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domingo, 23 de fevereiro de 2020

4 – O Anjo e o Sacerdote (Lucas 1)



No5(versículo) tempo de Herodes, rei da Judeia I, houve um sacerdote chamado Zacarias, pertencente à classe sacerdotal de Abia II. Sua mulher, Isabel, descendia de Aarão. Ambos6 eram honrados perante Deus, observando irrepreensivelmente os mandamentos e regras do Senhor. Mas7 não tinham filhos, pois Isabel era estéril e ambos eram de idade avançada.
Uma8 vez, quando a classe de Zacarias estava de serviço e ele celebrava o ofício diante de Deus, tocou-lhe9 por sorte III, segundo o uso dos sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e queimar incenso. E10, quando chegava e hora de queimar incenso IV, todos os fieis reunidos ficavam rezando do lado de fora.
Apareceu-lhe11, então, de pé, à direita do altar de incenso, um anjo do Senhor. Ao12 vê-lo, Zacarias se assustou e foi tomado pelo medo. Mas13 o anjo lhe disse: “Não temas, Zacarias; tua oração foi ouvida. Tua mulher Isabel te dará um filho e lhe darás o nome de João. Ele14 será uma felicidade para ti, e muitos se alegrarão com o seu nascimento, pois15 ele será grande aos olhos do Senhor. Ele nunca beberá vinho nem outras bebidas fermentadas e estará cheio do Espírito Santo desde o nascimento. Conduzirá16 muitos filhos de Israel de volta ao Senhor, seu Deus. Irá17 à frente do Senhor, no espírito e poder de Elias, para reconduzir os corações dos pais aos seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos – preparando um povo bem disposto para o Senhor”.
Zacarias18 indagou ao anjo: “Como terei certeza disso? Sou velho e minha mulher, avançada em anos”.
O19 anjo respondeu: “Eu sou Gabriel V. Permaneço de pé diante de Deus e fui enviado para falar contigo e te anunciar esta boa nova. Por20 não teres acreditado em minhas palavras, que a seu tempo se cumprirão, ficarás mudo, sem poder falar até o dia em que elas se realizem”.
Enquanto21 isso, o povo aguardava Zacarias e estranhava que ele demorasse tanto no santuário. Quando22 saiu, não lhes podia falar. Perceberam que ele tivera uma visão no santuário, pois lhes fazia sinais, mas continuando sem poder falar.
Findo23 o tempo da sua função sagrada, ele voltou para casa. Em24 seguida, sua mulher Isabel engravidou e permaneceu oculta por cinco meses. “O25 Senhor fez isso para mim”, disse ela. “Nestes dias, ele me mostrou o seu favor e retirou o meu opróbrio VI perante o povo”.

v     Para entender a história
Além de Jesus, João é o único personagem do Novo Testamento que recebe o Espírito Santo desde o nascimento. A sua missão em vida é preparar o caminho para o Messias (o Cristo).

v     Curiosidades
                                      I.     “Herodes, rei da Judeia” – O Novo Testamento menciona seis diferentes Herodes. No nascimento de Jesus, o rei era Herodes, o Grande, um não-judeu da Idumeia, designado pelo Senado Romano, que reinou de 37 a.C. a 4 a.C. No século I, a Palestina era dividida em três áreas: Judeia, Galileia e Samaria. Herodes foi rei de todas as três regiões, que em grego são genericamente denominadas “Judeia”.
                                   II.     “A classe sacerdotal de Abia” – Todos os sacerdotes israelitas descendiam de Aarão, irmão de Moisés. Aarão era da tribo de Levi, cujos homens, no antigo Israel, se dedicavam ao serviço do Tabernáculo e, mais tarde, do Templo. O rei Davi os dividiu em 24 classes.
                                III.     “Tocou-lhe por sorte” – Lançar a sorte, muitas vezes por seixos marcados, era uma prática usual. No Antigo Testamento, sortes eram lançadas para descobrir a vontade de Deus e para tomar decisões difíceis.
                                IV.     “Queimar incenso” – No Templo, os sacerdotes queimavam incenso dia e noite no altar diante do Santo dos Santos. Cada dia, eram oferecidos dois sacrifícios. Escolhido por sorte, um sacerdote oferecia incenso fresco antes do sacrifício matinal e depois do sacrifício vespertino. Este foi o ponto alto da carreira de Zacarias.
                                   V.     “Eu sou Gabriel” – O nome Gabriel significa “homem poderoso de Deus”. Ele é um dos únicos dois anjos citados na Bíblia. O outro é Miguel, o anjo guerreiro. Gabriel é o mensageiro de Deus. Zacarias deveria ter acreditado no que Gabriel veio lhe dizer.
                                VI.     “O Senhor... retirou meu opróbrio” – Nos tempos bíblicos, não ter filhos era considerado uma punição de Deus, e a sociedade desprezava as mulheres estéreis. Todavia, meninos com vocação especial nasceram de tais mulheres idosas. Foi o caso das mães de Isaque, Sansão e Samuel. No caso, a esterilidade precedente marca o filho como um ser especial.

