Jesus escolheu doze
homens entre seus muitos seguidores para estarem intimamente juntos dele e para
divulgarem sua mensagem depois dele. São conhecidos como “apóstolos”, da
palavra grega que significa “enviados”. Após o suicídio de Judas Iscariotes,
Matias foi escolhido para substituí-lo e para manter o número original.
Supõe-se que Jesus escolheu doze homens por causa das doze tribos de Israel,
subentendendo-se que o seu ministério haveria de unir as tribos numa nova
Israel – a Igreja.
O
dom do Espírito Santo
Já não havia dúvida,
entre os doze apóstolos e os outros discípulos, de que Jesus estava vivo.
Contudo, as muitas “e infalíveis provas” (Atos 1:3) dessa ressurreição não eram
bastantes para levar os discípulos a compreenderem integralmente que o reino
que Jesus oferecia era um reino espiritual e não a restauração da nação
israelita. Precisavam do dom que Jesus prometera, o Espírito Santo, para
capacitá-los a divulgar a “boa nova” sobre Jesus ao redor do mundo e fazer
discípulos de todas as nações. Dez dias após a ascensão de seu mestre aos céus,
no dia de Pentecostes, os apóstolos receberam o dom do Espírito Santo e falaram
em muitas línguas. Ao contrário do episódio de Babel, onde o orgulho e a
arrogância levaram à dispersão do povo e à confusão de línguas, a descida do
Espírito Santo destravou línguas e promoveu compreensão e unidade. Os apóstolos
pregaram e três mil pessoas se juntaram aos discípulos naquele dia. A Igreja
tinha nascido.
Pedro,
o líder dos apóstolos
O nome de Pedro em
grego significa “pedra”. Este nome lhe fora dado por Jesus, porque ele seria a
pedra sobre a qual a Igreja se edificaria. Pedro fez parte do “círculo íntimo”
dos discípulos de Jesus e foi testemunha da maior parte dos fatos de seu
ministério. Num momento de fraqueza humana, após a prisão de Jesus, negou que
conhecesse o mestre. Ficou arrasado por sua falha. Jesus apareceu, após sua
ressurreição, especialmente para tranquilizá-lo, dizendo-lhe: “Apascenta meu
rebanho” (João 21:16), confirmando-o como o líder já escolhido. Após receber o
dom do Espírito Santo em Pentecostes, Pedro pronunciou o primeiro sermão
cristão (Atos 2:14-40).
Os
Atos
A maior parte de nosso
conhecimento sobre os fatos que se seguiram à ressurreição de Jesus provém do
livro dos Atos, escrito por Lucas, médico grego que também escreveu o terceiro
Evangelho, um relato bem documentado da vida de Jesus. Após sua conversão,
Lucas viajou com os apóstolos durante, no mínimo, três décadas, e esteve em
contato com testemunhas oculares do ministério de Jesus. Teve acesso a
documentos, entre os quais o Evangelho de Marcos.
Crença
e adoração cristãs primitivas
A teologia cristã
primitiva era fundamentalmente judaica, usando a linguagem e os conceitos do
Antigo Testamento, como o Cordeiro Pascal para simbolizar Jesus. Como todos os
primeiros convertidos eram judeus, já acreditavam em Deus. Os primeiros
cristãos usaram as Escrituras para provar que Jesus cumprira as profecias.
Formavam uma grande
comunidade em Jerusalém e partilhavam tudo. Ainda respeitavam as leis judaicas
sobre alimentação e iam ao Templo todos os dias para adorar e pregar. Os
cristãos também adoravam nas casas uns dos outros. Ainda mantinha o Sabbath,
mas os serviços eclesiásticos eram realizados aos domingos (o dia do Senhor),
comemorando a ressurreição de Jesus.
Oposição
dos líderes judeus
Os primeiros cristãos
logo encontraram oposição dos líderes religiosos judeus. Embora os crentes
continuassem participando dos sacrifícios formais no Templo, todos consideravam
a crucificação de Jesus o sacrifício definitivo. Isto era inaceitável para
muitos judeus, que começaram a perseguir os apóstolos. A maior parte da
oposição veio dos saduceus, que não acreditavam na ressurreição dos mortos.
Aceitavam somente os primeiros cinco livros da Bíblia, e o conceito de
ressurreição só aparece em livros escritos após o exílio judeu na Babilônia.
Judeus
helênicos e cristãos
Durante o século I
d.C., os judeus se dividiram em dois grandes grupos: os hebraicos (que viviam
na Judeia e formavam a população maior) e os helênicos (que se dispersaram pelo
mundo romano).
Os helênicos eram
descendentes de exilados, deportados de Israel para a Babilônia e o Egito,
durante os séculos VIII a VI a.C. Estes judeus dispersos eram unidos pela
cultura comum do helenismo e do dialeto grego da koiné, que Alexandre, o Grande, impôs às terras que conquistou.
Tinham uma identidade cultural diferente, mas suas crenças religiosas não se
alteraram. Muitos iam a Jerusalém em peregrinação e adoravam nas sinagogas
gregas.
A fé dos novos
cristãos se espalhou rapidamente pelo Império Romano através dos judeus
helênicos.
Diáconos
A comunidade de
crentes cresceu rapidamente, o que causou muitos problemas práticos. Os
helenistas, entre os primeiros cristãos, queixavam-se de que os fundos comuns
fossem distribuídos injustamente às suas expensas. Para resolver estes
problemas, foram escolhidos sete homens da comunidade helênica para se
encarregarem da administração da Igreja. Foram chamados “diáconos”, do grego
“servir”.
Símbolos
cristãos primitivos
Do ano 64 d.C. em
diante, os cristãos enfrentaram cruéis perseguições das autoridades romanas.
Isto levou à adoção de vários símbolos, como o peixe, a pomba e embarcações, que não incriminavam os
seguidores da fé cristã, mas possibilitava que eles se reconhecessem
mutuamente.
O peixe foi um dos mais antigos símbolos, evocando o tempo em que
Jesus disse aos seus discípulos que eles seriam “pescadores de homens” (Mateus
4:19). O peixe aparece, inclusive, em
túmulos dos primeiros cristãos.
A cruz só se tornou um símbolo da cristandade a partir do reinado de
Constantino, o primeiro imperador romano convertido ao cristianismo (anos
306-337 d.C.).
Publicada
inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta
Street, London WC2E 8PS.
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