Pesquisar neste blog

quarta-feira, 19 de maio de 2021

60 – O Nascimento da Igreja


 

Jesus escolheu doze homens entre seus muitos seguidores para estarem intimamente juntos dele e para divulgarem sua mensagem depois dele. São conhecidos como “apóstolos”, da palavra grega que significa “enviados”. Após o suicídio de Judas Iscariotes, Matias foi escolhido para substituí-lo e para manter o número original. Supõe-se que Jesus escolheu doze homens por causa das doze tribos de Israel, subentendendo-se que o seu ministério haveria de unir as tribos numa nova Israel – a Igreja.

 

O dom do Espírito Santo

Já não havia dúvida, entre os doze apóstolos e os outros discípulos, de que Jesus estava vivo. Contudo, as muitas “e infalíveis provas” (Atos 1:3) dessa ressurreição não eram bastantes para levar os discípulos a compreenderem integralmente que o reino que Jesus oferecia era um reino espiritual e não a restauração da nação israelita. Precisavam do dom que Jesus prometera, o Espírito Santo, para capacitá-los a divulgar a “boa nova” sobre Jesus ao redor do mundo e fazer discípulos de todas as nações. Dez dias após a ascensão de seu mestre aos céus, no dia de Pentecostes, os apóstolos receberam o dom do Espírito Santo e falaram em muitas línguas. Ao contrário do episódio de Babel, onde o orgulho e a arrogância levaram à dispersão do povo e à confusão de línguas, a descida do Espírito Santo destravou línguas e promoveu compreensão e unidade. Os apóstolos pregaram e três mil pessoas se juntaram aos discípulos naquele dia. A Igreja tinha nascido.

 

Pedro, o líder dos apóstolos

O nome de Pedro em grego significa “pedra”. Este nome lhe fora dado por Jesus, porque ele seria a pedra sobre a qual a Igreja se edificaria. Pedro fez parte do “círculo íntimo” dos discípulos de Jesus e foi testemunha da maior parte dos fatos de seu ministério. Num momento de fraqueza humana, após a prisão de Jesus, negou que conhecesse o mestre. Ficou arrasado por sua falha. Jesus apareceu, após sua ressurreição, especialmente para tranquilizá-lo, dizendo-lhe: “Apascenta meu rebanho” (João 21:16), confirmando-o como o líder já escolhido. Após receber o dom do Espírito Santo em Pentecostes, Pedro pronunciou o primeiro sermão cristão (Atos 2:14-40).

 

Os Atos

A maior parte de nosso conhecimento sobre os fatos que se seguiram à ressurreição de Jesus provém do livro dos Atos, escrito por Lucas, médico grego que também escreveu o terceiro Evangelho, um relato bem documentado da vida de Jesus. Após sua conversão, Lucas viajou com os apóstolos durante, no mínimo, três décadas, e esteve em contato com testemunhas oculares do ministério de Jesus. Teve acesso a documentos, entre os quais o Evangelho de Marcos.

 

Crença e adoração cristãs primitivas

A teologia cristã primitiva era fundamentalmente judaica, usando a linguagem e os conceitos do Antigo Testamento, como o Cordeiro Pascal para simbolizar Jesus. Como todos os primeiros convertidos eram judeus, já acreditavam em Deus. Os primeiros cristãos usaram as Escrituras para provar que Jesus cumprira as profecias.

Formavam uma grande comunidade em Jerusalém e partilhavam tudo. Ainda respeitavam as leis judaicas sobre alimentação e iam ao Templo todos os dias para adorar e pregar. Os cristãos também adoravam nas casas uns dos outros. Ainda mantinha o Sabbath, mas os serviços eclesiásticos eram realizados aos domingos (o dia do Senhor), comemorando a ressurreição de Jesus.

 

Oposição dos líderes judeus

Os primeiros cristãos logo encontraram oposição dos líderes religiosos judeus. Embora os crentes continuassem participando dos sacrifícios formais no Templo, todos consideravam a crucificação de Jesus o sacrifício definitivo. Isto era inaceitável para muitos judeus, que começaram a perseguir os apóstolos. A maior parte da oposição veio dos saduceus, que não acreditavam na ressurreição dos mortos. Aceitavam somente os primeiros cinco livros da Bíblia, e o conceito de ressurreição só aparece em livros escritos após o exílio judeu na Babilônia.

 

Judeus helênicos e cristãos

Durante o século I d.C., os judeus se dividiram em dois grandes grupos: os hebraicos (que viviam na Judeia e formavam a população maior) e os helênicos (que se dispersaram pelo mundo romano).

Os helênicos eram descendentes de exilados, deportados de Israel para a Babilônia e o Egito, durante os séculos VIII a VI a.C. Estes judeus dispersos eram unidos pela cultura comum do helenismo e do dialeto grego da koiné, que Alexandre, o Grande, impôs às terras que conquistou. Tinham uma identidade cultural diferente, mas suas crenças religiosas não se alteraram. Muitos iam a Jerusalém em peregrinação e adoravam nas sinagogas gregas.

A fé dos novos cristãos se espalhou rapidamente pelo Império Romano através dos judeus helênicos.

 

Diáconos

A comunidade de crentes cresceu rapidamente, o que causou muitos problemas práticos. Os helenistas, entre os primeiros cristãos, queixavam-se de que os fundos comuns fossem distribuídos injustamente às suas expensas. Para resolver estes problemas, foram escolhidos sete homens da comunidade helênica para se encarregarem da administração da Igreja. Foram chamados “diáconos”, do grego “servir”.

 

Símbolos cristãos primitivos

Do ano 64 d.C. em diante, os cristãos enfrentaram cruéis perseguições das autoridades romanas. Isto levou à adoção de vários símbolos, como o peixe, a pomba e embarcações, que não incriminavam os seguidores da fé cristã, mas possibilitava que eles se reconhecessem mutuamente.

O peixe foi um dos mais antigos símbolos, evocando o tempo em que Jesus disse aos seus discípulos que eles seriam “pescadores de homens” (Mateus 4:19). O peixe aparece, inclusive, em túmulos dos primeiros cristãos.

A cruz só se tornou um símbolo da cristandade a partir do reinado de Constantino, o primeiro imperador romano convertido ao cristianismo (anos 306-337 d.C.).

 

Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997 por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.

Nenhum comentário:

Postar um comentário