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Nas Mãos do Oleiro


Enquanto o barro está nas mãos do Oleiro, qualquer distorção tem cura.
Mas…
... se você disser:
“Eu não quero as mãos do Oleiro”.
“Eu não quero arrependimento”.
“Eu não quero conversão”.
“Qualquer mudança ou aventura podem me levar para um lugar de insegurança e eu adoro saber que eu estou fixado e daqui ninguém me tira”.
Se esse for o seu caminho, se essa for a sua escolha…
... meu amigo, vire malabarista, mas a vida não vai deixar, porque as sacudidas que vêm tanto desmancham barros maleáveis como quebram botijas que não têm mais conserto.
Ou a gente escolhe o caminho da viagem sem fim, da conversão nossa de cada dia, do refazimento da nossa mente, do nosso entendimento a cada dia, da massa molhada da graça, da humildade, da vontade de aprender, de absorver, de assimilar, de ser maleavelmente transformado nas mãos de Deus e fazer a escolha de não querer ter nenhum outro lugar para ser e existir senão nesse ambiente da mão do Oleiro...
Ou…
... sobra-nos a alternativa da falsa segurança.
Da botija que diz: “Eu nasci assim, vou morrer assim, sempre ‘botijela’”.
A única coisa que faz diferença é: Onde você está?
Na autonomia das prateleiras da sua própria arrogância?
Ou rodando na graça de Deus, maleavelmente; nas mãos do Oleiro, onde tudo pode ser refeito?
Escolha você conforme a sua consciência.
E escolha conforme a vida.


Um texto de Caio Fábio D’Araújo Filho

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

3 – Primeiros Anos de Jesus



          Haviam passado quase quatro séculos desde que o último dos profetas de Israel pregara para os judeus. A comunidade judaica se lembrava da promessa de um Messias e a de um novo Elias, que lhe prepararia o caminho, e aguardava a chegada deles. A esperança messiânica se intensificara com o passar dos séculos. Durante a ocupação romana e o reinado de Herodes, o Grande, os judeus muitas vezes se desesperaram; a Terra Santa estava ocupada por estrangeiros desumanos e o rei, de personalidade cruel e instável, nem sequer era judeu.
          Foi nesse contexto melancólico que ocorreram dois nascimentos milagrosos. No mesmo ano, nasceram na Judeia dois primos, João Batista e Jesus. Os seus nascimentos foram misteriosamente preditos por um anjo.

          Herodes, o Grande
          Nascido por volta de 73 a.C., Herodes era o filho mais velho de Antípater, um idumeu. Os idumeus descendiam dos edonitas, que habitavam a área sul de Belém e Jerusalém. Eles eram prosélitos (judeus convertidos), pois o rei judeu João Hircano (135 a.C. – 104 a.C.) os forçara a se tornarem judeus circuncidados.
          Herodes, o Grande, se tornou governador da Galileia aos 25 anos. O seu empenho em extirpar os bandidos que aterrorizavam a Galileia o fez popular entre os romanos e galileus, mas não tanto entre os líderes judeus. Por executar alguns judeus sem o consentimento do conselho dos anciãos, escapou por pouco de ser condenado à morte por Roma. Dez anos mais tarde, porém, o Senado Romano o nomeou rei da Judeia. A longa amizade com o general romano Marco Antônio pode ter contribuído para a sua subida ao poder. Também o seu casamento com Mariana foi visto como um calculado passo político. Sendo ela uma princesa judaica, Herodes esperava obter maior apoio do povo judeu.

