Jesus cresceu na
Galileia e foi lá que ele iniciou sua vida pública e realizou muitos de seus
milagres. A Galileia era a mais setentrional das três províncias da Palestina –
Galileia, Samaria e Judeia. Pequena área de 70 km de comprimento e 40 km de
largura, a Galileia era uma região de densas florestas e terras férteis. A
leste, fazia limite com o Rio Jordão e o Mar da Galileia.
Jesus foi criado em
Nazaré, mas a maior parte dos acontecimentos descritos nos três primeiros
Evangelhos se passou perto de Cafarnaum, cidade próxima, às margens do Mar da
Galileia. Jesus visitou muitas cidades e aldeias galileias no início de sua
vida pública, todas elas próximas a Cafarnaum, que era a sua base (Mateus
4:13).
Os
galileus
A Galileia tinha uma
população mesclada de judeus e gentios. Era por vezes mencionada como “Galileia
dos gentios” (Mateus 4:15). Tratava-se de uma região bastante isolada, à parte
da Judeia e da Samaria, que era habitada sobretudo por não-judeus. Os galileus
tinham forte sotaque e por isso eram facilmente reconhecidos (Marcos 14:70). Os
da Judeia achavam que o seu sangue judaico era mais puro que o dos galileus e
desprezavam o sotaque destes. Muitos não acreditavam que o Messias pudesse vir
da Galileia (João 7:41).
O Lago da Galileia
(chamado também de Mar da Galileia, apesar de ser de água doce, alimentado
principalmente pelo Rio Jordão) era importante fonte de alimento e trabalho.
Muitos galileus eram pescadores e havia, no tempo de Jesus, nove grandes
colônias em torno do lago. As mais importantes eram Betsaida, Tiberíades e
Cafarnaum.
A
situação política
A Palestina estava
profundamente afetada pela presença romana. Pagava impostos pesados e sofria a
humilhação de um exército de ocupação. Durante a vida pública de Jesus, a
Galileia era uma província romana, mas tinha um governador palestino, Herodes
Antipas. A Judeia, porém, estava sob o governador romano Pôncio Pilatos.
A região retornara ao
controle romano em 6 d.C., quando Jesus era menino. Isso havia provocado a
revolta de um grupo nacionalista judeu – os zelotes
– que organizava atos terroristas contra a força de ocupação. O seu líder foi
Judas, o Galileu. Ele e seus seguidores se recusavam a pagar impostos ao
imperador romano e lutavam pela independência da Palestina.
A
vida pública de Jesus
Jesus pregava ao povo
judeu acerca do “Reino de Deus” e do “Reino dos Céus”. Esses termos se referem
ao Reino de Deus celestial. Jesus ensinava que, para entrar no Reino de Deus,
as pessoas precisavam passar por um renascimento espiritual (João 3:5) e se
entregar totalmente a Deus. Fazendo isso, receberiam a vida eterna.
Parábolas
e milagres
Para ilustrar um
princípio religioso ou lição moral, Jesus usava, como outros mestres do seu
tempo, histórias singelas sobre a vida diária, também chamadas parábolas. Muitas delas realçavam a
importância do amor e compaixão para com os desafortunados.
Jesus também efetuou
muitos milagres. Ele insistia em que não o fazia para a sua própria glória, mas
para demonstrar a verdade de sua mensagem. Os Evangelhos registram cerca de 35
eventos milagrosos. Os milagres traziam salvação para os rejeitados, doentes e
moribundos.
Os
doze discípulos
Entre os seus
discípulos, Jesus escolheu doze homens como mensageiros especiais. Esses doze
também eram conhecidos como “apóstolos” (Marcos 3:14). Eles eram pessoas comuns vindas dos campos da
Galileia.
Os apóstolos viajavam
com Jesus por toda parte, presenciando seus milagres e aprendendo com seus
ensinamentos. Jesus então os enviou para difundir a sua pregação, ensinando e
curando. Ele também os instruiu à parte, longe da multidão de seguidores, de
modo a prepará-los para a sua morte e ressurreição.
