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domingo, 12 de janeiro de 2020

Devemos Adestrar Nossos Filhos?


Existe hoje uma dificuldade enorme da parte de pais jovens em saber como educar seus filhos para poder levá-los a qualquer lugar sem que o mundo venha abaixo. Todos nós já presenciamos espetáculos dados por crianças que mais pareciam feras selvagens envergonhando os pais em lugares públicos. Muito disso tem a ver com a moderna psicologia de educação das crianças numa sociedade humanista que se acha mais sábia que Deus.
Muitos pais cristãos ainda não entenderam que crianças devem ser educadas para poderem ser levadas a qualquer lugar sem dispararem alarmes e causarem abalos sísmicos. Isto significa que devem ser treinadas, amansadas, adestradas, desde a mais tenra idade da maneira como devem se comportar nas reuniões da igreja.
Alguém menos versado na língua portuguesa poderá achar uma afronta dizer que crianças precisas de adestramento, mas isso é por não conhecer que o termo significa treinar alguém para algo útil. O dicionário ensina que o verbo adestrar é sinônimo de explicar, lecionar, amestrar, doutrinar, educar, ensinar, formar, instruir. O termo adestramento ficou mais popular por ser usado para cães, mas por que não para humanos? Ou você queria ir a um restaurante e ser atendido por um garçom que não recebeu adestramento em servir? Ou a um espetáculo em que o músico não foi adestrado para tocar seu instrumento com perfeição?
Ora, se adestramos cães e cavalos para nos serem úteis, por que achar que filhos já venham de fábrica amansados? Não vêm. O ser humano no seu estado natural é selvagem, rebelde e voluntarioso. A história de Mogli, o menino lobo, pode ser muito bonita e romântica, mas você não iria querer que seu filho se comportasse como um antes de ter sido adestrado por animais selvagens. Infelizmente hoje vemos crianças que fariam Mogli parecer o educado Alfred, o mordomo de Bruce Wayne, identidade secreta do Batman.
A tarefa de educar a criança que nasce ainda na condição de um Mogli que não foi adotado por lobos cabe aos seus domadores, os pais. Sim, eu falei domadores para dar a você a dimensão exata da imagem que um filho deve ter de seus pais desde pequeno: aqueles que têm autoridade, domínio e poder sobre eles. São as crianças que devem se sujeitar aos pais, não pais aos caprichos pueris de quem veio ao mundo na condição de um pecador rebelde e inimigo de Deus. Ou será que você obedeceria seu filho de dois anos se ele quisesse atravessar sozinho uma avenida movimentada sem segurar em sua mão?
Desde cedo as crianças devem aprender que, quando estão em lugar público, como a escola, um shopping ou numa praça, estão ali sob o comando de seus pais. A coisa fica ainda mais solene quando estão na presença do Senhor nas reuniões da igreja, onde além e acima da autoridade paterna e materna existe a autoridade do Senhor e o temor que se deve ao seu Nome e presença.
É como quando entramos no fórum para falar com o juiz. Não podemos entrar de qualquer jeito, não podemos tomar a palavra como quisermos, até o cruzar das pernas pode ser interpretado pelo juiz como desrespeito. Você conseguiria imaginar uma cena em um tribunal com crianças descontroladas, correndo, gritando e atirando brinquedos umas nas outras? O juiz imediatamente interromperia a reunião e ordenaria que os pais fossem retirados dali com seus pequenos e lendários Goblins desordeiros, mais conhecidos como os Gremlins do filme de Steven Spielberg.
Uma pesquisa apontava que uma fatia considerável da audiência desses programas de adestramento de cães seria formada por pais e mães em busca de dicas para o adestramento de filhos que se comportam como cães selvagens. Esta pode ser a razão de um canal de TV britânico ter lançado o programa “Train your baby like a dog” (“Treine seu bebê como um cão”), estrelado por uma treinadora de cães e seu filhinho. Milhares de pessoas protestaram pedindo que o programa fosse cancelado.
Não sei quais os métodos que a mulher utiliza, mas o fato de existir tal coisa é consequência de os modernos métodos de “adestramento” infantil não estarem funcionando num Ocidente em que uma mãe pode ser presa se der uma chinelada em um filho que se comporta como uma fera selvagem. Mas se a mãe apanhar do filho menor, como também é o caso de muitos professores e professoras, isso já é considerado normal. Outro dia no aeroporto vi um filho dar um tapa no rosto da mãe e ficar por isso mesmo. Minha mãe jamais permitiria uma coisa assim, e muito menos em lugar público. Comentando a “Lei da Palmada” uma mãe cristã disse: “Prefiro eu ir para a cadeia do que deixar que meu filho vá quando for grande”.
