Redenção é a chave deste livro. Êxodo significa saída.
Assim como Gênesis é o livro dos começos, Êxodo é o livro da redenção. O
livramento dos israelitas oprimidos do Egito é a típica redenção. A severidade
da escravidão no Egito (um arquétipo do mundo) e Faraó (um arquétipo de Satanás), exigiam,
por assim dizer, a preparação do libertador Moisés (2:1-4:31), um arquétipo de
Cristo. A luta com o opressor (5:1-11:10) culmina com a partida (grego, êxodo
ou saída) dos hebreus do Egito. São remidos pelo sangue do cordeiro pascoal
(12:1-28) e pelo poder de Deus manifestado na travessia do mar Vermelho
(13:1-14:31). A experiência da redenção, festejada mediante o cântico triunfal
dos redimidos (15:1-21), é seguida pela prova que têm de enfrentar no deserto
(15:22-18:27). No monte Sinai a nação redimida aceita a Lei (19:1-31:18). O não
depender da graça conduz à infração e à condenação (32:1-34:35). Contudo,
triunfa a graça de Deus ao ser dado ao povo o tabernáculo, o sacerdócio e os
sacrifícios, mediante os quais o povo redimido podia adorar o Redentor e ter
comunhão com ele (36:1-40:38).
Embora o livro de Êxodo não declare em nenhum lugar que Moisés fosse seu
autor, toda a Lei abrangida pelo Pentateuco, que compreende principalmente a
parte que se estende desde Êxodo 20 e atravessa o livro de Deuteronômio,
declara mediante termos positivos e explícitos seu caráter mosaico. Afirma-se
que Moisés é o escritor do livro do pacto (capítulos 20 a 23) que abrange os
dez mandamentos, bem como os juízos e as ordenanças que os acompanham (24:4, 7).
Afirma-se que o assim chamado código sacerdotal, que se ocupa do ritual do
tabernáculo e do sacerdócio que figura no restante do livro do Êxodo (exceto os
capítulos 32 a 34), foram dados diretamente por Deus a Moisés (25:1, 23, 31;
26:1, e assim por diante). O levantamento do tabernáculo apresenta-se como um
trabalho “segundo o Senhor havia ordenado...”. Tanto esta terminologia como
outras semelhantes aparecem muitas vezes nos capítulos 39 e 40. A paternidade
literária mosaica é igualmente ressaltada numa destacada seção narrativa: a
vitória de Israel sobre Amaleque (17:4). Em uma referência tomada do capítulo 3
do Êxodo, o Jesus denomina o Pentateuco em geral e o Êxodo em
particular, “o livro de Moisés” (Marcos 12:26). A atual exegese conservadora,
bem como a tradição, sempre afirmaram que Moisés é o autor. As teorias de
alguns críticos não nos oferecem substitutivo adequado para a autenticidade mosaica.
Merrill
F. Unger
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