A epístola de Judas foi escrita como advertência
contra certos cristãos nominais que ameaçavam solapar e destruir a comunhão dos
crentes, mediante seu caráter e conduta imorais. Os que seguiam seus passos
receberiam o justo castigo de Deus. Em realidade, o Antigo Testamento dá
testemunho de cinco juízos de Deus contra tais pecados praticados por estas
pessoas (vers. 5-11). Como se quisesse acentuar o fato de que tais pessoas
estavam prestes a sofrer a ira de Deus, Judas acrescenta uma descrição de doze
pontos acerca de sua culpa (vers. 12-16).
Em contraste com a atitude mundana e destruidora
dos falsos mestres, o crente deve demonstrar amor espiritual e construtivo.
Lembrando a misericórdia de Cristo para com eles, devem também demonstrar
misericórdia para com os que estão afundados nestes males. Talvez sejam, desse
modo, salvos (vers. 12-23).
A formosa louvação (vers. 24-25) é especialmente
apropriada para os que estão passando por grandes tentações.
Além do uso que faz do Antigo Testamento, Judas
demonstra conhecer a atual tradição judaica (referências em 9 e 14, embora não
se encontrem no Antigo Testamento, acham-se em outros escritos judeus da
época). A epístola guarda relação particularmente íntima com a segunda epístola
de Pedro, e é provável que ambas as cartas fossem dirigidas ao mesmo grupo de
crentes. Muito embora alguns exegetas creiam que a segunda epístola de Pedro
tenha empregado material de Judas, é mais provável que a segunda epístola de
Pedro fosse a mais antiga das duas. Os males que II Pedro (2:1; 3:3) prediz são
descritos em Judas (vers. 4, 8, 19) como se houvessem ocorrido de acordo com a
profecia apostólica a esse respeito.
Segunda a tradição, Judas é o irmão de Jesus
(Mateus 13:55) que se tornou crente só depois da ressurreição (João 7:5; Atos
1:14), e cujo irmão, Tiago, foi o primeiro personagem dirigente da igreja
primitiva (Atos 15:13; Gálatas 1:19). Isto concorda com a referência que Judas
faz de Tiago (vers. 1), como se este fosse amplamente conhecido. Em face de
tudo isto, poder-se-ia sugerir uma data que oscilaria entre os anos 70 e 80
d.C. para a escritura desta carta.
E. Earle Ellis
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