Voltando ao ponto das reuniões cristãs, em muitas religiões as crianças são tiradas das reuniões e levadas para um lugar à parte para praticarem atividades lúdicas sob os olhares de corajosas monitoras. A desculpa é que as crianças devem ser mantidas separadas dos pais durante as reuniões por fazerem barulho e não se comportarem. Mas isso só expõe a falta de disciplina em casa, pois se os pais as disciplinassem corretamente em casa elas saberiam como se comportar nas reuniões, na escola, nas praças ou em qualquer lugar.
A ordem da autoridade é invertida quando os pais ficam à mercê dos filhos pequenos e não conseguem controlá-los em um ambiente público. Quando eu era pequeno e íamos a algum lugar público, meus pais não precisavam nem dizer ou fazer algo, bastava um olhar, como Deus faz com seus filhos obedientes, deixando claro que animais são os que não foram devidamente adestrados com restrições morais e precisam de restrições físicas.
“Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti.” (Salmo 32:8-9).
Quando nossos filhos eram pequenos nós os disciplinávamos à maneira bíblica, com amor e um instrumento punitivo. Não era uma vara, mas apenas uma reguinha flexível que devidamente aplicada ao glúteo não causava qualquer dano. Lembro-me de ter aprendido com um irmão ancião que a nádega da criança é o caminho mais curto para o cérebro. Não usávamos as mãos, pois as mãos são feitas para acariciar, não para espancar. Hoje posso dar graças a Deus pelo resultado daquela criação que os lacradores de plantão considerariam inumana.
A criança precisa de limites cedo porque ela irá encontrar esses limites quando sair de casa, e se não tiver sido devidamente treinada será limitada pelas barras de alguma cela ou pela sala acolchoada de alguma clínica. Nunca castigávamos nossos filhos por infantilidades ou acidentes, como quebrar algo sem querer. Crianças não podem deixar de ser crianças e fazerem criancices. Eram disciplinadas quando desafiavam a autoridade, ao serem avisadas de algo que não deviam fazer e faziam do mesmo jeito. Então a régua entrava em cena.
Obediência a uma autoridade superior é um ingrediente que faz parte da vida de um cristão. Ora, se o próprio Filho de Deus, sendo Deus e Homem, precisou aprender a obedecer quando se fez carne e veio a mundo, quanto mais nossos filhos precisam também aprender obediência e submissão. E olhe que a vontade do Senhor Jesus era perfeita, e mesmo assim ele não fazia sua própria vontade, mas a do Pai.
“Ainda que era Filho, aprendeu a obediência.” (Hebreus 5:8).
“Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou... Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou... Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.” (João 5:30; João 6:38; Lucas 22:42).
Falando de um modo geral e cultural, a minha geração deve ter sido a última de filhos que eram devidamente treinados de como se comportar em lugares onde se exige silêncio e comedimento, como edifícios públicos, lojas, salas de aula, igrejas, visitas a amigos, etc. Quando vejo em aeroportos e outros lugares crianças gritando, se debatendo no chão ou dando pontapés na canela da mãe minha vontade é de ir lá, mas é claro que não vou. Não, eu não seria enquadrado na “Lei da Palmada”, mas na lei “Maria da Penha”, pois quem precisa de umas boas palmadas é a mãe.
Meus pais, embora treinados e treinados à moda antiga, também nunca fariam tal coisa, mas bem que vontade tinham. Ainda lembro do que meu pai dizia quando recebíamos visitas à nossa casa acompanhadas de filhos bárbaros. Chamando-me à parte, ele dizia: “Marinho, vá lá no quintal e convide esse garoto para brincar de faroeste. Diga que você é o índio, amarre o pestinha numa árvore e fique dançando em volta cantando U-u-u-u...”. Nunca tentei fazer isso, então não sei se funcionaria.
Infelizmente a disciplina amorosa, saudável e bíblica dos filhos, que às vezes deve ser firme e severa, é hoje vista como bullying ou violência verbal, psicológica e física que irá tolher a liberdade da criança e causar problemas psicológicos quando for adulta. Sei. Hoje pais cristãos são vistos como criminosos quando precisam aplicar a disciplina que Deus ensinou em sua Palavra. Ao agirem assim os homens se consideram mais sábios que Deus e não é preciso muito para ver o resultado disso nos lares, escolas, clínicas de reabilitação e prisões.
“Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno... A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mãe.” (Provérbios 23:13-14; 29:15).


Um texto de Mario Persona

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