Nunca consegui entender que
sentimento era aquele que fazia os homens declararem que outros humanos estavam
no inferno porque não são da sua religião ou da sua cultura, ou mesmo por nunca
terem ouvido uma dada informação gnosticamente salvadora.
E quando você vê uma certa alegria
vitoriosa na cara da criatura que faz a condenação?
Provavelmente trate-se da mais
profunda expressão de sadismo, da mais horrenda forma de ânsia de poder, da
mais desumana manifestação de arrogância, e da mais satânica de todas as
afirmações auto-glorificantes!
Dizer que alguém foi para o inferno
porque não conheceu uma certa informação ou doutrinação é a maior expressão do
mais dogmático gnosticismo!
Sim, é salvação pela iluminação de
certo conhecimento objetivo, com nome, endereço, geografia, histórica, moral,
cívica, e um bocado de outras coisas!
Então alguém diz: Mas é pela fé! Não
pelo conhecimento!
Claro que é! Mas se a fé tem que ser
produzida por uma informação histórica, então essa fé é apenas conhecimento, ou
seja, gnosis; e, portanto, sendo
doutrina que ilumina, é gnosticismo, e não fé.
A fé precede a informação, embora a
fé venha pelo ouvir; e o ouvir a Palavra de Deus!
E como pode ser então?
Ora, a Palavra de Deus não é uma informação
apenas. Informação ela até pode ser, e é também, mas numa escala infinitamente
inferior ao que ela é de fato. Sim, pois a Palavra de Deus é Deus, é Pessoa, é
Amor, é tudo o que Deus É.
Assim como tudo o que existe, existe
da e pela Palavra, do mesmo modo tudo o mais é Palavra de Deus, e somente Deus
pode dizer o que não é Palavra d’Ele.
Eu vejo a Palavra muito mais do que a
ouço. Sim, pois ela sempre é mais encarnação do que explanação.
Foi tendo essa noção de Palavra que
Paulo usou o Salmo 19 em Romanos 10 ao fazer a natureza/criação proclamar a
Palavra de Deus salvadora até aos confins do mundo. De tal modo que até os sem
informação não ficariam sem noção.
Ora, quem tem a informação tem que
confessar a fé com a boca, crendo no coração, conforme Paulo declarou. Mas quem
tem a Palavra sem a informação, esse manifesta a sua fé pelas suas obras, posto
que ele não tenha a informação que o faça dar explicação à força de suas
certezas imponderáveis e inexplicáveis. Então, por suas obras e prudências e
manifestações de amor, ele declara a sua fé, conforme Tiago declarou.
Jesus deixou claro em Lucas 13,
Mateus 7 e 25, por exemplo, que os que recebem a informação e o ensino, mas que
existem apenas da crença acerca de que ensino e informação são as garantias, ficariam
de fora.
Em Mateus 25 Ele diz que foram os que
não dispunham de qualquer simbolização “de Jesus”, que fizeram o bem sem saber
ou o associarem a Ele, esses eram os que seriam os benditos, pois Ele disse: “A
mim o fizeste”. Não que não haja muitos e muitos benditos que saibam da
informação e, por isto, sinceramente, façam o bem segundo o Evangelho como o
mais consciente de todos os privilégios. Todavia, o que se pode dizer é que
tanto nas parábolas, quanto também na
escatologia de Jesus, quem mais corre perigo é quem diz ter a informação, a gnosis salvadora como doutrina, a
certeza de serem “os filhos do reino”.
É impossível ler-se com honestidade
humana os quatro evangelhos, observando os modos de Jesus, os tratos de Jesus,
e os Seus ensinos, todos coerentes com Seus modos, jeitos e tratos humanos, e
não admitir que digo a verdade.
Ora, chegamos de onde partimos: O que
pode gerar tamanha maldade humana tão perceptível no prazer mórbido confesso na
sentença ao inferno para o próximo diferente de nós?
O pecado de Satanás foi de natureza
soberba, gnóstica e narcisista. O poder como conhecimento superior ou qualquer
coisa superior, produz tudo o que em Satanás o fez tornar-se diabo.
Ora, por isto o conhecimento, a gnosis da fé em Jesus, não é uma informação
primariamente, mas uma formação, uma boa terra que antecede a
semente/informação.
O conhecimento salvador decorre da
experiência com o amor de Deus expresso como fruto de amor, alegria, paz,
bondade, benignidade, longanimidade, mansidão e autocontrole; coisas essas
contra as quais não há Lei e, digo a você, nem doutrina alguma.
Um dia ou naquele Dia você me
entenderá!
Um texto de Caio Fábio D’Araújo Filho
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