          Herodes, rei dos judeus
          O reinado de Herodes foi marcado pelo terror e pelo sangue. Durante todo o seu governo, Herodes teve a ideia fixa de que membros de sua família (ele teve quinze filhos) conspiravam para lhe tomar o trono. Executou três filhos e a esposa favorita, Mariana.
          O medo de uma rebelião judaica levou-o a eliminar todos os possíveis rivais. Quando recebeu a notícia de que o esperado “Messias” nascera em Belém, mandou matar todos os bebês do sexo masculino existentes nas redondezas (Mateus 2:13-16).

          O legado de Herodes
          No seu reinado, Herodes executou grandes edificações. Construiu várias cidades novas e reconstruiu antigas, como Sebaste, na antiga cidade de Samaria. Sebaste é a tradução grega de Augusto, imperador romano a quem Herodes dedicou a cidade. Ele também construiu a cidade-porto de Cesareia, centro administrativo da Palestina, que levou doze anos para ser concluída.
          Herodes fortificou a Palestina com a construção de sete fortes na região. O seu projeto mais grandioso foi a reconstrução do Templo em Jerusalém. Iniciada em 20 a.C., ela terminou em 64 d.C. O Herodium, forte de Herodes, no alto de uma colina, ficava a 12 km ao sul de Jerusalém. Incluía um palácio luxuoso e foi o lugar de sepultura de Herodes. Fortificou, ainda, os edifícios existentes em Massada. Construiu grandes cisternas de água, depósitos e um palácio alicerçado em três terraços de rocha natural.

           João Batista e Jesus
          O Novo Testamento considera o nascimento de João e Jesus como a realização de profecias do Antigo Testamento. Elas predizem a vinda do Messias e daquele que prepararia o caminho para a sua chegada (Isaías 40:3). Os seus nascimentos recordam os de importantes personagens do Antigo Testamento, como Isaque, Jacó e Sansão, que nasceram em circunstâncias milagrosas para cumprir desígnios especiais. 

          O nascimento de João
          Isabel, a mãe de João, era idosa e estéril. Entretanto, um anjo apareceu a seu marido, o sacerdote Zacarias, e anunciou o nascimento de uma criança que se chamaria João. Ele seria “cheio do Espírito Santo desde o nascimento”. Citando o profeta Malaquias, o anjo acrescentou que João “iria à frente do Senhor, no espírito e poder de Elias... preparando para ele um povo bem disposto” (Lucas 1:17). João prepararia o caminho para Jesus.

          O nascimento de Jesus
          O nascimento de Jesus também foi predito. O anjo Gabriel anunciou a Maria, uma jovem virgem israelita: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Assim, o santo que nascerá será chamado o Filho de Deus” (Lucas 1:35). A mensagem de Gabriel, também chamada anunciação, declarava que Jesus seria humano e divino e que estabeleceria o reino de Deus na terra. O nascimento de Jesus também foi anunciado a José, que humildemente aceitou a vontade de Deus e desposou a virgem Maria.
          Jesus nasceu em Belém, a cidade do rei Davi. Houve pessoas que vieram do estrangeiro para ver o recém-nascido, o Messias prometido.

