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domingo, 30 de junho de 2019

Levantar, Deixar e Seguir



Lucas 5:27-28
Depois disso, Jesus saiu e viu um publicano chamado Levi, sentado na coletoria, e disse-lhe: “Siga-me”. Levi levantou-se, deixou tudo e o seguiu.

Imediatamente antes desta passagem, Jesus havia curado um paralítico, que havia sido descido em uma maca por seus – do paralítico – amigos, por uma abertura do telhado na casa onde Jesus ensinava. Jesus perdoou-lhe os pecados e o curou. Isso causou um desconforto aos “religiosos” presentes. A passagem é esta em Lucas 5:17-26:
Certo dia, quando ele ensinava, estavam sentados ali fariseus e mestres da lei, procedentes de todos os povoados da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele para curar os doentes. Vieram alguns homens trazendo um paralítico numa maca e tentaram fazê-lo entrar na casa, para colocá-lo diante de Jesus. Não conseguindo fazer isso, por causa da multidão, subiram ao terraço e o baixaram em sua maca, através de uma abertura, até o meio da multidão, bem em frente de Jesus.
Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse: “Homem, os seus pecados estão perdoados”.
Os fariseus e os mestres da lei começaram a pensar: “Quem é esse que blasfema? Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus?”
Jesus, sabendo o que eles estavam pensando, perguntou: “Por que vocês estão pensando assim? Que é mais fácil dizer: ‘Os seus pecados estão perdoados’, ou: ‘Levante-se e ande’? Mas, para que vocês saibam que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” — disse ao paralítico — “eu lhe digo: Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa”. Imediatamente ele se levantou na frente deles, pegou a maca em que estivera deitado e foi para casa louvando a Deus. Todos ficaram atônitos e glorificavam a Deus, e, cheios de temor, diziam: “Hoje vimos coisas extraordinárias!”
  Podemos ver, nesta passagem, a fé não do paralítico, mas a dos seus amigos, fé esta que foi percebida por Jesus. Podemos ver também como Jesus conhecia os pensamentos dos circundantes. E também podemos ver a incredulidade e a inveja dos fariseus e mestres da lei, pois não podiam aceitar que havia Alguém – além deles – que ensinava acerca de Deus e – ainda – perdoava pecados e curava – o que eles não podiam fazer.
Voltando ao início, foi depois deste contexto, depois de Jesus deixar este local, que ele encontrou Levi – que também é conhecido como Mateus e escreveu o Evangelho que leva seu nome – sentado na coletoria, pois ele era publicano – cobrador de impostos para os romanos –, e os publicanos eram mal-vistos pelo povo, comparados a abjetos “pecadores”.
Jesus não fez caso da profissão de Levi/Mateus, nem se ele tinha boa ou má fama diante dos outros, nem levou em consideração seu passado – apenas o chamou. Nem se relata aí se Ele bateu um papinho inquiridor com Levi/Mateus antes. O que a Escritura diz é que Ele passou e apenas o chamou. Não leu ficha corrida, nem fez retrospectivas, nada – o chamou. É bom lembrarmo-nos, ainda, que, no contexto antecedente, Jesus havia demonstrado aos líderes religiosos que Ele tinha autoridade para perdoar pecados. Assim, depois disso, nada importava sobre a condição precedente de Levi/Mateus. Era soberania de escolha de Jesus chamar quem Ele queria.
Impressiona o fato de que, depois do siga-me, Levi/Mateus levantou-se, deixou tudo e o seguiu. E este é o mote do que quero transmitir neste texto.
Primeiro, levantou-se. Ora, como publicano mal-visto aos olhos do povo, talvez constrangido por ser visto como um “pecador”, psicológica e espiritualmente Levi/Mateus “estava no chão”, caído em espírito, prostrado diante do que se poderia considerar uma “má conduta” aos olhos dos “religiosos”. Poderíamos dizer que, espiritualmente, ele estava paralisado, como aquele que havia sido baixado numa maca até onde Jesus estava. Mas ele não “ficou no chão”, nem “sentado” em cima do seu desânimo e da sua condição, nem paralisado diante do “chamado” de Jesus. Ele levantou-se.
Depois, deixou tudo. Em se querendo dizer que ele deixou a coletoria e seu trabalho como publicano, podemos ampliar o conceito também ao campo psicológico e espiritual: ele deixou para trás seu estado anímico deprimente diante do “chamado” de Jesus. Não deixou algumas coisas, uma parte, mas deixou tudo. Muitas vezes é necessário a nós também um desprendimento e um desapego daquilo que nos retém no caminho da vida; deixar tudo, por assim dizer. Prestar atenção ao que Levi/Mateus fez. Ele deixou tudo.
