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domingo, 1 de outubro de 2023

131 – Israel na Terra Prometida



Após entrarem em Canaã, os israelitas ainda não eram uma nação unificada. Durante quatro séculos (cerca de 1300 – 1050 a.C.), não havia uma administração central nem um rei (Juízes 17:6).

As doze tribos estavam espalhadas por Canaã, com o território inimigo separando-as. Vivendo entre os cananeus, os israelitas logo foram atraídos para as religiões cananéias. Opondo-se a isso, periodicamente, surgia um forte líder israelita para exercer liderança moral e militar. Esses líderes foram chamados de “juízes”. Cada história do Livro dos Juízes segue o mesmo padrão: os israelitas são pecadores, Deus os castiga levantando inimigos contra eles, os israelitas retornam a Deus e Deus envia um juiz para salvá-los. Em seguida, todo esse ciclo recomeça.

 

Os inimigos de Israel

Quando os israelitas entraram na “terra prometida”, nove de suas tribos, mais a metade da outra, ocuparam a área entre o Jordão e o Mediterrâneo; o restante passou a viver do outro lado do Jordão. No norte, as tribos estavam separadas pelas cidades-estados cananéias de Megido, Dotã e Bete-Semes. O território cananeu ao norte do Mar Morto, estendendo-se para oeste até o Mediterrâneo, separava as tribos israelitas do sul. Os israelitas tinham ainda que lidar com midianitas, amorreus, amalequitas e moabitas, ao leste, bem como com os filisteus a oeste.

 

Os Juízes

Os juízes eram, antes de mais nada, líderes militares. Num momento de crise, conseguiam montar um exército de voluntários. Assumiam, também, o papel de magistrados. Resolviam disputas, tanto em uma localização central quanto em certas cidades visitadas por eles regularmente.

Os juízes foram diferentes uns dos outros. Diversos foram fracos e não conseguiam aplicar a Lei durante muito tempo. Alguns são mencionados apenas brevemente e são conhecidos como “juízes menores”. Outros, como Samuel, foram mais influentes e surgiram como líderes religiosos. Samuel era, também, profeta.

 

Culto cananeu

Os cananeus eram lavradores bem-sucedidos. Atribuíam a fertilidade de suas terras à união com os seus deuses da natureza, em particular Baal, o deus do clima, e sua consorte Astarote, a deusa do amor e da guerra. Todos os anos, os reis cananeus encenavam o ritual da fertilidade com prostitutas cultuais, no templo, para garantir uma boa colheita. Os lavradores faziam o mesmo, nos santuários locais.

 

Infidelidade de Israel

Muitos israelitas não resistiram aos cultos pagãos. Alguns passaram a adorar os deuses cananeus juntamente com o Deus de Israel. Muitos abandonaram a adoração do seu Deus em favor dos deuses pagãos de Canaã, que pareciam exercer controle sobre a agricultura.

 

A vida tribal de Israel

No começo, os Patriarcas governavam as suas próprias casas. Durante o tempo de Israel no Egito, desenvolveu-se um sistema apoiado nos anciãos. Posteriormente, Moisés organizou uma hierarquia de anciãos com poderes judiciários sobre grupos de dez, cinqüenta, cem e mil pessoas.

À época da chegada dos israelitas a Canaã, esses anciãos dirigiam enormes clãs familiares e executavam grande parte da administração do dia a dia. Quando os anciãos não conseguiam resolver disputas, consultavam os juízes.

 

Festas religiosas israelitas

Os juízes realizavam festas religiosas anuais, a fim de combater a corrupção na prática religiosa israelita. Elas serviam para unificar e reforçar a identidade dos israelitas. Faziam-se preces e sacrifícios, e a Lei era reafirmada. Os israelitas renovavam suas promessas a Deus e de um para o outro.

Essas festas normalmente eram realizadas em Siló, onde estava montado o Tabernáculo. Siló foi o principal centro de culto de Israel durante a época dos juízes.

 

Os filisteus

Acredita-se que os filisteus, os maiores inimigos dos israelitas, vieram de Creta. Instalaram-se na faixa costeira entre o Egito e Jope, e os egípcios os chamavam de “Peleset”. Em hebraico, eram chamados de “Pelishtim”. “Palestina” vem da palavra grega dada aos descendentes dos filisteus.

Eles se organizaram em torno de cinco cidades-estados: Asdode, Ascalon, Ecron, Gate e Gaza. Cada uma dessas cidades, junto com as aldeias em volta, era governada por um governador. Juntos, os cinco governadores formavam um conselho de governo. Isso dava aos filisteus uma vantagem sobre os israelitas, que não tinham uma liderança central. Os filisteus também mantinham um monopólio sobre ferro e fundição, o que lhes dava outra vantagem: a superioridade em armamentos.

 

Os Juízes

As datas informadas abaixo referem-se aos períodos de regência dos juízes. Todas elas são aproximadas, sendo que alguns juízes atuaram concomitantemente com outros, em períodos sobrepostos.

Otoniel (1374 – 1334 a.C.): Salvou os israelitas dos exércitos da Mesopotâmia ocidental.

Eúde (1316 – 1236 a.C.): Salvou os israelitas dos moabitas, amonitas e amalequitas.

Sangar (data desconhecida): Foi um juiz durante o princípio do regime de Débora. Ele matou seiscentos filisteus com um chifre de boi.

Débora (1216 – 1176 a.C.): Foi uma juíza mulher e profetisa. Com Baraque, derrotou os cananeus.

Gideão (1169 – 1129 a.C.): Provocou confusão entre os midianitas.

Tolá (1.126 – 1103 a.C.): Da tribo de Issacar, foi um juiz menor.

Jair (1103 – 1081 a.C.): Um homem rico, era, provavelmente, da tribo de Manassés. Foi um juiz menor.

Jefté (cerca de 1100 a.C.): De Gileade, pilhou muitas das cidades midianitas.

Ibsã (1100 – 1093 a.C.): De Belém, foi um juiz menor.

Elom (1093 – 1083 a.C.): Também foi um juiz menor. Era da tribo de Zebulom.

Abdom (1083 – 1077 a.C.): Da tribo de Efraim, foi um juiz menor.

Sansão (1103 – 1083 a.C.): Atacou sistematicamente os filisteus. Foi traído por Dalila, que revelou aos filisteus o segredo da sua força – os cabelos longos.

Eli (regeu durante 40 anos): Foi também sacerdote do Tabernáculo em Siló. Tornou-se mestre e guardião de Samuel.

Samuel (1050 – 1043 a.C.): Foi profeta e o último juiz. Quando menino, ouviu o chamado de Deus, no Tabernáculo em Siló. Profetizou para Israel durante quarenta anos (1050 – 1010 a.C.). Samuel uniu a nação de Israel política e espiritualmente. Sob sua liderança, as invasões dos filisteus chegaram ao fim. Seus filhos foram rejeitados como juízes. O povo lhe pediu um rei, e Deus o instrui a ungir Saul como tal. Samuel também foi contemporâneo do início das atividades de Davi como grande estrategista militar.


Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

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