          Os primeiros anos de João e Jesus
          Os dois meninos não cresceram juntos. João, talvez órfão desde cedo, viveu no deserto da Judeia, entre Jerusalém e o Mar Morto; Jesus viveu em Nazaré, Galileia. Como Isabel era parente de Maria (Lucas 1:36), Jesus e João provavelmente se conheceram. Eles podem ter se encontrado nas festas religiosas em Jerusalém, mas os Evangelhos nada dizem sobre isso. Enquanto Jesus crescia com os seus num povoado aprazível, João tinha uma existência mais solitária.
          Na única menção dos Evangelhos à infância de Jesus, seus pais o encontram dialogando com os doutores do Templo (Lucas 2:46). O incidente mostra que desde muito novo Jesus estava consciente do seu futuro papel.

          As pregações de João e Jesus
          João começou antes de Jesus a sua pregação pública, exortando as multidões a mudarem de vida, se afastarem do mal e retornarem a Deus, pois o dia do juízo estava próximo. Ele batizava os que se arrependiam de seus pecados. Isso lhe granjeou o nome de “João, o Batista”. Os Evangelhos registram que ele se vestia como o profeta Elias – apenas um manto de pele de camelo e um cinturão de couro (Marcos 1:6). João pregava às pessoas no deserto, enquanto Jesus ensinava nos povoados e cidades.
          O batismo de Jesus por João marca o final de uma missão e o início de outra. Enquanto João insistia no arrependimento dos pecados e advertia da iminente ira de Deus, os ensinamentos de Jesus poriam maior ênfase no amor e no perdão. O ministério de Jesus seria de cura e de pregação de um reino espiritual para os pobres e desamparados.

          O Batismo
          A palavra “batizar” vem do grego “baptizo” (“mergulhar”). Embora praticado no judaísmo, o batismo recebeu com João Batista um novo significado. Até o tempo de João, o batismo era uma lavagem ritual auto-ministrada, que podia ser repetida. As pessoas entravam na água para purificação. Esse ritual era praticado pela comunidade dos essênios de Qumran, com quem João pode ter mantido contato quando jovem. João, porém, batizava outras pessoas, e apenas uma vez, como sinal de renascimento espiritual.


          Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Apeguem-se Com Firmeza



Apocalipse 2:25
“... tão-somente apeguem-se com firmeza ao que vocês têm, até que eu venha”.

Esta Palavra foi transmitida ao escritor do Apocalipse, entendido que seja o apóstolo João, na ilha de Patmos, pelo próprio Espírito de Cristo em revelação. Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos o que em breve há de acontecer. Ele enviou o seu anjo para torná-la conhecida ao seu servo João, que dá testemunho de tudo o que viu, isto é, a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo. Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo (Apocalipse 1:1-3). Por isso, em muitas traduções, tem-se o significado de Apocalipse como Revelação, pois é com esta palavra – revelação – que o livro começa.
Pois bem, esta Palavra veio a quem a escreveu, carregada de significados.
Um deles diz para “tão-somente” – ou seja, apenas isso que importa – “apegar-se com firmeza”. [Jesus usou a expressão “tão-somente” também em relação a crer: “Não tenha medo; tão-somente creia” (Marcos 5:36)]. Notemos que o “apegar-se” não é para ser feito “mais ou menos”, mas “com firmeza”.
Na subjetividade e virtualidade do mundo em que vivemos, normalmente nos apegamos às coisas mais ou menos, mas o Senhor nos diz para nos apegarmos com firmeza, tão-somente isso. Apesar de ser “tão-somente”, muitas vezes não é “tão simples”: é preciso perseverança, eu diria que até uma certa dose de teimosia. Não podemos largar de mão diante das primeiras adversidades.
Mas tão-somente nos apegarmos com firmeza a quê? Àquilo que já temos.
E o que já temos? Já temos a revelação de que Deus mesmo, por Seu amor a todas as pessoas, veio e vem a nós por Jesus, por Seus ensinamentos de vida, por Suas Boas novas, o Evangelho. Vejamos o que atesta isso:
No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram (João 1:1-5).
Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus (João 1:10-13).
Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que esse fosse salvo por meio dele (João 3:16).
Todos ficaram maravilhados com seu ensino, porque lhes ensinava como alguém que tem autoridade e não como os mestres da lei (Marcos 1:22).
Mas o anjo lhes disse: “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor (Lucas 2:10-11).
“E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações” (Marcos 13:10).
Já temos a revelação de que apenas – às vezes, a penas – precisamos assimilar Seus ensinamentos, interiorizá-los em nosso ser, vivê-los cotidianamente, fazer destes ensinamentos o nosso modo de vida, e reafirmarmos esta decisão e esta conduta todos os dias. E de novo, e de novo, até que o Espírito de Cristo “rode” e aja naturalmente em nós, seja não a nossa segunda, mas a nossa primeira natureza. E, quando assim for, reafirmar tudo isso cotidianamente de novo, e de novo, ad infinitum.
Assim nos apegamos com firmeza àquilo que já temos!
E aguardaremos a Sua volta, não como quem aguarda uma ilusão, mas como quem confia numa promessa: “Eis que ele vem com as nuvens, e todo olho o verá...” (Apocalipse 1:7).

