Atos 8:20
“Você pensa que pode
comprar o dom de Deus com dinheiro?”
A pergunta acima o apóstolo Pedro faz a Simão, um mágico que iludia o povo
da Samaria com seus truques e seus talentos impressionistas, e era tido como
alguém muito importante e influente.
Naqueles dias, Filipe andava por aquela região, pregando o Evangelho,
fazendo muitos sinais miraculosos, curando pessoas que vinham a ele para
ouvirem de Jesus. Este mágico também ouviu Filipe e se impressionou com sua
mensagem, e passou a andar com ele. Algum tempo depois, chegaram àquele lugar
os apóstolos Pedro e João. Impondo as mãos sobre aqueles que haviam crido, estes
receberam o Espírito Santo, o que mais ainda impressionou Simão. Assim, este
ofereceu aos apóstolos dinheiro, e em contrapartida estes deveriam dar a ele
também o mesmo “poder”, para que ele também pudesse impor as mãos sobre as
pessoas, doando-lhes, assim, o Espírito Santo.
Diante desta proposta monetária do mágico, Pedro deu a resposta que deu,
dizendo que o seu dinheiro perecesse com ele, pois não se poderia barganhar com
Deus pelo Seu poder e envio. Dizendo isso em palavras bem simples e diretas,
Pedro disse a ele o que diria a qualquer um nos tempos atuais: “Você pensa que pode comprar o dom de Deus com dinheiro?”
O que hoje vejo em muitas “igrejas”, especialmente aquelas televisivas, é
justamente esse tipo de barganha, pois ali as
pessoas são incentivadas a comprarem o dom de Deus com dinheiro. E quem
embolsa esse dinheiro não é Deus, mas os que se dizem Seus “representantes”,
Seus “servos”, ou, como muitos têm a face amadeirada de dizer, os “homens de
Deus”.
Sinceramente, dá vontade de dar de cinta nesses caras! Dar de cinta nos
dois tipos: nos que “vendem” e nos que “compram” também, para deixarem de ser
gananciosos e tolos!
Alguém poderia dizer que não há esta “venda dos dons de Deus” nestes
lugares. Claro que há! É um verdadeiro supermercado supostamente divinizado,
onde, em suas prateleiras, se “compram” curas, bens materiais, sucesso
financeiro e poder de influência. É isso que “vendem” e, pior, o fazem em nome
de Jesus!
Eu sei que este assunto é amargo. Tampouco gosto dele. Também me amarguro um
pouco em falar nisso.
Nas minhas passeadas televisivas, zapeando entre os canais, volta e meia
paro diante de um destes “programas evangélicos” – consigo ficar no máximo dez
minutos, depois fico enjoado. O que ouço é: “pague seu dízimo para que possa
salvar-se do devorador”; “alce ofertas, para que Deus possa te abençoar
ricamente, afinal Deus não quer que você seja pobre, mas rico, que seja cabeça
e não cauda”; “mostre a Deus a sua fé, oferecendo determinada soma de dinheiro,
para que Ele veja a sua fé, e depois
cobre d’Ele a sua bênção, pois, assim, Ele está obrigado a dar”; “participe da
fogueira santa com tantos mil em
dinheiro – tem que ser um valor alto, afinal, Deus requer altos sacrifícios! –
e depois reivindique e tome posse do seu carro importado, do seu apartamento
novo, do crescimento da sua empresa”... A lista é longa, e a criatividade bilontra
também!
Há também os badulaques que estão à venda – nunca por menos de R$ 100,00
cada um: “caneta ungida para assinar polpudos contratos”, “água do rio Jordão”,
“óleo de Israel”, “tijolinho santo”, “martelinho para quebrar os problemas”,
até uma “vassoura abençoada” vi vender dia desses...
É de rir! E de chorar também!
Lamento por aqueles ingênuos, por aqueles tolos – e por aqueles
gananciosos também, pois querem numerário fácil –, que caem nesses truques de
suposta “mágica divina”!
Me ocorreu agora: Simão, aquele mágico que fez aquela proposta financeira
a Pedro, é recruta perto dos “mágicos
de Jesus” dos dias de hoje. Simão ficaria impressionado. “Como não pensei
nisso?”, ele diria, diante da facilidade de se arrancar dinheiro de parvos. Os
“charlatões da fé” de hoje dariam aula a Simão. Eles são verdadeiros CEO do
negócio da falcatrua; têm mestrado em malandragem; são formados e pós-graduados
em gatunagem; fizeram MBA em delinquência, pois formam verdadeiras quadrilhas
organizadas disfarçadas de “igrejas”!
Desculpem esse meu rompante denunciante! Mas é que tem que ser dito de vez
em quando. Volta e meia alguém tem que falar disso, pois isso é falsa doutrina,
e contra ela nos é dado o mandado de identificá-la. É o que aprendi pela
Palavra.
Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda
com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus
Cristo e com o ensino que é segundo a piedade, é orgulhoso a nada entende (I Timóteo 6:3-4).
Os que querem ficar ricos caem
em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que
levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os
males. Algumas pessoas, por
cobiçarem o dinheiro, desviaram-se
da fé e se atormentaram com muitos
sofrimentos (I Timóteo 6:9-10).
Disse-lhes: “Está
escrito: ‘A minha casa será casa de oração’; mas vocês fizeram dela ‘um covil
de ladrões’” (Lucas 19:46).
Esse Jesus que esses falsos pregadores pregam, de Jesus mesmo só tem o
nome. Eles usam o nome de Jesus como uma grife ou uma bandeira para tentarem
legitimar suas extorsões! O Cristo que eles anunciam é falso! Eles são falsos e
falsificadores da Palavra! E o Verdadeiro já nos alertou a respeito:
“Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão
grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar até os eleitos.
Vejam que eu os avisei antecipadamente” (Mateus 24:24-25).
Dia desses, conversando com um amigo sobre esses temas, ele me perguntou:
“Por que Deus não dá um jeito nesses caras?” Minha resposta foi: “Ele já deu a
sentença”. E citei as Palavras do próprio Mestre a respeito:
“Muitos me dirão naquele
dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos
em teu nome? Em teu nome não
expulsamos demônios e não realizamos
muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!” (Mateus 7:22-23).
E com aqueles que – por ingenuidade ou por ganância – se deixam enganar, o
que acontecerá com eles? Bem, não sou acusador, nem promotor de justiça, muito
menos “juiz de Deus”. Isto é assunto para Deus e Sua misericórdia para com cada um. Não dou
idéias para Deus. Apenas oro por ambos, enganadores e enganados...
Cuido de mim para não cair nessas arapucas.
Cuide de você para não cair também.
Com Deus não se barganha!
Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos
acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert