Cerca de dez anos após
a morte de Jesus, Paulo partiu para a primeira de suas missões para converter
tanto judeus quanto não-judeus ao Cristianismo. Durante os vinte anos
seguintes, realizou três viagens missionárias em torno do Mediterrâneo, Oriente
Médio e Europa, que são relatadas por Lucas, no livro dos Atos. Paulo também
fez uma quarta viagem, a Roma, onde ficou para julgamento. Muitas vezes Paulo
pregou nas sinagogas, construídas pelos judeus que se estabeleceram por toda a
parte do Mediterrâneo, depois do exílio. Às vezes, Paulo encontrava hostilidade
e era forçado a se deslocar para novas vilas e cidades. Mas muito de seu
trabalho foi um sucesso e ele revisitou cidades, dando conselhos e esperança
aos cristãos convertidos.
Por
onde Paulo viajou?
Paulo seguiu as
principais rotas comerciais, indo de cidade em cidade, por mar ou por terra. Os
três principais centros de suas atividades missionárias foram Antioquia, Éfeso
e Corinto. Ao viajar para importantes centros comerciais e capitais
provinciais, como estas, Paulo pôde falar a grande número de pessoas. Os muitos
visitantes destas cidades cosmopolitas levariam também a mensagem cristã a suas
pátrias, quando a elas retornassem.
A
primeira viagem
Primeiro, Paulo viajou
para Salamina, em Chipre. Depois, atravessou o mar para Perge, na Ásia Menor, e
viajou por terra. Após visitar várias cidades, retornou pela mesma rota.
A
segunda viagem
A segunda viagem de
Paulo foi mais longa. Andou pelas terras da Europa e permaneceu em Corinto por
dezoito meses. Após três anos em viagem, finalmente retornou a Antioquia.
A
terceira viagem
A terceira viagem de
Paulo levou-o de volta a muitas cidades que já visitara, como Derbe, Listra,
Icônio e Antioquia da Pisídia. Ficou cerca de dois anos em Éfeso, capital da
província romana da Ásia, antes de viajar pela Macedônia e Grécia, em seu
retorno a Jerusalém.
Viagem
marítima
A viagem para Roma é
descrita em detalhes no capítulo 27 de Atos. O texto diz que ele viajou num
navio cargueiro de Alexandria para Roma. Provavelmente, o navio tinha dois
mastros, seis âncoras e levava 276 passageiros. Esta viagem seguiu-se a um
período onde Paulo ficou preso por dois anos em Cesareia, aguardando ser julgado
pelos líderes religiosos judeus. Paulo, como era cidadão romano, apelou para
César, e foi enviado a Roma para ser julgado pela corte romana.
Os
companheiros de Paulo
Paulo nunca viajou
sozinho. Um de seus mais fiéis companheiros foi Lucas, que registra as viagens
no Livro dos Atos. Os outros principais companheiros de Paulo foram Barnabé,
João Marcos, Silas, Timóteo e Tito. Eram originários de diversas culturas, o
que ajudou Paulo, quando falava a diferentes plateias. Mas a relação entre
Paulo e os missionários nem sempre foram boas; às vezes, discussões geravam
rupturas (Atos 15:39).
A
Igreja ameaçada
Muitos, tanto judeus
quanto não-judeus, viam o Evangelho como uma ameaça à sua própria religião e
aos seus tradicionais estilos de vida. Como resultado, Paulo sofreu
perseguição. Foi apedrejado, torturado e preso. Nunca desistiu, mas nem todos
os primeiros cristãos eram de personalidade tão forte, e a Igreja ficou
enfraquecida por esta perseguição. O Cristianismo também era ameaçado por
falsos ensinamentos. Cada igreja local provavelmente desenvolveu sua própria
abordagem do ensinamento cristão. Paulo escreveu a tais comunidades, para
encorajar os crentes a manterem a sua fé e para dar orientação sobre o correto
ensino do Cristianismo.
As
cartas de Paulo
Treze das cartas do
Novo Testamento são introduzidas pelo apóstolo Paulo, que, tradicionalmente, é
tido como seu autor. Há quem considere sua também a décima quarta carta – aos
Hebreus – embora haja divergência entre os estudiosos quanto a sua autoria e,
hoje em dia, há uma quase-convicção de que esta carta não é de Paulo, e se
desconhece o verdadeiro autor. Suas cartas não eram sermões, mas mensagens
vivas a grupos específicos, pessoas ou igrejas locais. Foram escritas durante
uma viagem ou depois dela. Muitas vezes eram levadas a uma igreja pelas mãos de
algum de seus emissários ou por alguém que viajava para a cidade para a qual a
carta era destinada. Escreveu algumas enquanto prisioneiro em Roma. Algumas
vezes usava secretários – para os quais Paulo ditava –, que punham seus nomes
ao final da carta, como Tércio, que escreveu a Carta aos Romanos, mas,
comumente, o próprio Paulo as assinava.
Os
objetivos das cartas de Paulo
As cartas de Paulo
foram escritas para dar orientação às comunidades cristãs primitivas, por ele
criadas. Ficava ausente de tais igrejas por longos períodos, visitando outras
ou procurando criar novas. Havia assuntos gerais, que podiam ser válidos também
para outras comunidades, e assuntos específicos e pontuais, destinados somente
àquela comunidade, especialmente quando tratava de usos e costumes ou abordava
temas comportamentais locais, conforme a cultura social vigente. Suas cartas
oferecem encorajamento, advertências e conselhos.
As
Epístolas
O Novo Testamento
contém outras sete cartas, conhecidas como “epístolas universais”. Circulavam
entre todos os primeiros cristãos e não apenas numa determinada igreja local.
São elas: Tiago; 1º e 2º Pedro; 1º, 2º e 3º João; e Judas.
As
Epístolas de Paulo – na ordem em que aparecem na Bíblia
-
Romanos, escrita em Corinto, aprox. no ano 57 d.C.
-
1º Coríntios, escrita em Éfeso, aprox. no ano 55 d.C.
-
2º Coríntios, escrita na Macedônia, aprox. no ano 55 d.C.
-
Gálatas, escrita em Antioquia, aprox. no ano 49 d.C.
-
Efésios, escrita em Roma, aprox. no ano 60 d.C.
-
Filipenses, escrita em Roma, aprox. no ano 61 d.C.
-
Colossenses, escrita em Roma, aprox. no ano 60 d.C.
-
1º Tessalonicenses, escrita em Corinto, aprox. no ano 51 d.C.
-
2º Tessalonicenses, escrita em Corinto, aprox. no ano 51 d.C.
-
1º Timóteo, escrita em Filipos, entre os anos 63 e 65 d.C.
-
2º Timóteo, escrita em Roma, entre os anos 63 e 65 d.C.
-
Tito, escrita em Roma, entre os anos 63 e 65 d.C.
- Filemom, escrita em
Roma, aprox. no ano 60 d.C.
Trecho
da carta de Paulo aos Coríntios
Ainda
que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o
sino que ressoa ou como o prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de
profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz
de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres
tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor,
nada disso me valerá.
O
amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda
rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O
amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o
conhecimento passará. Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando,
porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era menino, falava como menino,
pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei
para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro,
como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte;
então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido.
Assim,
permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém,
é o amor.
(1º Coríntios 13:1-13)
Publicada
inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta
Street, London WC2E 8PS.
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