· Simão Pedro:
Simão Pedro, irmão do discípulo André, era pescador na Galileia. Foi um dos
primeiros a serem chamados para seguir Jesus e passou a ser reconhecido como
líder e porta-voz dos apóstolos. Jesus mudou o nome de Simão para “Pedro”.
Segundo o Evangelho de Mateus, isso ocorreu por ter Simão reconhecido Jesus
como o Messias (Mateus 16:16). Ele era o líder do círculo íntimo dos três
apóstolos – Pedro, Tiago e João – que eram particularmente próximos de Jesus.
Pedro tinha um temperamento impetuoso, mas uma fé inquebrantável em Jesus.
· Tiago: Tiago, outro
pescador, era filho de Zebedeu e irmão de João. Devido às suas naturezas
impulsivas, Jesus apelidou os dois irmãos de “Filhos do Trovão” (Marcos 3:17).
Salomé, sua mãe, também era discípula de Jesus (Mateus 27:56).
· João: João é tido
como o irmão mais novo de Tiago, pois sempre é mencionado depois deste. É
apontado como o discípulo “a quem Jesus amava” (João 13:23). Tradicionalmente
se crê que foi o autor de um Evangelho.
· Mateus: Acredita-se
que Mateus seja o mesmo “Levi” que trabalhava como coletor de impostos
(publicano) em Cafarnaum e arredores. O povo judeu desprezava os coletores, não
só por serem corruptos, mas também por arrecadarem dinheiro para os romanos.
Admite-se que também ele foi autor de um Evangelho.
· Tomé: No Evangelho
de João, Tomé era conhecido como “Dídimo”, palavra grega que significa “gêmeo”
(João 11:16).
· Bartolomeu:
O nome de Bartolomeu só aparece nas listas dos apóstolos. Supõe-se que ele seja
Natanael, mencionado no Evangelho de João (João 1:45-49).
· Filipe: Como André e
Pedro, Filipe vinha de Betsaida (João 1:44). Juntou-se a Jesus na mesma ocasião
que Natanael.
· André: André era
irmão de Pedro e pescador de Betsaida. Antes de seguir Jesus, fora discípulo de
João Batista (João 1:35-40).
· Tiago, Judas Tadeu e Simão:
O Novo Testamento lista três outros apóstolos. Eles eram Tiago, filho de
Alfeu, Judas Tadeu, filho de Tiago, e Simão, o Zelote. Este Simão possivelmente
pertencia à seita fanática dos zelotes.
· Judas Iscariotes:
Judas era o único apóstolo de fora da Galileia; sua cidade natal era Kerioth,
no sul da Judeia. Na lista dos apóstolos, ele é sempre nomeado por último e
mencionado como aquele “que o traiu” (Mateus 10:4). É provável que ele fosse um
apóstolo importante, pois era o tesoureiro do grupo.
Família
e amigos
Durante a vida pública
de Jesus, não há referências a José, mas sua mãe Maria é mencionada duas vezes
– uma em Caná, quando Jesus transformou água em vinho, e a outra quando ele
pregava a uma multidão de seguidores. Nesta ocasião, Maria quis vê-lo, mas ele disse
que sua nova família eram seus discípulos, “os que ouvem a palavra de Deus e a
seguem” (Lucas 8:19-21). Depois, Maria também é mencionada durante a
crucificação e, depois ainda, quando Jesus aparece já ressuscitado.
Segundo as Escrituras,
Jesus tinha quatro irmãos: Tiago (que depois se tornaria um dos principais
líderes da igreja em Jerusalém), José, Simão e Judas, bem como irmãs (Mateus
13:55-56).
Os amigos mais íntimos
de Jesus eram Lázaro e suas irmãs, Maria e Marta, que viviam em Betânia,
próximo de Jerusalém (João 11: 3, 5, 36). Quando foi a Jerusalém, Jesus os
visitou três vezes. O Evangelho de João registra como Jesus trouxe Lázaro de
volta à vida, quatro dias após sua morte (João cap. 11).
Publicada inicialmente na Grã-Bretanha em 1997
por Dorling Kindersley Ltd, 9 Herietta Street, London WC2E 8PS.