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domingo, 13 de outubro de 2019

Por Que Deus Usa Coisas e Pessoas Fracas?


Deus usa homens fracos e Deus usa circunstâncias fracas também, circunstâncias sem importância alguma aos olhos humanos. Começando por João Batista, quem iria se interessar por alguém pregando num deserto? Se João Batista fosse o criador de uma religião, ele iria para um lugar bem movimentado, como a rua principal da cidade para fazer sua pregação, mas ele pregava num deserto. Deus o colocou em um deserto para pregar e, no primeiro capítulo de Marcos, versículo 14, encontramos esse mesmo João Batista na prisão. Ora, o que João está fazendo em uma prisão?
Deus permitiu que João fosse preso e, se Deus permitiu que João fosse preso, ele tinha um propósito para Deus ali na prisão. A Bíblia não diz, mas por outra passagem podemos ter uma ideia do que João ficava fazendo na prisão. João era um profeta de Deus, João era um testemunho de Deus na terra e, certamente, ele não ficou quieto na prisão; ele deve ter influenciado a muitos ali, pregando o Evangelho do Reino como ele já fazia no deserto.
Vemos muitos, depois, em Atos dos Apóstolos, que eram discípulos de João Batista, muitos que tinham escutado dele o Evangelho. E quando eu digo que temos na Bíblia referências ou situações para tentar imaginar o que João fazia na prisão, é só pensarmos em José na prisão no Egito. Ali ele fez um trabalho para Deus, testemunhou de Deus, foi usado por Deus na prisão, antes mesmo de ser libertado e elevado a vice-rei de todo o Egito.
Lembramos também de Paulo e Silas na prisão. Ali eles cantavam hinos e oravam a Deus. E o que acontece? Deus faz acontecer um terremoto, as portas da prisão se abrem, eles saem, o carcereiro está prestes a se suicidar, mas acaba se convertendo a Cristo. Isso foi em Filipos, e hoje temos a carta aos Filipenses. Provavelmente essa igreja dos Filipenses deve ter começado ou na casa do carcereiro de Filipos, ou na casa de Lídia, vendedora de púrpura, também daquela cidade. Ela também se converteu ali, quando Paulo foi a um lugar que, aos olhos humanos, seria um lugar desprezível, a beira de um rio onde as mulheres oravam.
Paulo e Silas poderiam ter ido à praça principal, à sinagoga, ao teatro da cidade, mas foram à beira de um rio onde as mulheres oravam. Ali começa aquela assembleia, naquela cidade de Filipos, a primeira assembleia da Europa.
Temos também o caso do próprio Filipe, o Evangelista, que Deus envia. O Espírito Santo o levou a uma estrada e a estrada estava deserta. Ora, por que Deus mandaria alguém para uma estrada deserta? Porque tinha ali um eunuco que iria escutar o Evangelho. Então as coisas aos olhos de Deus são diferentes da avaliação humana. Nós não nos preocuparíamos em mandar Filipe para uma estrada deserta. O que ele iria fazer lá? Não tinha nada lá.
Existe uma passagem em que o Senhor Jesus fala que importava para Ele passar por Samaria e por isso Ele vai a Samaria, um lugar aonde os judeus não iam. Os judeus, quando precisavam viajar, davam a volta em Samaria, eles não cruzavam Samaria, porque eles não se davam com os samaritanos. Mas era justamente naquele lugar, em um horário improvável, que era no meio do dia, quando os poços ficavam desertos porque as mulheres normalmente tiravam água logo cedo de manhã antes que o sol ficasse muito quente, que Ele vai se encontrar com aquela samaritana à beira daquele poço no capítulo 4 do Evangelho de João.
Talvez a maior parte das cartas que Paulo escreveu ele escreveu preso. A carta aos Filipenses ele escreveu preso, as cartas a Timóteo ele escreveu preso, várias cartas dele foram escritas na prisão. Que proveito teria Deus em permitir que um apóstolo seu fosse preso? Ora, dar tempo a ele, deixá-lo ter tempo para escrever as cartas que depois seriam grande parte da Palavra de Deus do Novo Testamento. 
O que seria da finalização do Novo Testamento se não fosse um João preso na ilha de Patmos? Isolado de todo mundo, velhinho, sozinho naquela ilha para Deus lhe revelar essa carta que é o Apocalipse, a revelação dada a João. Portanto, Deus usa as circunstâncias menos importantes aos olhos humanos. Ele não se importa com as situações.
O Senhor Jesus toma a dianteira no anúncio do Evangelho do Reino e passa a pregar, e depois Ele já convoca os discípulos para pregarem com Ele. Pessoas comuns, nós os vemos costurando redes, outros pescando; pessoas comuns, mas uma coisa que acontece quando Deus chama é que eles largam suas redes, eles largam imediatamente as suas redes. Diz que “deixando logo as suas redes, o seguiram”. 
Essa palavra “logo” vai aparecer muitas vezes no Evangelho de Marcos. Aliás, se você fizer uma pesquisa numa Bíblia eletrônica, apesar de ser o Evangelho de Marcos um Evangelho menor em extensão, este é o Evangelho em que aparecem mais vezes a palavra “logo”. Isso é interessante, pois está falando de Jesus como servo, e um servo, para ser um servo eficiente, tem de ir “logo” fazer as coisas, tudo tem que acontecer “logo” quando se fala de um servo. Portanto, eles “logo” largam suas redes. Quando a sogra de Simão estava deitada, eles “logo” falam a ela, depois ela se levanta e vai servir, fazendo o papel de uma serva.
Mas esse deixar as redes, é importante pensarmos nisso, pois às vezes temos também redes que nos prendem, atividades que nos seguram, que nos privam de fazer alguma coisa na obra do Senhor.
Quando eu falo em obra do Senhor, pode parecer que preciso ir à África pregar o Evangelho. Não, a obra do Senhor se faz em casa, se faz nos filhos, se faz no trabalho, no cafezinho com o colega, sempre existe uma oportunidade de testemunharmos de Cristo. Às vezes até sem palavras, como ensina Pedro das mulheres com maridos incrédulos, que elas pudessem testemunhar sem palavras, apenas pelo seu porte, pela sua maneira de ser. Mas muitas vezes deixamos que as redes nos segurem, nos prendam, ou em atividades como consertar as redes, que é a atividade dos outros que são chamados aqui. Mas eles não; eles foram “logo”, eles saem “logo”, seguindo o Senhor e atendendo o chamado do Senhor.

Um texto de Mario Persona

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