O Antigo Testamento é
uma reunião de textos sobre o povo de Israel (os hebreus) e o seu
relacionamento especial com Deus. Descreve os principais acontecimentos de sua
história, desde a origem até a vida no exílio, e a volta a Canaã, a “terra
prometida”. A maioria dos eventos do Antigo Testamento se desenrola numa área
de terra a leste do Mediterrâneo, conhecida como “crescente fértil”. Esta área
vai do sul da Mesopotâmia, passando por Canaã, até o norte do Egito.
O Antigo Testamento é
o livro sagrado do povo judeu. E é também a primeira metade da Bíblia cristã.
Todas as comunidades cristãs aceitam os textos hebraicos como sendo oficiais,
já que a fé cristã derivou do Judaísmo. Para os cristãos, Jesus Cristo é o
Messias profetizado nas escrituras do Antigo Testamento.
A
Estrutura
Os textos originais do
Antigo Testamento foram agrupados em três seções: a Lei (Torá), os Profetas (Naviim)
e os Escritos (Kethubin). A Bíblia moderna judaica está organizada da mesma
maneira e, às vezes, é chamada de Tanak. Trata-se um acrônimo com as primeiras
letras dessas palavras em hebraico (TNK). O conteúdo do Antigo Testamento
cristão é o mesmo, mas ordenado de uma maneira diferente.
A
Lei
Tanto judeus quanto
cristãos a chamam de “Lei de Moisés”, por causa do primeiro grande líder,
Moisés, que levou a Lei aos israelitas. Os Livros da Lei são chamados de Torá,
que significa instrução. Eles contêm todo o ensinamento que o povo de Israel
teve que absorver e observar. A Lei também inclui relatos históricos dos
israelitas e a entrada deles na “terra prometida”.
Os livros da Lei
também são conhecidos como o Pentateuco, uma palavra grega para “cinco livros”.
Eles contêm leis, narrativas, árvores genealógicas e poesia.
São eles: Gênesis,
Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Os
Profetas
Essa seção contém os
livros históricos escritos pelos profetas israelitas. Eles descrevem eventos
que vão da conquista de Canaã até o final da monarquia israelita, e narram o
constante esforço dos israelitas para conservar a Lei de Moisés. Os Profetas
eram mediadores entre Deus e os israelitas. Explicavam os significados de
eventos e alertavam os israelitas para o perigo de desobedeceram a Deus. Os
Profetas previram muitos acontecimentos futuros e anunciaram a chegada de um
Messias, que levaria o seu povo de volta a Deus.
Os livros dos Profetas
são: Josué, Juízes, 1º e 2º Samuel, 1º e 2º Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel e
os Profetas Menores.
Os Profetas Menores,
que têm escritos com pouca extensão, são: Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas,
Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Os
Escritos
Esse conjunto contém
livros de didática, poesia, profecia e história, que não são ordenados de forma
cronológica. Os Escritos expressam as relações dos israelitas com Deus, em
épocas de fidelidade ou de desobediência. Também transmitem palavras de
sabedoria e orientação, usadas para a meditação dos israelitas como parte de
sua veneração. O Livro dos Salmos, uma compilação de 150 hinos e preces, é o
mais longo da Bíblia. Partes do livro eram usadas pelos israelitas em seus
cultos diários.
Os três primeiros
livros desse grupo são de poesia e didática, os cinco seguintes são registros
oficiais (lidos em festividades importantes) e os três últimos são históricos e
proféticos.
São eles: Salmos,
Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester,
Daniel, Esdras e Neemias, 1º e 2º Crônicas.
O
culto israelita
O culto primitivo
israelita continha a oferenda de sacrifícios a Deus. Os Patriarcas (os
antepassados dos israelitas) faziam oferendas em altares de pedra, para
comemorar, sempre que Deus aparecia para eles (Gênesis 28:18-22).
Sob a liderança de
Moisés, o culto israelita tornou-se mais complexo. Os serviços tinham lugar no
Tabernáculo, um altar portátil, também conhecido como Tenda da Reunião. O
Tabernáculo continha a Arca da Aliança, um baú com a Lei de Moisés e tábuas de
pedra esculpidas com os Dez Mandamentos. Não era mais o povo que realizava
sacrifícios, mas os levitas, ministros que os executavam em altares construídos
especialmente para isso no Tabernáculo. Os levitas eram as únicas pessoas com
permissão para montar o Tabernáculo.