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

2 – Datando o Novo Testamento



Jesus nasceu em Belém, Judeia, nos últimos anos do reinado de Herodes, o Grande, na Palestina. No Seu tempo, a região era parte do Império Romano, que era governado por César Augusto. Muito pouco se conhece dos primeiros anos de Jesus; todavia, muito se escreveu sobre a Sua pregação e a difusão do cristianismo. Além dos textos do Novo Testamento, os historiadores Josefo e Tácito também informam sobre Jesus e sobre a situação política da época.

Evidência não-bíblica
Na época do Novo Testamento, Flávio Josefo (38-100 d.C.) era o mais importante historiador do povo judeu. Em suas obras, ele faz referência direta a João Batista, Tiago e Jesus. Em Antiguidades Judaicas, ele escreve: “Viveu ali um homem chamado Jesus, um homem sábio... Ele era o Messias”. Nos seus Anais, Tácito (56-115 d.C.), historiador e senador romano, menciona a existência de Jesus. Ele escreveu muito sobre a perseguição de Nero aos cristãos. Descrevendo o tratamento de Roma aos cristãos, Plínio, o Moço (61-112 d.C.), governador da Ásia Menor, menciona Jesus em cartas ao Imperador Trajano.

A situação política na Palestina
O Senado Romano permitia a autonomia em muitas partes do Império. Herodes, o Grande, rei local da Palestina, governou o povo judeu até a sua morte, no ano 4 a.C.. A Palestina foi então dividida entre os seus três filhos: Filipe, Arquelau e Herodes Antipas. No ano 6 d.C., a Judeia passou ao controle direto do Império, sendo Arquelau substituído por um governador romano.
Herodes e sua família não eram populares entre os judeus. Mas, com a presença de um exército romano na Judeia e com os altos impostos cobrados na Palestina, os romanos eram ainda mais mal quistos. Em 66 d.C., um grupo político judeu denominado zelotes tentou expulsá-los.

Influências romanas
Os romanos trouxeram muitos benefícios às nações sob seu controle. Construíram estradas, pontes, anfiteatros, palácios e muitos outros edifícios grandiosos. As ruas romanas tinham calçadas altas dos dois lados e degraus de pedra. Para levar água corrente às cidades, os romanos construíram muitos aquedutos. Eles também introduziram um sistema jurídico. A sua influência cultural era evidente na decoração das casas dos ricos, e muitos povos adotaram o estilo romano de se vestir e aprenderam a falar latim.

O Império Romano
Atingindo o seu apogeu por volta de 117 d.C., já pelo final do século I os romanos dominavam grande parte da Europa ocidental, norte da África e Ásia ocidental. Eles construíram no seu império uma extensa rede de estradas e portos, o que facilitou a expansão cristã.

Imperadores Romanos no período do Novo Testamento:
·                         Augusto (31 a.C. – 14 d.C.); Augusto constrói a Ara Pacis (um altar) para celebrar a nova era de paz (9 a.C.)
·                         Tibério (14 d.C. – 37 d.C.); Pôncio Pilatos governador na Judeia (26 d.C. – 36 d.C.)
·                         Calígula (37 d.C – 41 d.C.)
·                         Cláudio (41 d.C – 54 d.C.)
·                         Nero (54 d.C – 68 d.C.)
·                         Galba (68 d.C – 69 d.C.)
·                         Otão (69 d.C.)
·                         Vitélio (69 d.C.)
·                         Vespasiano (69 d.C – 79 d.C.)
·                         Tito (79 d.C. – 81 d.C.)
·                         Domiciano (81 d.C – 96 d.C.)

