Mateus
15:8-9
“Este
povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me
adoram; seus ensinamentos não passam de
regras ensinadas por homens”.
Era bastante freqüente Jesus ser confrontado
pelos líderes religiosos no que dizia respeito ao Seu ensino e ao Seu
comportamento e de Seus discípulos, especialmente porque o povo parava para
ouvi-Lo e prestava atenção às Suas palavras.
Justamente o povo parava, povo este que – temiam
os religiosos da época – poderia, pelas palavras de Jesus, não mais seguir a
enormidade de regras de usos e costumes imputados pelo clero sacerdotal. Jesus
nunca quis “desviar” ninguém do seguimento religioso; Ele “apenas” simplificava
e validava os ensinamentos de Deus e escancarava a hipocrisia religiosa vigente.
Havia muita tradição a ser seguida, muitas
coisas acrescentadas inclusive à Lei de Moisés que, por si só, já não era
fácil. Para os sacerdotes de então, já não bastava seguir as Escrituras – era
preciso seguir seus estatutos.
O que era comum também era a observância desses
estatutos de “clube religioso” apenas na exterioridade, nas aparências, mas, em
secreto, sacerdotes, levitas, mestres da Lei, fariseus e saduceus aprontavam
das suas, tal qual hoje em meios eclesiásticos se passa também.
Jesus tecia críticas não aos usos e costumes em
si, mas à hipocrisia. Pouco antes de falar o que fala na passagem aqui usada
como mote para este texto – que é, inclusive, uma fala registrada no livro de
Isaías (Isaías 29:13) –, podemos ver por que o assunto se levantou: Então alguns fariseus e mestres da lei,
vindos de Jerusalém, foram a Jesus e perguntaram: “Por que os seus discípulos transgridem a tradição dos líderes
religiosos? Pois não lavam as mãos antes de comer!” Respondeu Jesus: “E por
que vocês transgridem o mandamento de
Deus por causa da tradição de vocês?” (Mateus
15:1-3).
Dá para ver a
afirmação deles: “tradição dos líderes religiosos”? E é justamente aí que eu
quero chegar. Hoje há muitas tradições – ou imposições – de “líderes
religiosos”, que são seguidas pelos “fiéis” sem questionamento. A maioria delas
não encontra respaldo bíblico e, quando encontra, são por isolamento de pontos
fora de contexto, a fim de montar uma “doutrina” daquela “igreja” específica.
Eu, de minha parte,
não tenho nada contra nem a favor de doutrinas em si, apenas chamo a atenção
para que as pessoas atentem para ver se não são invencionices. Lembro sempre
dos irmãos de Bereia, que checavam as coisas que ouviam: Os bereanos eram mais nobres
do que os tessalonicenses, pois receberam
a mensagem com grande interesse, examinando
todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo (Atos
17:11). A Bíblia chama de “nobre” quem confere nas Escrituras se há base para
aquilo que é pregado ou aquilo que é dado como estatuto eclesiástico.
Certo dia, Jesus
conversava com uma samaritana, e esta Lhe disse: “Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que
Jerusalém é o lugar onde se deve adorar” (João 4:20). Jesus lhe deu esta
resposta: “Creia em mim, mulher: está
próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em
Jerusalém. [...] No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que
os verdadeiros adoradores adorarão o Pai
em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os
seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:21-24).
O que significa isso?
Significa que, depois de Jesus, não há mais lugar específico de cultuar a Deus,
mas adorá-Lo e cultuá-Lo se faz em espírito e em verdade, ou seja, de coração e
com autenticidade, e não por rituais ou coisas afins.
Quando nos reunimos, seja em casa, em um grupo
ou mesmo num local/igreja, o fazemos para cultuar a Deus de coração, não apenas
com palavras, liturgias ou ritos eclesiásticos.
Podemos nos reunir num local/igreja? Claro que
sim! Podemos ter uma “ordem” nesta reunião/celebração, como uma oração inicial,
leitura da Palavra, prédica, hinos? Claro, sem problema algum! O que não
podemos é fazer do local, dos ritos ou tradições eclesiásticas, o fim em si
mesmo, mas o fim – e o começo e o meio – deve ser sempre a centralidade de
Jesus Cristo.
Jesus é o centro de tudo. O restante é adereço.
A Igreja são as pessoas (se não existirem
pessoas, só existirá um prédio e uma placa).
Se Jesus não for o centro e as pessoas não forem
o fator vital, então tudo não passa de um clube com seus estatutos.
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o
amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
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