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domingo, 21 de fevereiro de 2021

Crianças Adultas


 

Provérbios 20:11

Até a criança mostra o que é por suas ações; o seu procedimento revelará se ela é pura e justa.

 

Dia desses li nalgum lugar que, neste princípio de século XXI, as pessoas tendem a se tornarem adultos com comportamentos adolescentes e adolescentes com comportamentos infantilizados. Não discordo disso, pois é possível fazer essa observação na sociedade à nossa volta. Isso pode ser, sob certo ponto de vista, algo ruim, quando remete à falta de maturidade psicológica.

Por outro lado, vemos também que neste princípio de século muitas pessoas que outrora seriam consideradas velhas, hoje já não o são. Chegar aos cinqüenta ou sessenta anos apenas ressalta a maturidade. Depois dos setenta, bem, aí já se entraria na categoria veterana. Isso pode ser, sob certo ponto de vista, algo bom, pois remete a uma esperança de desfrute de vida mais longo.

Outro fenômeno observável é a caricaturização de certas crianças, muito por responsabilidade dos pais que, ou cedem às pressões dos infantes, ou acham bonitinho assim fazerem. Falo da miniaturização que é feita – crianças com roupas adultas e/ou com maquiagem que não é para a sua idade. São mini-adultos em suas aparências. Isso pode ser, sob certo ponto de vista, algo bonitinho, mas também algo inapropriado, quando se torna freqüente, pois pode afetar a formação psicológica, remetendo a criança a ser um adolescente e mesmo um adulto deslocados de suas idades cronológicas.

Mas o que eu quis fazer nestes três parágrafos iniciais, é apenas apresentar alguns arquétipos do nosso tempo – não mais que isso. Quero entrar agora naquilo que realmente quero dizer aqui, para quem por aqui me honra ao ler.

Jesus disse, certa vez, que, se quiséssemos entrar – observe: Ele disse “entrar” – no Reino dos céus, deveríamos nos tornar como crianças. “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus” (Mateus 18:3).

Isto não quer dizer nos tornarmos infantilizados, mas trabalharmos em nós mesmos para que recuperemos a pureza de coração que havia no tempo da infância. Era lá, nesse tempo, que éramos quem realmente éramos! Com o passar dos anos, tendemos a nos tornar pessoas que se acomodam ou nos tornamos quem não somos realmente, tudo para sermos aceitos nos grupos sociais – iniciando pela família, passando pela escola, trabalho, sociedade, enfim, fazemos de tudo para sermos aceitos, incluídos e não excluídos. Correspondemos às expectativas que sobre nós são depositadas, ou buscamos tirar algum proveito disto ou daquilo. Tendemos a vestir máscaras ou travestirmo-nos em personagens que não são realmente quem somos. Quem realmente somos fica ali, escondido sob uma crosta social que criamos. E o pior de tudo isso é que, com o passar do tempo e segundo formos “representando”, essas máscaras colam tanto em nossos rostos e essas personagens incorporam-se de tal forma que arrancá-las torna-se uma tarefa quase impossível.

Jesus deixou uma máxima para que fôssemos Seus seguidores: Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (Mateus 16:24). O “nega-te a ti mesmo” referia-se a isso: negar tudo aquilo que não somos, para que aquela alma infantil que é quem realmente somos apareça.

Vestir máscaras e personagens a fim de sermos aceitos ou, de alguma forma, “ganhar a vida”, empurra-nos a uma perdição de nós mesmos, conforme Ele ensinava: “Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?” (Mateus 16:25-26). Jesus chega a comparar o “soterrar quem realmente somos” a “perder a alma”. E, de fato, é assim.

É esse “retomar a nossa essência” que nos torna, na nossa fé, como crianças, ainda que sejamos adultos. Confiamos no Pai como uma criança confia no seu. Nos sentimos seguros e amparados.

E aí entram também as nossas atitudes ou, como diz a Palavra aqui usada como mote para este texto, o nosso “procedimento”. Este deve ser adequado àquilo que cremos e professamos. O nosso modo de vida deve transparecer a verdadeira natureza de um discípulo de Cristo – se é que somos discípulos de Cristo.

Ser um discípulo de Cristo independe de religiosidades, de “pertencimentos eclesiásticos”. Ser um discípulo de Cristo é uma decisão. É deixar-se guiar pelos ensinamentos do Evangelho, e incorporá-los em nossa vida, em nosso procedimento, em nosso modo de ser. Ser um discípulo de Cristo é isso: um modo de vida.

E isso pode ser vivido por todos nós. Basta que queiramos fazer assim, que escolhamos caminhar por esse caminho de vida. Caminhar de mãos dadas com o Pai, como crianças adultas na fé e nos cuidados divinos.

Digo sem medo de errar: nesse caminhar o caminho que é Jesus, já encontrei muitos discípulos de Cristo que nem sabiam que o eram.

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

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