A chave deste livro é a redenção.
O livro de Rute descreve a direção providencial de
Deus na vida de uma família israelita. Devido à morte do genitor e de seus dois
filhos em terra estrangeira, correm perigo o nome e a herança desta família.
Contudo, a situação extrema do homem é a oportunidade de Deus. Por força da
conduta de um parente que, inspirado por nobres ideais, cumpre suas obrigações,
a linha hereditária permanece inalterada. A união de Boaz, o hebreu, e Rute, a
moabita, converte-se no meio pelo qual Deus cumpre seu misericordioso
propósito. Com relação à mensagem toda das Escrituras Sagradas, o livro nos proporciona
uma perspectiva da história do Natal e dos acontecimentos do Pentecostes. A
genealogia culmina no rei teocrático Davi, a cuja linha genealógica é prometida
o advento do Messias. Isto ocorre com a inclusão de uma mulher de descendência
moabita, mediante a qual se abre diante de nossos olhos a perspectiva
pentecostal do significado universal do Messias: não é somente o Salvador de
Israel, mas da raça humana.
No grego, e em traduções posteriores, o livro de
Rute vem em seguida ao de Juízes, visto que foi em seu tempo que ocorreu a
história narrada neste livro. Na Bíblia hebraica, faz parte dos chamados Escritos
Sagrados, uma subdivisão dos cinco pergaminhos que se liam em público nos dias
de festa de Israel. A história de Rute culmina na época da colheita. Este
relato era lido, em geral, durante a semana, ou festa da colheita do trigo, que
se denominou mais tarde festa de Pentecostes. Não se conhece seu autor. O
anúncio do capítulo 1:1, no sentido de que a história aconteceu “nos dias em
que julgavam os juízes”, indica que, no momento em que era escrito, a época dos
juízes pertencia ao passado. Pela forma como o autor escreve acerca de Davi em
4:17 e da genealogia em 4:18-22, fica demonstrado que conhecia o esplendor do
reino de Davi. Esta consideração indicaria que o livro foi escrito antes que o
reinado perdesse sua glória, possivelmente na última parte do reinado de Davi
ou imediatamente depois.
P. A. Verhoef
Nenhum comentário:
Postar um comentário