– Quem são vocês?
– Somos seguidores de Jesus
Cristo.
– Então vocês são cristãos, como
dizem por aí?
– Isso.
– Onde estão seus sacerdotes?
– Não temos sacerdotes.
– Mas todas as religiões têm seus
homens sagrados.
– Isso nós temos.
– “Isso” o quê?
– Homens sagrados.
– Quantos são?
– Não fazemos a menor ideia.
– Como assim? Onde eles estão?
– Espalhados pelo mundo.
– Onde, por exemplo?
– Aqui.
– “Aqui” onde?
– Nós.
– “Nós” quem? Vocês?
– Isso.
– Ah, tá bom!
– …
– Quer dizer que vocês são os
homens sagrados da religião de vocês.
– Não, não somos os homens
sagrados da nossa religião. Somos apenas homens sagrados.
– Então vocês são sacerdotes?
– Mais ou menos.
– Mais ou menos como?
– Somos sacerdotes, mas não como
você está pensando.
– E como eu estou pensando?
– Você está pensando que somos
autoridades religiosas.
– E não são?
– Não.
– Por quê? Vocês são contra as
autoridades?
– Não.
– Mas acabaram de dizer que não
têm autoridades religiosas.
– Não, não foi isso o que
dissemos. Você entendeu errado.
– Então o que é que vocês estão
dizendo?
– Estamos dizendo que não somos
autoridades religiosas.
– Mas são sacerdotes.
– Sim.
– Não estou entendendo.
– Não, não está.
– Então expliquem.
– Todos os seguidores de Jesus
Cristo são sacerdotes.
– E quem é o maior entre vocês?
– Jesus Cristo.
– Mas ele está morto.
– Não, está vivo.
– “Vivo” como?
– Vivo, oras.
– Como “vivo, oras”?
– Vivo em nós, no meio de nós,
sobre nós, exatamente aqui e agora.
– Aqui?
– Também.
– Em todo lugar?
– Isso.
– Somente Deus está em todo
lugar.
– Então…
– Como assim? Vocês pensam que
ele é Deus?
– Sim.
– Então vocês não são apenas
seguidores de Jesus Cristo. Na verdade, são adoradores de Jesus Cristo.
– Isso.
– E onde fica o templo de vocês?
– Não temos templo.
– Como não têm templo?
– Não precisamos de templo.
– Por que não?
– Precisávamos de templo quando
oferecíamos sacrifícios a Deus.
– E vocês não prestam mais culto
ao seu deus?
– Daquele jeito, não.
– Que jeito?
– Sacrificando animais.
– E por que vocês não sacrificam
mais ao seu deus?
– Nós sacrificamos.
– Mas acabaram de dizer que não
oferecem mais sacrifícios de animais.
– Isso.
– “Isso” o quê?
– Não sacrificamos mais animais.
– E por que não?
– Porque não é mais necessário.
– E por que não é mais
necessário?
– Porque Jesus Cristo é o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
– Então vocês não precisam mais
prestar culto ao seu deus?
– Você ainda não entendeu.
– Então expliquem!
– Não precisamos mais ir ao
templo oferecer sacrifícios de animais. Mas isso não significa que não
prestamos culto ao nosso Deus.
– E que tipo de sacrifício vocês
oferecem ao deus de vocês?
– Nós mesmos.
– Como assim?
– A nossa vida toda é um
sacrifício a Deus.
– Como assim?
– Tudo o que fazemos, fazemos
para a glória do nosso Deus.
– “Tudo” o quê?
– Tudo. A vida toda é um culto a
Deus.
– Tudo, tudo?
– Pelo menos é o que tentamos.
– Mas há uma coisa especial que
vocês fazem como um ato de adoração ao seu deus?
– Sim e não.
– Como assim?
– Não, porque, como dissemos,
tudo o que fazemos é ato de adoração. Porque na verdade não é o que fazemos ou
deixamos de fazer que é o ato de adoração, mas nós mesmos, isto é, a nossa vida
em si.
– Como assim?
– Você não ouviu a gente dizer
que somos seguidores de Jesus Cristo?
– Sim. E daí?
– Daí que seguimos os passos
dele. E se ele morreu, também morremos. E se ele ressuscitou pelo poder de
Deus, nós também ressuscitamos. E agora não vivemos mais para nós mesmos, mas
para o nosso Deus, que nos deu vida.
