Chave: a fé sem obras é morta.
Imitando o estilo da literatura de sabedoria do
Antigo Testamento, com evidentes pressupostos cristãos, Tiago escolhe o tema da
“religião pura” (1:27), a religião do amor divino experimentado no coração.
Mostra que a religião pura é posta à prova pelas tentações e pelas dificuldades
dos fieis, e de si mesma põe à prova o carnal e o egoísta. Estas experiências
positivas e negativas da religião pura revelam o contraste entre as qualidades
espirituais, da sabedoria benéfica e da falsa, da fé verdadeira e da falsa, do
eu espiritual e do eu carnal, e da confiança verdadeira e da falsa.
Inequivocamente cristã em seu reconhecimento das
reivindicações de Cristo (1:2; 2:1-7), e em sua referência à segunda vinda
(1:12-13; 5:7-8) e à regeneração pessoal mediante a fé (1:18-21), a epístola
lembra-nos os ensinos da assim chamada literatura de sabedoria do Antigo
Testamento, como se observa em Jó, em alguns dos Salmos, em Provérbios e em
Eclesiastes. Coloca o bem e o mal em justaposição e faz referência basicamente
ao tema da religião pura e da religião falsa.
O autor tem em mente os crentes fieis que
constituem exemplos da “religião pura” nas provações e vicissitudes. A estes
ele anima. Tiago leva em conta também os mais carnais e egoístas, cuja conduta
demonstra que não saíram airosos da prova da “religião do coração”, quer seja
posta à prova na vida dos fieis ou pondo à prova e julgando a vida das pessoas
carnais.
Tiago emprega repetidas vezes o paradoxo ao afirmar
a superioridade dos valores espirituais tão comumente descumpridos. Por isso
fala-nos de dois tipos de “eu”. O observaremos à medida que o assunto se
desenvolve.
Tiago é prático, e sua ênfase não é teológica. O
primeiro capítulo, que nos fala do programa de Deus no que concerne à
santificação do crente, apresenta em miniatura os temas que serão ventilados
com maior amplitude nos capítulos restantes.
A epístola diz ter sido escrita por Tiago. O Novo
Testamento menciona três pessoas com este nome. Todavia, a igreja cristã
atribui a Tiago, filho de José e Maria e irmão de Jesus, a paternidade
literária desta epístola. Tiago, em seus ensinos, apresenta notável semelhança
com Jesus. Uma comparação desta epístola com o “sermão do monte” revela, pelo menos,
doze paralelismos evidentes. Eleito moderador da igreja de Jerusalém, na época
posterior ao Pentecostes, Tiago imprime a esta epístola uma nota de autoridade.
Sem desculpar-se em nenhum momento, os 108 versículos contêm 54 mandamentos.
Stephen W. Paine
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