Por fim, seguiu a Jesus. E seguir a Jesus quer dizer seguir a Jesus. Pedro, uma vez diante da pergunta de Jesus se eles – os Seus discípulos – também queriam deixá-Lo e irem embora, saiu-se com esta: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna” (João 6:68). Noutra vez, Pedro dissera: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16). Depois deste “Tu”, não pode haver “também Tu”, ou “Tu maior que outros”, ou “Tu és também, assim como há outros”. Não. Depois de dizermos “Tu és o Cristo”, deve haver somente Ele; somente Jesus! Em assim reconhecendo, podemos também fazer como fez Levi/Mateus. Ele seguiu a Jesus.
Assim como passei, em parágrafos acima, o contexto do que acontecera imediatamente antes desta passagem onde Jesus convida Levi/Mateus a segui-Lo, quero agora apresentar o contexto imediatamente após, que está em Lucas 5:29-32:
Então Levi ofereceu um grande banquete a Jesus em sua casa. Havia muita gente comendo com eles: publicanos e outras pessoas. Mas os fariseus e aqueles mestres da lei que eram da mesma facção queixaram-se aos discípulos de Jesus: “Por que vocês comem e bebem com publicanos e ‘pecadores’?”
Jesus lhes respondeu: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento”.
 Novamente os “religiosos” – que arrogavam a si o monopólio da espiritualidade, do ensino e do “caminho” para Deus – não apenas se manifestaram, mas se manifestaram de forma queixosa, não a Jesus, mas a Seus discípulos, questionando o por que eles se misturavam e confraternizavam com aqueles que eram tidos como “pecadores”. Interessante é vermos que não foram os discípulos que responderam a eles, mas o próprio Jesus.
E é Jesus que disse o que disse: Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento. Até porque, como ensinam as Escrituras, dentro do contexto humano, não existe ninguém que seja justo: Não há nenhum justo, nem um sequer (Romanos 3:10). Além disso, assim como Ele demonstrara que tinha – e segue tendo – autoridade para perdoar pecados, justificando, assim, ao pecador diante de Deus, assim também a Palavra nos ensina Quem justifica o justo – Quem torna o justo em justo: E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou (Romanos 8:30).
Assim, em estando nós doentes espiritualmente, Ele Se apresenta como o Médico da nossa alma. Mesmo estando injustificados e injustificáveis diante d’Ele e da vida, Ele mesmo nos justifica, ao nos chamar. Contudo, essa cura espiritual e esta justificação se dão mediante o nosso aceitar o Seu convite a segui-Lo.
E Ele nos chama todos os dias, a cada amanhecer, a cada “hoje”, como ensina o escritor aos Hebreus: Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo. Ao contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama “hoje”, de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado, pois passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio. Por isso é que se diz: “Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração, como na rebelião” (Hebreus 3:12-15).
Então, assim como se diz de Levi/Mateus, que de cada um de nós, a cada dia, possa também se dizer: levantou-se, deixou tudo e o seguiu.

Por hora é isso, pessoal. Que a liberdade e o amor de Cristo nos acompanhem.
Saudações,
Kurt Hilbert

2 comentários:

  1. Extraordinários ensinamentos de Jesus incrivelmente são também para os dias de hoje!

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  2. Também complementando que em Hebreus temos um versículo importante- que cabe a cada um "autoanalisar-se"- e ver esta importante lição "nenhum de vocês tenham o coração perverso e incrédulo"/"encorajem-se uns aos outros durante o tempo que se chama hoje"...eu interpretaria com um exemplo de uma criança que vê um animalzinho "abandonado" e o leva para casa para ajuda-lo ou alimentá-lo...quiçá nós seres humanos tivéssemos uns com os outros a pureza da criança, para 'recolher' mendigos e lhes darem um "abrigo permanente", alimentação, abrigo e roupa quente e assim então "cumpríssemos" a Cristandade com o nosso nome "cristão"- Cristo no 'aumentativo"...esta é a minha interpretação: de não sermos "endurecidos" com o pecado e desta maneira sempre "solidários" uns com os outros na medida do possível nesta nossa chamada "sociedade civilizada"...

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