Jesus disse em João 7:17 que
todo e qualquer ser humano só pode saber se o Seu ensino é Verdade ou não, se o
praticar em fé. E assim dizendo Ele encerrou todos os debates infrutíferos
acerca da “verdade”, pois disse que a Verdade só pode ser “experimentada”, e só
então se fará atestar como tal. Portanto, sem a experiência da Verdade na vida,
nenhuma Verdade de Deus é Verdade para mim, e não se manifestará como fruto de
libertação e liberdade, e conforme o reino de Deus, que é justiça, paz e
alegria no Espírito Santo.
Sim, eu serei cristão, mas
não saberei o que é ser discípulo de Jesus!
A questão é que neste ponto
somos colocados diante de uma escolha, ainda que com muitas caras, e que é a
seguinte: Tenho eu coragem de reduzir minha existência a uma só coisa, a uma
única certeza?
Ora, nossa natureza adoecida
pela insegurança que a experiência da Queda nos causou, é incapaz de tal
simplificação, pois nos parece loucura, e suicídio existencial.
Só um louco a praticaria,
mesmo que fosse pela fé.
Todavia, Jesus disse que essa
é a boa parte que de ninguém é tirada. Jesus também disse que isto só
aconteceria se o ser fizesse sua síntese em Deus, ao invés de ficar servindo a
dois senhores, ou, às vezes, a muitos senhores.
Assim aprendemos que é essa
tentativa de bigamia da alma, ora amando a um e aborrecendo ao(s) outro(s) (e
outras vezes invertendo o processo), de fato, o centro da angústia do ser.
É como a alma que tenta ter
dois amores e que se devota a um na mesma medida em que despreza o outro. E
assim vai, sempre existindo na alternância deste mesmo processo, e sempre sem
paz. Ora, ela só terá paz em Deus, pois, se escolher qualquer outro amor, lhe
será angústia, posto que, por mais que me devote a ele, mesmo assim clama em
mim o lugar essencial do único amor, do amor do Autor da Vida.
No mundo visível o Dinheiro
expressa bem essa paixão e essa devoção. É o culto ao imediato e ao Poder nas
mãos. É o altar do sucesso recebendo o holocausto da ambição que foi gerada
pela insegurança de quem não consegue confiar. O Dinheiro é confiança na
própria mão. Por isto ele se expressa um terrível senhor. Pois quem pensa que o
tem nas mãos, já há muito está nas mãos dele.
Enfim, Jesus disse que tenho
que reduzir minha existência a uma só coisa, a fim de que a boa parte não me
seja tirada. E disse que somente a entrega à vontade do Pai é que poderia
pacificar a alma e dar a ela sentido de significação eterna. No entanto, Ele
também disse que, a fim de poder saber se Ele é a Verdade ou não, a pessoa tem
que decidir antes, e pular de cabeça. Tem que escolher, e mergulhar sem medo.
Pois, assim que o fizer, experimentará a graça do contentamento e da paz. O ser
terá se unificado, e o contentamento tomará na alma o lugar das angústias antes
geradas pelos serviços prestados aos muitos senhores; e prevalecerá a paz.
Ora, quando chegamos aqui,
neste chão, onde de nós se demanda uma decisão, uma tomada de consciência, a
pessoa tem que saber para onde olhar e como haverá de ponderar suas escolha e
decisões de fé. Muitas vezes, e de modos muito diferentes, todos nós, durante a
viagem no caminho, temos que escolher quem é o nosso Senhor. Na maioria das
vezes, O negamos; razão pela qual nossos seres vão apagando em sua luz
interior, e o coração quase só amadurece como ente amargurado.
Paulo disse que atentava não
nas coisas que se viam, mas nas que se não viam, pois as coisas que se veem são
temporais, e as que se não veem são eternas.
Essa era a maneira dele olhar
e ver nas muitas vezes em que tinha que escolher. E o sentido da escolha é o
seguinte: temos que eleger nesta vida as coisas que se preservam para a vida
eterna – como amor, misericórdia, justiça, alegria e paz –, pois o nosso corpo
envelhece e morre, mas há escolhas feitas durante essa jornada que são eleições
que nós fazemos acerca de nós mesmos para a eternidade.
Assim, se alguém se dispuser
a pular e praticar a Palavra de Jesus, simplificando a sua própria existência,
saberá o que é a Verdade e experimentará a libertação – não antes. Ele ensinou
que esta é uma decisão da fé que segue, que se lança, que não sabe mais como
voltar.
No entanto, a maneira de se
preservar isto é não dividindo o ser entre dois ou muitos senhores. A alma só
deixa de existir nesse movimento de angústia de devoções pendulares – Deus ou
riquezas, por exemplo – se for pacificada diante de um único e supremo Senhor.
Fazendo, desse modo, pela fé, todas as coisas serem fruto de amor a Ele. E o
coração caminha em paz.
E isto só acontece se vamos
ganhando coragem de interpretar a vida não privilegiando como cenário as coisas
que se veem, pois são temporais, mas sim atentando nas coisas que não se veem,
e que são permanentes. Isto é galardão na terra. É glória no ser. É Cristo em
nós.
Mas ninguém saberá se não
tiver a coragem de pular...
“Vem, e segue-me...”
“Para onde iremos nós,
Senhor? Só tu tens as palavras da vida eterna!”
(um texto de Caio Fábio D´Araújo Filho)
Paz irmão estamos juntos texto coerente
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