Em Atos 1:8 o Cristo ressurreto declara o propósito do batismo no
Espírito Santo: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir
sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e
Samaria, e até aos confins da terra”. Em virtude de sua localização e ênfase,
este versículo parece designar com clareza o objetivo do livro de Atos dos
Apóstolos.
O livro constitui a principal história do estabelecimento e da extensão
da Igreja entre judeus e gentios, mediante a gradual localização de centros de
influência em pontos destacados do Império Romano, desde Jerusalém até Roma.
Além disso, Lucas organiza este material histórico de tal maneira que o
progresso do Evangelho é de imediato evidente. Trata-se de uma história gráfica,
cujo objetivo não é apenas narrar, mas edificar. Portanto, podemos considerar
os Atos dos Apóstolos como um sermão de caráter histórico acerca do poder
cristão: sua fonte e seus efeitos. Sua fonte é o batismo com o Espírito Santo,
e o efeito é o poder de dar testemunho perante o mundo. Esse testemunho é
apresentado como resumo no sermão de Pedro dirigido aos membros da dispersão
congregados em Jerusalém, e em pormenores progressivas através do restante do
livro.
Outro ponto de destaque é a conversão de Paulo, suas viagens apostólicas,
contendo narrativas pormenorizadas de episódios impressionantes de
enfrentamento de adversidades, bem como detalhes pontuais de suas visitas a
igrejas – algumas das quais ele mesmo iniciou – e discursos seus que só se
encontram neste livro. Também, o livro ajuda a entender alguns contextos históricos
e culturais que são objetos de escritos de Paulo nas epístolas que se encontram
na sequência da narrativa bíblica.
A opinião quase universalmente aceita é que o Evangelho segundo Lucas e
os Atos têm um autor comum. O autor dos Atos dos Apóstolos começa fazendo
referência ao “primeiro tratado” que se interpreta como a primeira prestação ou
entrega do mesmo volume histórico, dirigido a Teófilo, a mesma pessoa. Existem
pelo menos três argumentos que confirmam a paternidade literária de Lucas.
Primeiro, existe a evidência do uso da primeira pessoa plural nas seções
16:10-17; 20:5-15; 21:1-18; 27:1; 28:16, sugerindo que o autor era testemunha
ocular, como o foi Lucas. Segundo, há provas de que o escritor era médico. E,
terceiro, uma ampla e convincente tradição apóia a paternidade literária de
Lucas.
Aparentemente, o livro de Atos dos Apóstolos foi escrito em derredor da
época do encarceramento de Paulo em Roma, com cujo relato termina o livro.
John
H. Gerstner
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