça”.

Claro, uma coisa é criar condições econômicas para divulgar o Evangelho. Viagens custam dinheiro. Água, luz e aluguel de algum local de reunião custam dinheiro. Dedicar-se em tempo integral (com honestidade) a algo requer sustento. Eu sei disso. E não critico a honestidade e a doação neste sentido!

Mas outra coisa é pessoas viverem profissionalmente do Evangelho e, não bastando, construindo patrimônio e impérios econômicos em cima disso. Isso é antibíblico! (Desculpem!)

Outra coisa também é “igrejas” virarem CNPJs lucrativos, negociarem-se empresas, cobrarem-se cotas de dízimos/ofertas/doações/investimentos, usarem-se laranjas para investir em conglomerados turísticos ou operadoras de negócios, veículos de mídia e os escambais!

Tudo isso é absolutamente o contrário do que Jesus ensinou! (Desculpem!)

Aliás, não precisam desculpar... apenas falei o que todo mundo vê rolar por aí...

E volto a perguntar (uma pergunta retórica, pois a resposta honesta é óbvia): Não deveria ser de graça?

 

É isso. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem!

Saudações,

Kurt Hilbert

domingo, 1 de outubro de 2023

131 – Israel na Terra Prometida



Após entrarem em Canaã, os israelitas ainda não eram uma nação unificada. Durante quatro séculos (cerca de 1300 – 1050 a.C.), não havia uma administração central nem um rei (Juízes 17:6).

As doze tribos estavam espalhadas por Canaã, com o território inimigo separando-as. Vivendo entre os cananeus, os israelitas logo foram atraídos para as religiões cananéias. Opondo-se a isso, periodicamente, surgia um forte líder israelita para exercer liderança moral e militar. Esses líderes foram chamados de “juízes”. Cada história do Livro dos Juízes segue o mesmo padrão: os israelitas são pecadores, Deus os castiga levantando inimigos contra eles, os israelitas retornam a Deus e Deus envia um juiz para salvá-los. Em seguida, todo esse ciclo recomeça.

 

Os inimigos de Israel

Quando os israelitas entraram na “terra prometida”, nove de suas tribos, mais a metade da outra, ocuparam a área entre o Jordão e o Mediterrâneo; o restante passou a viver do outro lado do Jordão. No norte, as tribos estavam separadas pelas cidades-estados cananéias de Megido, Dotã e Bete-Semes. O território cananeu ao norte do Mar Morto, estendendo-se para oeste até o Mediterrâneo, separava as tribos israelitas do sul. Os israelitas tinham ainda que lidar com midianitas, amorreus, amalequitas e moabitas, ao leste, bem como com os filisteus a oeste.

 

Os Juízes

Os juízes eram, antes de mais nada, líderes militares. Num momento de crise, conseguiam montar um exército de voluntários. Assumiam, também, o papel de magistrados. Resolviam disputas, tanto em uma localização central quanto em certas cidades visitadas por eles regularmente.

Os juízes foram diferentes uns dos outros. Diversos foram fracos e não conseguiam aplicar a Lei durante muito tempo. Alguns são mencionados apenas brevemente e são conhecidos como “juízes menores”. Outros, como Samuel, foram mais influentes e surgiram como líderes religiosos. Samuel era, também, profeta.

 

Culto cananeu

Os cananeus eram lavradores bem-sucedidos. Atribuíam a fertilidade de suas terras à união com os seus deuses da natureza, em particular Baal, o deus do clima, e sua consorte Astarote, a deusa do amor e da guerra. Todos os anos, os reis cananeus encenavam o ritual da fertilidade com prostitutas cultuais, no templo, para garantir uma boa colheita. Os lavradores faziam o mesmo, nos santuários locais.

 

Infidelidade de Israel

Muitos israelitas não resistiram aos cultos pagãos. Alguns passaram a adorar os deuses cananeus juntamente com o Deus de Israel. Muitos abandonaram a adoração do seu Deus em favor dos deuses pagãos de Canaã, que pareciam exercer controle sobre a agricultura.

