Após entrarem em Canaã,
os israelitas ainda não eram uma nação unificada. Durante quatro séculos (cerca
de 1300 – 1050 a.C.), não havia uma administração central nem um rei (Juízes
17:6).
As doze tribos estavam
espalhadas por Canaã, com o território inimigo separando-as. Vivendo entre os
cananeus, os israelitas logo foram atraídos para as religiões cananéias.
Opondo-se a isso, periodicamente, surgia um forte líder israelita para exercer
liderança moral e militar. Esses líderes foram chamados de “juízes”. Cada
história do Livro dos Juízes segue o mesmo padrão: os israelitas são pecadores,
Deus os castiga levantando inimigos contra eles, os israelitas retornam a Deus
e Deus envia um juiz para salvá-los. Em seguida, todo esse ciclo recomeça.
Os
inimigos de Israel
Quando os israelitas
entraram na “terra prometida”, nove de suas tribos, mais a metade da outra,
ocuparam a área entre o Jordão e o Mediterrâneo; o restante passou a viver do
outro lado do Jordão. No norte, as tribos estavam separadas pelas
cidades-estados cananéias de Megido, Dotã e Bete-Semes. O território cananeu ao
norte do Mar Morto, estendendo-se para oeste até o Mediterrâneo, separava as
tribos israelitas do sul. Os israelitas tinham ainda que lidar com midianitas,
amorreus, amalequitas e moabitas, ao leste, bem como com os filisteus a oeste.
Os
Juízes
Os juízes eram, antes de
mais nada, líderes militares. Num momento de crise, conseguiam montar um exército
de voluntários. Assumiam, também, o papel de magistrados. Resolviam disputas,
tanto em uma localização central quanto em certas cidades visitadas por eles
regularmente.
Os juízes foram
diferentes uns dos outros. Diversos foram fracos e não conseguiam aplicar a Lei
durante muito tempo. Alguns são mencionados apenas brevemente e são conhecidos
como “juízes menores”. Outros, como Samuel, foram mais influentes e surgiram
como líderes religiosos. Samuel era, também, profeta.
Culto
cananeu
Os cananeus eram
lavradores bem-sucedidos. Atribuíam a fertilidade de suas terras à união com os
seus deuses da natureza, em particular Baal, o deus do clima, e sua consorte
Astarote, a deusa do amor e da guerra. Todos os anos, os reis cananeus
encenavam o ritual da fertilidade com prostitutas cultuais, no templo, para
garantir uma boa colheita. Os lavradores faziam o mesmo, nos santuários locais.
Infidelidade
de Israel
Muitos israelitas não
resistiram aos cultos pagãos. Alguns passaram a adorar os deuses cananeus
juntamente com o Deus de Israel. Muitos abandonaram a adoração do seu Deus em
favor dos deuses pagãos de Canaã, que pareciam exercer controle sobre a
agricultura.
A
vida tribal de Israel
No começo, os Patriarcas
governavam as suas próprias casas. Durante o tempo de Israel no Egito,
desenvolveu-se um sistema apoiado nos anciãos. Posteriormente, Moisés organizou
uma hierarquia de anciãos com poderes judiciários sobre grupos de dez,
cinqüenta, cem e mil pessoas.
À época da chegada dos
israelitas a Canaã, esses anciãos dirigiam enormes clãs familiares e executavam
grande parte da administração do dia a dia. Quando os anciãos não conseguiam
resolver disputas, consultavam os juízes.
Festas
religiosas israelitas
Os juízes realizavam
festas religiosas anuais, a fim de combater a corrupção na prática religiosa
israelita. Elas serviam para unificar e reforçar a identidade dos israelitas.
Faziam-se preces e sacrifícios, e a Lei era reafirmada. Os israelitas renovavam
suas promessas a Deus e de um para o outro.
Essas festas normalmente
eram realizadas em Siló, onde estava montado o Tabernáculo. Siló foi o
principal centro de culto de Israel durante a época dos juízes.
Os
filisteus
Acredita-se que os
filisteus, os maiores inimigos dos israelitas, vieram de Creta. Instalaram-se
na faixa costeira entre o Egito e Jope, e os egípcios os chamavam de “Peleset”.
Em hebraico, eram chamados de “Pelishtim”. “Palestina” vem da palavra grega
dada aos descendentes dos filisteus.
Eles se organizaram em
torno de cinco cidades-estados: Asdode, Ascalon, Ecron, Gate e Gaza. Cada uma
dessas cidades, junto com as aldeias em volta, era governada por um governador.
Juntos, os cinco governadores formavam um conselho de governo. Isso dava aos
filisteus uma vantagem sobre os israelitas, que não tinham uma liderança
central. Os filisteus também mantinham um monopólio sobre ferro e fundição, o
que lhes dava outra vantagem: a superioridade em armamentos.
Os
Juízes
As datas informadas
abaixo referem-se aos períodos de regência dos juízes. Todas elas são aproximadas,
sendo que alguns juízes atuaram concomitantemente com outros, em períodos
sobrepostos.
Otoniel
(1374 – 1334 a.C.): Salvou os israelitas dos exércitos da Mesopotâmia
ocidental.
Eúde
(1316 – 1236 a.C.): Salvou os israelitas dos moabitas, amonitas e amalequitas.
Sangar
(data desconhecida): Foi um juiz durante o princípio do regime de Débora. Ele
matou seiscentos filisteus com um chifre de boi.
Débora
(1216 – 1176 a.C.): Foi uma juíza mulher e profetisa. Com Baraque, derrotou os
cananeus.
Gideão
(1169 – 1129 a.C.): Provocou confusão entre os midianitas.
Tolá
(1.126 – 1103 a.C.): Da tribo de Issacar, foi um juiz menor.
Jair
(1103 – 1081 a.C.): Um homem rico, era, provavelmente, da tribo de Manassés.
Foi um juiz menor.
Jefté
(cerca de 1100 a.C.): De Gileade, pilhou muitas das cidades midianitas.
Ibsã
(1100 – 1093 a.C.): De Belém, foi um juiz menor.
Elom
(1093 – 1083 a.C.): Também foi um juiz menor. Era da tribo de Zebulom.
Abdom
(1083 – 1077 a.C.): Da tribo de Efraim, foi um juiz menor.
Sansão
(1103 – 1083 a.C.): Atacou sistematicamente os filisteus. Foi traído por
Dalila, que revelou aos filisteus o segredo da sua força – os cabelos longos.
Eli
(regeu durante 40 anos): Foi também sacerdote do Tabernáculo em Siló. Tornou-se
mestre e guardião de Samuel.
Samuel
(1050 – 1043 a.C.): Foi profeta e o último juiz. Quando menino, ouviu o chamado
de Deus, no Tabernáculo em Siló. Profetizou para Israel durante quarenta anos
(1050 – 1010 a.C.). Samuel uniu a nação de Israel política e espiritualmente.
Sob sua liderança, as invasões dos filisteus chegaram ao fim. Seus filhos foram
rejeitados como juízes. O povo lhe pediu um rei, e Deus o instrui a ungir Saul
como tal. Samuel também foi contemporâneo do início das atividades de Davi como
grande estrategista militar.
Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.
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