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domingo, 11 de agosto de 2019

O Valor do Discipulado



          Uma grande multidão ia acompanhando Jesus; este, voltando-se para ela, disse:
          “Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo”.
          “Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la? Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele, dizendo: ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de terminar’”.
          “Ou, qual é o rei que, pretendendo sair à guerra contra outro rei, primeiro não se assenta e pensa se com dez mil homens é capaz de enfrentar aquele que vem contra ele com vinte mil? Se não for capaz, enviará uma delegação, enquanto o outro ainda está longe, e pedirá um acordo de paz”.
          “Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo”.
          “O sal é bom, mas se ele perder o sabor, como restaurá-lo? Não serve nem para o solo nem para adubo; é jogado fora”.
          “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!”

          O texto acima está em Lucas 14:25-34.
          Neste mesmo espaço, aqui no Blog, eu já o havia publicado sob o título de “O Preço do Discipulado” (publiquei em 4 de dezembro de 2013). Ali, no entanto, coloquei somente o texto bíblico acima citado, sem mais explicações ou acréscimos de minha parte. Hoje, relendo este trecho nas Escrituras, fui impulsionado pelo desejo de desenvolvê-lo, falar um pouco mais, discorrer sobre seus significados – e expor não o “preço”, mas o “valor” do discipulado.
          O princípio dessa fala de Jesus pode parecer duro. Como assim, não podemos ser Seus discípulos se amamos pai, mãe, mulher (ou marido), filhos, irmãos e irmãs, e até nossa própria vida, mais do que a Ele? Devemos então amar menos esses entes queridos que Ele mesmo citou e deu como exemplo comparativo para com Ele? Minha compreensão disto é mais simples do que se poderia esperar – inclusive, os ensinamentos de Cristo são, normalmente, muito simples, ainda que, concomitantemente, profundos em significado. Vamos, então, ao significado deles nos próximos parágrafos:
          Primeiro, Jesus nunca disse para não amarmos esses entes queridos citados nesta passagem. Ele apenas diz que não podemos amá-los mais do que a Ele. Isso significa dizer que, se os amamos mais do que a Ele, colocamos a Ele por último na fila. Ora, Jesus é Deus em carne, foi feito gente, na Palestina há dois mil anos. Ele é o “Deus conosco” – o Emanuel. Ora, assim Jesus Cristo segue hoje, sendo o Filho do homem e o Filho de Deus – sendo “Deus conosco” em todos os tempos. Assim, se deixarmos a Ele – “Deus conosco” – em último lugar na fila, jamais seremos capazes de amar de verdade pai, mãe, mulher (ou marido), filhos, irmãos e irmãs, e até nossa própria vida. Podemos até amá-los, mas será um amor mundano e puramente humano, um amor menor, jamais comparado ao amor que tem como origem Deus. Para que possamos amar pai, mãe, mulher (ou marido), filhos, irmãos e irmãs, e até nossa própria vida, temos que colocar o amor a Deus, a Jesus Cristo – “Deus conosco” – em primeiro lugar. Assim, podemos amar pai, mãe, mulher (ou marido), filhos, irmãos e irmãs, e até nossa própria vida, de maneira verdadeira, com o mesmo amor com que somos amados por Deus. Parece simples entender agora a profundidade do alcance dessas palavras de Jesus? Continuam duras? Creio que não. Creio que, olhando por esse prisma, essas palavras se tornam tenras, leves e carregadas de significado em amor!
          Segundo, Ele diz que, para sermos Seus discípulos, temos que carregar a nossa própria cruz. Que significa isso? Pode parecer, num primeiro e superficial momento, carregar os pesos da vida, pois, popularmente, a cruz parece um fardo. Agora, se olharmos para a cruz de Jesus – e para a nossa – como o local/objeto/significado em que Ele pagou todos os nossos pecados – e fardos e pesos e empecilhos – então vemos que é na cruz que Ele pregou, consigo, tudo aquilo que poderia nos separar de Deus. Assim, tal qual Ele, se lavarmos cotidianamente a nossa cruz, pregamos nela nossas fraquezas carnais e mundanas, nossa humanidade caída, e sai exaltada nela a nossa condição de filhos de Deus. Assim, como Seus filhos, em levando a nossa cruz, “sabemos” que em Jesus está tudo consumado, e a cruz se torna o fardo leve e o jugo suave do qual Ele fala (Mateus 11:29-30). Levar a cruz significa dizermos à vida que nossa vida agora a vivemos em Jesus!
          Depois, Ele faz a analogia da construção de uma torre, dizendo que, para iniciarmos qualquer obra, temos que calcular se temos como concluí-la. Exemplificando com uma analogia pertinente à nossa época, se formos construir uma casa, temos que ver se temos recursos para concluir a obra. Se formos comprar um carro, temos que ver se temos como pagar todas as parcelas do financiamento. Assim, analogamente, se nos decidirmos por sermos discípulos de Cristo – amar segundo o amor de Deus, levando a nossa cruz e seu significado, dando razão ao Evangelho – também temos que nos examinar e ver se é isso mesmo que queremos, se teremos condições de buscar n’Ele as forças para as adversidades que surgirão, se queremos divulgar Sua Palavra, se queremos mesmo viver segundo aquilo que Ele nos revela a cada dia por Sua Palavra. Ele diz que podemos seguir a Ele se quisermos. Mas, agora, Ele nos diz para vermos se realmente queremos!
          A analogia do rei e seu exército tem o mesmo significado: antes de empreendermos um projeto – e seguir a Jesus é o mais extraordinário projeto de vida! – temos que ver se vamos dispor de condições anímicas para isso; isto é, de novo, se realmente assim queremos!
          Ele diz que temos que renunciar a tudo. Que “tudo” é esse? É tudo aquilo que difere de Deus, que difere do Evangelho, que difere daquilo que Jesus nos ensina e nos exemplifica por Seus atos e palavras – aquilo que Ele fez, aquilo que Ele falou, a aquilo que Ele calou. Temos que renunciar a tudo o que não se coadunar com o modo de ser de Jesus. Assim, em renunciando a isso, podemos receber tudo o que realmente é verdadeiro e vital. Vou usar aqui um exemplo simplista: se resolvemos trocar a mobília da nossa casa, para pormos a mobília nova, temos que tirar a velha – não dá para colocarmos ambas ao mesmo tempo na casa. Assim, temos que renunciar à mobília velha, para darmos lugar à nova. O Evangelho nos ensina que, em Cristo, somos uma nova criação. O “velho homem” ficou para trás – foi renunciado!
          Jesus aborda novamente a analogia do sal, dizendo que ele é bom, desde que não perca o seu sabor. Um sal imprestável não serve nem para a terra nem como adubo. A terra fica infrutífera com sal inútil espalhado nela. Como adubo, o sal inútil não alimenta a planta, mas a mata. Em Seu tempo, o sal era um produto valiosíssimo, pois servia tanto para preservar os alimentos quanto para realçar-lhes o sabor. Assim, Jesus, noutra passagem, ensinava que tenhamos sal em nós mesmos (Marcos 9:50), significando dizer que, como Seus discípulos, devemos ser capazes de preservar a vida espiritual em nossos próximos, assim como realçar o sabor do Evangelho em suas vidas.
          Ele termina dizendo que se temos ouvidos para ouvi-Lo, que ouçamos. Assim, espero que estas linhas que escrevi com base na Sua Palavra, possam ter chegado – pela leitura – aos ouvidos do coração de quem as leu, e que possam ter tido significado e feito a diferença. Jamais poderia tê-las escrito de mim mesmo; dou graças a Deus por Ele ter me impulsionado a isso!

          Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
          Saudações,
          Kurt Hilbert

4 comentários:

  1. Interessante a passagem mas vejamos como o mundo está "mudando"- meu filho diz sempre sim/sim tudo certo porém e a fome na África?

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    1. Obrigado por comentar!
      Poderíamos nos perguntar também? E a fome no Egito no tempo de José? E a fome em Canaã nos tempos antigos? E a fome nos tempos terráqueos de Jesus? E a fome no Brasil? E na África? Estudos indicam que no planeta há recursos suficientes para nenhum ser humano passar fome, se ao mínimo que tivesse mais se dispusesse a compartilhar e levar alimento aos famintos. Usando um exemplo simples: Deus nos deu a casa com a despensa cheia? Cabe a nós cozinhar. Cabe a nós cortar o pão. Cabe a nós repartir. Viu? Cabe a nós, seres humanos. Não acredito que cheguemos a esse nível de consciência coletiva antes do fim dos tempos. Mas façamos a nossa parte. Abraço!

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  2. Abraço! O espírito crítico dos jovens sempre nos faz 'pensar'um pouco mais 'além'- este meu filho sempre me dizia:tu é a melhor mãe do "Universo"!

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  3. Sim, isto daria uma "matéria'- quis dizer- uma "página" sobre este assunto(o comentário foi um pouco "desfocado" em relação a "coluna da semana"- mas gosto muito da passagem que fala de Nicodemus- pois este que era um dos "Doutores da Lei"- das Sagradas Escrituras- não soube interpretar o simples dito de Jesus que dizia que é preciso "NASCER de NOVO".

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