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domingo, 26 de janeiro de 2020

Ensinamentos nas Palavras da Palavra


Deuteronômio 11:18-20
“Gravem estas minhas palavras no coração e na mente; amarrem-nas como sinal nas mãos e prendam-nas na testa. Ensinem-nas a seus filhos, conversando a respeito delas quando estiverem sentados em casa e quando estiverem andando pelo caminho, quando se deitarem e quando se levantarem. Escrevam-nas nos batentes das portas de suas casas, e nos seus portões”.

Quero, de início, re-destacar as palavras do título deste texto, assim: ensinamentos nas palavras da Palavra.
Por que isso? Porque, nas entrelinhas e nas entre-palavras da Palavra, há muitos ensinamentos.
Nesta em especial, que uso aqui como mote para este texto, encontramos muitas orientações que apontam para nosso cotidiano e para a nossa vida como um todo.
Quero lembrar sempre que procuro ler a Bíblia toda tendo Jesus como chave hermenêutica, ou seja, interpretando tudo o que leio à luz das palavras e atos de Jesus. Tudo aquilo que, nas Escrituras, se coaduna com o modo de ser de Jesus, tem plena e eterna validade; aquilo que destoa ou não se coaduna, serve como informação de contexto, de geografia, de usos e costumes de época. Por exemplo, se o Antigo Testamento declara algo que Jesus não declararia – lendo os Evangelhos sabemos o que Jesus falou e o que calou – o tomo apenas como informação.
Mas voltemos ao texto de Deuteronômio acima:
Gravem estas minhas palavras, inicia. Gravar é um ato de fixar de modo que deixe marcas. Uma tinta, por exemplo, pode ser apagada, mas algo gravado – em baixo ou alto-relevo – deixa marcas táteis e visíveis. Algo marcado pode ser visto com os olhos e sentido com o tato. Usando alto e baixo-relevo como metáforas, poder-se-ia dizer que aquilo que em nós está gravado em baixo-relevo, está gravado para dentro, na profundidade da nossa alma, em nós e para nós, e que só nós percebemos. Aquilo que está gravado em alto-relevo, está gravado para fora, ou seja, é visível do nosso lado de fora por nossas atitudes.
As impressões que as Palavras do Senhor causam em nós devem ser visíveis e táteis. Devemos ser, segundo o apóstolo Paulo, “cartas vivas” de Cristo: Vocês mesmos são a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos. Vocês demonstram que são uma carta de Cristo, resultado do nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de corações humanos (II Coríntios 3:2-3). A antiga Lei foi escrita em pedras; a graça de Deus pelo Evangelho é escrita em corações.
Assim, a Palavra fala para gravarmos estas Suas palavras no coração e na mente, significando dizer que a Palavra do Senhor deve “falar” aos nossos sentimentos, às nossas emoções e sensações psicológica/espirituais, e também deve “falar” à nossa mente, ao nosso raciocínio, pois fé é, antes de tudo, uma decisão de uma mente impregnada do significado do Evangelho: a fé não é em si um “sentir”, mas um “decidir”. Posso, num primeiro momento, não sentir a fé; mas posso – e devo – num primeiro e num segundo e num terceiro momentos, decidir-me a ter fé. E a fé, como sabemos, vem por ouvir – e darmos ouvidos – à Palavra, fechando-se o circuito: Consequentemente, a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo (Romanos 10:17).
Amarrem-nas como sinal nas mãos e prendam-nas na testa, segue falando em Deuteronômio. Trasladando este costume judeu de “amarras e filactérios” para nós hoje, no século XXI, significa dizer que as Palavras do Senhor devem impactar em nossas mãos – naquilo que fazemos, nas nossas obras – e na nossa testa – naquilo que pensamos e nas decisões que tomamos. A Palavra do Evangelho deve ser um sinal claro dos nossos pensamentos, das nossas palavras e das nossas ações. E isso não é pouco!
Ensinem-nas a seus filhos, segue. Bem, isso é simples e direto. Fico me perguntando: hoje em dia, em quantos lares a Palavra é ensinada aos filhos e aos demais membros da família? Cada um responda segundo o costume que tem na sua casa. Mas a instrução é, de novo, clara!
Segue dizendo que Suas Palavras devem ser nosso assunto, conversando a respeito delas quando estiverem sentados em casa e quando estiverem andando pelo caminho, quando se deitarem e quando se levantarem. Em casa, na família. Andando no caminho, significando dizer que sobre a Palavra falemos andando nos nossos lugares e afazeres, como a escola, o trabalho, a sociedade, enfim, você entendeu. Que a Palavra do Senhor possa ser o assunto primevo e principal. Eu sei, não é fácil. Mas possível é.
Escrevam-nas nos batentes das portas de suas casas, e nos seus portões, conclui-se. A batente da porta foi onde os israelitas marcaram com o sangue do cordeiro, pouco antes da fuga do Egito, evitando, assim, que seus primogênitos morressem. Portanto, o batente da porta tem um significado importante na interpretação bíblica, pois aponta, desde aqueles remotos tempos, para o sacrifício de Jesus centenas de anos depois, sacrifício este que nos deu a possibilidade de salvação de toda a “casa” do nosso ser. Portanto, que a Palavra do Senhor seja um marco visível na nossa casa/coração/alma/ser, e também em nossa casa/empreendimentos, naquilo que chamamos de “nosso”. Que a Palavra nos oriente naquilo que temos como abrigo e refúgio – simbolizado pelas casas – e também nos nossos limites de atuação, naquilo que fazemos ou deixamos de fazer, naquilo para “onde” vamos em nossa vida, por onde saímos e entramos – simbolizado pelos portões. Tudo aquilo que fazemos em nossa vida deve estar respaldado pela Palavra, por aquilo que é vida segundo Jesus.
Dito isso que eu disse acima, penso que ficou claro o significado amplo dessa pequena passagem de Deuteronômio, e o quanto pode impactar na nossa existência. Vamos ler de novo, com os grifos de destaque?
Gravem estas minhas palavras no coração e na mente; amarrem-nas como sinal nas mãos e prendam-nas na testa. Ensinem-nas a seus filhos, conversando a respeito delas quando estiverem sentados em casa e quando estiverem andando pelo caminho, quando se deitarem e quando se levantarem. Escrevam-nas nos batentes das portas de suas casas, e nos seus portões”.

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert

Um comentário:

  1. Olá, irmão! Ótimo texto! Em Êxodo 21, dos versículos 1 ao 6, há um outro belo exemplo deixado pelo Senhor a nós, os que haveríamos de crer. Um grande abraço!

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