 

A vida tribal de Israel

No começo, os Patriarcas governavam as suas próprias casas. Durante o tempo de Israel no Egito, desenvolveu-se um sistema apoiado nos anciãos. Posteriormente, Moisés organizou uma hierarquia de anciãos com poderes judiciários sobre grupos de dez, cinqüenta, cem e mil pessoas.

À época da chegada dos israelitas a Canaã, esses anciãos dirigiam enormes clãs familiares e executavam grande parte da administração do dia a dia. Quando os anciãos não conseguiam resolver disputas, consultavam os juízes.

 

Festas religiosas israelitas

Os juízes realizavam festas religiosas anuais, a fim de combater a corrupção na prática religiosa israelita. Elas serviam para unificar e reforçar a identidade dos israelitas. Faziam-se preces e sacrifícios, e a Lei era reafirmada. Os israelitas renovavam suas promessas a Deus e de um para o outro.

Essas festas normalmente eram realizadas em Siló, onde estava montado o Tabernáculo. Siló foi o principal centro de culto de Israel durante a época dos juízes.

 

Os filisteus

Acredita-se que os filisteus, os maiores inimigos dos israelitas, vieram de Creta. Instalaram-se na faixa costeira entre o Egito e Jope, e os egípcios os chamavam de “Peleset”. Em hebraico, eram chamados de “Pelishtim”. “Palestina” vem da palavra grega dada aos descendentes dos filisteus.

Eles se organizaram em torno de cinco cidades-estados: Asdode, Ascalon, Ecron, Gate e Gaza. Cada uma dessas cidades, junto com as aldeias em volta, era governada por um governador. Juntos, os cinco governadores formavam um conselho de governo. Isso dava aos filisteus uma vantagem sobre os israelitas, que não tinham uma liderança central. Os filisteus também mantinham um monopólio sobre ferro e fundição, o que lhes dava outra vantagem: a superioridade em armamentos.

 

Os Juízes

As datas informadas abaixo referem-se aos períodos de regência dos juízes. Todas elas são aproximadas, sendo que alguns juízes atuaram concomitantemente com outros, em períodos sobrepostos.

Otoniel (1374 – 1334 a.C.): Salvou os israelitas dos exércitos da Mesopotâmia ocidental.

Eúde (1316 – 1236 a.C.): Salvou os israelitas dos moabitas, amonitas e amalequitas.

Sangar (data desconhecida): Foi um juiz durante o princípio do regime de Débora. Ele matou seiscentos filisteus com um chifre de boi.

Débora (1216 – 1176 a.C.): Foi uma juíza mulher e profetisa. Com Baraque, derrotou os cananeus.

Gideão (1169 – 1129 a.C.): Provocou confusão entre os midianitas.

Tolá (1.126 – 1103 a.C.): Da tribo de Issacar, foi um juiz menor.

Jair (1103 – 1081 a.C.): Um homem rico, era, provavelmente, da tribo de Manassés. Foi um juiz menor.

Jefté (cerca de 1100 a.C.): De Gileade, pilhou muitas das cidades midianitas.

Ibsã (1100 – 1093 a.C.): De Belém, foi um juiz menor.

Elom (1093 – 1083 a.C.): Também foi um juiz menor. Era da tribo de Zebulom.

Abdom (1083 – 1077 a.C.): Da tribo de Efraim, foi um juiz menor.

Sansão (1103 – 1083 a.C.): Atacou sistematicamente os filisteus. Foi traído por Dalila, que revelou aos filisteus o segredo da sua força – os cabelos longos.

Eli (regeu durante 40 anos): Foi também sacerdote do Tabernáculo em Siló. Tornou-se mestre e guardião de Samuel.

Samuel (1050 – 1043 a.C.): Foi profeta e o último juiz. Quando menino, ouviu o chamado de Deus, no Tabernáculo em Siló. Profetizou para Israel durante quarenta anos (1050 – 1010 a.C.). Samuel uniu a nação de Israel política e espiritualmente. Sob sua liderança, as invasões dos filisteus chegaram ao fim. Seus filhos foram rejeitados como juízes. O povo lhe pediu um rei, e Deus o instrui a ungir Saul como tal. Samuel também foi contemporâneo do início das atividades de Davi como grande estrategista militar.


Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.