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quarta-feira, 14 de julho de 2021

66 – O Crescimento da Igreja


 

Apesar da oposição dos líderes religiosos judeus, a Igreja primitiva continua a crescer. As perseguições levaram muitos cristãos a deixar Jerusalém e, assim, a mensagem do Evangelho começou a se espalhar para outras comunidades. Não obstante, os primeiros cristãos ainda viviam de acordo com os costumes religiosos judeus. Isto causou dificuldade quando não-judeus (gentios) quiseram ser batizados na nova fé. A Igreja primitiva lutou com este dilema. Foi Paulo – antes, o zeloso perseguidor Saulo – quem compreendeu que todo o futuro da Igreja dependia da conversão dos gentios.

 

Os evangelistas

Como testemunhas da ressurreição de Jesus, os apóstolos eram os pilares da Igreja primitiva. Seu principal papel foi garantir que o Evangelho fosse pregado em total acordo com o ensino de Jesus. Permaneceram em Jerusalém como uma fonte de encorajamento para os que estavam sendo presos por causa de sua fé. Os cristãos que deixaram Jerusalém não foram silenciados pelas perseguições. Pregavam a boa nova de Jesus em todo lugar por onde andavam. Estes discípulos se tornaram conhecidos como “evangelistas”; seu objetivo era anunciar o Evangelho. Dois dos primeiros e mais proeminentes foram Filipe e Barnabé.

 

A educação de Paulo

Paulo era um judeu da tribo de Benjamim. Cresceu na cidade helenística de Tarso, um porto no cruzamento de importantes estradas na Ásia Menor. Sua língua natal era o grego e foi grandemente influenciado pela cultura e pela filosofia grega.

Foi educado como fariseu e aprendeu o hebraico e o aramaico. Tinha temperamento passional e se orgulhava de sua herança judaica. Aderiu estritamente às leis e aos costumes judaicos. A princípio, via os ensinamentos cristãos como heréticos.

 

Gamaliel

Ainda jovem, Paulo foi para Jerusalém e estudou com Gamaliel, que era um dos mais famosos professores fariseus de seu tempo e pertencia à escola de pensamento que enfatiza a tradição acima da Lei. Gamaliel era membro do Sinédrio e aconselhou seus colegas a tratarem os primeiros cristãos mais moderadamente. Seu argumento era que, se Jesus fosse um falso profeta, como tantos antes dele, seus seguidores logo cairiam na obscuridade.

 

Paulo, o perseguidor

Em seu zelo para erradicar o que via como heresia, Paulo pôs-se a caminho para prender cristãos na Judeia e em Damasco. Representava o Sumo Sacerdote, a quem os romanos permitiam que prendesse judeus criminosos. Tanto a Judeia como Damasco estavam na província romana da Síria. A jurisdição do Sumo Sacerdote estendia-se a Damasco, que tinha uma grande população judia. Não obstante, Paulo não pôde prender os cristãos que fugiam para Samaria por causa da longa inimizade entre judeus e samaritanos. Nem pôde prender os cristãos em Cesareia, já que a autoridade do Sumo Sacerdote não se estendia até ali.

 

Cidadania romana

Paulo tinha cidadania romana. Provavelmente, herdara-a de seu pai ou de um ascendente, que pode tê-la recebido por serviços prestados ao império. A cidadania romana dava proteção e muitos privilégios. Um cidadão romano não podia apanhar para se lhe obter uma confissão, nem ser preso sem julgamento. Como um cidadão romano, Paulo podia também exigir ser julgado pela corte romana.

 

Os judeus e os gentios

Depois da aliança de Deus com Abraão, os israelitas consideravam todos os não-descendentes de Isaque e de Jacó como “gentios”. A palavra significa “nações”, querendo dizer nações outras que não Israel. Os judeus mantinham sua identidade distinta através da proibição de casamentos mistos, das leis sobre alimentação e da prática da circuncisão. No século I d.C., muitos gentios abraçaram a fé judaica. Estes convertidos ao judaísmo eram conhecidos como prosélitos. Inicialmente, os apóstolos e os evangelistas pregavam a judeus e prosélitos nas sinagogas. Contudo, quando o cristianismo começou a se espalhar para fora de Jerusalém, nas cidades pagãs, como Antioquia, muitos gentios responderam à mensagem cristã. Os cristãos hebraicos argumentavam que os gentios podiam não ser aceitos na fé porque não eram circuncidados e não observavam as leis judaicas sobre alimentação. O Concílio de Jerusalém, finalmente, resolveu esta controvérsia em 49 d.C., quando se decidiu que os gentios não precisavam circuncidar-se para ingressar na nova fé. Os judeus cristãos levaram alguns anos para aceitar que os antigos rituais não eram mais necessários.

 

A Igreja em Antioquia

A cidade grega de Antioquia (atualmente Hatay, na Turquia) se tornou a base principal para a pregação da mensagem do Evangelho aos gentios, e o centro de onde a Igreja se espalhou rapidamente. Fora fundada em 300 a.C. por Selêucio Nicátor, e recebeu o nome em honra de seu pai, Antíoco. Em 64 a.C. tornou-se a capital da província romana da Síria. Antioquia era um porto fluvial do Mediterrâneo e muitas rotas comerciais cortavam a cidade. Isto a tornou um ativo e cosmopolita centro comercial da cultura helenística, aberto a novas idéias.

A cidade tinha uma grande população judia, a quem se permitia observar seus costumes. Muitos gentios em Antioquia logo se converteram ao judaísmo. A Igreja enviou Barnabé à cidade, onde ele se tornou missionário entre os gentios. Foi em Antioquia que os cristãos converteram os gentios à fé em Cristo sem primeiro fazê-los submeter-se à circuncisão – um dos requisitos de um não-judeu que se convertesse ao judaísmo.

Jerusalém foi o berço da Igreja, mas Antioquia foi onde a Igreja começou a divergir de suas raízes hebraicas. O nome “cristão”, significando “seguidor de Cristo”, foi usado pela primeira vez em Antioquia.

 

O Evangelho para todos

Os apóstolos e os evangelistas variavam a maneira pela qual pregavam o Evangelho, dependendo de seus ouvintes.

Aos judeus, enfatizavam que Jesus era o Messias prometido. Para os gentios, enfatizavam que havia um só Deus e que Jesus era o vencedor sobre todo o mal. Só os judeus eram familiarizados com conceitos como “Reino de Deus” e “Filho do homem”. Tanto judeus como gentios declaravam sua nova fé e recebiam o Espírito Santo através do batismo.


Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

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