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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Hebreus



Conquanto Deus tenha falado aos pais pelos profetas, agora falou por intermédio de Seu Filho. O prólogo afirma o caráter distintivo do Filho. Ele é antes da História, está na História, é superior à História, é a meta da História. Compartilha a essência da Deidade e irradia a glória da Deidade. Ele é a suprema revelação de Deus (1:1-3).
A passagem seguinte (1:4-14) declara de forma inequívoca a preeminência de Cristo. Ele é superior aos anjos. Estes ajudam os que serão herdeiros da salvação. Cristo, em virtude de Sua identidade, de Sua nomeação divina e do que realizou, ergue-Se por cima deles. Quão trágico é descuidar a grande salvação que Ele proclama! Ele cumprirá a promessa feita ao homem de que todas as coisas estarão harmoniosamente sujeitas ao homem. Pode fazê-lo, porque é verdadeiro homem e realizou a expiação pelos pecados. É superior a Moisés. Moisés era servo entre o povo de Deus. Cristo é um Filho que está sobre o povo de Deus. Quão trágico é deixar de confiar n’Ele! Por causa da incredulidade, uma geração toda de israelitas não entrou na terra de Canaã. Os crentes são advertidos contra tal incredulidade. Acentua-se tanto a fé como o fervor para se entrar no eterno descanso de Deus. O evangelho de Deus e o próprio Deus esquadrinham o homem.
O sacerdócio de Cristo é também desenvolvido por comparação (4:14 – 10:18). Os requisitos, as condições e as experiências do sacerdócio aarônico se enumeram em comparação com Cristo como sacerdote. Antes de desenvolver com maior amplitude este assunto, o escritor adverte os leitores sobre sua falta de preparação para um ensino mais avançado. Somente a sincera diligência nas coisas de Deus os tirará da imaturidade. Cristo, como sacerdote, à semelhança de Melquisedeque, é superior ao sacerdócio levítico, uma vez que Sua vida é indestrutível; foi ao mesmo tempo sacerdote e sacrifício; Seu sacerdócio é eterno. Seu santuário está no céu e Seu sangue estabelece a validade do novo concerto que é igualmente eterno.
A perseverança dos crentes nasce da comunhão com Deus, da atividade em favor de Deus, da fé n’Ele e da consciência do que o espera (10:19 – 12:29).
A cruz como altar cristão e a ressurreição do Grande Pastor são as bases para a ação divina. Estes acontecimentos históricos e redentores estimulam o crente à ação (13:1-25).
Não se menciona o nome do autor desta epístola. Com exceção da epístola aos Hebreus e da primeira epístola de João, todas as demais epístolas do Novo Testamento designam seu autor, seja pelo nome, seja pelo título.
Desde o primeiro século, o problema da autoria da epístola aos Hebreus tem causado muita discussão. Várias são as respostas dadas pelos crentes da igreja primitiva. Na margem oriental do mar Mediterrâneo e perto de Alexandria atribui-se o livro a Paulo. Orígenes (185-254 d.C.) considerava que os pensamentos do livro eram de Paulo, mas a linguagem e a composição pertenciam a outrem. No norte da África, Tertuliano (155-225 d.C.) sustentava que Barnabé escreveu a epístola aos Hebreus. Embora a carta tenha sido conhecida primeiro em Roma e no Ocidente (a I carta de Clemente, datada ao redor do ano 95 d.C., cita Hebreus com frequência), a opinião unânime nesta região durante 200 anos foi que Paulo não escreveu a epístola aos Hebreus. Estes crentes da igreja primitiva não disseram quem, a seu ver, havia escrito a epístola. Simplesmente não o sabiam.
Em nossos dias os crentes não devem ser dogmáticos acerca de um assunto mantido em dúvida durante tanto tempo. Todavia, os estudiosos das Sagradas Escrituras devem estudar o livro de Hebreus. Um cuidadoso exame do texto grego diz-nos muitas coisas sobre o autor. O livro está escrito num grego brilhante, da pena de um escritor eloquente. Não se parece, pois, com o estilo de Paulo. Com frequência, o apóstolo Paulo segue o fio de um novo pensamento antes de haver finalizado o anterior. O escritor da epístola aos Hebreus nunca segue esse processo. O vocabulário, as figuras de dicção e de pensamento apontam a influência alexandrina e filônica (Filo, 20 a.C. – a 60 d.C.). Paulo não tem essa origem intelectual. O escritor da carta aos Hebreus cita o Antigo Testamento diferentemente de Paulo. Frases de Paulo “como está escrito”, “a Escritura diz”, “boas novas da vossa fé e amor” nunca se encontram na epístola aos Hebreus, embora o escritor cite com profusão o Antigo Testamento.
Não sendo Paulo o autor, quem será? Apolo parece preencher as condições que se encontram no livro. Vinha de Alexandria. Era homem eloquente e instruído. Era fluente nas Escrituras Sagradas. As seguintes passagens do Novo Testamento falam-nos de Apolo: Atos 18:24-28; 19:1; I Coríntios 1:12; 3:4-6 e 22; 4:6; 16:12; Tito 3:13. É provável que nunca venhamos a estar seguros do nome do autor; se, porém, lermos a epístola com cuidado, chegaremos a conhecê-lo.
A data mais aceita para a escritura desta epístola oscila entre os anos 68 e 70 d.C.

A. Berkeley Mickelsen

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