Cerca de 500 anos
depois, quando Israel se tornou um reino unido, o Tabernáculo foi substituído
pelo Templo do Senhor, construído por Salomão. Todos os cultos e sacrifícios
diários realizavam-se no Templo.
O
texto hebraico
Grande parte do
significado dos textos hebraicos originais se perdeu na tradução. O simbolismo
das palavras, expressões, nomes e até mesmo de histórias não pode ser apreciado
em sua totalidade sem a compreensão das tradições e da cultura dos escritores
do Antigo Testamento.
A
importância dos nomes
Os nomes que os
hebreus davam às pessoas e aos lugares são muito mais do que simples “rótulos”.
Eram escolhidos com a finalidade de expressar algo sobre a pessoa ou um evento.
Por exemplo, Isaque significa “riso”.
Ele recebeu esse nome
porque os seus pais riram, descrentes, quando Deus lhes disse que teriam um
filho, ainda que fossem velhos (Gênesis cap. 18). Alguns nomes indicam o futuro
papel de uma pessoa, como Josué, que significa “o Senhor é o Salvador”. Moisés
batizou o local onde muitos israelitas morreram, por causa de sua cobiça, de
Kibbroth Hattavah, que quer dizer “covas da gula”.
Símbolos
do Antigo Testamento
Muitas pessoas,
acontecimentos e objetos no Antigo Testamento têm um significado simbólico. Por
exemplo, Noé representa tudo o que é bom e justo no mundo, e o Dilúvio
simboliza a ira e o julgamento de Deus. O arbusto em chamas no Monte Sinai
também significa a presença de Deus e enfatiza o seu poder. Deus usa o fogo
para guiar o seu povo (Êxodo 13:21).
O livro do Êxodo é
repleto se simbolismos. O Tabernáculo representa um “local de reunião” entre
Deus e o homem, e a Arca da Aliança simboliza a presença constante de Deus,
porque ela contém a Lei.
Números
do Antigo Testamento
Alguns números devem
ser entendidos literalmente, como as detalhadas dimensões fornecidas para a
construção do Tabernáculo. Por outro lado, muitos números têm apenas uma função
simbólica. “Sete” representa perfeição, e “quatro” e “dez” são símbolos de
inteireza. “Seis” é geralmente associado com a humanidade; “doze” refere-se à
vontade de Deus, e “quarenta” sempre é usado para indicar um longo período de
tempo.
Algumas das idades dos
Patriarcas, como a de Noé, que viveu 950 anos (Gênesis 9:29), devem ser
entendidas de maneira simbólica, e não literal.
Festas
judaicas
· O
Sabbath: O povo judeu descansa no sétimo dia, o
Sabbath. É o sábado, no calendário judaico. Comemora o dia do descanso de Deus,
após os seis dias da Criação.
· A
Festa da Passagem: Comemora-se no 14º Nisan (março-abril)
e recorda a época em que Deus enviou uma praga para matar todos os primogênitos
egípcios e que “passou longe” dos lares israelitas (Êxodo cap. 12). A Passagem
é também conhecida como a “Festa do Pão Ázimo”, referência ao pão sem fermento
preparado pelos israelitas, em sua fuga apressada do Egito. Hoje em dia, o povo
judeu compartilha uma refeição especial para celebrar a Passagem.
· Shavuot
(Festa das Semanas): Shavuot é uma festa para comemorar a
colheita do trigo. Cai no 6º Sivan (maio-junho).
· Rosh
Hashanah (Cabeça do Ano): Na Bíblia, esta festa é chamada de “Dia
de Soar o Shofar (trombeta)”. Trata-se da época na qual o povo judeu reflete
sobre o ano que passou. Cai no 1º Tishri (setembro-outubro).
· Yom
Kippur (Dia da Expiação): É o dia de jejuar e rezar. Nos tempos
bíblicos, um bode expiatório era enviado para o meio do deserto como sacrifício
(10º Tishri).
· Succoth
(Festa das Tendas): As pessoas acampam em barracas ou
tendas para lembrar a época da vida dos israelitas no deserto (15º-21º Tishri).
· Hanukkah
(Festa das Luzes): Esta celebração tem início no 25º Kislev
(dezembro) e rememora a nova consagração de Templo levada a efeito por Judas
Macabeu.
· Purim:
O Purim cai no 14º/15º Adar (fevereiro-março) e relembra quando a rainha Ester
da Pérsia salvou os judeus da morte (Ester cap. 9).
Publicada
inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta
Street, London WC2E 8PS.