– Acho que estou entendendo.
– Mesmo?
– Sim. Vocês não têm sacerdotes,
não têm templo, não oferecem sacrifícios de animais.
– Isso.
– Mas vocês têm uma coisa
especial que fazem como ato de adoração ao seu deus?
– Sim e não.
– Já entendi a parte do “não”.
Vocês não têm uma coisa especial porque tudo o que fazem é adoração. Na
verdade, vocês mesmos são o ato de adoração, porque agora vivem para o deus de
vocês.
– Isso.
– Mas e a parte do “sim”?
– A parte do “sim” é que temos,
sim, uma coisa especial que fazemos para o nosso Deus.
– O quê?
– Cuidamos das pessoas.
– Quais pessoas?
– Aquelas de quem somos próximos.
– Como assim? Quem são elas?
– Todas as que cruzam o nosso
caminho.
– Eu, por exemplo?
– Sim, você.
– Mas, como assim, cuidam das
pessoas como ato de adoração? Então vocês adoram as pessoas?
– Não, não é isso. É que vemos
Jesus Cristo nas pessoas, especialmente naquelas que estão sofrendo, nas que
têm fome, sede, estão presas, doentes, por exemplo.
– Acho que está ficando mais
claro…
– Que bom que está entendendo.
– Deixa eu ver se entendi.
– Fala.
– Vocês não têm templo porque não
precisam mais fazer sacrifícios, e por isso não precisam mais ir ao templo.
– Isso.
– Pelo mesmo motivo não têm
sacerdotes, pois não precisam mais de pessoas que façam os sacrifícios por
vocês, já que vocês, isto é, a vida de vocês é que é o sacrifício.
– Muito bem.
– De fato, tudo o que vocês fazem
é para o deus de vocês, especialmente cuidar das pessoas que precisam.
– Isso.
– Tenho mais uma pergunta.
– Pois não.
– Qual é o dia sagrado de vocês?
– Também não temos.
– Vai dizer que vocês vivem desse
jeito todos os dias?
– Nossos antepassados tinham um
dia sagrado: o sábado. Mas isso era no tempo quando precisávamos ir ao templo
levar os animais para que os nossos sacerdotes fizessem os sacrifícios. Agora
que nos entregamos ao nosso Deus como sacrifício vivo, o verdadeiro ato de
adoração é viver para ele.
– E como é que
vocês vivem para Deus?
– Vivendo para o próximo.
– Então todos os dias são
sagrados para vocês?
– Isso.
– Essas coisas que vocês disseram
têm um nome?
– Explique melhor.
– Isso aí é o que chamam de
Cristianismo?
– Não.
– Mas o Cristianismo não é a
religião de Jesus Cristo?
– Não.
– Como não?
– Cristianismo é a religião de
Constantino.
– O imperador romano?
– Isso.
– Por quê?
– Porque foi Constantino quem
começou a montar de novo tudo o que Jesus Cristo havia desmontado.
– Como assim?
– Jesus ensinou que não
precisamos mais de templos, sacerdotes, sacrifícios e dias sagrados. Ensinou
que Deus é espírito e importa que os que o adoram, o adorem em espírito e em
verdade.
– Isso é o que vocês dizem que é
fazer da própria vida um ato de adoração?
– Isso mesmo.
– E o tal do Constantino?
– Então: foi ele quem começou a
construir templos dedicados a Deus, oficializou um dia da semana para os
cultos, inventou que prestar culto a Deus é uma coisa que se faz nos templos,
nomeou sacerdotes, e começou essa confusão que você está vendo.
– Então isso que
vocês explicaram não tem nome?
– Tem.
– E qual é?
– Evangelho.
– Ah, já ouvi falar, mas pensava
que era a mesma coisa que Cristianismo.
– Mas não é.
– Sei.
– …
– Mas tem mais uma coisa que não
estou entendendo.
– O que é?
– Só mais uma pergunta.
– Pode fazer.
– Por que é que inauguraram um
Templo de Salomão em São Paulo?
– Não sabemos.
– Mas eles também não são
seguidores de Jesus Cristo?
– Também não sabemos, pergunte
para eles.
Um texto
de Ed Renê Kivitz, compartilhado pelo amigo/irmão Jesiel Cesar Fecundo em seu
Facebook
Excelente... tomei a liberdade e reproduzi em meu humilde blog... com a devida referência.
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