2º
Timóteo 2:23
Evite
as controvérsias tolas e inúteis, pois você sabe que acabam em brigas.
Havia um personagem na Escolinha do Professor Raimundo, programa televisivo estrelado pelo
saudoso Chico Anysio e mais um monte de monstros do humor, chamado Pedro
Pedreira, um advogado sisudo e marrento, que tinha um bordão: “Há
controvérsias!”
Pois bem. No meio
religioso cristão, este bordão poderia se fazer presente em cada texto de cunho
teológico escrito – e mesmo em textos das Escrituras –, pois cada ramificação
teológica e eclesiástica traz suas interpretações a respeito.
Vejo muitas vezes por
aí controvérsias serem levantadas quanto a questões doutrinárias, catecismos,
regras de usos e costumes e coisas afins. As vejo como inutilidades; é “correr
atrás do vento”, como diz o escritor de Eclesiastes. Praticamente de nada
aproveita.
A Bíblia é um livro de
revelação, não de interpretação. Antes de
mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a
profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo (2º
Pedro 1:20-21). Por ela e por meio do Espírito, o Senhor nos revela a Sua
Palavra. Por isso, deve ser lida em oração e comunhão.
Quando os homens
resolvem interpretar a Palavra ao invés de interiorizá-la como revelação
divina, surgem controvérsias. Mesmo quando o assunto era as discussões a
respeito da Lei de Moisés, o apóstolo Paulo já advertia Tito a não entrar em discussões:
Evite, porém, controvérsias tolas,
genealogias, discussões e contendas a respeito da Lei, porque essas coisas são inúteis e sem valor.
Quanto àquele que provoca divisões, advirta-o uma primeira e uma segunda vez.
Depois disso, rejeite-o. Você sabe que tal pessoa se perverteu e está em
pecado; por si mesma está condenada (Tito 3:9-11). Quando Paulo fala que
aquele que provoca divisões, depois de advertido e não se corrigindo, deve ser
rejeitado, ele não falava de rejeição da pessoa, mas das atitudes de contenda,
isto é, a pessoa seguia sendo amada como um irmão em Cristo, mas se fechavam as
portas para as discussões divisórias.
Dia desses vi uma
pesquisa que apontava que 80% dos brasileiros alfabetizados não conseguiam
interpretar um texto a contento. Imaginem isso! Então, em se tratando de textos
bíblicos, quando alguém se aventura a querer interpretá-los sem o auxílio do
Espírito Santo, imaginem a confusão que isso pode causar!
Devemos comparar
coisas espirituais com coisas espirituais, ou seja, foi o Espírito Santo do
Senhor Quem inspirou e deve ser Ele também Quem auxilia na revelação dos
significados da Palavra. Temos que buscar a “mente de Cristo” para entender
melhor o que é de Cristo: Delas também
falamos, não com palavras ensinadas pela
sabedoria humana, mas com palavras
ensinadas pelo Espírito, interpretando verdades
espirituais para os que são espirituais. Quem não tem o Espírito não aceita
as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne todas as coisas,
e ele mesmo por ninguém é discernido; pois “quem conheceu a mente do Senhor
para que possa instruí-lo?” Nós, porém, temos
a mente de Cristo (1º
Coríntios 2:13-16).
Nem mesmo os eruditos,
quando falam de teologias, se entendem a respeito. No reino das interpretações
encontra-se lugar para todos os devaneios!
De novo: a Bíblia não
é interpretação; é revelação.
Como humanos que
somos, sempre poderemos discordar sobre determinados temas, inclusive os
cristãos. Então eu trago comigo uma regrinha básica para tratar com isso: Se há dez pontos com relação às coisas da fé
cristã, vamos fatalmente concordar em seis ou sete. Trabalho em cima destes,
para fomentar a comunhão e a harmonia. Quanto aos três ou quatro pontos discordantes,
deixo que o tempo, o amor de Cristo e a Sua paz nos tragam as respostas.
Pronto.
Todos
nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto vocês pensam de modo
diferente, isso também Deus lhes
esclarecerá. Tão-somente vivamos de
acordo com o que já alcançamos (Filipenses 3:15-16).
Bem dizia Paulo,
escrevendo a seu pupilo Timóteo: Não
entre em discussão teológica; só dá briga! Fique na paz!
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o
amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert
Nenhum comentário:
Postar um comentário