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domingo, 23 de maio de 2021

Estatutos de Clubes

 

Mateus 15:8-9

“Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens”.

 

Era bastante freqüente Jesus ser confrontado pelos líderes religiosos no que dizia respeito ao Seu ensino e ao Seu comportamento e de Seus discípulos, especialmente porque o povo parava para ouvi-Lo e prestava atenção às Suas palavras.

Justamente o povo parava, povo este que – temiam os religiosos da época – poderia, pelas palavras de Jesus, não mais seguir a enormidade de regras de usos e costumes imputados pelo clero sacerdotal. Jesus nunca quis “desviar” ninguém do seguimento religioso; Ele “apenas” simplificava e validava os ensinamentos de Deus e escancarava a hipocrisia religiosa vigente.

Havia muita tradição a ser seguida, muitas coisas acrescentadas inclusive à Lei de Moisés que, por si só, já não era fácil. Para os sacerdotes de então, já não bastava seguir as Escrituras – era preciso seguir seus estatutos.

O que era comum também era a observância desses estatutos de “clube religioso” apenas na exterioridade, nas aparências, mas, em secreto, sacerdotes, levitas, mestres da Lei, fariseus e saduceus aprontavam das suas, tal qual hoje em meios eclesiásticos se passa também.

Jesus tecia críticas não aos usos e costumes em si, mas à hipocrisia. Pouco antes de falar o que fala na passagem aqui usada como mote para este texto – que é, inclusive, uma fala registrada no livro de Isaías (Isaías 29:13) –, podemos ver por que o assunto se levantou: Então alguns fariseus e mestres da lei, vindos de Jerusalém, foram a Jesus e perguntaram: “Por que os seus discípulos transgridem a tradição dos líderes religiosos? Pois não lavam as mãos antes de comer!” Respondeu Jesus: “E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês?” (Mateus 15:1-3).

Dá para ver a afirmação deles: “tradição dos líderes religiosos”? E é justamente aí que eu quero chegar. Hoje há muitas tradições – ou imposições – de “líderes religiosos”, que são seguidas pelos “fiéis” sem questionamento. A maioria delas não encontra respaldo bíblico e, quando encontra, são por isolamento de pontos fora de contexto, a fim de montar uma “doutrina” daquela “igreja” específica.

Eu, de minha parte, não tenho nada contra nem a favor de doutrinas em si, apenas chamo a atenção para que as pessoas atentem para ver se não são invencionices. Lembro sempre dos irmãos de Bereia, que checavam as coisas que ouviam: Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo (Atos 17:11). A Bíblia chama de “nobre” quem confere nas Escrituras se há base para aquilo que é pregado ou aquilo que é dado como estatuto eclesiástico.

Certo dia, Jesus conversava com uma samaritana, e esta Lhe disse: “Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar” (João 4:20). Jesus lhe deu esta resposta: “Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém. [...] No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:21-24).

O que significa isso? Significa que, depois de Jesus, não há mais lugar específico de cultuar a Deus, mas adorá-Lo e cultuá-Lo se faz em espírito e em verdade, ou seja, de coração e com autenticidade, e não por rituais ou coisas afins.

Quando nos reunimos, seja em casa, em um grupo ou mesmo num local/igreja, o fazemos para cultuar a Deus de coração, não apenas com palavras, liturgias ou ritos eclesiásticos.

Podemos nos reunir num local/igreja? Claro que sim! Podemos ter uma “ordem” nesta reunião/celebração, como uma oração inicial, leitura da Palavra, prédica, hinos? Claro, sem problema algum! O que não podemos é fazer do local, dos ritos ou tradições eclesiásticas, o fim em si mesmo, mas o fim – e o começo e o meio – deve ser sempre a centralidade de Jesus Cristo.

Jesus é o centro de tudo. O restante é adereço.

A Igreja são as pessoas (se não existirem pessoas, só existirá um prédio e uma placa).

Se Jesus não for o centro e as pessoas não forem o fator vital, então tudo não passa de um clube com seus estatutos.

 

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.

Saudações,

Kurt Hilbert

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