Marcos
3:24-25
“Se um reino estiver
dividido contra si mesmo, não poderá
subsistir. Se uma casa estiver
dividida contra si mesma, também não
poderá subsistir”.
Usando uma metáfora –
sobre reinos e casas – simples e facilmente entendível por aqueles que O
ouviam, Jesus falava do perigo das divisões.
As fissuras, cismas e
pequenas rachaduras podem causar a ruína de um sistema todo.
Poderíamos falar de um
reino, como Jesus falou, mas poderíamos falar também de uma empresa, de um clube, de
uma entidade eclesiástica, ou de uma associação qualquer.
Jesus falava também sobre uma casa dividida.
Podemos entender esse exemplo literalmente, sendo a nossa casa, a nossa família.
Quando existe divisão entre membros de uma família, quando existe desarmonia,
pais brigando entre si, filhos sem dar ouvidos aos pais ou pais não ouvindo aos
filhos, quando há discussões e brigas não perdoadas, a família pode começar a
se fragmentar. É claro que pode haver diferenças e contendas entre familiares,
mas resolver logo a causa é importantíssimo, e trabalhar o perdão é
fundamental, como ensina o apóstolo Paulo: “Quando vocês ficarem irados, não pequem”. Apaziguem a sua
ira antes que o sol se ponha, e não
deem lugar ao Diabo (Efésios 4:26-27). Não dar “lugar ao
Diabo” significa não deixar que a divisão se instale – “diabolus” é justamente um
espírito de divisão. O importante, no seio familiar e do relacionamento das
pessoas, é justamente isto: tratar de solucionar as divisões e liberar o
perdão, pois perdoar nos liberta a todos!
Poderíamos aplicar o risco
de divisões a muitas coisas, mas quero aplicá-lo agora, especialmente, a um
ponto específico: nossa psique.
É em nossa mente que
nasce o primeiro foco de divisão, abrangendo nossas crenças, nossos valores,
nossos sentidos e sentimentos, nossa base psicológica/espiritual, sobre a qual
construímos, por assim dizer, nossa vida.
No que tange a “construir” nossa vida, Jesus
usava outra metáfora de especial significado: “Portanto, quem ouve
estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a
sua casa sobre a rocha. Caiu a
chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus
alicerces na rocha. Mas quem ouve estas
minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua
casa sobre a areia. Caiu a chuva,
transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda”
(Mateus 7:24-27). Permanecer na Sua Palavra e praticá-la é a “liga” que
“desliga” nossas dúvidas e rachaduras psicológicas e nos mantém na
integralidade que o Evangelho ensina.
Portanto, o primeiro
lugar em que o risco de divisões causa estragos é em nós mesmos. E é disso que
quero falar.
Todos “construímos”
nossa vida em cima de valores – a Rocha –, ou da falta deles – a areia.
Temos “valores”, como a
própria família, a carreira profissional, a ascensão social, o altruísmo, e
outros. E temos “valores” como a fé e a busca de crescimento/evolução
espiritual.
Qualquer que for nosso sistema de crenças, é
vital que o mantenhamos sem divisões, sem dubiedades, sem dúvidas não tratadas
e sanadas. Podemos ter, por exemplo, dúvidas sobre um ou vários pontos do
Evangelho, o que é normal, afinal, não sabemos tudo. Quando dúvidas surgirem, é
importante, portanto, perguntarmos e buscarmos as respostas – e é igualmente
importante buscarmos respostas em boas fontes, para que a confusão não seja
aumentada. Então, uma vez que a dúvida se fizer presente, devemos perguntar e
buscar respostas. Se e quando as respostas forem obtidas, a dúvida se dirime e
seguimos adiante. Se e quando as respostas não forem obtidas, a dúvida pode até
permanecer, mas devemos deixá-la de lado – mas não esquecida – e
seguirmos adiante com fé, sabendo em Quem cremos. Temos que saber esperar. Quando
Deus julgar oportuno, a resposta virá. Confie! E há respostas que virão apenas
na eternidade/absoluto, quando estivermos em definitivo juntos a Ele. Sobre
isso, lembro de um ensinamento que vem desde o Antigo Testamento: “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos
nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei”
(Deuteronômio 29:29). O que essa Palavra fala a nós cristãos? Fala que vivamos
segundo o que já de Deus sabemos. Lembro também do que diz Paulo à comunidade
de Filipos: Todos nós que alcançamos a
maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá. Tão-somente vivamos de acordo com o que já
alcançamos (Filipenses 3:15-16).
Há um conhecido meu
que tem uma frase da qual gosto bastante: “Eu tenho ignorâncias, mas não tenho
dúvidas”. Sim, há coisas que não sabemos, mas, sobre Deus, não temos que ter
dúvidas, pois a única certeza absoluta é que Ele está certo.
É fundamental que
possamos construir nossa vida sobre o alicerce/Rocha chamado Jesus Cristo, e que
não permitamos que coisas estranhas aos Seus ensinamentos se aninhem em nosso
ser.
É importante que
saibamos discernir entre todas as coisas, mesmo e principalmente sobre o que
nos pregam do Evangelho. Que o exemplo dos irmãos de Bereia, neste quesito, nos
sirva: Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande
interesse, examinando todos os dias as
Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo (Atos 17:11). Eles não
“engoliam” qualquer coisa que se lhes dissesse, mas punham tudo à prova pelas
Escrituras. Assim é aconselhado também à igreja em Corinto: Falem
dois ou três, e os outros julguem cuidadosamente o que
foi dito (1º Coríntios 14:29). E lembremos ainda: Ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom (1º Tessalonicenses 5:21).
Fora do “círculo do
Evangelho e da Igreja”, também há uma série de filosofias/doutrinas/religiões
pregadas e ensinadas, que podem infiltrar-se em nossa mente/alma, causando
divisões. Nestes casos, o melhor é nem gastar energia nelas. Uso para mim mesmo
o seguinte conselho: “Na certeza/verdade em Jesus não há dúvidas; e na dúvida,
se surgir, fico com Jesus”.
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o
amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
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