Provérbios 20:11
Até a criança mostra o que é por suas ações; o seu procedimento
revelará se ela é pura e justa.
Dia desses li nalgum lugar que,
neste princípio de século XXI, as pessoas tendem a se tornarem adultos com
comportamentos adolescentes e adolescentes com comportamentos infantilizados.
Não discordo disso, pois é possível fazer essa observação na sociedade à nossa
volta. Isso pode ser, sob certo ponto de vista, algo ruim, quando remete à
falta de maturidade psicológica.
Por outro lado, vemos também que
neste princípio de século muitas pessoas que outrora seriam consideradas
velhas, hoje já não o são. Chegar aos cinqüenta ou sessenta anos apenas ressalta
a maturidade. Depois dos setenta, bem, aí já se entraria na categoria veterana.
Isso pode ser, sob certo ponto de vista, algo bom, pois remete a uma esperança
de desfrute de vida mais longo.
Outro fenômeno observável é a
caricaturização de certas crianças, muito por responsabilidade dos pais que, ou
cedem às pressões dos infantes, ou acham bonitinho assim fazerem. Falo da
miniaturização que é feita – crianças com roupas adultas e/ou com maquiagem que
não é para a sua idade. São mini-adultos em suas aparências. Isso pode ser, sob
certo ponto de vista, algo bonitinho, mas também algo inapropriado, quando se
torna freqüente, pois pode afetar a formação psicológica, remetendo a criança a
ser um adolescente e mesmo um adulto deslocados de suas idades cronológicas.
Mas o que eu quis fazer nestes
três parágrafos iniciais, é apenas apresentar alguns arquétipos do nosso tempo
– não mais que isso. Quero entrar agora naquilo que realmente quero dizer aqui,
para quem por aqui me honra ao ler.
Jesus disse, certa vez, que, se
quiséssemos entrar – observe: Ele disse “entrar” – no Reino dos céus,
deveríamos nos tornar como crianças. “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se
tornem como crianças, jamais entrarão
no Reino dos céus” (Mateus 18:3).
Isto não
quer dizer nos tornarmos infantilizados, mas trabalharmos em nós mesmos para
que recuperemos a pureza de coração que havia no tempo da infância. Era lá,
nesse tempo, que éramos quem realmente éramos! Com o passar dos anos, tendemos
a nos tornar pessoas que se acomodam ou nos tornamos quem não somos realmente,
tudo para sermos aceitos nos grupos sociais – iniciando pela família, passando
pela escola, trabalho, sociedade, enfim, fazemos de tudo para sermos aceitos,
incluídos e não excluídos. Correspondemos às expectativas que sobre nós são
depositadas, ou buscamos tirar algum proveito disto ou daquilo. Tendemos a
vestir máscaras ou travestirmo-nos em personagens que não são realmente quem
somos. Quem realmente somos fica ali, escondido sob uma crosta social que
criamos. E o pior de tudo isso é que, com o passar do tempo e segundo formos
“representando”, essas máscaras colam tanto em nossos rostos e essas
personagens incorporam-se de tal forma que arrancá-las torna-se uma tarefa quase
impossível.
Jesus deixou uma máxima para que
fôssemos Seus seguidores: “Se alguém quiser
acompanhar-me, negue-se a si mesmo,
tome a sua cruz e siga-me” (Mateus 16:24). O “nega-te a ti mesmo” referia-se a isso: negar
tudo aquilo que não somos, para que aquela alma infantil que é quem realmente
somos apareça.
Vestir
máscaras e personagens a fim de sermos aceitos ou, de alguma forma, “ganhar a
vida”, empurra-nos a uma perdição de nós mesmos, conforme Ele ensinava: “Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida
por minha causa, a encontrará. Pois,
que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o
homem poderá dar em troca de sua alma?” (Mateus 16:25-26). Jesus chega a
comparar o “soterrar quem realmente somos” a “perder a alma”. E, de fato, é
assim.
É esse “retomar a nossa essência”
que nos torna, na nossa fé, como crianças, ainda que sejamos adultos. Confiamos
no Pai como uma criança confia no seu. Nos sentimos seguros e amparados.
E aí entram também as nossas
atitudes ou, como diz a Palavra aqui usada como mote para este texto, o nosso
“procedimento”. Este deve ser adequado àquilo que cremos e professamos. O nosso
modo de vida deve transparecer a verdadeira natureza de um discípulo de Cristo
– se é que somos discípulos de Cristo.
Ser um discípulo de Cristo
independe de religiosidades, de “pertencimentos eclesiásticos”. Ser um discípulo
de Cristo é uma decisão. É deixar-se guiar pelos ensinamentos do Evangelho, e
incorporá-los em nossa vida, em nosso procedimento, em nosso modo de ser. Ser
um discípulo de Cristo é isso: um modo de vida.
E isso pode ser vivido por todos
nós. Basta que queiramos fazer assim, que escolhamos caminhar por esse caminho
de vida. Caminhar de mãos dadas com o Pai, como crianças adultas na fé e nos
cuidados divinos.
Digo sem medo de errar: nesse caminhar
o caminho que é Jesus, já encontrei muitos discípulos de Cristo que nem sabiam
que o eram.
Por hora é isso, pessoal. Que a
liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
Nenhum comentário:
Postar um comentário