Reis Palestinos no período do Novo Testamento:
·                         Herodes, o Grande (37 a.C – 4 a.C.); Herodes começa a reconstrução do Templo (20 a.C.)
·                         Arquelau (4 a.C. – 6 d.C.) reinava sobre a Judeia, a Samaria e a Idumeia
·                         Herodes Antipas (4 a.C. – 39 d.C.) reinava sobre a Galileia e a Pereia
·                         Filipe (4 a.C – 34 d.C.) reinava sobre Gaulanítide e Hauranítide
·                         Herodes Agripa I (37 d.C – 44 d.C.)
·                         Herodes Agripa II (50 d.C – 100 d.C.)

Eventos no período do Novo Testamento:
·                         Nasce João Batista (6 a.C.)
·                         Nasce Jesus (6 a.C.)
·                         Morre Herodes, o Grande (4 a.C.)
·                         Jesus no Templo, aos doze anos (6 d.C.)
·                         Colocados governadores romanos na Judeia (6 d.C.)
·                         João Batista é encarcerado (28 d.C.)
·                         Início da pregação de Jesus (28 d.C.)
·                         João Batista é decapitado (29 d.C.)
·                         Jesus é crucificado (30 d.C.)
·                         Nascimento da Igreja (30 d.C.)
·                         Paulo se converte à fé cristã (34 d.C.)
·                         Tiago martirizado (44 d.C.)
·                         Pedro encarcerado (44 d.C.)
·                         Primeira viagem missionária de Paulo (46 d.C. – 48 d.C.)
·                         Concílio de Jerusalém (49 d.C. – 50 d.C.)
·                         Segunda viagem missionária de Paulo (50 d.C. – 52 d.C.)
·                         Carta aos Tessalonicenses (52 d.C.)
·                         Terceira viagem missionária de Paulo (53 d.C. – 57 d.C.)
·                         Carta de Paulo aos Romanos (57 d.C.)
·                         Paulo encarcerado (59 d.C. – 61/62 d.C.)
·                         Paulo morre (67 d.C.)
·                         Templo de Jerusalém destruído (70 d.C.)

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Contentamento Existencial


Contentamento é felicidade. Porém, contentamento não é satisfação de ter, mas de ser. Se contentamento tivesse no possuir sua realização, ele jamais se realizaria. O contentamento só é possível porque ele se realiza em ser, não em ter.
Isso porque o material para ser é ilimitado, mas a matéria do ter é limitadíssima.
Por isso, quem busca contentamento no ter, no possuir, no poder dizer “é meu” olhando para algo ou alguém, morrerá frustrado, posto que sempre desejará mais, e também porque descobrirá que a alma não “come” as mesmas coisas que alimentam os olhos e o desejo de se sentir dono.
Mas aquele que busca contentamento em ser, esse entra no mundo no qual se entra e sai e sempre se acha pastagem.
No mundo do ser se sabe que o Senhor é o nosso pastor e que nada nos faltará, pois Ele nos guiará por pastos verdejantes e águas tranquilas, refrigerando assim a nossa alma, para que possamos continuar na senda da justiça, na qual Ele mesmo nos guarda por amor ao Seu próprio nome.
No mundo do ser não nos falta nada, muito menos no vale da sombra da morte a presença d’Ele, ou a alegria do contentamento quando o nosso cálice transborda, apesar de todos os adversários e adversidades.
No mundo do ser a alma anda tranquila e feliz, pois sabe que bondade e justiça andam sempre após ela mesma, visto que ela se torna perseguida pelo que é bom.
Isto é contentamento!

Um texto de Caio Fábio D’Araújo Filho